terça-feira, 29 de dezembro de 2015

II Domingo do Tempo Comum: "Fazei TUDO o que ELE vos disser!" - 17 de Janeiro de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Retomamos, na Vida da Igreja, as Celebrações do Tempo Comum e, gostaria de chamar a atenção dos leitores para o fato de que precisamos compreender que para a Igreja, o Tempo Comum é de extrema importância para a compreensão e, portanto, para a Vivência da Fé.   Nesse Tempo somos chamados a acompanhar Jesus em Sua Vida ou Ministério Público que teve início após a recepção do Batismo (Domingo Passado) e, quando Ele começa a mostrar de quem é Filho e o que se deve fazer para ser Causa da Alegria e do Bem Querer do Pai.   Acompanhar Jesus em sua trajetória pública, ouvindo o que diz e vendo o que faz, percebendo o que Lhe agrada e o que Lhe desagrada, com quem "gosta de estar" e por quais motivos e com quem "não gosta de estar" e por quais motivos, a quem repreende, a quem elogia e as causas da repreensão e do elogio, entre outros, vai formando em cada um de nós o "jeito de Deus" e, dessa forma, vamos nos "tornando santos e perfeitos como nosso Pai do Céu é Santo e Perfeito".   Durante o Tempo Comum vamos aprendendo, dia a dia, que a Santidade não consiste, necessariamente, na realização de grandes obras mas na realização das pequenas que somos chamados a realizar no nosso tempo comum, dentro daquilo que Deus espera.   Assim, perceberemos que a adequação à Vontade de Deus em tudo que somos e fazemos nos faz santos e perfeitos como Ele!

Como todos os anos o I Domingo é substituído pela Celebração da Festa do Batismo de Jesus, retomamos a partir do II Domingo esse Novo Tempo.

A Palavra de Deus irá nos conduzir pelos Caminhos do Pai e nos revelará a Sua Vontade e, quem estiver atento para ouvir o que a mesma nos fala, poderá descobrir a maneira de viver que melhor Lhe agradará.

Assim, na Primeira Leitura de hoje (Is 62, 1-5) temos uma Palavra de Ânimo para uma Comunidade que, após a experiência do Exílio na Babilônia não consegue enxergar por onde poderá recomeçar a vida de modo que a mesma ganhe sentido.   O Exílio destruir as esperanças e a Cidade de Jerusalém fora, completamente, devastada pelos inimigos e invasores babilônios.   A Cidade que já experimentou o apogeu da glória e do poder, se encontra, agora, com o retorno dos exilados, como uma velha senhora que fora abandonada pelo esposo e pelos filhos; encurvada nas beiras dos caminhos, não encontra motivos e, sequer forças, para recomeçar.  Tudo perdido?   Não há saídas realmente?  O que fazer diante de "tamanha tragédia"?
É aqui que entra a Palavra do Profeta da Restauração (III Isaías).   Sua Palavra (que é Divina) nos apresenta o que o Amor de Deus será capaz de realizar em favor de Seu Povo: não irá se calar, não terá repouso enquanto a justiça não despontar como aurora e a salvação não resplandecer como facho de luz!   O amor Misericordioso de Deus realizará maravilhas em favor dos Seus.   A "Abandonada" se tornará "Noiva Esplendorosa e enfeitada para o seu Noivo" (os novos nomes de Jerusalém serão "Predileta" e "Desposada").   A Nova Jerusalém será desposada pelo seu Marido, se tornando, assim, a Alegria de Deus!

Que bela passagem da Sagrada Escritura para retomarmos os Domingos do Tempo Comum ... o texto nos faz pensar em Deus como uma pessoa apaixonada por cada um de nós, o Seu Povo e, movido pelo Seu Amor, refaz a Vida conosco, renova a Aliança e nos leva a experimentar a grandeza da Vida com Ele.

Nem sempre, no entanto, é fácil caminhar com Deus pois, para tanto, é importante que aprendamos a romper com um passado que não nos oferece a verdadeira felicidade".   Um passado fundamentado em ritos vazios, incapazes de gerar em nós e no nosso entorno a Felicidade que desejamos.

Nesse sentido, o Evangelho de hoje (Jo 2, 1-11) nos leva a essa reflexão.   Estamos diante do Primeiro Sinal de Jesus: A Transformação da água no Melhor Vinho no episódio conhecido como as "Bodas de Caná".   Todo o relato é construído com imagens que necessitam ser desveladas para que compreendamos a grandeza da Mensagem. 

Tudo começa com a menção à Festa de Casamento em que a Mãe de Jesus, os Discípulos e o Próprio Jesus tinham sido convidados e estavam presentes.   Ora, de acordo com os escritos do Primeiro Testamento, as núpcias eram uma imagem que, vira e mexe, é utilizada pelos Escritores Sagrados (sobretudo, os Profetas) para falar da relação de Deus com o Seu Povo: Deus, o marido fiel, não poupa esforços para refazer a Aliança com o Povo, esposa infiel, adúltera, prostituta que busca a satisfação de suas necessidades em braços estranhos, dos ídolos, dos amantes. (Na Primeira Leitura de hoje, temos um exemplo do que estamos falando).

Nesta Festa de Casamento ocorre um problema: o Vinho está acabando!   O vinho era o símbolo da alegria e felicidade e por isso, se acabasse seria a derrocada total daquela Festa, além, é claro, de uma grande vergonha para as famílias envolvidas.   A Festa oferecida parece não oferecer condições de prosseguir e está fadada ao fracasso.   Aqui, começamos a perceber que tal Festa quer falar além, é SINAL e precisaremos compreender o que está por trás da mesma.

Seguindo o relato, termos a Intervenção da "Mãe de Jesus" que não pede nada mas apresenta ao Filho o que ela constatara: Eles não têm mais vinho!   Isto é: a Festa será uma grande vergonha! E, mesmo diante da resposta brusca do Filho (Mulher, o que tenho a ver com isso? Minha hora ainda não chegou!), a "Mulher" pede aos serventes que FAÇAM TUDO O QUE ELE DISSER!   Há uma percepção, por parte da "Mulher" de que Jesus poderia "SALVAR A FESTA"!

E é isso que acontece!   Há ali SEIS TALHAS QUE SERVIAM PARA COLOCAR ÁGUA PARA AS PURIFICAÇÕES QUE OS JUDEUS COSTUMAVAM FAZER   ...  Esse é um detalhe extremamente importante no relato pois nos oferece o verdadeiro sentido do mesmo: estamos diante de um confronto entre dois modos de perceber a Religião: a das purificações mágicas dos antigos, que não ofereciam resultados verdadeiros e, estava fadada ao fracasso e a Nova Religião, trazida pelo Filho Jesus, que oferecerá o Verdadeiro Vinho, o Melhor Vinho e em ABUNDÂNCIA!

Jesus ordena que se encham as talhas (nem mesmo água para a purificação havia = talhas vazias) e, depois manda oferecer ao Mestre de Cerimônia = representantes da Antiga Religião que, surpreso não conseguiu entender de onde vinha o Melhor Vinho, guardado até aquela hora (final da Festa = Final da Religião Antiga mas, em contrapartida, Início da Verdadeira Festa, Nova Religião inaugurada por Jesus e para os Seus seguidores).

O Evangelho se conclui com a constatação: este foi o Primeiro Milagre de Jesus e Ele o realizou em Caná da Galiléia, manifestando, assim, a Sua glória e levando os Seus discípulos CREREM NELE!

Aqui, temos o início da descoberta sobre quem é Jesus e o que Ele tem para nos oferecer!  Segui-Lo, a partir de agora, exigirá um COMPROMISSO DE VIDA com ELE e oferecendo a Vida para faze a Sua Vontade!

É isso que a Segunda Leitura de hoje (I Cor 12, 4-11) nos ajuda a compreender: na Comunidade dos Seguidores de Jesus não deve haver quem se pense mais importante pois tudo que cada um possui é obra e graça de Deus para ser colocado à serviço do Bem Comum.   Deus não concede nada para nosso próprio benefício e, dessa forma, é importante que se esclareça que não há melhores ou piores numa Vida Comunitária Autêntica: Tudo é obra de um Único Senhor, um Único Espírito e um Único Deus que realiza TUDO EM TODOS!   Os Carismas devem ser percebidos como Dons oferecidos por Deus para que a Comunidade seja, cada vez mais, SINAL DO SEU AMOR!

Que Deus nos ajude, iniciando as Celebrações dos Domingos do Tempo Comum a fazermos uma Caminhada Autêntica com o Senhor, descobrindo, cada dia, o que fazer para agradar ao nosso Pai!   Assim seja!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares



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