quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Sexta-feira da Paixão do Senhor: "A Páscoa da CRUZ!" - 25 de Março de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade ao Tríduo Pascal, celebramos, hoje, o segundo dia ou segundo momento e, por conta disso, complementando a reflexão iniciada ontem (Quinta-feira Santa) quando compreendemos a Eucaristia como Ceia ou Banquete em que a Comunidade se reúne para COMER E BEBER o CORPO E SANGUE DO SENHOR, seguimos com a segunda parte de nossa reflexão e, compreenderemos que a Eucaristia é SACRIFÍCIO DE UMA VIDA DOADA POR AMOR, É CRUZ QUE SE CARREGA CADA DIA POR AMOR A DEUS E AOS IRMÃOS.   Assim, podemos afirmar que a EUCARISTIA É CEIA ONDE SE COME E BEBE O CORPO E SANGUE DO SENHOR PARA QUE POSSAMOS TER FORÇA E CONDIÇÕES PARA SUPORTAR TODOS OS CONTRATEMPOS E ADVERSIDADES QUE SE ABATERÃO SOBRE NÓS por conta de nossa FIDELIDADE AO PROJETO DE DEUS.   Sinal de nossa adesão e solidariedade para com o Senhor que sofre, hoje, é o segundo e último dia do ano em que a Igreja prescreve o Jejum para todos maiores de 16 anos e menores de 70 (desde que estejam em condições para tanto)!

Hoje, a Igreja não celebra nenhum Sacramento mas se reúne para vivenciar o momento mais triste e dolorido de todo o Ano Litúrgico: Dia da Entrega e da Morte de nosso Senhor Jesus Cristo para que cada um de nós tivéssemos a nossa vida preservada de todo mal e salva plenamente!   A Adoração da Cruz revela o nosso agradecimento e o nosso reconhecimento de que ali, na CRUZ está o nosso Salvador que por Amor se ENTREGOU À MORTE E MORTE DE CRUZ!   Toda a Palavra de Deus dessa Celebração traz à tona essas ideias: Amor, Entrega, Sacrifício, Cruz, Morte!   Vejamos:

A Primeira Leitura (Is 52, 13 - 53, 12) é o Quarto ou Último Canto do Servo de Javé ou Servo Sofredor!   Nele nos é dado a possibilidade de compreender a contradição presente na relação Mundo X Deus e, automaticamente, compreendemos que as Estratégias de um para se estabelecer com suas "verdades" (Mundo) não possui NADA (mas, ABSOLUTAMENTE NADA) EM COMUM com as Estratégias do Outro (Deus).   Assim, a Leitura nos leva a tomar posição e compreender, o quanto antes que a opção por Deus trará as mesmas consequências que o SERVO teve que enfrentar.   O Servo nos é apresentado em sua máxima HUMILHAÇÃO e, por conta disso todos pensam que Ele seja um ABANDONADO POR DEUS mas, de acordo com a Leitura, o Profeta tem certeza que o Servo vive plenamente a Vontade de Deus e, por isso é capaz de suportá-lo até o fim pois desse SUPORTAR ATÉ O FIM dependerá a SALVAÇÃO DA HUMANIDADE!

Logo de cara, a Leitura nos apresenta o servo como alguém que será bem sucedido e elevado ao mais alto grau apesar de sua desfiguração = não parecia ser humano.   Sua capacidade de suportar o sofrimento será causa de SILÊNCIO DO MUNDO.   Sua situação lhe roubou a beleza e, ninguém se deixou atrair por sua aparência desagradável.   Sua situação de dor (aparentemente derrotado) o fez ser contado entre os "últimos"; suas dores e sofrimentos impede o povo de olhá-Lo de frente!

Tudo isso, diz o Profeta Isaías se deu por conta de nossos pecados; Ele carregou sobre seus ombros as nossas enfermidades, sofrendo Nele o que deveria ser nosso = e, nós, ignorantes, pensávamos que Ele fosse um "CASTIGADO POR DEUS".  No entanto, todo o seu sofrimento foi o preço de nossa Paz e de nossa Cura!   O pecado que nos perturbou a todos e nos fez errar pelo mundo sem encontrar o Caminho de Volta para a Casa do Pai é Nele derrotado de vez e, como "Ovelha muda diante dos tosquiadores, não abriu a boca e se entregou por nós"!   Apesar da Vida Virtuosa foi contado entre os maus e deram-Lhe túmulo entre os ímpios: essa conduta resgatará a descendência dos filhos e filhas de Deus e, tornará justos os homens que, vivendo no pecado, se tronaram injustos aos olhos do Senhor!

A Segunda Leitura (Hb 4, 14-16; 5, 7-9) nos apresenta o Senhor Jesus como sendo esse Servo Sofredor da Primeira Leitura que, ao assumir a nossa condição humana em tudo, com exceção do pecado, se tornou o Sumo-Sacerdote por excelência e, após todo o sofrimento experimentado está à Direita do Pai intercedendo por nós: Ele sabe se compadecer de nossas fraquezas pois Ele experimentou a nossa condição humana e descobriu, na prática, toda a dificuldade de Ser Fiel num Mundo que é oposto à Vontade Divina.   Isso deverá ser causa de alegria constante e plena confiança por parte de todos nós: não tenhamos medo de nos aproximar do TRONO DA GRAÇA para conseguirmos a MISERICÓRDIA de que necessitamos!

Por fim, a longa narrativa da Paixão do Senhor segundo João (Jo 18, 1 - 19, 42) nos apresenta todo o Processo iníquo de Condenação do Servo Fiel = Jesus, o Cristo, por parte daqueles que não queriam que o Amor e a Misericórdia prevalecessem em nossas relações.  Aqui, a Cruz é o momento da glória do Filho e da derrota definitiva das forças do mal, do diabo.   Nesse relato, alguns pontos são importantes para nós:

a) Jesus nos oferece a Vida Nova: a imagem do Jardim aonde tudo começa e tudo termina nos recorda o Édem de Gênesis. Lá o ser humano não foi fiel à Vontade do Criador mas, ao contrário, Jesus, com sua fidelidade até o ato extremo de entrega da Vida nos possibilitará o retorno;

b) A HORA de Jesus: ao contrário do que pensavam, é na CRUZ que Jesus revela a Sua Glória e, portanto, ali, naquele instrumento de morte e derrota, de abandono como muitos pensavam, o Senhor Jesus revela a Sua Hora, o último Sinal desse Evangelho em que Jesus conclui a Sua Obra nesse Mundo em favor de todos nós;

c) Jesus se revela como ÚNICO e VERDADEIRO REI: porém, de um Reino que não é deste mundo (dirá Ele a Pilatos). Seu Reinado se baseia na VERDADE DE DEUS PARA OS HOMENS e o cumprimento da Vontade Divina, até o fim, Lhe dá esse direito;

d) Jesus é o CORDEIRO DE DEUS: sua morte coincide com o momento em que os cordeiros da Páscoa Judaica eram imolados no Templo e, dessa forma, Jesus se revela como o Verdadeiro Cordeiro que, com Sua Morte, encerrará o reinado do diabo e do pecado no Mundo.

Que a Celebração da Paixão do Senhor e Adoração da Santa Cruz nos leve à compreensão do Infinito Amor de Deus por cada um de nós e, dessa forma, possamos, também nós, nos oferecermos uns aos outros pela Salvação do Mundo!   Assim seja!

Oremos:

Ó Deus, pela Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e, assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo.
Por Cristo, nosso Senhor!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Quinta-feira Santa: "A Páscoa da Ceia!" - 24 de Março de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Iniciamos, hoje, as Celebrações do Tríduo Pascal que, na verdade, é uma grande e mesma Celebração que começa com a Celebração da Ceia do Senhor (Lava pés) e se prolonga pelas Celebrações de amanhã - Sexta-feira da Paixão do Senhor com Adoração da Santa Cruz -, e de depois de amanhã - Sábado Santo! Na verdade, o Tríduo Pascal é uma Celebração que acontece em três momentos e dias distintos e, que tem como objetivo nos levar à compreensão dos aspectos fundamentais de uma Celebração Eucarística.   Sem tal compreensão, corremos um sério risco de "participarmos" da Santa Missa sem tirar dela tudo que ela pode nos oferecer.   Os aspectos de Ceia e Banquete, de Dor, Sofrimento, Morte e Sacrifício e de Vida Nova e Ressurreição serão, passo a passo, meditados nesses três dias.   Em cada um deles, um aspecto será ressaltado e, por isso, é preciso que participemos de todos os dias, sem exceção!

Nesta Celebração da Ceia do Senhor - Quinta-feira Santa à tarde - iniciamos a nossa Caminhada rumo à compreensão do Mistério escondido na Santa Missa: Eucaristia é Ceia, é Banquete!   Dessa forma, ir à Santa Missa implica em estar disposto a Comer e Beber pois numa Ceia ou num Banquete, as pessoas se reúnem para isso!

A Palavra de Deus que nos é proposta nesse primeiro dia do Tríduo Pascal, nessa primeira Parte da Celebração, quer nos orientar para essa compreensão: Eucaristia é Páscoa da Ceia, do Banquete.

A Primeira Leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos apresenta o novo sentido que o Povo Hebreu que parte rumo à sua Liberdade, dá à Festa da Páscoa que já era celebrada pelos Pastores Nômades do mundo antigo.  Para esses Pastores, a Páscoa era a Festa Primaveril (tempo da Primavera - vida que renasce após o Inverno rigoroso).   Para comemorar o renascimento das pastagens, da vida, os Pastores celebravam essa Festa = Páscoa = Passagem das Pastagens Invernais para as Pastagens Primaveris!   A saída do Povo Hebreu da Escravidão Egípcia, também, marca um Rito de Passagem mas, agora, da Escravidão para a Liberdade. Esse texto evoca o acontecimento dessa saída mas não é um relato histórico tal qual pensamos hoje = é um texto legislativo, produzido pelos Sacerdotes mais tarde, após os fatos.   

O texto inicia colocando o mês em questão como o princípio dos meses, o primeiro ano pois a Nova Vida irá surgir, livre da Escravidão e, o centro do texto, que nos interessa nessa Noite, é o Cordeiro que deve ser utilizado por cada família, sem defeito, macho e de um ano (se a família for pequena para o Cordeiro, deve convidar uma família vizinha de acordo com o número dos comensais = ideia de comida e bebida).   A morte do Cordeiro servirá para alimentar a Comunidade dos Filhos de Israel para a longa viagem rumo à Liberdade e, também, para livrar os filhos dos Hebreus do extermínio do Anjo que passará à noite do dia 14 cumprindo a última praga: matança de todos os primogênitos egípcios, desde homens até animais.  O Sangue do Cordeiro deverá ser usado para marcar os umbrais das portas dos hebreus e o Anjo Exterminador passará adiante, pulará aquela casa = Páscoa = Pular! Pães Ázimos e Ervas Amargas = lembrança do sofrimento da escravidão acompanharão o Cordeiro e, todos deverão comer prontos para a viagem: rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, comendo às pressas pois é a "Passagem do Senhor"!

Para nós cristãos, o Cordeiro da Páscoa Hebraica = Saída do Egito = Liberdade prenuncia o Verdadeiro Cordeiro que Liberta de uma Escravidão muito mais perigosa: a Libertação do Pecado que nos separa de Deus e nos impede de entrar no Céu = Terra Prometida!

Na Segunda Leitura (I Cor 11, 23-26) vemos São Paulo escrevendo, mais de 20 anos após os acontecimentos, o que ele havia recebido dos demais discípulos do Senhor por ocasião da Última Ceia: Nesta Ceia ou Banquete que recordava a Libertação dos hebreus da Escravidão Egípcia = Primeira Leitura, o Senhor Jesus modifica, mais uma vez, o Sentido ou, melhor dizendo, o plenifica: o pão e o vinho (comida e bebida da Ceia, do Banquete) são apresentados, agora, como Corpo e Sangue do próprio Senhor e, os discípulos deverão celebrá-Lo como MEMORIAL, ATUALIZAÇÃO DAQUELE MOMENTO, proclamando a Morte do Senhor até que Ele venha novamente!

Daí, nos perguntamos: Por que a Eucaristia é Ceia, Banquete em que a Comunidade se reúne para Comer e Beber o Corpo e Sangue do Senhor?   

A Comida e a Bebida são elementos fundamentais pois nos mantém vivos, nos fortalece para que possamos cumprir as nossas obrigações em nosso dia a dia.  Não comer e não beber podem causar a morte, pois fracos não conseguimos sobreviver às investidas da vida, não conseguimos cumprir a nossa Missão.

É por isso que o Evangelho de hoje (Jo 13, 1-15) nos apresenta a Última Ceia de Jesus com os Seus discípulos mas, diferentemente dos Evangelhos Sinóticos (Marcos, Lucas e Mateus), João não fala da Instituição da Eucaristia (que está na Segunda Leitura) mas, nos oferece a oportunidade de refletir o que a participação nessa Ceia, nesse Banquete exige de nós, membros da Comunidade reunida para celebrar: colocar-se à SERVIÇO, LAVAR OS PÉS UNS DOS OUTROS!   A atitude inesperada de Jesus, no meio da Ceia, do Banquete causa espanto nos presentes acostumados ao modo de pensar do mundo: Mestres e Senhores não lavamos pés dos súditos e aprendizes mas, ao contrário, tem os pés lavados por eles!   Os gestos de Jesus - retirada do manto, colocação de avental, pegar jarro e bacia com água, inclinar-se para lavar os pés dos discípulos é uma Lição que todos devem aprender: ser fiel seguidor desse Jesus implicará em fazer uns pelos outros o mesmo gesto.   Assim, o mundo reconhecerá em cada um deles, os seguidores de Jesus!

Viver assim não é tarefa fácil e por isso nos reunimos todos os dias, a cada semana para celebrar a Eucaristia e participar dessa Ceia, desse Banquete.   Comungando o Corpo e Sangue do Senhor recebemos em nós a força e todas as condições para colocarmos em prática tudo o que o próprio Senhor pede de cada um de nós.   Quando participamos da Ceia do Senhor e não queremos e, sequer, temos a disposição para viver como Ele viver, participamos do Banquete de nossa Condenação!

Que esse primeiro dia do Tríduo Pascal alimente em nós o desejo de vivermos como o Senhor viveu e que a Comunhão com o Seu Corpo e Sangue nos fortaleça no combate contra tudo que pode nos afastar da Missão a nós reservada!   Assim seja!

Oremos:

Ó Pai, estamos reunidos para a Santa Ceia, na qual o vosso Filho Único, ao entregar-se à morte, deu à Sua Igreja um Novo e Eterno Sacrifício, como Banquete do Seu Amor.   Concedei-nos, por Mistério tão excelso, chegar à plenitude da Caridade e da Vida.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Primeira Parte do Tríduo Pascal!

Pe. Ezaques Tavares

Solenidade de São José, Esposo da Virgem Maria: "A Justiça de José o levou a dar o Seu Nome ao Menino Jesus!" - 19 de Março de 2016 (Sábado)

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Assim como a Festa da Apresentação do Senhor, outra que me passou despercebida foi a Solenidade de São José, Esposo de Maria que, nesse ano será celebrada no Sábado (19/03) anterior à Celebração do Domingo dos Ramos e da Paixão do Senhor!

Mas, não poderíamos seguir viagem em nossas reflexões sem voltar atrás e escrever sobre tal Solenidade pois, como já falamos várias vezes, o fato de ser uma Solenidade já deve nos deixar em alerta pois a Mensagem da Igreja para cada um de nós nesse dia é Solene, isto é, é extremamente importante para a nossa Caminhada de Fé.   Vejamos:

São José é na História da Salvação, após a Virgem Maria, a figura mais importante pois foi por meio dele que Jesus se ligou à descendência de Davi, cumprindo, assim, as Profecias Messiânicas do Passado. Além disso, todo carinho e confiança dedicados à Virgem Maria que ficou grávida sem conhecê-lo como homem (pois estavam prometidos em casamento mas não casados ainda), o acolhimento do Menino Jesus e o cuidado em defesa da Sua Vida bem como da de Sua Mãe Santíssima, fazem dessa Personagem alguém de extrema importância a quem devemos dedicar todo o nosso afeto, a nossa gratidão e o nosso culto.   Tudo, no entanto, em vista dos méritos do Senhor Jesus e da relação estreita que foi estabelecida com Ele (Jesus).

Assim, a Palavra de Deus dessa Solenidade busca revelar tal importância de José para a nossa História de Salvação.   Vejamos:

A Primeira Leitura (II Sm 7, 4-5a.12-14a.16) nos apresenta a resposta de Javé, por meio do Profeta Natã, ao desejo de Davi de construir um casa para o Senhor pois, de acordo com o relato anterior, Davi se deu conta que ao longo do seu reinado, Deus havia concedido a ele poder, honra e glória e, que ele havia utilizado parte disso em benefício próprio: construiu para si um palácio de cedro e a Arca da Aliança = Sinal da Presença de Deus no meio do Povo, ainda continuava debaixo de uma tenda como no tempo do deserto.   Já no final do reinado, Davi tenta concertar tal "lapso" e deseja construir uma "Casa para o Senhor" = um Templo.   Mas, o texto parece demonstrar que o Senhor não deseja tal coisa pois, exige que o Profeta Natã, que já havia dado permissão para Davi realizar o seu intento, volte ao rei e lhe diga que não será ele (Davi) quem Lhe construirá uma casa mas, ao contrário, quando o rei estiver descansando com os seus pais no pó da terra, será Deus quem suscitará um descendente Dele para Lhe construir a Casa.  Esse Descendente suscitará um Reino que não terá mais fim pois Deus será para Ele como um Pai e o Descendente será para Deus como um Filho!

Essa Profecia Messiânica se cumpre perfeitamente na Pessoa de Jesus mas, como O mesmo é Filho de Maria e mulheres não dão Nome aos filhos pois esta é uma prerrogativa masculina, José entrará para fazer cumprir a Profecia de Natã ao rei Davi.   José é descendente de Davi e poderá dar o seu nome a Jesus, ligando-o, dessa forma, ao rei de mesmo nome e, cumprindo, assim, a texto profético da Primeira Leitura.   

O texto do Evangelho de hoje (Mt 1, 16.18-21.24) nos apresenta na versão desse Evangelista a Origem de Jesus Cristo e, logo de início, no final da Genealogia, o autor sagrado nos apresenta José como o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo! Isso é importante pois o texto deixa claro que José não é pai de sangue de Jesus por Este é Filho de Deus e obra do Espírito Santo no seio Virgem de Maria.   Maria, prometida em casamento a José, ficou grávida antes de viverem juntos, pela ação do Espírito Santo de Deus.   José, que era JUSTO (aos olhos de Deus e não como o mundo) resolve abandoná-la em segredo e fica na espera que Deus lhe revele o papel que ele terá nessa História e, o Senhor fará isso num sonho: Anunciação do Anjo a Jose (em Lucas, temos a Anunciação do Anjo a Maria).   O Anjo de Deus pede que José não tenha medo de receber Maria como esposa pois o Seu Filho é Obra do Espírito Santo mas ele (José) teria papel importantíssimo nessa História: ele deveria dar o Nome de Jesus = Deus Salva, ao Filho de Maria e, assim ele (José) faz quando acorda: recebe Maria em sua casa e seguirá com ela e Jesus até o fim.

Esse relato evangélico nos revela a importância de se estar ligado ao Senhor constantemente e buscar Nele as razões e os porquês de tudo que nos ocorre pois em Deus TUDO TEM UM SENTIDO e José encontrou o sentido de sua presença na Vida de Maria e de Jesus e, dessa forma, conviveu e educou Aquele que veio ao mundo para salvar a todos (inclusive, o próprio José).

Por fim, a Segunda Leitura (Rm 4, 13.16-18.22) nos apresenta o Apóstolo Paulo falando que a Justiça que vem da Fé e não a Lei é que conta diante de Deus.   Assim, fez Abraão e assim fez José pois a Fé nos faz herdeiros e esta é uma graça, um dom gratuito!

Que a Solenidade de São José, Esposo de Maria, dentro das Celebrações do Tempo da Quaresma nos faça repensar a nossa vida e nossa Caminhada de Fé diante de Deus e, seguindo o exemplo do Pai Adotivo de Jesus estejamos abertos para o cumprimento da Justiça que vem de Deus.   Assim seja!


Oremos:

Deus todo-poderoso, pelas preces de São José, a quem confiastes as primícias da Igreja, concedei que ela possa levar à plenitude os Mistérios da Salvação!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

Continuação da Reflexão sobre a Festa da Apresentação do Senhor - 02 de Fevereiro de 2016 (terça-feira)

requintes de "pavor" para todos quantos não estiverem vivendo de acordo com a Vontade do Senhor.   Este que vem, vem para promover uma reviravolta na situação de pecado da Comunidade, vem para limpar e purificar a todos: Ele é como o Fogo da Forja e a Barrela dos Lavadeiros.   Assim como o Fogo da Forja faz desaparecer as impurezas dos metais preciosos deixando sobreviver comente o ouro bom e verdadeiro e, assim como a barrela (sabão) dos lavadeiros limpa as roupas de suas sujeiras, assim o Enviado do Senhor fará: Purificação e Limpeza de todos as imundícies e sujeiras serão o Seu Grande e Maravilhoso Trabalho.

Esse Enviado descrito pelo Profeta Malaquias na Primeira Leitura nós O vemos chegando, hoje, ao Templo de Jerusalém e sendo reconhecido como tal pelos presentes: o Velho Simeão e a Profetisa Ana!   O Evangelho (Lc 2, 22-40) nos apresenta os pais de Jesus cumprindo a Lei de Moisés: todo primogênito do sexo masculino deve ser apresentado = consagrado ao Senhor e resgatado com o sacrifício que, no caso em questão, consistia em um par de rolinhas ou dois pombinhos (sacrifício dos pobres).   É nesse momento, quando Jesus está sendo apresentado que, movido pelo Espírito Santo, o Velho Simeão vai ao Templo pois havia recebido a promessa de não morrer sem antes contemplar a Salvação de Israel prometida pelo Senhor, isto é, a chegado do Seu Enviado (Primeira Leitura).   É aqui que o Velho Simeão pega o Menino nos braços e fala sobre Ele a todos, sobretudo aos pais.   Simeão apresenta Jesus como a Luz que porá às claras todas as ações e isso será causa de queda e de soerguimento para muitos em Israel.   A Maria, Simeão afirma que uma espada de dor ira traspassar-lhe a alma por conta de tais fatos.   A Profetisa Ana também, por sua vez, fala do Menino para todos que esperavam a Libertação de Israel = Jerusalém!   E, assim, se cumpre a Profecia de Malaquias e Jesus regressa com os pais para a Galiléia, em Nazaré e crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria e a graça de Deus permanecia com Ele.

É esse Jesus, Deus que se fez homem para salvar os homens, que desejou ter em comum o sangue e a carne com os seus irmãos pois irmãos são, de fato, assim.   Dessa forma, Ele destruiu a morte que assombrava a humanidade, libertando-a da escravidão do pecado.   É esse Jesus que não veio para se ocupar com nada que não fosse a Vida dos Homens e a Sua condição de Escravos do Pecado: Ele veio para LIBERTAR e ILUMINAR O CAMINHO DE ACESSO AO PAI, AO CÉU!   Isso vemos no texto da Segunda Leitura (Hb 2, 14-18).

Que a Celebração da Festa da Apresentação do Senhor alimente em nós a CERTEZA de que Deus, em Jesus veio nos VISITAR e, dessa forma, nos SALVAR!   Assim seja!

Oremos:

Deus eterno e todo-poderoso, ouvi as nossas súplicas.   Assim como o vosso Filho Único, revestido da nossa humanidade, foi hoje apresentado no Templo, fazei que nos apresentemos diante de Vós com os Corações Purificados.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares 

Festa da Apresentação do Senhor: "Jesus é a Luz que ilumina o Mundo!" - 02 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Escrevendo as reflexões dos Domingos acabei passando sem perceber pela Festa da Apresentação do Senhor que ocorre no dia 02 de Fevereiro. Agora, revendo o Calendário Litúrgico me dei conta dessa "gafe" e, passo, nesse momento, a refletir, um pouco sobre a Mensagem da Festa em questão.

Essa é uma Festa que tem na Tradição Judaica o seu fundamento pois, de acordo com a Lei Mosaica, todo primogênito do sexo masculino deveria ser Apresentado ao Senhor e Resgatado com o oferecimento de um sacrifício animal que, para os pobres (o caso de Maria e José) era um par de rolinhas ou dois pombinhos!  Passados os 40 dias prescritos, os pais de Jesus vão cumprir a Lei: da noite do dia 24 de Dezembro ao dia 02 de Fevereiro temos exatos 40 dias!   Hoje, oficialmente, terminamos o acompanhamento da Vida Inicial do Senhor e, a Palavra de Deus dessa Festa nos aponta, em Jesus, o lado Divino.   Vejamos:

A Celebração com a Bênção e Procissão das Velas como sinal de manifestação de Jesus como LUZ que ilumina o Mundo e, na Primeira Leitura (Ml 3, 1-4) vemos o Profeta apresentando a chegada do Enviado do Senhor, o Esperado, o Dominador que todos desejam encontrar, o Anjo da Aliança que todos querem contemplar.   Ao contrário do pensamento corrente que esperava esse dia como o Dia de Alegria e Felicidade Plenas, o Profeta Malaquias o descreve com requintes de "pavor

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: "A Contradição presente em todo Ser Humano!" - 20 de Março de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Após 05 semanas acompanhando o Senhor em sua trajetória de dor e sofrimento, entramos, hoje, com toda a Igreja na Semana Central de nossa Fé e, por conta disso, do Calendário Litúrgico.   Tanto isso é verdade que, somente ela (semana) é designada com o adjetivo de Santa!   Durante o Tempo da Quaresma, a Comunidade foi se preparando para que pudesse chegar nessa última semana mais santificada pois se a Santidade não foi buscada com afinco por cada um de nós, a Semana será como todas as demais (talvez com uma maior ida de todos à Igreja para presenciar as Celebrações bem preparadas e longas que acontecerão nos próximos dias) mas, ela não será SANTA pois o que a torna assim é a Vida Santificada dos fieis.

Abrimos essa Semana Santa com a Celebração do Domingo dos Ramos e da Paixão do Senhor e, o título duplo da mesma já traz em si a questão por ela levantada: a contradição presente em nossas vidas quando percebemos que Jesus não é o "deus" que nós desejávamos que Ele fosse pois Ele não irá fazer o que nós gostaríamos que Ele fizesse.   A Celebração desse Domingo revela, de forma muito explícita, essa faceta de nossa Fé: queremos um "deus" que seja capaz de realizar os nossos desejos, que esteja à serviço de nossas necessidades mas, quando percebemos que Ele não existe para nossa própria satisfação e, portanto, não está, necessariamente, "disposto" a realizar os nossos desejos, com a mesma facilidade com que O acolhemos solenemente em nossas vidas, O expulsamos e O condenamos à morte, e morte de Cruz.   A estruturação da Celebração já revela isso em todos os pormenores!   Vejamos:

Pra começar, a Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor se desenvolve em dois ambientes bem distintos pois, as duas partes que se sucedem tratam de assuntos bem diversificados: enquanto num primeiro momento, nos reunimos num lugar específico, fora do espaço em que a Celebração se desenvolverá mais adiante.   Nesse primeiro momento, a Comunidade é acolhida e convidada a iniciar a sua Caminhada da Semana Santa e, aqui, temos a Leitura do Evangelho (Lc 19, 28-40) em que nos é apresentado a "Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém".   Aquele Jesus que, após o Batismo deu início à Sua Vida Pública e, nesse tempo (03 anos mais ou menos) foi revelando o rosto e a fisionomia de Deus, foi, pouco a pouco, chamando a atenção do povo (sobretudo, os pobres e excluídos) para si.   Todos imaginavam que ao termo de Sua Viagem para Jerusalém, Ele iria restaurar o Reino de Davi e, como num passe de mágica, transformar a má sorte do povo com uma reviravolta no modelo do poder da época: pobres e excluídos no poder e poderosos seriam rebaixados de vez!   É por isso que, quando é avistado, a multidão dos discípulos explode em alegria e O acolhem como o "Novo Rei que chega" pois os milagres realizados ao longo de Seu Ministério Público havia suscitado tal sentimento na maioria das pessoas.  Estendendo mantos, espalhando galhos de árvores (ramos) pelo caminho e aclamando "Bendito o que vem em Nome do Senhor" e "Hosana ao Filho de Davi", Jesus é recebido com grande louvor e glória na Cidade Santa.  Porém, um detalhe passa meio despercebido pela multidão: o Rei monta um jumentinho, cria de jumenta e não um Cavalo de Raça como os Reis do Mundo e, aqui já está a grande contradição entre Jesus e o Mundo que os discípulos não compreenderam e, talvez, até os nossos dias, ainda não compreendem!

Acabada a leitura desse Evangelho, a Comunidade é convidada a repetir os mesmos gestos da Multidão daquele tempo: com os ramos abençoados e cantando "Hosana ao Filho de Davi" e "Bendito o que vem em Nome do Senhor", iniciam a Procissão dos Ramos em direção ao ambiente, já preparado para a Segunda Parte da Celebração!

Nesse segundo momento, o tom se modifica, as músicas perdem o vigor da Procissão, o clima de dor e tristeza começa a tomar conta dos presentes pois, nesse momento, a Paixão do Senhor nos será apresentada.   Na mesma Celebração, tão vibrante até então, um "espírito de dor e tristeza" nos toma por completo e, daqui em diante seremos conduzidos pelos caminhos da Entrega, da Dor, do Sofrimento, da Morte provocada e pedida pela mesma multidão que O recebera cheia de louvor e alegria e, isso se dá, porque, na medida em que os dias passam, as pessoas vão sendo convencidas de que o Senhor não realizará o que elas desejam, não haverá tomada de poder temporal, não haverá mudança de posições no comando da Cidade e, instigadas pelas Autoridades Religiosas, as mesmas pessoas, pedirão a Morte do Senhor!   A Palavra de Deus dessa segunda parte da Celebração é cercada de dor, entrega, amor, sofrimento e morte!  Vejamos:

A Primeira Leitura (Is 50, 4-7) nos apresenta mais um Canto do servo Sofredor ou Servo de Javé, essa personagem misteriosa que, a partir dos capítulos 40 de Isaías começa a ser descrito como o único capaz de salvar o povo e, isso se dará por conta de sua fidelidade a Vontade do Senhor que o fará confrontar-se, severamente, com o Poder Instituído do Mundo.   Suas estratégias são opostas às utilizadas pelo Poder Mundano: sua língua adestrada (educada pelo Senhor = Javé) o faz capaz de ter palavras de conforto para quem está abatido; como servo, cada manhã ele é despertado para ESCUTAR, com ouvido excitado e atento, os conselhos e as ordens de Seu Senhor.   E, o que ele (Servo) escuta é de fazer tremer de medo o mais valente dos seres humanos: o servo deverá oferecer a face para quem lhe arranca os fios da barba, não deverá desviar o rosto de bofetões e cusparadas e, isso acontece porque o Servo sabe quem está do Seu lado: o Senhor Deus é o Seu AUXILIADOR e, isso, o faz firme e não o deixa desanimar mantendo o ROSTO IMPASSÍVEL COMO PEDRA pois sabe que não sairá humilhado!

Toda essa Leitura do Profeta Isaías, nós a vemos realizada plenamente na Paixão do Senhor Jesus narrada por Lucas (Lc 22, 14 - 23, 56).   O Domingo de Ramos é o único Domingo do Ano em que se proclama a Narrativa da Paixão e Morte de Jesus na Liturgia da Igreja!   Nesse texto longo podemos perceber todos os detalhes descritos pelo Profeta nos Cantos do Servo de Javé ou Servo Sofredor pois Jesus é o cumprimento perfeito das Profecias do passado.   Todo o julgamento iníquo e toda a Sua entrega por Amor são descritos de forma pormenorizadas no texto em questão.   A crueldade do pecado humano conduz à morte e morte de Cruz Aquele que veio para Salvar a Humanidade!

Por fim, a Segunda Leitura (Fl 2, 6-11) é um belíssimo Hino narrado pelo Apóstolo Paulo que canta o processo de despojamento de Deus que por Amor deixa a Sua Vida Divina e, esvaziando-se da mesma, se faz Servo dos servos, se Entrega à Morte de Cruz por Obediência ao Pai para salvar a Humanidade de seus pecados.   É esse Jesus que se Entrega por Amor e Obediência que recebe do Pai um Nome muito acima de todo e qualquer nome e, ao Seu Nome todo joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos!

Celebrar o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, abrindo com toda a Igreja as Grandes celebrações da Semana Santa deve nos alertar para a necessidade de tomarmos cuidado para não tentarmos fazer de Deus algo ou alguém que deve estar ao nosso dispor mas, que compreendamos que Ele (o Senhor) é quem pode e deve exigir de cada um de nós que nos coloquemos inteiramente disponíveis ao Cumprimento de Sua Santa Vontade!

Oremos:

Deus eterno e todo poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz.   Concedei-nos aprender os ensinamentos de Sua Paixão e ressuscitar com Ele em Sua Glória!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo !   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

V Domingo da Quaresma: "O apego ao Passado nos impede de ENXERGAR AS MARAVILHAS DE DEUS NO PRESENTE DE NOSSA HISTÓRIA!" - 13 de Março de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos a nossa Caminhada Quaresmal com a Celebração do V Domingo (último) e, a Palavra de Deus que nos é proposta nos indica que a Novidade de Deus se dá no Presente de nossa História e o Apego ao passado, num saudosismo que não leva ninguém a lugar nenhum pode se tornar um empecilho à contemplação do que Deus está realizando em nosso favor.   Essa ideia PASSADO X PRESENTE perpassa as três leituras de hoje.

Assim, na Primeira Leitura (Is 43, 16-21) vemos o Profeta que vive a experiência com seus compatriotas do Exílio na Babilônia (587 a.C.), chamar a atenção do Povo para a necessidade de desapegar-se do passado pois o que foi feito, foi feito e pronto e acabou.   O Passado deve servir para nos levar à percepção de que Deus é o Aliado do Povo e sempre cumpre a Sua Promessa.   Ao contrário, o importante é olhar para o PRESENTE e perceber que Deus está para realizar grandes obras, maiores que as do Passado: Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos é a ordem dada por Deus, por meio do Profeta, ao Seu Povo.   Deus está realizando coisas novas que já estão surgindo mas, o apego ao Passado impede de enxergar a NOVIDADE DE DEUS acontecendo: a abertura de uma estrada no deserto e o surgimento de rios na terra seca fará o Povo experimentar um Novo Êxodo porém bem melhor que o primeiro  e, é isso que levará animais e homens ao louvor de Deus que faz (presente) maravilhas!

Apegar-se ao passado pode ser, também, um grande problema na relação entre nós, seres humanos.   Geralmente as nossas desavenças, brigas, rivalidade têm como princípio um apego demasiado grande aos fatos do passado que nos impedem de PERDOAR no presente.   Em Deus, para nossa sorte, o tempo só existe no PRESENTE e, por isso, Deus não tem dificuldade de PERDOAR os atos do PASSADO.   O que foi feito, está feito e, do passado devemos tirar lições para uma vida melhor no PRESENTE que é o tempo que temos de fato.   Por conta dos fatos passados, as autoridades religiosas se davam o direito de julgar e condenar e, um exemplo de fato assim, o temos no Evangelho de hoje (Jo 8, 1-11) episódio típico desse Evangelista mas que parece com o tom de Lucas (Evangelho da Misericórdia).   O fato narrado hoje é muito conhecido de nossas Comunidades: O Evangelho da Adúltera!   Esse texto tem alguns pontos interessantes para nossa reflexão.   Vejamos:

Tudo começa com a menção da ida de Jesus para o Monte das Oliveira (talvez para entrar na intimidade do Pai, recebendo Dele as orientações para Sua conduta) e, ainda de madrugada, retorna ao Templo onde ensina as pessoas (talvez, as lições recebidas do Pai em Sua Oração) e, o Povo O escuta com atenção! Tudo parecia normal, não fosse o fato que vem a seguir!

No meio do ensinamento, eis que os "religiosos de plantão" = fariseus e mestres da Lei trazem uma mulher que fora apanhada em flagrante adultério.  Aqui, um questionamento importante: Como essa mulher foi apanhada se o adultério é um pecado que não se faz na praça pública?   E o homem? Onde está? O adultério feminino depende de um adultério masculino? ... Somente essas questões nos colocam em alerta contra esses pseudos defensores da Moral e dos Bons Costumes que, na verdade não passam de mexeriqueiros, observantes da vida alheia que buscam no "mal feito do outro" uma forma de desviar a atenção dos seus próprios.

Apresentam de forma brutal a mulher no meio dos presentes e perguntam ao Senhor Jesus o que Ele achava que deveria ser feito com a mesma mas, deixam claro - como grandes entendidos da LEI - que Moisés mandou que tais mulheres fossem apedrejadas.   Parece que o Senhor estava em maus lençóis pois não podia ir contra a Lei e, tampouco se posicionar contra aqueles que sempre foram o seu alvo preferido: os pobres e sofredores!

Jesus, diante da fúria dos religiosos de plantão, diz o Evangelho, se abaixa e começa a escrever no chão (há um comentário desse texto que diz que o Senhor Jesus começou a escrever no chão, tornando público, os pecados de cada um dos presentes, levando-os a perceber que a única diferença entre aquela mulher e eles era o anonimato do pecado deles enquanto que da mulher tinha vindo à baila, a público.   É por isso que, com a insistência dos presentes, o Senhor se levanta e diz em auto e bom som: Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra! Dito isso, se abaixou novamente!   Jogada de Mestre pois cada um, quando acionado, é capaz de perceber que não tem uma vida tão correta assim.   Na verdade, nós podemos não cometer os erros do outro mas, em contrapartida, o outro pode não cometer os nossos e, no final das contas, somos todos, como diz o bom e velho ditado popular "farinha do mesmo saco!"   Essa questão promove o afastamento dos acusadores e, o Evangelho frisa, começando pelos mais velhos!  Na verdade, a idade pode produzir esse "ranço" de pseudo bom, justo, fiel etc.

O Evangelho termina afirmando que ficaram somente Jesus e a Adúltera e diante da confirmação de que ninguém a havia condenado, o Senhor também declarou: Nem Eu te condeno! Podes ir e, de agora em diante, NÃO PEQUES MAIS!   Isso revela que o Senhor não é conivente com o Pecado mas, diferente de nós, sabe, muito bem, separar o pecado cometido do pecador que o cometeu e, dessa forma, para o Pecado a destruição e para o Pecador a Salvação pois o importante é como será a Vida dali pra frente; o passado de pecados não existe e não deve ser usado para denigrir, excluir e matar o nosso irmão!

Por último, São Paulo na Segunda Leitura de hoje (Fl 3, 8-14) nos apresenta a necessidade de considerarmos como lixo o que ficou no passado de misérias de nossas vidas pois em Cristo podemos experimentar a Novidade da Graça de Deus.   É para frente que se deve conduzir a Vida e, isso é produto da Esperança que deve nos mover a cada dia!

Que a Celebração desse V Domingo da Quaresma nos leve a compreender que para Deus o que importa é o nosso compromisso de mudança de vida no aqui e agora de nossas vidas!   Assim seja!

Oremos:

Senhor nosso Deus, dai-nos por vossa graça caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no Seu Amor pelo mundo!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

IV Domingo da Quaresma: "O AMOR MISERICORDIOSO DO PAI RESTAURA A VIDA DESTRUÍDA PELO PECADO DO FILHO!" - 06 de Março de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos em nossa Caminhada Quaresmal e chegamos ao IV Domingo e, hoje, a Liturgia nos possibilita a graça de experimentar uma espécie de "aperitivo" das Grandes Alegrias da Páscoa: a Liturgia de hoje funciona como uma ante-sala da Grande Sala do Banquete Pascal com todas as suas consequências.   Participar da plenitude de Alegria Pascal exige de nós a aceitação da forma de agir do Pai, a compreensão de que toda a Sua Ação é movida pelo Seu Imenso e Infinito Amor Misericordioso que busca se encontrar com os filhos que Dele se afastaram por qualquer motivo.   O Pai que Ama deseja ter Seus filhos junto a Ele!   Se compreendemos essa forma de agir do Pai, participaremos do Banquete, da Festa Pascal, da Vida Nova que Ele, em Seu Amor Misericordioso oferece a todos, sem exceção!

Assim, a Primeira Leitura (Js 5, 9a.10-12) nos apresenta o relato da chegada do Povo Libertado à Terra Prometida, Terra onde correm Leite e Mel.   Dessa forma, o Senhor cumpre a Promessa feita aos Patriarcas, sobretudo a Abraão de lhe conceder descendência numerosa como as estrelas do céu, além de entregar toda a terra que a planta dos pés dessa descendência pisar.   Deus é Fiel à Aliança e, o texto de hoje nos apresenta a última etapa dessa Caminhada.  

Os filhos e filhas de Deus que sofreram 400 anos (+ ou -) sobre o Regime de Escravidão no Egito, clamaram ao Senhor e Este Ouviu o Clamor, Viu a Miséria e, Compadecido Desceu para libertar e, para tanto, escolheu e chamou Moisés para liderar tal Processo de Libertação.   Libertado, o Povo caminha Deserto adentro e, no Monte Sinai = Horeb = Monte de Deus recebeu as Tábuas da Lei e, prosseguindo a Viagem rumo à Terra Prometida, é sustentado pela Graça e pela Bênção de Deus: água da rocha, maná, codornas, nuvem durante o dia e fogo durante a noite, serpente de bronze para curar as picadas da serpentes abrasadoras do Deserto ...  Tudo Deus fez para Salvar o Seu Povo!   Com tal Povo caminha e vai, passo a passo, construindo a sua Identidade: LIBERTA, ENTREGA A LEI E, HOJE CONCEDE O DOM DA TERRA (última etapa do Processo).

É assim que o Senhor fala com Josué (sucessor de Moisés e que introduz o Povo na Terra Prometida): Hoje tirei de cima de vós o opróbrio do Egito!   Acampados em Guilgal, planície de Jericó, celebraram a Páscoa = Festa que deu início ao Processo no Egito e que é celebrada em sua conclusão.   Depois da Festa, dia seguinte, o Povo comeu os frutos da terra que não plantaram e, por conta disso, o maná (pão do céu) parou de cair!

Todo esse texto nos oferece a oportunidade de perceber como o Senhor é Bom, Favorável, Indulgente para como o Seu Povo e, mais ainda, como Ele é FIEL à Sua Palavra, à Aliança firmada com os nossos antepassados!

Essa Bondade, esse Amor Misericordioso de Deus que resgata a vida do Povo Oprimido é manifestado, em Sua plenitude, na Vida de Jesus, o Cristo.   Ele é a revelação plena do Pai: se quisermos saber como Deus é, olhemos para Jesus, ouçamos o que diz, vejamos o que faz, percebamos com quem anda, vejamos a quem recrimina e por que o faz, a quem acolhe e por que o faz ... e, dessa forma saberemos quem é, verdadeiramente, Deus.

O Evangelho de hoje (Lc 15, 1-3.11-32) faz parte de uma das mais belas páginas de todo o Evangelho.   Em Lucas, o capítulo 15 é conhecido como o seu CORAÇÃO, isto é, é nele que está a VERDADE MAIS PLENA SOBRE O SER DE DEUS: Deus, o Pai, é Amor e Misericórdia Infinitos!   No texto em questão alguns pontos nos chamam a atenção. Vejamos:

a) Para quem o Senhor conta as Parábolas: às vezes somos tentados a pensar que as Parábolas da Misericórdia são contadas para os "pecadores", os que estavam fora do circuito da Salvação experimentada nos Ritos e Cultos do Templo, os excluídos porque vivendo uma vida "não muito regrada" e, assim por diante.   No entanto, logo no início do percebemos o contrário: são esses "pecadores" que estão se aproximando de Jesus para escutá-Lo e, os "religiosos" de plantão (fariseus e mestres da lei) são os que CRITICAM JESUS por se deixar envolver por tais pessoas.  É essa atitude de crítica dos "religiosos" que levou Jesus a contar as Parábolas, é para essa gente que se pensa melhor que os outros que Jesus conta as histórias para que percebam o jeito de Deus (totalmente contrário do jeito que achavam e pregavam);

b) A Parábola em si: é uma história simples: um pai que possui dois filhos e, eu diria, mais que dois filhos, a parábola apresenta dois jeitos distintos de compreender o ser do filho, há duas formas de viver a filiação.   A questão que ficará no final é sobre que tipo de filhos somos nós (o primeiro, mais moço ou o segundo, mais velho; qual postura nos atrai mais ou em qual postura nos encontramos);

c) O filho mais novo no início da história: audacioso, petulante, tem uma visão da casa do pai como um espaço de não liberdade, pensa que o pai tem "obrigação" de lhe dar a parte da herança que lhe cabe; é aventureiro, esbanjador; quer ter liberdade mas não sabe o preço pois quer obtê-la com o patrocínio do pai;

d) O pai no início da história: demonstra respeito pelo filho mais novo pois mesmo sabendo que a herança era algo que só após sua morte os filhos teria direito e, diga-se de passagem, no mundo antigo, esse direito era reservado ao "filho mais velho" e nunca ao mais moço, o pai resolve dividir a herança pois para o pai não há filho que merece mais ou menos, todos são iguais.   Mesmo não concordando com a postura do filho, porque AMA, deixa-o partir;

e) O filho mais novo longe da casa do pai: tem a enganosa sensação de que a vida estava começando e que a herança recebida seria eterna. Podia comer, beber, esbanjar, fazer o que quisesse sem a "voz chata" do pai orientando, podando a liberdade.   O tempo passa, e o dinheiro, a herança não trabalhada acaba e, como diz o ditado "desgraça pouca é atraso de vida" a região onde se encontrava é acometida por uma forte seca e a fome se abateu sobre a mesma;

f) Dificuldade: tempo de refletir sobre a vida: a vida que começara boa (enquanto se tinha o patrocínio do pai) agora cai em desgraça.  A história é terrível quando fala que a fome do filho era algo tão grandioso e terrível que, recebendo um emprego para cuidar de porcos, o rapaz desejava matar a fome com a comida dos mesmos mas, nem isso lhe davam!   Pensando numa parábola contada para Judeus Piedosos e seguidores rígidos da Lei, isso é um horror pois o porco era considerado impuro e não podia, sequer, ter convivência com os mesmos.   Daí, ao falar que o rapaz queria matar a fome com a comida desses animais impuros mas isso lhe era negado significava dizer que a vida desse infeliz chegou ao mais profundo do fundo do poço que alguém podia chegar.   Não havia nada pior!   É aqui que o filho se toca: na casa do meu pai até os empregados têm pão com fartura e eu aqui morrendo de fome!  Vou-me embora, vou voltar para o meu pai e dizer-lhe: Pai pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados!   E, assim, o filho fez;

g) Encontro com o pai: o filho inicia o seu caminho de volta (conversão = voltar ao princípio = voltar ao ponto de onde a vida começou a sair dos trilhos) mas, para nossa surpresa, o pai avista o filho antes de ser avistado por ele e, tenhamos em mente que o filho não estava igual àquele que saíra de casa tempos atrás pois a vida desenfreada o havia estragado e muito (o pecado devasta a nossa vida): está maltrapilho, com farrapos, descalço, sem o anel da família = está como escravo.  O filho tenta repetir as palavras há muito ensaiadas mas, é importante notar que, quando iria pedir para o pai tratá-lo como um dos empregados, o pai interfere pois para ele (o pai) o filho nunca deixa de ser filho por piores que sejam as suas atitudes: melhor túnica, anel, sandálias são postas no filho e, um novilho gordo é morto para se fazer um banquete, uma festa pois o filho que se pensava morto estava vivo, tinha sido perdido e foi encontrado!   Que beleza de história não fosse a postura do filho mais velho que até agora não deu as caras na história;

h) O filho mais velho: nunca saiu da casa do pai, é correto, cumpridor dos deveres, não desobedece a nenhuma ordem recebida e por conta disso se acha "melhor" que os demais.   Ao ouvir o barulho da festa, retornando de um dia de trabalho intenso, pegunta o que acontecia e recebe a triste notícia: É teu irmão que voltou e o seu pai está dando uma festa por tê-lo recuperado são e salvo!   Essa boa notícia cai com uma bomba no colo desse filho mais velho pois o mesmo não concorda com a postura do pai e acha injusta a festa dada por conta da volta daquele filho que em nada havia colaborada para a riqueza da família, ao contrário, só fez dilapidar o patrimônio;

i) O pai e o filho mais velho: o pai ama os filho igualmente mas os filhos parecem que não se amam dessa forma igual.  O pai tenta mostrar ao filho mais velho que o importante era o irmão que voltara são e salvo e não o dinheiro acumulado; o filho mais velho poderia fazer a festa que quisesse mas, como nunca se comportou como filho mas como empregado da casa do pai, não tinha essa liberdade; nunca compreendeu que estava na casa do pai e, portanto, tudo ali era dele também;

j) O final da parábola: não se diz se o filho mais velho entrou ou não e isso é proposital pois cada um de nós é convidado a se perguntar se entraria ou não nessa comemoração da volta de um irmão que esbanjou os bens da família em uma desenfreada!   Como vive a nossa Comunidade e o que ela faz para esses irmãos (que são muitos, a maioria) em nossos territórios paroquiais?

Por fim, o Apóstolo Paulo, na Segunda Leitura de hoje (II Cor 5, 17-21) nos dá a chave para vivermos a Vontade do Pai em nossas vidas: é preciso reconhecer e aceitar que em Cristo somos criaturas novas e não podemos deixar que a velhice promovida pelo pecado nos afaste do ideal pensado por Deus para cada um de nós.   Em Cristo, o mundo está reconciliado com o Pai e consigo mesmo e, portanto, não há mais espaço para posturas como a do filho mais velho da parábola do Evangelho de hoje!   
Esse Jesus nos faz viver como praticantes da JUSTIÇA DIVINA, isto é, oferecendo a cada um o que cada precisa para viver e não o que cada um fez por merecer!

Que a Celebração desse IV Domingo da Quaresma nos leve a repensar a nossa postura para com os nossos irmãos e irmãs!   Assim seja!

Oremos:

Ó Deus, que por vosso filho realizais de modo admirável a Reconciliação do Gênero Humano, concedei ao Povo Cristão correr ao encontro das Festas que se aproximam, cheio de Fervor e Exultando de Fé!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

III Domingo da Quaresma: "A Salvação é DOM DE DEUS e CONQUISTA E COMPROMISSO HUMANO!" - 28 de Fevereiro de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada Quaresmal, chegamos à metade dos Domingos: o Terceiro!  Nesse ponto de nosso Trajeto Penitencial, a Palavra nos interpela sobre os nossos compromissos para que a Salvação de Deus possa chegar a todos os locais e atingir a todos os irmãos que dela estejam necessitando. Se colocar à disposição do Senhor que convoca, se abrindo à Graça que Ele oferece nos fará protagonistas de uma História de Libertação e Salvação daqueles que sofrem a opressão por parte dos grandes do mundo.   Nesse Caminho de Liberdade, a vida não é fácil e tragédias podem e irão ocorrer mas é preciso compreender que elas não procedem da Vontade de Deus mas, ao contrário, ela ocorrem por conta do fechamento da Humanidade à Sua Santa Vontade!

Assim, na Primeira Leitura (Ex 3, 1-8a.13-15) temos o relato da Vocação de Moisés e, como quase todos os relatos de vocacionais na Bíblia, segue um esquema: Deus chama, o homem responde, Deus apresenta a missão, o homem objeta e Deus garante a vitória com Sua Presença.

Esse capítulo 3 do Êxodo é extremamente importante para a nossa compreensão de Deus que se revela na Palavra.  É nesse capítulo que vemos o Povo Hebreu clamar aos céus por não aguentar mais o Sistema Opressor e Escravocrata Egípcio e, tal atitude toca o Coração de Deus que, Compadecido resolve descer para Libertar!   É após esses fatos que o nosso texto se situa!  Vejamos:

Moisés que fugiu do Egito após ter sido descoberto no episódio da morte de um Egípcio por conta dos maus tratos que ele viu um sofrer, se refugia em Madiã e acaba se casando com uma das filhas de Jetro, Sacerdote daquela região.   Por lá fica durante muito tempo e, até que chega o momento de descobrir o sentido de sua vida, a sua Vocação, o motivo de ter sido "salvo das águas" no tempo em que o Faraó ordenou a matança de todos os meninos recém-nascidos dos hebreus!   Por que esse menino foi preservado?  O que ele seria?  Qual a sua importância no Projeto de Deus?   Chegou a hora das respostas!

Levando o rebanho de seu sogro, num belo dia, um pouco mais adiante do que o costume, entra no Deserto (espaço de manifestação de Deus) e chega à Montanha de Deus = Horeb.  Aqui, Moisés observa um fenômeno curioso: sarça que queima, arde mas não se consome!  Ao se aproximar para ver o que estava acontecendo, Deus o agarra de vez!  Aqui, Moisés ouve o Senhor falar do meio da sarça pedindo para não se aproximar sem retirar as sandálias pois o local era Santo.   

Feito isso, Deus se apresenta: Eu Sou o Deus de seus pais, o Deus de Abraão (da Promessa, da Aliança do Domingo Passado), o Deus de Isaac e o Deus de Jacó!  Ele é o Deus dos Patriarcas aos quais havia feito uma Promessa e com os quais havia firmado uma Aliança e prometera FIDELIDADE (passou no meio dos animais esquartejados).  Agora, está disposto a mostrar tal Fidelidade!

Aqui, Deus revela os motivos que O levaram a se apresentar a Moisés: Viu a AFLIÇÃO DO SEU POVO QUE ESTÁ NO EGITO (Escravidão = Opressão) e OUVIU O SEU CLAMOR (Grito de Dor por conta da Opressão Vivida) por causa da dureza de seus opressores!   Deus conhece a aflição e a dor do Seu Povo e por isso RESOLVEU DESCER PARA LIBERTAR e CONDUZIR O POVO PARA UMA TERRA ESPAÇOSA, UMA TERRA ONDE CORRE LEITE E MEL (Promessa feita aos Patriarcas, sobretudo a Abraão).

Nesse ponto, temos a objeção de Moisés: Se me perguntarem qual o Seu Nome, o que direi?  A resposta revela o Ser de Deus: Eu Sou Aquele que Sou!  O Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó!   Assim, Ele deseja ser lembrado de geração em geração: Deus é Aquele que é, o que faz Ser, o que se revela na medida em que as pessoas vão percebendo o que Ele é capaz de FAZER para o BEM DE CADA UM!   Suas AÇÕES NA HISTÓRIA DO POVO levarão o Povo a saber quem Ele é!   Daí, a percepção do Povo sobre Deus: Ele é o Libertador, o Salvador, o Resgatador pois foi isso que Ele fez em nosso favor!

Toda essa Leitura nos faz perceber como Deus é Fiel e Bom para com o Seu Povo, sobretudo os que estão sofrendo sob o peso da opressão do mundo dos espertalhões.   Ele não pode ser confundido como um "Deus que castiga" pois castigo não é nem nunca foi a sua marca: Sua Marca é o Amor Misericordioso e o Seu Desejo é SALVAR!

Assim, percebemos a força do Texto Evangélico de hoje (Lc 13, 1-9) quando Jesus (Encarnação de Javé, o Deus Libertador da Primeira Leitura) se confronta com aqueles que vieram trazer notícias sobre uma tragédia promovida por Pilatos e, diante do fato, havia a percepção de que tais pessoas que tiveram o seu sangue misturado ao sangue dos animais ofertados em sacrifício no Templo receberam um "castigo divino" e, receberam tal "castigo" porque eram más pois se fossem boas, Deus não deixaria que tamanha maldade se abatesse sobre elas.   Jesus, ouvindo a história, chama a atenção para o verdadeiro Ser de Deus: Deus é Amor, Bondade, Compaixão e não CASTIGA NINGUÉM!   Mas, por que isso ocorreu? As tragédias são fruto do fechamento do ser humano à Vontade Divina e devem servir de ALERTA, de AVISO, de CONVITE À CONVERSÃO para que não experimentemos a mesma má sorte!   A Conversão deve ser urgente para que novas tragédias não se repitam como a do Templo e a da Coluna citada por Jesus!

Para provar que Deus não castiga mas espera que os Seus se convertam e produzam frutos de salvação, se comprometendo com a Sua Causa, Jesus conta a Parábola da Figueira: o dono da Vinha é Deus e a Figueira é o Povo de Israel mas, pode ser, também, qualquer um de nós.   O Agricultor é Jesus que deve cuidar para que a Figueira produza frutos pois ela pode produzir!   Durante três anos (tempo de Sua Missão) Jesus cuidou mas a Figueira não produziu.   Por isso, o dono da terra (Javé = Deus) quer que seja arrancada mas, o Agricultor Jesus (manifestação do Amor Misericordioso do Pai) intercede e, promete cuidar mais, dar mais atenção, adubar, aguar  ...   fazer o impossível e, caso no próximo ano ainda continue sem frutos, o dono poderá arrancá-la!   Daí, a pergunta para nós: estamos produzindo os frutos que o Senhor espera de nós?  Somos sinais e Libertação daqueles que sofrem todo e qualquer tipo de exclusão, opressão nesse mundo? Colaboramos com o Senhor na construção de um Mundo mais justo, solidário e pacífico?

Não podemos repetir a História de Infidelidade do Povo do Primeiro Testamento que após ter recebido tanto de Deus, murmurou, blasfemou, abandonou a Aliança com o Senhor.   São Paulo na Segunda Leitura de hoje (I Cor 10, 1-6.10-12) recorda a História Pregressa do Povo para que a Comunidade Cristã não recaia nos mesmos erros e, por conta disso, sofra as mesmas consequências!

Que Deus nos ajude a compreender cada vez mais a nossa Vocação e, dessa forma, colaboremos na Salvação de nossos irmãos e irmãs e da nossa própria!   Assim seja!

Oremos:

Ó Deus, Fonte de toda Misericórdia e de toda Bondade, Vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado.   Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa Misericórdia.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares


II Domingo da Quaresma: "Em Deus encontramos FORÇA para VENCER O ÊXODO DA VIDA!" - 14 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada Quaresmal, celebramos, hoje, o II Domingo e, ouvindo, meditando e partilhando a Palavra de Deus somos convidados a pensar na nossa Vida como uma Caminhada (Êxodo) rumo à Felicidade Completa na Jerusalém Celeste.   Nesse Êxodo temos que enfrentar todas as dificuldades promovidas pelo adversário de Deus (diabo - tentações), acreditando que o senhor é o nosso Aliado Fiel até o fim!

Assim, na Primeira Leitura (Gn 15, 5-12.17-18) temos um belíssimo relato de Aliança entre Javé e Abrão.   Nesse relato, alguns pontos nos chamam a atenção e nos convidam à reflexão profunda a fim de conseguirmos, também nós em nossos dias, não desanimar nem perder a esperança.  Vejamos:

a) Deus toma a iniciativa e se apresenta como Aquele que pode e quer sanar as dificuldades dos Seus: o texto começa revelando que é Deus quem chama Abrão pelo nome e o leva para fora do seu espaço (tenda, escuridão), pedindo-lhe que contasse as estrelas se pudesse.   Aqui, Javé se apresentará como Aquele que vai ao encontro do Povo para oferecer o que esse Povo mais anseia, mas deseja.  Um dos desejos mais sérios dos povos antigos era a descendência (filhos) pois essa revelava a bênção do Senhor.   Um casal sem filhos era uma "desgraça" e, Abrão e Sara não têm filhos e, pior ainda, não poderiam mais tê-los pois já estavam velhos e Sara era considerada "estéril".   Quanta dor e sofrimento! Deus declara que a descendência de Abrão será tão numerosa quanto as estrelas do céu (incontável)! Abrão CREU E O SENHOR QUE CONSIDEROU TAL FATO COMO JUSTIÇA!   Em seguida, Javé continua se revelando como o Aliado dos Pobres e "Desgraçados da Terra" pois, outra necessidade e desejo dos mesmos era possuir um pedaço de chão de onde retirar o sustento dos seus e Abrão é retirante, peregrino - saiu de Ur dos Caldeus e está indo em direção de uma terra que o Senhor dará - e o Senhor confirma que dará a ele (Abrão) essa terra!   Mas uma vez vemos Javé se apresentando como ALIADO DOS POBRES E SOFREDORES E, NESSA ALIANÇA É ELE QUEM OFERECE TUDO QUE O POVO POBRE E SOFREDOR (simbolizado em Abrão e Sara) NECESSITA PA VIVER E SER CONSIDERADO PELOS OUTROS (DESCENDÊNCIA E TERRA);

b) Dúvida se o que diz será cumprido e o relato do Pacto: quando a Promessa é algo tão extravagante e extraordinário, o ser humano passa por um momento de dúvida.   Isso é muito comum e acontece conosco ainda hoje!  Porém, Javé é o ALIADO FIEL e, lançando mão de uma forma de firmar os contratos na antiguidade, propõe o PACTO.   Como os povos antigos, Javé pede que Abrão consiga alguns animais, mate-os, reparta-os e coloque as partes umas na frente das outras, além de rolinhas e pombinhos (que não seria repartidos por conta do tamanho).   Entre os seres humanos, o pacto era selado com todos os envolvidos no processo passando entre os animais esquartejados e dizendo em alto e bom som: "Se eu não for fiel à aliança ora selada que aconteça comigo o que aconteceu com esses animais!"  A parte cumpridora do pacto podia, assim, pedir que a outra parte que descumpriu o acordo fosse esquartejada!   Assim, nem que fosse pelo medo, os envolvidos se esforçavam para cumprir o acordo!   O que nos chama atenção no relato bíblico é que Abrão passa todo o dia espantando as aves de rapina que dão contra as carnes dos animais mortos mas, ele mesmo, não passa  entre elas o que nos faz pensar que Abrão, diante da grandeza do pacto, por medo ou qualquer outro sentimento não se comprometeu!   Tudo perdido????   Obviamente que não pois Javé não precisa de nossa fidelidade para se manter FIEL À SUA PALAVRA: ao cair da tarde, um sono profundo caiu sobre Abrão e um braseiro fumegante e uma tocha de fogo, passaram por entre os animais divididos e, dessa forma, o Senhor fez ALIANÇA com Abrão, dizendo: aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates!

Que beleza de Leitura nesse Tempo de Quaresma em que somos chamados a renovar a nossa Aliança com o Senhor rompendo com tudo que nos separa Dele.   É importante compreender que a nossa infidelidade não torna Deus infiel pois Ele não pode negar-se a Si mesmo, descumprindo o que os seus lábios proferiram.

Essa Primeira Leitura nos prepara para a compreensão do Texto Evangélico de hoje (Lc 9, 28b-36) que nos revela que Jesus é Aquele que o Pai enviou para selar conosco a Nova e Eterna Aliança no Seu Sangue!   Seguir esse Jesus implica num comprometimento com a Sua Causa e, isso, não é algo simples nem fácil.

Numa de Suas Experiências de Oração (é forte em Lucas a revelação de Deus Jesus como Aquele que está em constante contato com o Pai = Oração para compreender, pouco a pouco, a Missão que Lhe está reservada), Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e vai com eles ao alto da Montanha (outro ponto importante: a Montanha é local de manifestação de Deus; o Deus Bíblico é o Deus da Montanha!).

É nesse contexto que os discípulos percebem o fenômeno de mudança de aparência do Senhor e o brilho das vestes.   Moisés e Elias (representantes do Primeiro Testamento: Lei e Profecia) conversam com Jesus sobre o ÊXODO = MORTE QUE JESUS IRIA SOFRER EM JERUSALÉM e, nesse momento, conversa desagradável para os ouvidos meramente humanos dos discípulos, esses dormem (como Abrão na Primeira Leitura diante da Aliança que lhe fora proposta).   Despertados do sono enxergam a Glória de Jesus e os dois homens se afastando e desejam ETERNIZAR AQUELE MOMENTO: "Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!"   Eles (discípulos) não precisavam de tendas pois bastava, para eles a permanência no alto da Montanha (local de revelação da glória).   Para quê descer da Montanha se lá está tão bom?   É aqui que uma nuvem os encobre com sua sombra (Deus se manifestando) e dela saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho, o Escolhido. ESCUTAI O QUE ELE DIZ!"  E o que Ele dirá será: Desçamos da Montanha e sigamos para Jerusalém onde Eu darei a minha Vida para salvar a vida de todos!   Quem quer ser meu discípulo deve estar pronto para essa Missão!

Assim, concluindo a nossa reflexão, compreendemos a força do relato da Segunda Leitura de hoje (Fl 3, 17 - 4, 1) em que o Apóstolo Paulo (preso por conta da sua fidelidade à Aliança com o Senhor) escreve à Comunidade de Filipos para alertá-los: é preciso imitar-lhe a vida (sofrer, ser preso, entregar a vida por Amor e Fidelidade à Aliança com o Senhor) não se comportando como muitos que vivem como INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO!   Não podemos e não devemos colocar a nossa glória no que é desse mundo, no que é vergonhoso, em nossos prazeres pura e simplesmente pois nós somos CIDADÃOS DO CÉU e, mesmo que a morte nos arrebate, o Senhor está pronto para nos restaurar a Vida com corpos gloriosos como o Dele!

Que a Celebração desse II Domingo da Quaresma nos reforce o desejo de sermos fieis à Aliança com o Senhor mesmo que para isso tenhamos que ofertar as nossas vidas em sacrifício.   Assim seja!


Oremos:

Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho Amado, alimentai o nosso espírito com a vossa Palavra, para que, purificado o olhar de nossa Fé, nos alegremos com a visão de vossa Glória!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

I Domingo da Quaresma: "Vivendo a Fé no Cotidiano, VENCEMOS AS TENTAÇÕES!" - 14 de Fevereiro de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Vivendo o Tempo da Quaresma, celebramos com a Igreja, o I Domingo e, a Palavra de Deus dessa Celebração nos leva a refletir sobre a nossa Fé e as exigências da mesma em nosso cotidiano quando temos que enfrentar o adversário de Deus, o diabo, que com suas tentações, busca nos levar ao abandono da fidelidade ao Senhor!

Assim, a Primeira Leitura (Dt 26, 4-10) é um belo relato de como o povo deveria, após ter tomado posse da Terra Prometida, professar a sua Fé em Javé, o Deus Libertador.   O que percebemos pelo texto em questão é a Fé do Povo Eleito não se reduz a um conjunto de normas e prescrições burocráticas, jurídicas mas, ao contrário, a Fé se revela e se dá na própria Experiência de Vida: professar a Fé é a mesma coisa que contar a própria história de vida aonde o povo sentiu e sente a Presença Amorosa e Misericordiosa de Deus.

A Entrada na Terra da Promessa, ao morar em casas que não foram construídas por eles e receber os frutos da terra que eles não plantaram, todos os anos, por ocasião do início da colheita, os representantes das famílias deverão se apresentar ao Sacerdote (representante de Javé) com os primeiros frutos (primícias) para ofertar ao Senhor.   Isso, demonstra o reconhecimento de que tudo que o povo tem é obra e graça das mãos do Senhor.   Somente após a entrega (oferta) das primícias se pronunciará a profissão de Fé, isto é, começa-se a contagem da própria história do povo para que se perceba, pela oralidade, que estar naquele lugar onde se encontra só foi possível porque Deus esteve à frente, conduzindo o povo até o cumprimento da Promessa: relembrando a História desde José que desceu pro Egito, a multiplicação do povo, a escravidão imposta pelos egípcios, o clamor do povo ao Senhor que escutou a voz e viu a  miséria, opressão e angústia.   Tudo isso fez o Senhor tomar partido a favor do povo e o libertou com mão forte e braço estendido com sinais e prodígios.   Assim, o Senhor conduziu o povo até aquela terra, onde corre leite e mel e, é por isso, que se traz os primeiros frutos da terra em sinal de reconhecimento que tudo aquilo que se é e se tem é obra e graça do Amor Misericordioso de Deus.

Ter essa certeza e essa percepção de que Deus atua na História, no cotidiano da vida e vai conduzindo o povo pelos caminhos da felicidade fortalece a Fé e não permite que o diabo seduza e ganhe a batalha com suas tentações.   A Força de Deus, quando presente na Vida do Ser Humano o faz VENCER AS TENTAÇÕES!   Prova disso é o Evangelho de hoje (Lc 4, 1-13).   Alguns pontos desse texto nos chamam a atenção.    Vejamos:

a) O Espírito de Deus leva Jesus ao Deserto: este episódio está logo após o Batismo de Jesus.   O Espírito que pousou sobre Jesus em forma de pomba é quem o conduz ao Deserto.   Esse, mais do que lugar geográfico, espaço físico e, nesse contexto, um lugar Teológico, lugar onde Deus se manifesta plenamente.   O Deserto lembra o espaço das dificuldades e, por conta disso, o espaço aonde todas a falsas seguranças do ser humano caem por terra (prestígio, dinheiro, poder ...).   No Deserto somente uma força é possível de salvar: a Força de Deus!   No entanto, o Deserto, por conta das Dificuldades que apresenta é, também, o espaço, por excelência das investidas do diabo, adversário de Deus pois, esse, espertamente, não age quando as coisas estão boas mas, ao contrário, quando o ser humano não enxerga saída para os problemas.   O Espírito conduz e sustenta nesse momento;

b) A Esperteza do Diabo: Jesus passa 40 dias e o diabo não o tenta mas, passado esse tempo, percebendo que a necessidade chegou (fome), ele (diabo) se apresenta com a solução mágica e fácil: se és filho de Deus mande que as pedras se transformem em pães e mate a sua fome;

c) A Palavra de Deus vence a Investida do Diabo: respondendo ao diabo, diz o Senhor: "A Escritura diz: Não só de pão vive o homem mas de toda a Palavra da boca de Deus!"   Estar imbuído da Palavra, encharcado Dela possibilita a vitória sobre a força do mal;

d) O mundo como "propriedade" roubada pelo diabo: os reinos e o poderio do mundo são mostrados como poder de sedução utilizado pelo diabo para enganar e vencer mas, mais uma vez, o Senhor vence com a Palavra que afirma a existência de um único Deus Verdadeiro e, portanto, somente a Ele se deve prestar culto e adorar;

e) A Exigência de milagres para manutenção da Fé em Deus: lançar-se do pináculo do Templo é a tentação que o diabo apresenta a Jesus para que Ele pudesse provar que era, de fato, Filho de Deus pois, se assim fosse, a Palavra (Sl 91) afirma que Deus não deixaria que nada de mal Lhe acontecesse.   A Palavra, aqui, utilizada pelo diabo, está à serviço do descumprimento da Vontade de Deus mas, Jesus, Palavra Encarnada, rebate com outro texto: "Não tentarás o Senhor teu Deus" pois Ele sabe o que faz e quando deve fazer!

Assim, o texto fala que o diabo se retirou mas, com a promessa de voltar no tempo oportuno, tempo esse que será o momento da Cruz quando pensarão que Jesus mentiu sobre sua Identidade Divina e farão chacota Dele, condenando-O ao suplício da Cruz (pena reservada para os piores criminosos, aos quais, até o próprio Deus teria voltado as costas, de acordo com o Dt).

Por fim, a Segunda Leitura (Rm 10, 8-13) nos apresenta São Paulo falando da proximidade que deve ter a Palavra de nossa vida: a boca e o coração são os locais de Sua Morada em nós para que não corramos o risco de sermos vencidos pelo adversário de Deus que persuade constantemente os crentes a renegarem a sua Fé em Deus que em Jesus Ressuscitado nos salvou!

Que a Celebração do I Domingo da Quaresma reforce em nós a Fé em Deus que por Amor se faz nosso Companheiro de Jornada e, sentindo-O próximo vençamos todos os obstáculos e todas as tentações do diabo!    Assim seja!

Oremos:

Concedei-nos, ó Deus Onipotente, que ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder ao Seu Amor por uma Vida Santa.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!    Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

Quarta-feira de Cinzas: "É preciso REDUZIR A CINZA TUDO AQUILO QUE NOS AFASTA DE DEUS E NOS IMPEDE DE EXPERIMENTAR A VIDA NOVA!" - 10 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Quebrando a sequência do Tempo Comum, abrimos, hoje, em toda a Igreja o Tempo da Quaresma.   Durante 40 dias seguiremos o Senhor em sua Caminhada de dor e sofrimento e aprenderemos Dele como viver para afastarmos de nós o perigo da tentação de vivermos longe do Amor Misericordioso do Pai.

Iniciamos esse Tempo Litúrgico com a Celebração das Cinzas e, gostaria de chamar a atenção que a recepção das mesmas não apaga os excessos cometidos nos dias de Carnaval pois tem muitos irmãos que pensam que, após a folia carnavalesca, basta receber as cinzas para que "tudo fique bem!"   Ledo engano!!!!

As Cinzas, abrindo a Caminhada Penitencial da Quaresma quem um sentido Penitencial e são um convite para todo aquele que deseja fazer um Caminho de Conversão, de Busca Sincera da Misericórdia do Pai, de Renovação de Vida, de Vivência da Vontade Divina.   As Cinzas são um símbolo de renovação e demonstração da nossa humilhação diante de Deus.   Elas têm um sentido duplo e, nesse aspecto, um sentido complementa o outro.   Vejamos:

Em primeiro lugar, as Cinzas querem nos recordar o que somos de fato e para onde caminhamos: somos pós e ao pó voltaremos!   Nada do que adquirimos nesse mundo muda essa realidade que, em muitos momentos nos esquecemos e, esquecidos, damos brechas, para que o pecado se apodere de nós: as conquistas mundanas (dinheiro, prestígio, cultura, poder ...) nos fazem pensar que somos mais do que realmente somos.   É preciso lembrar sempre: SOMOS PÓ E AO PÓ VOLTAREMOS!

Ora, se é verdade que somos pó e a ele voltaremos, aqui o segundo lugar do sentido das Cinzas, é preciso que aprendamos a REDUZIR À CINZA TUDO QUE NOS FAZ PENSAR QUE SOMOS MAIS DO QUE CINZAS, isto é, o nosso PECADO!   Não pode haver lugar em nossa vida de peregrinos e estrangeiros neste mundo para pensamentos e práticas que nos afastem de Deus e dos Irmãos.   A Soberba, com todas as suas consequências nefastas para a Caminhada de Fé, devem ser banidas de nossas vidas e de nosso meio!

Assim, a Palavra de Deus que abre esse Tempo de Graça (Jl 2, 12-18) já, de cara, nos convida a rasgar o nosso coração e não as nossas vestes, voltando-se para Deus com Verdade e não aparentemente.  Deus não se deixa enganar pelas nossas cara e bocas de bons moços mas deseja ver brotar do nosso Coração a Verdade que orienta a nossa vida, a nossa conduta.   Quando o Senhor percebe tal Verdade de Vida (que brota do Coração), Ele que é benigno, compassivo, paciente e cheio de misericórdia se inclina a perdoar o castigo!   Tal convicção a respeito de Deus deve nos levar a convocar todos para tal Experiência: o povo, anciãos, crianças, lactentes, esposo e esposa, ministros sagrados ... TODOS, SEM EXCEÇÃO!   O Clamor do Povo, saído pela boca dos Ministros Sagrados toca o Coração de Deus que perdoa, por Amor, os pecados da Comunidade!

Essa Verdade da Primeira Leitura (Deus olha o Coração e não a Aparência) volta com tudo no Texto Evangélico de hoje (Mt 6, 1-6.16-18).   Dentro do contexto do Sermão da Montanha - Coração desse Evangelho (Mt 5 - 7) - vemos Jesus chamando a a atenção dos Seus ouvintes para não praticarem as boas obras com o intuito de atrair o olhar alheio de modo a receber elogios ou outra coisa qualquer própria desse mundo.   Deus não se compraz com atitudes assim: os fariseus representam uma prática religiosa desse tipo = atrair o olhar dos outros para que saibam que eles (fariseus) são melhores!

Assim, o Senhor Jesus, puxando os elementos que formavam uma espécie de tri-pé sobre o qual a Religião se assentava, desmascara o que estava escondido por trás de tais práticas: a esmola, a oração e o jejum revelavam a SOBERBA e a VONTADE DE OCUPAR O LUGAR DO PRÓPRIO DEUS = serem vistos e aplaudidos pelos homens = hipócritas = atores da fé!   Os Seguidores do Senhor Jesus devem realizar tais coisas por Amor a Deus que se revela no irmão que sofre:  o fazer em segredo, de modo que só o Pai veja e não se torne a causa de humilhação dos irmãos mas de serviço prestado aos mesmos, é o caminho pra receber a RECOMPENSA QUE SOMENTE ELE PODE DAR, isto é, o CÉU!

Num mundo como o nosso que valoriza a aparência mais do que a verdade, do que a realidade é cada vez mais difícil viver tal orientação de fé.   O Caminho para não se perder com as propostas do mundo está na Segunda Leitura (II Cor 5, 20 - 6, 2) em que o Apóstolo Paulo nos afirma que como Embaixador de Cristo, é o próprio Cristo quem fala por meio dele: é preciso se deixar RECONCILIAR COM DEUS ... e, para tanto, nos apresenta esse TEMPO QUARESMAL como sendo o Tempo Favorável e, o AGORA de nossas Vidas é o DIA DA SALVAÇÃO!

Que a Celebração das Cinzas, abertura da Quaresma, nos alimente o desejo de voltarmos para o Senhor, de experimentarmos a Sua Infinita Misericórdia e nos abrirmos às Necessidades de nossos irmãos!   Assim seja!

Oremos:

Concedei-nos, ó Deus, iniciar com este dia de jejum o Tempo da Quaresma, para que a penitência nos fortaleça no combate contra o espírito do mal. 
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares

P.S.: Hoje, todos os cristãos católicos acima de 14 anos e abaixo de 70 anos, que não tenham restrições de saúde, devem realizar o jejum, isto é, tomar cafe da manhã com sobriedade, escolher uma refeição e fazê-la de forma adequada (almoço ou jantar) e comer algo frugal antes de dormir, não comendo nada nos intervalos.   Mas, lembre-se: para que o jejum seja agradável a Deus será preciso reverter em benefício daqueles para os quais a Vida é sempre jejum tudo que não foi consumido!

Bom Jejum!

O Ano Santo da Misericórdia: "Misericordiosos como o Pai!" - de 08 de Dezembro de 2015 à 20 de Novembro de 2016

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Inspirado pelo Espírito Santo de Deus, o nosso Santo Padre, o Papa Francisco, instituiu o Ano Santo da Misericórdia ou Jubileu da Misericórdia!  Inaugurado em Roma no último dia 08 de Dezembro de 2015 - Solenidade da Imaculada Conceição de Maria - e nas demais Dioceses do Mundo no Domingo Seguinte, 13 de Dezembro de 2015 - III Domingo do Advento - este Ano da Graça se estenderá até o dia 20 de Novembro de 2016 - Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo!   Durante todo o Ano Jubilar a Igreja é convidada a apresentar ao Mundo o Rosto Misericordioso do Pai, revelado em Jesus: Jesus é a manifestação plena da Amor Misericordioso do Pai que não quer a morte do pecador mas, ao contrário, deseja que que ele faça a Experiência desse Amor Misericordioso e, se convertendo a Ele, viva!

Num mundo cheio de intolerância, ódio, revolta, individualismo, disputa, maldade, exclusão, miséria, fome, doença, morte ... a Igreja é convidada ao anúncio de uma Boa Notícia: Temos um Pai que nos ama a todos, sem exceção e quer fazer conosco uma Experiência Nova de Vida.   Por Amor nos enviou o Seu Filho Unigênito, não para nos condenar mas para nos SALVAR (Jo 3).

Para manifestar a Misericórdia do Pai, a Igreja nos oferece alguns sinais, símbolos e possibilidades de experiências que, se levadas a sério por cada um de nós, nos auxiliará nesse Caminho de Conversão e Encontro com tal Amor Misericordioso!   Vejamos alguns:

a) Porta Santa: no dia 08/12, o Papa Francisco abriu a Porta Santa em Roma e no dia 13/12, os Bispos, em suas respectivas Dioceses, nas Catedrais, espalhadas pelo mundo todo, seguiram o mesmo ritual.   A Abertura da Porta Santa tem um simbolismo importante e muito bonito pois nos recorda o próprio Jesus, em Jo 10 se declarando a Porta do Rebanho, do Redil: Eu sou a Porta das Ovelhas ... a ovelha entrará e sairá por Mim e encontrará pastagem!   ...   Quem não entra por Mim é ladrão, assaltante que vem para roubar, matar e destruir!   Jesus é a Porta e nos convida a passar por Ele para fazermos a experiência de Viver Plenamente!   Seu Coração Amoroso e Misericordioso é o nosso abrigo;

b) Peregrinação: os locais que possuem a Porta Santa (o Bispo é livre para estabelecer, de acordo com as necessidades da Diocese, outros locais além da Catedral Diocesana) serão, durante todo o ano, locais de Peregrinação e, tal gesto deve nos recordar que estamos nesse mundo mas não somos daqui.   Como diz o Apóstolo Paulo, somos cidadãos do Céu e é para lá que rumamos.   O ato de Peregrinar nos faz pensar no que é, de fato, importante pois não podemos levar muitas coisas pelo caminho, senão ficaremos pelo caminho; o peregrino aprende a viver com o que é, de fato, importante e vital, sem supérfluos, sem exageros, sem sobras.   Aprendemos, na Peregrinação que somente Deus basta;

c) Indulgência Plenária: é um ato benevolente da Igreja que, de vez em quando nos é oferecido. Seguindo determinados requisitos, o fiel pode adquirir a graça de ver purgadas as consequências dos atos pecaminosos realizados por ele durante a vida.   

Tentemos compreender melhor a Doutrina das Indulgências: a Indulgência está ligada ao Pecado.  A Confissão perdoa o ato em si de pecado mas, as marcas do mesmo continuam presentes em nossa vida, nos causando mal durante a vida.  Exemplo: uma pessoa que fumou durante muitos anos de sua vida, um dia resolve deixar o vício.  Excelente escolha!  Não fuma mais!  Porém, as consequências, as marcas de uma vida de fumante o acompanharão durante toda a sua vida podendo produzir efeitos em qualquer momento em seu aparelho respiratório, por exemplo!   Assim ocorre com o pecado: ele deixa marcas em nossas vidas e suas consequências são inúmeras!   De vez em quando, em ocasiões especiais, a Igreja como Mãe e seguindo o mandato de Seu Fundador e utilizando  o Poder das Chaves que possui, nos dá a possibilidade de destruir tais consequências do mal, do pecado que estão em nós.   Esse é o papel das Indulgências, que podem ser parciais ou plenárias!

No entanto, é preciso compreender que para se alcançar tal graça será preciso cumprir alguns requisitos, tais como: confessar-se, passar pela Porta Santa, participar da Celebração Eucarística e rezar nas intenções do Santo Padre, o Papa Francisco o Credo, Pai Nosso, Ave Maria e outras orações que o fiel achar oportuno.

Detalhe Importante: como na Igreja NADA é mágico, não basta cumprir por cumprir tais requisitos; não basta fazer por fazer como se o ato externo em si fosse capaz de promover o apagar das consequências maléficas do pecado em nós!   Tudo só terá eficácia se for realizado com as disposições internas, do coração e, nesse ponto, talvez o que mais importante seja a CONTRIÇÃO PERFEITA, isto é, o penitente deve sentir uma aversão ao pecado cometido, ter o firme propósito de emenda do mesmo e intensificar o seu amor para com o Senhor que lhe oferece a possibilidade de mudar de vida realmente!   Sem isso, a Indulgência não tem valor!

Durante esse Ano Litúrgico, alguns momentos poderão ser marcados com maior intensidade para ressaltar o Ano Santo da Misericórdia, dentre os quais destaco:

a) Tempo da Quaresma como um todo e, dentro desse Tempo Litúrgico, as 24 horas para o Senhor aonde as Dioceses deverão organizar em Igrejas Especiais as 24 horas de Adoração ao Santíssimo com Padres atendendo Confissões em todo o período;

b) A Festa da Divina Misericórdia (Segundo Domingo da Páscoa - 03/04/16);

c) Solenidade do Sagrado Coração de Jesus (03/06/16);

d) Festa da Exaltação da Santa Cruz (14/09/16);

e) Memória de Nossa Senhora das Dores (15/09/16);

f) Festa de Jesus Cristo, Rei do Universo (20/11/16 - Encerramento do Jubileu da Misericórdia)!

Aproveitemos essa oportunidade que nos é oferecida pela Igreja e abramos os nossos corações à Graça do Amor Misericordioso de Deus e sejamos arautos do Mesmo para todos os que se encontrarem conosco!    Assim seja!

Bom Jubileu da Misericórdia para todos!

Pe. Ezaques Tavares