quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sexta-feira da Paixão do Senhor: "A Páscoa da CRUZ!" - 25 de Março de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade ao Tríduo Pascal, celebramos, hoje, o segundo dia ou segundo momento e, por conta disso, complementando a reflexão iniciada ontem (Quinta-feira Santa) quando compreendemos a Eucaristia como Ceia ou Banquete em que a Comunidade se reúne para COMER E BEBER o CORPO E SANGUE DO SENHOR, seguimos com a segunda parte de nossa reflexão e, compreenderemos que a Eucaristia é SACRIFÍCIO DE UMA VIDA DOADA POR AMOR, É CRUZ QUE SE CARREGA CADA DIA POR AMOR A DEUS E AOS IRMÃOS.   Assim, podemos afirmar que a EUCARISTIA É CEIA ONDE SE COME E BEBE O CORPO E SANGUE DO SENHOR PARA QUE POSSAMOS TER FORÇA E CONDIÇÕES PARA SUPORTAR TODOS OS CONTRATEMPOS E ADVERSIDADES QUE SE ABATERÃO SOBRE NÓS por conta de nossa FIDELIDADE AO PROJETO DE DEUS.   Sinal de nossa adesão e solidariedade para com o Senhor que sofre, hoje, é o segundo e último dia do ano em que a Igreja prescreve o Jejum para todos maiores de 16 anos e menores de 70 (desde que estejam em condições para tanto)!

Hoje, a Igreja não celebra nenhum Sacramento mas se reúne para vivenciar o momento mais triste e dolorido de todo o Ano Litúrgico: Dia da Entrega e da Morte de nosso Senhor Jesus Cristo para que cada um de nós tivéssemos a nossa vida preservada de todo mal e salva plenamente!   A Adoração da Cruz revela o nosso agradecimento e o nosso reconhecimento de que ali, na CRUZ está o nosso Salvador que por Amor se ENTREGOU À MORTE E MORTE DE CRUZ!   Toda a Palavra de Deus dessa Celebração traz à tona essas ideias: Amor, Entrega, Sacrifício, Cruz, Morte!   Vejamos:

A Primeira Leitura (Is 52, 13 - 53, 12) é o Quarto ou Último Canto do Servo de Javé ou Servo Sofredor!   Nele nos é dado a possibilidade de compreender a contradição presente na relação Mundo X Deus e, automaticamente, compreendemos que as Estratégias de um para se estabelecer com suas "verdades" (Mundo) não possui NADA (mas, ABSOLUTAMENTE NADA) EM COMUM com as Estratégias do Outro (Deus).   Assim, a Leitura nos leva a tomar posição e compreender, o quanto antes que a opção por Deus trará as mesmas consequências que o SERVO teve que enfrentar.   O Servo nos é apresentado em sua máxima HUMILHAÇÃO e, por conta disso todos pensam que Ele seja um ABANDONADO POR DEUS mas, de acordo com a Leitura, o Profeta tem certeza que o Servo vive plenamente a Vontade de Deus e, por isso é capaz de suportá-lo até o fim pois desse SUPORTAR ATÉ O FIM dependerá a SALVAÇÃO DA HUMANIDADE!

Logo de cara, a Leitura nos apresenta o servo como alguém que será bem sucedido e elevado ao mais alto grau apesar de sua desfiguração = não parecia ser humano.   Sua capacidade de suportar o sofrimento será causa de SILÊNCIO DO MUNDO.   Sua situação lhe roubou a beleza e, ninguém se deixou atrair por sua aparência desagradável.   Sua situação de dor (aparentemente derrotado) o fez ser contado entre os "últimos"; suas dores e sofrimentos impede o povo de olhá-Lo de frente!

Tudo isso, diz o Profeta Isaías se deu por conta de nossos pecados; Ele carregou sobre seus ombros as nossas enfermidades, sofrendo Nele o que deveria ser nosso = e, nós, ignorantes, pensávamos que Ele fosse um "CASTIGADO POR DEUS".  No entanto, todo o seu sofrimento foi o preço de nossa Paz e de nossa Cura!   O pecado que nos perturbou a todos e nos fez errar pelo mundo sem encontrar o Caminho de Volta para a Casa do Pai é Nele derrotado de vez e, como "Ovelha muda diante dos tosquiadores, não abriu a boca e se entregou por nós"!   Apesar da Vida Virtuosa foi contado entre os maus e deram-Lhe túmulo entre os ímpios: essa conduta resgatará a descendência dos filhos e filhas de Deus e, tornará justos os homens que, vivendo no pecado, se tronaram injustos aos olhos do Senhor!

A Segunda Leitura (Hb 4, 14-16; 5, 7-9) nos apresenta o Senhor Jesus como sendo esse Servo Sofredor da Primeira Leitura que, ao assumir a nossa condição humana em tudo, com exceção do pecado, se tornou o Sumo-Sacerdote por excelência e, após todo o sofrimento experimentado está à Direita do Pai intercedendo por nós: Ele sabe se compadecer de nossas fraquezas pois Ele experimentou a nossa condição humana e descobriu, na prática, toda a dificuldade de Ser Fiel num Mundo que é oposto à Vontade Divina.   Isso deverá ser causa de alegria constante e plena confiança por parte de todos nós: não tenhamos medo de nos aproximar do TRONO DA GRAÇA para conseguirmos a MISERICÓRDIA de que necessitamos!

Por fim, a longa narrativa da Paixão do Senhor segundo João (Jo 18, 1 - 19, 42) nos apresenta todo o Processo iníquo de Condenação do Servo Fiel = Jesus, o Cristo, por parte daqueles que não queriam que o Amor e a Misericórdia prevalecessem em nossas relações.  Aqui, a Cruz é o momento da glória do Filho e da derrota definitiva das forças do mal, do diabo.   Nesse relato, alguns pontos são importantes para nós:

a) Jesus nos oferece a Vida Nova: a imagem do Jardim aonde tudo começa e tudo termina nos recorda o Édem de Gênesis. Lá o ser humano não foi fiel à Vontade do Criador mas, ao contrário, Jesus, com sua fidelidade até o ato extremo de entrega da Vida nos possibilitará o retorno;

b) A HORA de Jesus: ao contrário do que pensavam, é na CRUZ que Jesus revela a Sua Glória e, portanto, ali, naquele instrumento de morte e derrota, de abandono como muitos pensavam, o Senhor Jesus revela a Sua Hora, o último Sinal desse Evangelho em que Jesus conclui a Sua Obra nesse Mundo em favor de todos nós;

c) Jesus se revela como ÚNICO e VERDADEIRO REI: porém, de um Reino que não é deste mundo (dirá Ele a Pilatos). Seu Reinado se baseia na VERDADE DE DEUS PARA OS HOMENS e o cumprimento da Vontade Divina, até o fim, Lhe dá esse direito;

d) Jesus é o CORDEIRO DE DEUS: sua morte coincide com o momento em que os cordeiros da Páscoa Judaica eram imolados no Templo e, dessa forma, Jesus se revela como o Verdadeiro Cordeiro que, com Sua Morte, encerrará o reinado do diabo e do pecado no Mundo.

Que a Celebração da Paixão do Senhor e Adoração da Santa Cruz nos leve à compreensão do Infinito Amor de Deus por cada um de nós e, dessa forma, possamos, também nós, nos oferecermos uns aos outros pela Salvação do Mundo!   Assim seja!

Oremos:

Ó Deus, pela Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo.
Por Cristo, nosso Senhor!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Quinta-feira Santa: "A Páscoa da Ceia!" - 24 de Março de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Iniciamos, hoje, as Celebrações do Tríduo Pascal que, na verdade, é uma grande e mesma Celebração que começa com a Celebração da Ceia do Senhor (Lava pés) e se prolonga pelas Celebrações de amanhã - Sexta-feira da Paixão do Senhor com Adoração da Santa Cruz -, e de depois de amanhã - Sábado Santo! Na verdade, o Tríduo Pascal é uma Celebração que acontece em três momentos e dias distintos e, que tem como objetivo nos levar à compreensão dos aspectos fundamentais de uma Celebração Eucarística.   Sem tal compreensão, corremos um sério risco de "participarmos" da Santa Missa sem tirar dela tudo que ela pode nos oferecer.   Os aspectos de Ceia e Banquete, de Dor, Sofrimento, Morte e Sacrifício e de Vida Nova e Ressurreição serão, passo a passo, meditados nesses três dias.   Em cada um deles, um aspecto será ressaltado e, por isso, é preciso que participemos de todos os dias, sem exceção!

Nesta Celebração da Ceia do Senhor - Quinta-feira Santa à tarde - iniciamos a nossa Caminhada rumo à compreensão do Mistério escondido na Santa Missa: Eucaristia é Ceia, é Banquete!   Dessa forma, ir à Santa Missa implica em estar disposto a Comer e Beber pois numa Ceia ou num Banquete, as pessoas se reúnem para isso!

A Palavra de Deus que nos é proposta nesse primeiro dia do Tríduo Pascal, nessa primeira Parte da Celebração, quer nos orientar para essa compreensão: Eucaristia é Páscoa da Ceia, do Banquete.

A Primeira Leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos apresenta o novo sentido que o Povo Hebreu que parte rumo à sua Liberdade, dá à Festa da Páscoa que já era celebrada pelos Pastores Nômades do mundo antigo.  Para esses Pastores, a Páscoa era a Festa Primaveril (tempo da Primavera - vida que renasce após o Inverno rigoroso).   Para comemorar o renascimento das pastagens, da vida, os Pastores celebravam essa Festa = Páscoa = Passagem das Pastagens Invernais para as Pastagens Primaveris!   A saída do Povo Hebreu da Escravidão Egípcia, também, marca um Rito de Passagem mas, agora, da Escravidão para a Liberdade. Esse texto evoca o acontecimento dessa saída mas não é um relato histórico tal qual pensamos hoje = é um texto legislativo, produzido pelos Sacerdotes mais tarde, após os fatos.   

O texto inicia colocando o mês em questão como o princípio dos meses, o primeiro ano pois a Nova Vida irá surgir, livre da Escravidão e, o centro do texto, que nos interessa nessa Noite, é o Cordeiro que deve ser utilizado por cada família, sem defeito, macho e de um ano (se a família for pequena para o Cordeiro, deve convidar uma família vizinha de acordo com o número dos comensais = ideia de comida e bebida).   A morte do Cordeiro servirá para alimentar a Comunidade dos Filhos de Israel para a longa viagem rumo à Liberdade e, também, para livrar os filhos dos Hebreus do extermínio do Anjo que passará à noite do dia 14 cumprindo a última praga: matança de todos os primogênitos egípcios, desde homens até animais.  O Sangue do Cordeiro deverá ser usado para marcar os umbrais das portas dos hebreus e o Anjo Exterminador passará adiante, pulará aquela casa = Páscoa = Pular! Pães Ázimos e Ervas Amargas = lembrança do sofrimento da escravidão acompanharão o Cordeiro e, todos deverão comer prontos para a viagem: rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, comendo às pressas pois é a "Passagem do Senhor"!

Para nós cristãos, o Cordeiro da Páscoa Hebraica = Saída do Egito = Liberdade prenuncia o Verdadeiro Cordeiro que Liberta de uma Escravidão muito mais perigosa: a Libertação do Pecado que nos separa de Deus e nos impede de entrar no Céu = Terra Prometida!

Na Segunda Leitura (I Cor 11, 23-26) vemos São Paulo escrevendo, mais de 20 anos após os acontecimentos, o que ele havia recebido dos demais discípulos do Senhor por ocasião da Última Ceia: Nesta Ceia ou Banquete que recordava a Libertação dos hebreus da Escravidão Egípcia = Primeira Leitura, o Senhor Jesus modifica, mais uma vez, o Sentido ou, melhor dizendo, o plenifica: o pão e o vinho (comida e bebida da Ceia, do Banquete) são apresentados, agora, como Corpo e Sangue do próprio Senhor e, os discípulos deverão celebrá-Lo como MEMORIAL, ATUALIZAÇÃO DAQUELE MOMENTO, proclamando a Morte do Senhor até que Ele venha novamente!

Daí, nos perguntamos: Por que a Eucaristia é Ceia, Banquete em que a Comunidade se reúne para Comer e Beber o Corpo e Sangue do Senhor?   

A Comida e a Bebida são elementos fundamentais pois nos mantém vivos, nos fortalece para que possamos cumprir as nossas obrigações em nosso dia a dia.  Não comer e não beber podem causar a morte, pois fracos não conseguimos sobreviver às investidas da vida, não conseguimos cumprir a nossa Missão.

É por isso que o Evangelho de hoje (Jo 13, 1-15) nos apresenta a Última Ceia de Jesus com os Seus discípulos mas, diferentemente dos Evangelhos Sinóticos (Marcos, Lucas e Mateus), João não fala da Instituição da Eucaristia (que está na Segunda Leitura) mas, nos oferece a oportunidade de refletir o que a participação nessa Ceia, nesse Banquete exige de nós, membros da Comunidade reunida para celebrar: colocar-se à SERVIÇO, LAVAR OS PÉS UNS DOS OUTROS!   A atitude inesperada de Jesus, no meio da Ceia, do Banquete causa espanto nos presentes acostumados ao modo de pensar do mundo: Mestres e Senhores não lavamos pés dos súditos e aprendizes mas, ao contrário, tem os pés lavados por eles!   Os gestos de Jesus - retirada do manto, colocação de avental, pegar jarro e bacia com água, inclinar-se para lavar os pés dos discípulos é uma Lição que todos devem aprender: ser fiel seguidor desse Jesus implicará em fazer uns pelos outros o mesmo gesto.   Assim, o mundo reconhecerá em cada um deles, os seguidores de Jesus!

Viver assim não é tarefa fácil e por isso nos reunimos todos os dias, a cada semana para celebrar a Eucaristia e participar dessa Ceia, desse Banquete.   Comungando o Corpo e Sangue do Senhor recebemos em nós a força e todas as condições para colocarmos em prática tudo o que o próprio Senhor pede de cada um de nós.   Quando participamos da Ceia do Senhor e não queremos e, sequer, temos a disposição para viver como Ele viver, participamos do Banquete de nossa Condenação!

Que esse primeiro dia do Tríduo Pascal alimente em nós o desejo de vivermos como o Senhor viveu e que a Comunhão com o Seu Corpo e Sangue nos fortaleça no combate contra tudo que pode nos afastar da Missão a nós reservada!   Assim seja!

Oremos:

Ó Pai, estamos reunidos para a Santa Ceia, na qual o vosso Filho Único, ao entregar-se à morte, deu à Sua Igreja um Novo e Eterno Sacrifício, como Banquete do Seu Amor.   Concedei-nos, por Mistério tão excelso, chegar à plenitude da Caridade e da Vida.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Primeira Parte do Tríduo Pascal!

Pe. Ezaques Tavares

Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria: "A Justiça de José o levou a dar o Seu Nome ao Menino Jesus!" - 19 de Março de 2016 (Sábado)

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Assim como a Festa da Apresentação do Senhor, outra que me passou despercebida foi a Solenidade de São José, Esposo de Maria que, nesse ano será celebrada no Sábado (19/03) anterior à Celebração do Domingo dos Ramos e da Paixão do Senhor!

Mas, não poderíamos seguir viagem em nossas reflexões sem voltar atrás e escrever sobre tal Solenidade pois, como já falamos várias vezes, o fato de ser uma Solenidade já deve nos deixar em alerta pois a Mensagem da Igreja para cada um de nós nesse dia é Solene, isto é, é extremamente importante para a nossa Caminhada de Fé.   Vejamos:

São José é na História da Salvação, após a Virgem Maria, a figura mais importante pois foi por meio dele que Jesus se ligou à descendência de Davi, cumprindo, assim, as Profecias Messiânicas do Passado. Além disso, todo carinho e confiança dedicados à Virgem Maria que ficou grávida sem conhecê-lo como homem (pois estavam prometidos em casamento mas não casados ainda), o acolhimento do Menino Jesus e o cuidado em defesa da Sua Vida bem como da de Sua Mãe Santíssima, fazem dessa Personagem alguém de extrema importância a quem devemos dedicar todo o nosso afeto, a nossa gratidão e o nosso culto.   Tudo, no entanto, em vista dos méritos do Senhor Jesus e da relação estreita que foi estabelecida com Ele (Jesus).

Assim, a Palavra de Deus dessa Solenidade busca revelar tal importância de José para a nossa História de Salvação.   Vejamos:

A Primeira Leitura (II Sm 7, 4-5a.12-14a.16) nos apresenta a resposta de Javé, por meio do Profeta Natã, ao desejo de Davi de construir um casa para o Senhor pois, de acordo com o relato anterior, Davi se deu conta que ao longo do seu reinado, Deus havia concedido a ele poder, honra e glória e, que ele havia utilizado parte disso em benefício próprio: construiu para si um palácio de cedro e a Arca da Aliança = Sinal da Presença de Deus no meio do Povo, ainda continuava debaixo de uma tenda como no tempo do deserto.   Já no final do reinado, Davi tenta concertar tal "lapso" e deseja construir uma "Casa para o Senhor" = um Templo.   Mas, o texto parece demonstrar que o Senhor não deseja tal coisa pois, exige que o Profeta Natã, que já havia dado permissão para Davi realizar o seu intento, volte ao rei e lhe diga que não será ele (Davi) quem Lhe construirá uma casa mas, ao contrário, quando o rei estiver descansando com os seus pais no pó da terra, será Deus quem suscitará um descendente Dele para Lhe construir a Casa.  Esse Descendente suscitará um Reino que não terá mais fim pois Deus será para Ele como um Pai e o Descendente será para Deus como um Filho!

Essa Profecia Messiânica se cumpre perfeitamente na Pessoa de Jesus mas, como O mesmo é Filho de Maria e mulheres não dão Nome aos filhos pois esta é uma prerrogativa masculina, José entrará para fazer cumprir a Profecia de Natã ao rei Davi.   José é descendente de Davi e poderá dar o seu nome a Jesus, ligando-o, dessa forma, ao rei de mesmo nome e, cumprindo, assim, a texto profético da Primeira Leitura.   

O texto do Evangelho de hoje (Mt 1, 16.18-21.24) nos apresenta na versão desse Evangelista a Origem de Jesus Cristo e, logo de início, no final da Genealogia, o autor sagrado nos apresenta José como o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo! Isso é importante pois o texto deixa claro que José não é pai de sangue de Jesus por Este é Filho de Deus e obra do Espírito Santo no seio Virgem de Maria.   Maria, prometida em casamento a José, ficou grávida antes de viverem juntos, pela ação do Espírito Santo de Deus.   José, que era JUSTO (aos olhos de Deus e não como o mundo) resolve abandoná-la em segredo e fica na espera que Deus lhe revele o papel que ele terá nessa História e, o Senhor fará isso num sonho: Anunciação do Anjo a Jose (em Lucas, temos a Anunciação do Anjo a Maria).   O Anjo de Deus pede que José não tenha medo de receber Maria como esposa pois o Seu Filho é Obra do Espírito Santo mas ele (José) teria papel importantíssimo nessa História: ele deveria dar o Nome de Jesus = Deus Salva, ao Filho de Maria e, assim ele (José) faz quando acorda: recebe Maria em sua casa e seguirá com ela e Jesus até o fim.

Esse relato evangélico nos revela a importância de se estar ligado ao Senhor constantemente e buscar Nele as razões e os porquês de tudo que nos ocorre pois em Deus TUDO TEM UM SENTIDO e José encontrou o sentido de sua presença na Vida de Maria e de Jesus e, dessa forma, conviveu e educou Aquele que veio ao mundo para salvar a todos (inclusive, o próprio José).

Por fim, a Segunda Leitura (Rm 4, 13.16-18.22) nos apresenta o Apóstolo Paulo falando que a Justiça que vem da Fé e não a Lei é que conta diante de Deus.   Assim, fez Abraão e assim fez José pois a Fé nos faz herdeiros e esta é uma graça, um dom gratuito!

Que a Solenidade de São José, Esposo de Maria, dentro das Celebrações do Tempo da Quaresma nos faça repensar a nossa vida e nossa Caminhada de Fé diante de Deus e, seguindo o exemplo do Pai Adotivo de Jesus estejamos abertos para o cumprimento da Justiça que vem de Deus.   Assim seja!


Oremos:

Deus todo-poderoso, pelas preces de São José, a quem confiastes as primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os Mistérios da Salvação!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

Continuação da Reflexão sobre a Festa da Apresentação do Senhor - 02 de Fevereiro de 2016 (terça-feira)

requintes de "pavor" para todos quantos não estiverem vivendo de acordo com a Vontade do Senhor.   Este que vem, vem para promover uma reviravolta na situação de pecado da Comunidade, vem para limpar e purificar a todos: Ele é como o Fogo da Forja e a Barrela dos Lavadeiros.   Assim como o Fogo da Forja faz desaparecer as impurezas dos metais preciosos deixando sobreviver comente o ouro bom e verdadeiro e, assim como a barrela (sabão) dos lavadeiros limpa as roupas de suas sujeiras, assim o Enviado do Senhor fará: Purificação e Limpeza de todos as imundícies e sujeiras serão o Seu Grande e Maravilhoso Trabalho.

Esse Enviado descrito pelo Profeta Malaquias na Primeira Leitura nós O vemos chegando, hoje, ao Templo de Jerusalém e sendo reconhecido como tal pelos presentes: o Velho Simeão e a Profetisa Ana!   O Evangelho (Lc 2, 22-40) nos apresenta os pais de Jesus cumprindo a Lei de Moisés: todo primogênito do sexo masculino deve ser apresentado = consagrado ao Senhor e resgatado com o sacrifício que, no caso em questão, consistia em um par de rolinhas ou dois pombinhos (sacrifício dos pobres).   É nesse momento, quando Jesus está sendo apresentado que, movido pelo Espírito Santo, o Velho Simeão vai ao Templo pois havia recebido a promessa de não morrer sem antes contemplar a Salvação de Israel prometida pelo Senhor, isto é, a chegado do Seu Enviado (Primeira Leitura).   É aqui que o Velho Simeão pega o Menino nos braços e fala sobre Ele a todos, sobretudo aos pais.   Simeão apresenta Jesus como a Luz que porá às claras todas as ações e isso será causa de queda e de soerguimento para muitos em Israel.   A Maria, Simeão afirma que uma espada de dor ira traspassar-lhe a alma por conta de tais fatos.   A Profetisa Ana também, por sua vez, fala do Menino para todos que esperavam a Libertação de Israel = Jerusalém!   E, assim, se cumpre a Profecia de Malaquias e Jesus regressa com os pais para a Galiléia, em Nazaré e crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria e a graça de Deus permanecia com Ele.

É esse Jesus, Deus que se fez homem para salvar os homens, que desejou ter em comum o sangue e a carne com os seus irmãos pois irmãos são, de fato, assim.   Dessa forma, Ele destruiu a morte que assombrava a humanidade, libertando-a da escravidão do pecado.   É esse Jesus que não veio para se ocupar com nada que não fosse a Vida dos Homens e a Sua condição de Escravos do Pecado: Ele veio para LIBERTAR e ILUMINAR O CAMINHO DE ACESSO AO PAI, AO CÉU!   Isso vemos no texto da Segunda Leitura (Hb 2, 14-18).

Que a Celebração da Festa da Apresentação do Senhor alimente em nós a CERTEZA de que Deus, em Jesus veio nos VISITAR e, dessa forma, nos SALVAR!   Assim seja!

Oremos:

Deus eterno e todo-poderoso, ouvi as nossas súplicas.   Assim como o vosso Filho Único, revestido da nossa humanidade, foi hoje apresentado no Templo, fazei que nos apresentemos diante de Vós com os Corações Purificados.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares 

Festa da Apresentação do Senhor: "Jesus é a Luz que ilumina o Mundo!" - 02 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Escrevendo as reflexões dos Domingos acabei passando sem perceber pela Festa da Apresentação do Senhor que ocorre no dia 02 de Fevereiro. Agora, revendo o Calendário Litúrgico me dei conta dessa "gafe" e, passo, nesse momento, a refletir, um pouco sobre a Mensagem da Festa em questão.

Essa é uma Festa que tem na Tradição Judaica o seu fundamento pois, de acordo com a Lei Mosaica, todo primogênito do sexo masculino deveria ser Apresentado ao Senhor e Resgatado com o oferecimento de um sacrifício animal que, para os pobres (o caso de Maria e José) era um par de rolinhas ou dois pombinhos!  Passados os 40 dias prescritos, os pais de Jesus vão cumprir a Lei: da noite do dia 24 de Dezembro ao dia 02 de Fevereiro temos exatos 40 dias!   Hoje, oficialmente, terminamos o acompanhamento da Vida Inicial do Senhor e, a Palavra de Deus dessa Festa nos aponta, em Jesus, o lado Divino.   Vejamos:

A Celebração com a Bênção e Procissão das Velas como sinal de manifestação de Jesus como LUZ que ilumina o Mundo e, na Primeira Leitura (Ml 3, 1-4) vemos o Profeta apresentando a chegada do Enviado do Senhor, o Esperado, o Dominador que todos desejam encontrar, o Anjo da Aliança que todos querem contemplar.   Ao contrário do pensamento corrente que esperava esse dia como o Dia de Alegria e Felicidade Plenas, o Profeta Malaquias o descreve com requintes de "pavor

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: "A Contradição presente em todo Ser Humano!" - 20 de Março de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Após 05 semanas acompanhando o Senhor em sua trajetória de dor e sofrimento, entramos, hoje, com toda a Igreja na Semana Central de nossa Fé e, por conta disso, do Calendário Litúrgico.   Tanto isso é verdade que, somente ela (semana) é designada com o adjetivo de Santa!   Durante o Tempo da Quaresma, a Comunidade foi se preparando para que pudesse chegar nessa última semana mais santificada pois se a Santidade não foi buscada com afinco por cada um de nós, a Semana será como todas as demais (talvez com uma maior ida de todos à Igreja para presenciar as Celebrações bem preparadas e longas que acontecerão nos próximos dias) mas, ela não será SANTA pois o que a torna assim é a Vida Santificada dos fieis.

Abrimos essa Semana Santa com a Celebração do Domingo dos Ramos e da Paixão do Senhor e, o título duplo da mesma já traz em si a questão por ela levantada: a contradição presente em nossas vidas quando percebemos que Jesus não é o "deus" que nós desejávamos que Ele fosse pois Ele não irá fazer o que nós gostaríamos que Ele fizesse.   A Celebração desse Domingo revela, de forma muito explícita, essa faceta de nossa Fé: queremos um "deus" que seja capaz de realizar os nossos desejos, que esteja à serviço de nossas necessidades mas, quando percebemos que Ele não existe para nossa própria satisfação e, portanto, não está, necessariamente, "disposto" a realizar os nossos desejos, com a mesma facilidade com que O acolhemos solenemente em nossas vidas, O expulsamos e O condenamos à morte, e morte de Cruz.   A estruturação da Celebração já revela isso em todos os pormenores!   Vejamos:

Pra começar, a Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor se desenvolve em dois ambientes bem distintos pois, as duas partes que se sucedem tratam de assuntos bem diversificados: enquanto num primeiro momento, nos reunimos num lugar específico, fora do espaço em que a Celebração se desenvolverá mais adiante.   Nesse primeiro momento, a Comunidade é acolhida e convidada a iniciar a sua Caminhada da Semana Santa e, aqui, temos a Leitura do Evangelho (Lc 19, 28-40) em que nos é apresentado a "Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém".   Aquele Jesus que, após o Batismo deu início à Sua Vida Pública e, nesse tempo (03 anos mais ou menos) foi revelando o rosto e a fisionomia de Deus, foi, pouco a pouco, chamando a atenção do povo (sobretudo, os pobres e excluídos) para si.   Todos imaginavam que ao termo de Sua Viagem para Jerusalém, Ele iria restaurar o Reino de Davi e, como num passe de mágica, transformar a má sorte do povo com uma reviravolta no modelo do poder da época: pobres e excluídos no poder e poderosos seriam rebaixados de vez!   É por isso que, quando é avistado, a multidão dos discípulos explode em alegria e O acolhem como o "Novo Rei que chega" pois os milagres realizados ao longo de Seu Ministério Público havia suscitado tal sentimento na maioria das pessoas.  Estendendo mantos, espalhando galhos de árvores (ramos) pelo caminho e aclamando "Bendito o que vem em Nome do Senhor" e "Hosana ao Filho de Davi", Jesus é recebido com grande louvor e glória na Cidade Santa.  Porém, um detalhe passa meio despercebido pela multidão: o Rei monta um jumentinho, cria de jumenta e não um Cavalo de Raça como os Reis do Mundo e, aqui já está a grande contradição entre Jesus e o Mundo que os discípulos não compreenderam e, talvez, até os nossos dias, ainda não compreendem!

Acabada a leitura desse Evangelho, a Comunidade é convidada a repetir os mesmos gestos da Multidão daquele tempo: com os ramos abençoados e cantando "Hosana ao Filho de Davi" e "Bendito o que vem em Nome do Senhor", iniciam a Procissão dos Ramos em direção ao ambiente, já preparado para a Segunda Parte da Celebração!

Nesse segundo momento, o tom se modifica, as músicas perdem o vigor da Procissão, o clima de dor e tristeza começa a tomar conta dos presentes pois, nesse momento, a Paixão do Senhor nos será apresentada.   Na mesma Celebração, tão vibrante até então, um "espírito de dor e tristeza" nos toma por completo e, daqui em diante seremos conduzidos pelos caminhos da Entrega, da Dor, do Sofrimento, da Morte provocada e pedida pela mesma multidão que O recebera cheia de louvor e alegria e, isso se dá, porque, na medida em que os dias passam, as pessoas vão sendo convencidas de que o Senhor não realizará o que elas desejam, não haverá tomada de poder temporal, não haverá mudança de posições no comando da Cidade e, instigadas pelas Autoridades Religiosas, as mesmas pessoas, pedirão a Morte do Senhor!   A Palavra de Deus dessa segunda parte da Celebração é cercada de dor, entrega, amor, sofrimento e morte!  Vejamos:

A Primeira Leitura (Is 50, 4-7) nos apresenta mais um Canto do servo Sofredor ou Servo de Javé, essa personagem misteriosa que, a partir dos capítulos 40 de Isaías começa a ser descrito como o único capaz de salvar o povo e, isso se dará por conta de sua fidelidade a Vontade do Senhor que o fará confrontar-se, severamente, com o Poder Instituído do Mundo.   Suas estratégias são opostas às utilizadas pelo Poder Mundano: sua língua adestrada (educada pelo Senhor = Javé) o faz capaz de ter palavras de conforto para quem está abatido; como servo, cada manhã ele é despertado para ESCUTAR, com ouvido excitado e atento, os conselhos e as ordens de Seu Senhor.   E, o que ele (Servo) escuta é de fazer tremer de medo o mais valente dos seres humanos: o servo deverá oferecer a face para quem lhe arranca os fios da barba, não deverá desviar o rosto de bofetões e cusparadas e, isso acontece porque o Servo sabe quem está do Seu lado: o Senhor Deus é o Seu AUXILIADOR e, isso, o faz firme e não o deixa desanimar mantendo o ROSTO IMPASSÍVEL COMO PEDRA pois sabe que não sairá humilhado!

Toda essa Leitura do Profeta Isaías, nós a vemos realizada plenamente na Paixão do Senhor Jesus narrada por Lucas (Lc 22, 14 - 23, 56).   O Domingo de Ramos é o único Domingo do Ano em que se proclama a Narrativa da Paixão e Morte de Jesus na Liturgia da Igreja!   Nesse texto longo podemos perceber todos os detalhes descritos pelo Profeta nos Cantos do Servo de Javé ou Servo Sofredor pois Jesus é o cumprimento perfeito das Profecias do passado.   Todo o julgamento iníquo e toda a Sua entrega por Amor são descritos de forma pormenorizadas no texto em questão.   A crueldade do pecado humano conduz à morte e morte de Cruz Aquele que veio para Salvar a Humanidade!

Por fim, a Segunda Leitura (Fl 2, 6-11) é um belíssimo Hino narrado pelo Apóstolo Paulo que canta o processo de despojamento de Deus que por Amor deixa a Sua Vida Divina e, esvaziando-se da mesma, se faz Servo dos servos, se Entrega à Morte de Cruz por Obediência ao Pai para salvar a Humanidade de seus pecados.   É esse Jesus que se Entrega por Amor e Obediência que recebe do Pai um Nome muito acima de todo e qualquer nome e, ao Seu Nome todo joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos!

Celebrar o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, abrindo com toda a Igreja as Grandes celebrações da Semana Santa deve nos alertar para a necessidade de tomarmos cuidado para não tentarmos fazer de Deus algo ou alguém que deve estar ao nosso dispor mas, que compreendamos que Ele (o Senhor) é quem pode e deve exigir de cada um de nós que nos coloquemos inteiramente disponíveis ao Cumprimento de Sua Santa Vontade!

Oremos:

Deus eterno e todo poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz.   Concedei-nos aprender os ensinamentos de Sua Paixão e ressuscitar com Ele em Sua Glória!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo !   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

V Domingo da Quaresma: "O apego ao Passado nos impede de ENXERGAR AS MARAVILHAS DE DEUS NO PRESENTE DE NOSSA HISTÓRIA!" - 13 de Março de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos a nossa Caminhada Quaresmal com a Celebração do V Domingo (último) e, a Palavra de Deus que nos é proposta nos indica que a Novidade de Deus se dá no Presente de nossa História e o Apego ao passado, num saudosismo que não leva ninguém a lugar nenhum pode se tornar um empecilho à contemplação do que Deus está realizando em nosso favor.   Essa ideia PASSADO X PRESENTE perpassa as três leituras de hoje.

Assim, na Primeira Leitura (Is 43, 16-21) vemos o Profeta que vive a experiência com seus compatriotas do Exílio na Babilônia (587 a.C.), chamar a atenção do Povo para a necessidade de desapegar-se do passado pois o que foi feito, foi feito e pronto e acabou.   O Passado deve servir para nos levar à percepção de que Deus é o Aliado do Povo e sempre cumpre a Sua Promessa.   Ao contrário, o importante é olhar para o PRESENTE e perceber que Deus está para realizar grandes obras, maiores que as do Passado: Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos é a ordem dada por Deus, por meio do Profeta, ao Seu Povo.   Deus está realizando coisas novas que já estão surgindo mas, o apego ao Passado impede de enxergar a NOVIDADE DE DEUS acontecendo: a abertura de uma estrada no deserto e o surgimento de rios na terra seca fará o Povo experimentar um Novo Êxodo porém bem melhor que o primeiro  e, é isso que levará animais e homens ao louvor de Deus que faz (presente) maravilhas!

Apegar-se ao passado pode ser, também, um grande problema na relação entre nós, seres humanos.   Geralmente as nossas desavenças, brigas, rivalidade têm como princípio um apego demasiado grande aos fatos do passado que nos impedem de PERDOAR no presente.   Em Deus, para nossa sorte, o tempo só existe no PRESENTE e, por isso, Deus não tem dificuldade de PERDOAR os atos do PASSADO.   O que foi feito, está feito e, do passado devemos tirar lições para uma vida melhor no PRESENTE que é o tempo que temos de fato.   Por conta dos fatos passados, as autoridades religiosas se davam o direito de julgar e condenar e, um exemplo de fato assim, o temos no Evangelho de hoje (Jo 8, 1-11) episódio típico desse Evangelista mas que parece com o tom de Lucas (Evangelho da Misericórdia).   O fato narrado hoje é muito conhecido de nossas Comunidades: O Evangelho da Adúltera!   Esse texto tem alguns pontos interessantes para nossa reflexão.   Vejamos:

Tudo começa com a menção da ida de Jesus para o Monte das Oliveira (talvez para entrar na intimidade do Pai, recebendo Dele as orientações para Sua conduta) e, ainda de madrugada, retorna ao Templo onde ensina as pessoas (talvez, as lições recebidas do Pai em Sua Oração) e, o Povo O escuta com atenção! Tudo parecia normal, não fosse o fato que vem a seguir!

No meio do ensinamento, eis que os "religiosos de plantão" = fariseus e mestres da Lei trazem uma mulher que fora apanhada em flagrante adultério.  Aqui, um questionamento importante: Como essa mulher foi apanhada se o adultério é um pecado que não se faz na praça pública?   E o homem? Onde está? O adultério feminino depende de um adultério masculino? ... Somente essas questões nos colocam em alerta contra esses pseudos defensores da Moral e dos Bons Costumes que, na verdade não passam de mexeriqueiros, observantes da vida alheia que buscam no "mal feito do outro" uma forma de desviar a atenção dos seus próprios.

Apresentam de forma brutal a mulher no meio dos presentes e perguntam ao Senhor Jesus o que Ele achava que deveria ser feito com a mesma mas, deixam claro - como grandes entendidos da LEI - que Moisés mandou que tais mulheres fossem apedrejadas.   Parece que o Senhor estava em maus lençóis pois não podia ir contra a Lei e, tampouco se posicionar contra aqueles que sempre foram o seu alvo preferido: os pobres e sofredores!

Jesus, diante da fúria dos religiosos de plantão, diz o Evangelho, se abaixa e começa a escrever no chão (há um comentário desse texto que diz que o Senhor Jesus começou a escrever no chão, tornando público, os pecados de cada um dos presentes, levando-os a perceber que a única diferença entre aquela mulher e eles era o anonimato do pecado deles enquanto que da mulher tinha vindo à baila, a público.   É por isso que, com a insistência dos presentes, o Senhor se levanta e diz em auto e bom som: Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra! Dito isso, se abaixou novamente!   Jogada de Mestre pois cada um, quando acionado, é capaz de perceber que não tem uma vida tão correta assim.   Na verdade, nós podemos não cometer os erros do outro mas, em contrapartida, o outro pode não cometer os nossos e, no final das contas, somos todos, como diz o bom e velho ditado popular "farinha do mesmo saco!"   Essa questão promove o afastamento dos acusadores e, o Evangelho frisa, começando pelos mais velhos!  Na verdade, a idade pode produzir esse "ranço" de pseudo bom, justo, fiel etc.

O Evangelho termina afirmando que ficaram somente Jesus e a Adúltera e diante da confirmação de que ninguém a havia condenado, o Senhor também declarou: Nem Eu te condeno! Podes ir e, de agora em diante, NÃO PEQUES MAIS!   Isso revela que o Senhor não é conivente com o Pecado mas, diferente de nós, sabe, muito bem, separar o pecado cometido do pecador que o cometeu e, dessa forma, para o Pecado a destruição e para o Pecador a Salvação pois o importante é como será a Vida dali pra frente; o passado de pecados não existe e não deve ser usado para denigrir, excluir e matar o nosso irmão!

Por último, São Paulo na Segunda Leitura de hoje (Fl 3, 8-14) nos apresenta a necessidade de considerarmos como lixo o que ficou no passado de misérias de nossas vidas pois em Cristo podemos experimentar a Novidade da Graça de Deus.   É para frente que se deve conduzir a Vida e, isso é produto da Esperança que deve nos mover a cada dia!

Que a Celebração desse V Domingo da Quaresma nos leve a compreender que para Deus o que importa é o nosso compromisso de mudança de vida no aqui e agora de nossas vidas!   Assim seja!

Oremos:

Senhor nosso Deus, dai-nos por vossa graça caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no Seu Amor pelo mundo!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares