Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!
Dando continuidade à nossa Caminhada de Fé e buscando viver a Vontade de Deus em nosso cotidiano (Tempo Comum), celebramos o IV Domingo e, a Palavra que nos é oferecida hoje nos convida a pensar sobre a difícil e árdua tarefa de ser, nesse mundo, um porta-voz de Deus, isto é, Seu Profeta! O mundo, opositor de Deus, não deixa "barato" a vida daqueles que buscam viver a fidelidade à Vontade Divina e, busca atrapalhar criando dificuldades ao cumprimento dessa Vontade.
Assim, na Primeira Leitura (Jr 1, 4-5.17-19) temos o início da história do Profeta Jeremias, a sua vocação ao ministério profético. Estamos por volta dos anos 627/26 a.C. (rei Josias). A Leitura nos revela que a Vocação de Jeremias é algo preparado por Deus antes de sua formação no ventre materno; antes dele vir à luz. Deus escolhe e pensa na missão que cada um de seus filhos deverá desenvolver ao longo da vida para colaborar com Ele na construção de um mundo novo. É preciso ter os rins cingidos como sinal de prontidão para o cumprimento da missão = dizer TUDO o que o próprio Deus quer dizer e a quem Ele deseja dizer.
Nesse ponto, é percebido que a Missão será difícil e árdua pois os interlocutores da Mensagem Divina não gostarão de ouvir o que será pronunciado: denúncia dos desmandos e do mal uso da autoridade que lhes foi dada pelo próprio Deus, isto é, no lugar de usar o poder para servir ao Povo, as autoridades estavam se utilizando do povo e do poder em benefício próprio. Os chefes civis, religiosos e os donos do dinheiro não gostarão de escutar a Mensagem do Profeta e buscarão, com base em ameaças, amedrontá-lo de modo que desistisse da Missão a ele destinada.
Diate disso, surge a pergunta: Como enfrentar o Poder Instituído sendo um homem tão simples, do interior (Anatot) como Jeremias? De onde retirar forças para resistir ao confronto? Como ter certeza de que a Missão não será em vão? ...
A resposta vem no próprio texto: Aquele que chama (Deus) é quem oferecerá as condições, a força necessária para o sucesso da Missão! É preciso CRER que Deus é mais que as forças do mundo e, se apoiando Nele, se lançar! É Ele quem transforma o Profeta em Cidade Fortificada, Coluna de Ferro e Muralha de Bronze! Não acreditar que Deus pode fazer tal coisa e sentir medo (oposto de Fé), coloca tudo a perder! É preciso ACREDITAR e ir adiante, falar o que Deus mandar e a quem mandar e, o resto ... Deus fará! Tentarão vencer mas não conseguirão pois o Senhor estará presente para SALVAR os Seus!
Que beleza de Leitura! Ela nos prepara para a compreensão do Texto Evangélico de hoje (Lc 4, 21-30) que é continuação do Texto do Domingo Passado! Ainda estamos na Sinagoga em Nazaré e, após a Leitura do Profeta Isaías escolhida por Jesus que apresentou o Seu Programa de Vida = anúncio da Boa Nova aos Pobres, Libertação aos Presos, Recuperação da Vista aos Cegos, Anúncio da Chegada do Ano da Graça de Deus temos a REJEIÇÃO DOS SEUS CONTERRÂNEOS! Enquanto se admiravam com as palavras cheias de vida que saiam de Sua boca e davam testemunho a seu favor, também, se perguntavam: Não é este o filho do carpinteiro? Aqui, o primeiro obstáculo para a aceitação de Jesus como Messias, Filho de Deus que visita a História da Humanidade! Ele é pobre e não consegue, sequer, mudar a Vida dos Seus; como conseguirá mudar a sorte de muitos? Talvez o ditado citado "Médico, cura-te a ti mesmo!" tenha esse sentido! Outro obstáculo está na exigência de "milagres" para se acreditar: Faz também aqui em tua terra os milagres que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum! Quando isso ocorre, é fechada a possibilidade de atuação de Deus em nossas vidas e, por isso, Jesus cita dois fatos do passado que revelam tal Verdade: Elias e a Viúva de Sarepta, na Sidônia (IRs 17) e Eliseu e o Sírio Naamã Leproso (II Rs 5). Mesmo existindo muitas viúvas e leprosos necessitados em Israel, a falta de fé do povo levou os profetas para os pagãos pois Deus não se deixa aprisionar por nada nem ninguém! É rejeitado aqui, Ele parte pra ali! Simples assim!!!
Por fim, a Segunda Leitura (I Cor 12, 31 - 13, 13) dá continuidade à reflexão da Semana Passada. Após refletir sobre o Corpo que é a Igreja / Comunidade dos Seguidores de Jesus e, como tal não deve admitir brigas e rivalidades entre seus membros por conta de um se achar mais e melhor que os outros, o Apóstolo oferece a BASE DA VIDA COMUNITÁRIA VERDADEIRA: O AMOR! Se as obras realizadas pelos membros da Comunidade não tiverem por base o AMOR, elas perderão todo o sentido e não servirão para nada! O Amor se revela na ação concreta feita em favor dos irmãos e não na busca desenfreada pelo próprio "sucesso". Tudo na Comunidade deve estar à serviço do Bem Comum, do Bem dos Outros assim como TUDO QUE DEUS FAZ TEM POR OBJETIVO O BEM ESTAR DOS SEUS!
Que a Celebração desse IV Domingo do Tempo Comum nos leve a pensar em nossa Vocação de Profetas, Porta Vozes do Senhor no mundo em que vivemos! Assim seja!
Boa Celebração para todos!
Pe. Ezaques Tavares