Dando continuidade à nossa Caminhada Pascal, celebramos, hoje, o IV Domingo e, somos convidados pela Igreja a reconhecer o Cristo Ressuscitado como o Bom Pastor de nossas Vidas. Todos os anos, esse Domingo é conhecido como o "Domingo do Bom Pastor" pois a Palavra nos oferece, a cada ano, um trecho do capítulo 10 do Evangelho de São João, capítulo esse que nos apresenta Jesus se autodeclarando o Bom Pastor das Ovelhas.
Para entendermos a força de Jo 10 será preciso retornar ao capítulo 9 pois a origem da discussão se encontra ali. Nesse ano, de modo especial, tivemos a oportunidade de refletir o acontecimento de Jo 09 no IV Domingo da Quaresma: O Domingo do Cego de Nascença! Só retomando alguns pontos importantes, temos: Jesus está passando com os seus discípulos próximo ao Templo, em dia de sábado e, à porta do Templo está um Cego de Nascença pedindo esmolas. Nisso, os discípulos perguntam ao Senhor sobre a CAUSA DA CEGUEIRA: "Foi ele ou alguém ligado a ele que pecou para que nascesse assim? Essa era a concepção pregada pelos Religiosos baseados na Teologia da Retribuição: Cada um recebe o que fez por merecer: castigo para os maus e pecadores e bênção para os bons e santos! Jesus responde que ninguém pecou mas que a cegueira é inerente a tais fatos de pecado mas, naquele caso em específico, a cegueira serviria para a maior glória de Deus e, se aproximando do cego, fez lama com a saliva, colocou nos olhos do cego e pediu que fosse se banhar na Piscina de Siloé, que significa Enviado. O cego fez o que o Senhor o havia mandado e voltou enxergando. Aqui começa a confusão pois os amigos não o reconhecem, as autoridades religiosas não aceitam a cura por ter sido feita em dia de sábado e falam que Jesus não procedia de Deus, seus familiares, amedrontados com as autoridades religiosas não ajudam e, por fim, o ex-cego é expulso do Templo e acaba por se encontrar com Jesus que o pergunta se ele acreditava no Filho do Homem. "Quem é Senhor para eu crer Nele?" Pergunta o ex-cego! "É este que está falando contigo e você O está vendo!" Diz Jesus! E o ex-cego afirma: "Eu creio Senhor!" Tudo isso é base da discussão do Evangelho de hoje pois Jesus quer demonstrar que as autoridades religiosas do Seu tempo não estão fazendo o que deveriam fazer: Cuidar do Rebanho mas, ao contrário, se aproveitavam dele!
Daí, começamos a reflexão de hoje, pelo Texto Evangélico (Jo 10, 1-10) que é uma espécie de resposta que o Senhor Jesus dá ao acontecido no capítulo anterior: a cura e a expulsão daquele homem cego do Templo! Há um confronto entre a postura do Bom Pastor, que entra pela Porta do Redil, e os demais que sobem para o Redil por outro lugar, aqui chamados de Ladrões e Assaltantes. É óbvio que a não entrada, em qualquer espaço, pela PORTA só é feito por pessoas que não têm boa intenção. Entrar pela PORTA é para aquele que é conhecido e, por isso, o PORTEIRO abre a PORTA para Ele entrar. No meio do Redil, o Bom Pastor CHAMA CADA UMA DE SUAS OVELHAS PELO NOME pois para Ele o Rebanho não é uma massa sem forma ou rosto mas cada Ovelha é importante em seu modo de ser e agir. Aquelas que são Suas OUVEM A SUA VOZ E O SEGUEM MAS NÃO SEGUEM A VOZ DOS ESTRANHOS POIS NÃO RECONHECEM A VOZ DOS ESTRANHOS. Aqui, a importância de se criar com o Bom Pastor INTIMIDADE pois reconhecer alguém pela VOZ só será possível com um grau de INTIMIDADE MAIOR. Seguir o Bom Pastor só será possível se a Ovelha souber discernir de onde sai a Sua Voz e não confundi-la com outras vozes, às vezes, macias, falando o que agrada aos ouvidos mas, no final só fazem o mal, destruindo, matando, roubando o que se tem de melhor. É preciso entrar pela PORTA que é Ele, o Bom Pastor pois todos que vieram antes Dele são ladrões e assaltantes. Entrar por Ele é garantia de Salvação pois se entra e sai e encontra pastagens pois Ele veio para dar Vida e essa em Abundância!
Quando a Ovelha faz essa Experiência com o Bom Pastor a sua Vida se transforma qualitativamente: sem deixar de ser Ovelha, essa, também, se transforma em outro Bom Pastor no Único Bom Pastor que é Cristo Ressuscitado. Isso vemos acontecer com a Comunidade dos Discípulos e como esses são transformados em Pastores. Na Primeira Leitura (At 2, 14a. 36-41) vemos Pedro, em nome da Comunidade Apostólica, tomando a Palavra, no Dia de Pentecostes e falando a todo o povo que estava em Jerusalém e que, antes, eles tinham medo de enfrentar. Pedro fala da maldade que levou Jesus à morte mas, afirma que Deus constituiu Senhor e Cristo Aquele Jesus que fora crucificado. Essa Palavra cai no coração dos ouvintes que perguntam o que poderiam fazer para mudar tal situação e, Pedro declara a necessidade de Conversão e do Batismo como Sinais Concretos para fazer parte desse Redil do Bom Pastor e, dessa forma, mais ou menos 3.000 pessoas aderiram.
Ser Ovelha desse Redil do Bom Pastor e segui-Lo de fato, não é fácil pois a Vida vivida por Ele deverá ser a Vida vivida pela Rebanho e, a Vida do Bom Pastor nesse mudo não foi nada fácil e, é por isso que a Segunda Leitura (I Pd 2, 20b-25) nos apresenta a exortação do Apóstolo para que saibamos sofrer com PACIÊNCIA as consequências por termos FEITO O BEM pois o nosso Modelo, o nosso BOM PASTOR também fez o mesmo e, no caso Dele, de modo especial, o SOFRIMENTO FOI MAIS CRUEL POIS SOFREU SEM MERECER MAS SOMENTE POR AMOR A NÓS!
Peçamos a Deus, nesse Domingo que nos ajude a criar essa INTIMIDADE com o BOM PASTOR e, dessa forma, não nos percamos no seguimento de outras vozes que só desejam nos roubar, nos matar e nos destruir! Assim seja!
Boa Celebração para todos (as)!
Pe. Ezaques Tavares
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