quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

II Domingo da Quaresma: "Em Deus encontramos FORÇA para VENCER O ÊXODO DA VIDA!" - 14 de Fevereiro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada Quaresmal, celebramos, hoje, o II Domingo e, ouvindo, meditando e partilhando a Palavra de Deus somos convidados a pensar na nossa Vida como uma Caminhada (Êxodo) rumo à Felicidade Completa na Jerusalém Celeste.   Nesse Êxodo temos que enfrentar todas as dificuldades promovidas pelo adversário de Deus (diabo - tentações), acreditando que o senhor é o nosso Aliado Fiel até o fim!

Assim, na Primeira Leitura (Gn 15, 5-12.17-18) temos um belíssimo relato de Aliança entre Javé e Abrão.   Nesse relato, alguns pontos nos chamam a atenção e nos convidam à reflexão profunda a fim de conseguirmos, também nós em nossos dias, não desanimar nem perder a esperança.  Vejamos:

a) Deus toma a iniciativa e se apresenta como Aquele que pode e quer sanar as dificuldades dos Seus: o texto começa revelando que é Deus quem chama Abrão pelo nome e o leva para fora do seu espaço (tenda, escuridão), pedindo-lhe que contasse as estrelas se pudesse.   Aqui, Javé se apresentará como Aquele que vai ao encontro do Povo para oferecer o que esse Povo mais anseia, mas deseja.  Um dos desejos mais sérios dos povos antigos era a descendência (filhos) pois essa revelava a bênção do Senhor.   Um casal sem filhos era uma "desgraça" e, Abrão e Sara não têm filhos e, pior ainda, não poderiam mais tê-los pois já estavam velhos e Sara era considerada "estéril".   Quanta dor e sofrimento! Deus declara que a descendência de Abrão será tão numerosa quanto as estrelas do céu (incontável)! Abrão CREU E O SENHOR QUE CONSIDEROU TAL FATO COMO JUSTIÇA!   Em seguida, Javé continua se revelando como o Aliado dos Pobres e "Desgraçados da Terra" pois, outra necessidade e desejo dos mesmos era possuir um pedaço de chão de onde retirar o sustento dos seus e Abrão é retirante, peregrino - saiu de Ur dos Caldeus e está indo em direção de uma terra que o Senhor dará - e o Senhor confirma que dará a ele (Abrão) essa terra!   Mas uma vez vemos Javé se apresentando como ALIADO DOS POBRES E SOFREDORES E, NESSA ALIANÇA É ELE QUEM OFERECE TUDO QUE O POVO POBRE E SOFREDOR (simbolizado em Abrão e Sara) NECESSITA PA VIVER E SER CONSIDERADO PELOS OUTROS (DESCENDÊNCIA E TERRA);

b) Dúvida se o que diz será cumprido e o relato do Pacto: quando a Promessa é algo tão extravagante e extraordinário, o ser humano passa por um momento de dúvida.   Isso é muito comum e acontece conosco ainda hoje!  Porém, Javé é o ALIADO FIEL e, lançando mão de uma forma de firmar os contratos na antiguidade, propõe o PACTO.   Como os povos antigos, Javé pede que Abrão consiga alguns animais, mate-os, reparta-os e coloque as partes umas na frente das outras, além de rolinhas e pombinhos (que não seria repartidos por conta do tamanho).   Entre os seres humanos, o pacto era selado com todos os envolvidos no processo passando entre os animais esquartejados e dizendo em alto e bom som: "Se eu não for fiel à aliança ora selada que aconteça comigo o que aconteceu com esses animais!"  A parte cumpridora do pacto podia, assim, pedir que a outra parte que descumpriu o acordo fosse esquartejada!   Assim, nem que fosse pelo medo, os envolvidos se esforçavam para cumprir o acordo!   O que nos chama atenção no relato bíblico é que Abrão passa todo o dia espantando as aves de rapina que dão contra as carnes dos animais mortos mas, ele mesmo, não passa  entre elas o que nos faz pensar que Abrão, diante da grandeza do pacto, por medo ou qualquer outro sentimento não se comprometeu!   Tudo perdido????   Obviamente que não pois Javé não precisa de nossa fidelidade para se manter FIEL À SUA PALAVRA: ao cair da tarde, um sono profundo caiu sobre Abrão e um braseiro fumegante e uma tocha de fogo, passaram por entre os animais divididos e, dessa forma, o Senhor fez ALIANÇA com Abrão, dizendo: aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates!

Que beleza de Leitura nesse Tempo de Quaresma em que somos chamados a renovar a nossa Aliança com o Senhor rompendo com tudo que nos separa Dele.   É importante compreender que a nossa infidelidade não torna Deus infiel pois Ele não pode negar-se a Si mesmo, descumprindo o que os seus lábios proferiram.

Essa Primeira Leitura nos prepara para a compreensão do Texto Evangélico de hoje (Lc 9, 28b-36) que nos revela que Jesus é Aquele que o Pai enviou para selar conosco a Nova e Eterna Aliança no Seu Sangue!   Seguir esse Jesus implica num comprometimento com a Sua Causa e, isso, não é algo simples nem fácil.

Numa de Suas Experiências de Oração (é forte em Lucas a revelação de Deus Jesus como Aquele que está em constante contato com o Pai = Oração para compreender, pouco a pouco, a Missão que Lhe está reservada), Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e vai com eles ao alto da Montanha (outro ponto importante: a Montanha é local de manifestação de Deus; o Deus Bíblico é o Deus da Montanha!).

É nesse contexto que os discípulos percebem o fenômeno de mudança de aparência do Senhor e o brilho das vestes.   Moisés e Elias (representantes do Primeiro Testamento: Lei e Profecia) conversam com Jesus sobre o ÊXODO = MORTE QUE JESUS IRIA SOFRER EM JERUSALÉM e, nesse momento, conversa desagradável para os ouvidos meramente humanos dos discípulos, esses dormem (como Abrão na Primeira Leitura diante da Aliança que lhe fora proposta).   Despertados do sono enxergam a Glória de Jesus e os dois homens se afastando e desejam ETERNIZAR AQUELE MOMENTO: "Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!"   Eles (discípulos) não precisavam de tendas pois bastava, para eles a permanência no alto da Montanha (local de revelação da glória).   Para quê descer da Montanha se lá está tão bom?   É aqui que uma nuvem os encobre com sua sombra (Deus se manifestando) e dela saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho, o Escolhido. ESCUTAI O QUE ELE DIZ!"  E o que Ele dirá será: Desçamos da Montanha e sigamos para Jerusalém onde Eu darei a minha Vida para salvar a vida de todos!   Quem quer ser meu discípulo deve estar pronto para essa Missão!

Assim, concluindo a nossa reflexão, compreendemos a força do relato da Segunda Leitura de hoje (Fl 3, 17 - 4, 1) em que o Apóstolo Paulo (preso por conta da sua fidelidade à Aliança com o Senhor) escreve à Comunidade de Filipos para alertá-los: é preciso imitar-lhe a vida (sofrer, ser preso, entregar a vida por Amor e Fidelidade à Aliança com o Senhor) não se comportando como muitos que vivem como INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO!   Não podemos e não devemos colocar a nossa glória no que é desse mundo, no que é vergonhoso, em nossos prazeres pura e simplesmente pois nós somos CIDADÃOS DO CÉU e, mesmo que a morte nos arrebate, o Senhor está pronto para nos restaurar a Vida com corpos gloriosos como o Dele!

Que a Celebração desse II Domingo da Quaresma nos reforce o desejo de sermos fieis à Aliança com o Senhor mesmo que para isso tenhamos que ofertar as nossas vidas em sacrifício.   Assim seja!


Oremos:

Ó Deus, que nos mandastes ouvir o vosso Filho Amado, alimentai o nosso espírito com a vossa Palavra, para que, purificado o olhar de nossa Fé, nos alegremos com a visão de vossa Glória!
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos!

Pe. Ezaques Tavares


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