sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

"III Domingo do Tempo Comum: A Palavra é o Caminho da Salvação!" - 27 de Janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando seguimento às Celebrações do Tempo Comum, buscamos na Palavra e na Vida Comunitária as pistas, os caminhos, a luz para conseguirmos restaurar em nós a "imagem e semelhança de Deus" que, infelizmente, o nosso pecado denigriu.   Estamos buscando, na Palavra e na Comunidade, alcançar o objetivo central desse Tempo Litúrgico: "ser santo (a) e perfeito (a) como nosso Pai do Céu é Santo e Perfeito.   Ouvir a Sua Voz e viver (atualizar) a Sua Palavra em nossas vidas é o caminho seguro para se alcançar tal objetivo.

Dessa forma, nesse III Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus que nos é proposta trata, exatamente, sobre a própria Palavra e seu poder para fazer acontecer aquilo que diz - exatamente porque Palavra de Deus.

Na Primeira Leitura (Ne 8, 2-4a.5-6.8-10), vemos o Sacerdote Esdras - mais ou menos, por volta de 440 a.C. e, portanto, 100 anos após o retorno do Exílio na Babilônia - apresentando a todo povo reunido, a Palavra como "a grande possibilidade de restauração da própria vida".   É um texto belíssimo e rico de ensinamentos para nós, ainda hoje.

Esdras é um Sacerdote que é enviado para Jerusalém a fim de compreender os motivos que impedem o povo de reconstruir a vida após 100 anos do retorno do Exílio.   Era preciso descobrir tal motivo para poder trabalhar de modo a alcançar o que todos desejavam por ocasião do regresso: a vida.   Após algum tempo de convivência com o povo, Esdras percebe a causa fundamental dos problemas enfrentados pelo povo e que o impossibilitava de caminhar e progredir: tendo passado tanto tempo do retorno do povo, este havia se esquecido da Palavra e, tal esquecimento, se devia, sobretudo, pelo fato de não haver alguém que pregasse, que ensinasse, que mantivesse viva tal Palavra de Deus.   Com o passar do tempo, a Comunidade foi se afastando do ideal apresentado pela Palavra.

Ora, se o problema principal era o desconhecimento da Palavra, para resolver tal situação seria preciso retomar o ensinamento, a catequese dando ao povo as condições para ouvir e entender os ensinamentos que a Palavra de Deus oferece e, dessa forma, voltar a ter a vida que o Senhor promete na Mesma.

É por isso que o sacerdote Esdras, no primeiro dia do sétimo mês, apresentou a Lei diante da assembleia de homens, mulheres e de todos os que eram capazes de compreender.   O desconhecimento é vencido pelo anúncio e pela proclamação da Palavra.   Essa grande assembleia passa a manhã inteira daquele dia escutando a leitura da Palavra de Deus.   Essa leitura da Palavra não é algo improvisado mas, ao contrário, preparado pois a mesma é feita pelo sacerdote que está em pé sobre um estrado de madeira, feito exatamente para aquela ocasião.   Tal estrado o colocava no alto de modo que todos podiam vê-lo e, assim, podiam prestar mais atenção.   Todo esse texto nos faz lembrar de nossas Liturgias da Palavra: o povo fica em pé e diz Amém e, logo após, o povo se prostrou com o rosto por terra.   E leram CLARA E DISTINTAMENTE O LIVRO DA LEI DE DEUS E EXPLICARAM SEU SENTIDO, DE MODO QUE SE PUDESSE COMPREENDER A LEITURA.   Aqui, o objetivo de toda a Liturgia da Palavra em nossas Celebrações: conduzir o povo à escuta e compreensão da Palavra Proclamada!

Ao escutar e compreender a Palavra, o povo chora: chora por saber-se descumpridor da mesma; chora por perceber-se distante daquilo que a Palavra ordenava; chora por compreender que toda situação complicada que viveram vinha do fato de não haver tido a possibilidade de escutar, compreender e viver o que Aquela Palavra de Vida pedia.   Mas, é importante notar, passar de desconhecedor para conhecedor da Palavra não deve ser motivo de tristeza, de choro, de lamentação mas, o contrário: inicia-se, agora, uma nova fase aonde a Bênção e a Graça de Deus poderão voltar para o meio do povo pois este, instruído pela Palavra poderá viver de acordo com aquilo que a Mesma diz!   Ouvir e compreender a Palavra trará consequências e, a primeira delas é a alegria: não fiqueis tristes nem choreis... a outra, é fazer festa com comidas e bebidas e , por fim, partilhar com os irmãos o que se tem: é preciso repartir com aqueles que nada preparam pois este é dia é santo para o nosso Senhor!

No Evangelho (Lc 1, 1-4; 4, 14-21) vemos o Evangelista apresentando, num primeiro momento, que tudo que escreverá dali para frente era produto de uma pesquisa cuidadosa sobre a vida de Jesus.   Tal pesquisa é para não ficar dúvidas sobre a Verdade dos ensinamentos ali apresentados.

Em seguida, Lucas nos apresenta Jesus na Sinagoga, em Nazaré e, ali, apresentando o seu Programa de Vida: Jesus é a realização da Palavra do Pai, pronunciada pelo Profeta Isaías.   Jesus é Aquele sobre o qual o Espírito do Senhor repousa (lembre-se da Festa do Batismo de Jesus, 13/01) e, o Espírito O impulsiona para  a realização da Vontade do Pai: anunciar a Boa Nova aos Pobres, proclamara a Libertação aos cativos e aos cegos a Recuperação da Vista, Libertar os oprimidos e, consequentemente, para PROCLAMAR O ANO DA GRAÇA DO SENHOR.   Aqui, compreendemos que o Ano da Graça do Senhor é o Ano aonde a VIDA É OFERECIDA A TODOS, SOBRETUDO ÀQUELES (AS) AOS QUAIS A MESMA ESTÁ SENDO NEGADA.

Por fim, Jesus conclui a sua Leitura afirmando, em alto e bom som: HOJE se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir!   Seguir Jesus, aprender Dele a bem viver, compreender a sua mensagem é o caminho, seguro, para se alcançar a Vida em Deus, a Vida Plena (cf. Jo 10,10).

Na Segunda Leitura (I Cor 12, 12-30) vemos o Apóstolo Paulo nos apresentando o ideal de vida de uma Comunidade que escuta e compreende a Palavra de Deus: a grande consequência é viver unidos pois a Comunidade que ouve a Palavra é como um Corpo e, aqui, os membros devem estar unidos e, cada um deverá cumprir a sua missão, sem desprezar nenhum outro pois a harmonia, a beleza, e sobretudo, o cumprimento da missão só será possível, se TODOS estiverem presentes e atuantes.   O respeito pelos pequenos e o sentir com o irmão (tristeza ou alegria) é fundamental para provar que tal Comunidade está ouvindo, compreendendo e vivendo o que a Palavra diz.

Peçamos a Deus que nos ajude a OUVIR, COMPREENDER E VIVER a Sua Palavra.   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"II Domingo do Tempo Comum: A Comunidade que nasce da Experiência com o Deus da Vida!" - 20 de Janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Estamos começando, com toda a Igreja, os Domingos do Tempo Comum e, dessa forma, damos início à aventura de seguir o Senhor Jesus em seu Ministério Público, objetivando crescer na compreensão da Revelação que Ele faz de Seu Pai e, dessa forma, podermos restaurar em nós a Imagem e Semelhança que Ele (o Pai) colocou de Si mesmo em cada um de nós.   Queremos, a partir de agora, dar grande atenção à Palavra de Deus pois esta nos orienta, nos aponta caminhos, nos oferece luzes para tal trabalho; queremos, orientados pela Palavra, crescer na compreensão da Santidade de Deus para, assim sendo, podermos refleti-La em nós.   Começamos essa caminhada, compreendendo como se forma a Comunidade dos filhos e filhas de Deus.

Na Primeira Leitura (Is 62, 1-5) vemos o Profeta anunciando, após o Exílio na Babilônia, a restauração da Aliança de Javé com o Resto do Seu Povo que regressa para Jerusalém.   Percebemos, no trecho escolhido pela Liturgia, que tudo que ocorrerá é obra e graça do Infinito Amor de Deus.   É Ele quem não sossega enquanto não restaurar a Cidade e, com ela, todo o Povo.  A Justiça e a Salvação são os grandes objetivos do Senhor para o Seu Povo.   O casamento entre Deus e o Povo será restaurado - não porque o Povo o mereça mas, porque o Amor de Deus é sem limites, sem medida, sem condições -: serás Coroa de Glória e Diadema Real para o Senhor, Teu Deus!   O Tempo do Abandono terminou e os nomes que o Senhor oferece ao Seu Povo são: Minha Predileta, Bem-Casada... pois o Senhor se agradou de Ti!   Como num casamento feliz, assim será a relação de Javé com o Seu Povo.

Essa imagem do Casamento retorna no Evangelho (Jo 2, 1-11) com o episódio das Bodas de Caná.   Tal trecho pode ser compreendido na sua superficialidade e, dessa forma, falamos de uma Festa de Casamento, pura e simplesmente ou podemos compreender o texto por aquilo que não salta aos olhos num primeiro momento, indo mais à fundo na sua compreensão.   Gostaria de olhar mais profundamente e, nesse sentido, a Primeira Leitura servirá de base pois lá, o Profeta Isaías anunciou um tempo em que Deus estabeleceria uma Aliança com Seu povo, se utilizando de elementos tirados da Festa de Bodas.   

São João, ao narrar - logo no início do seu Evangelho - uma Cerimônia de Bodas quer nos revelar que em Jesus, o Cristo, Deus está selando a Nova Aliança, está realizando a profecia de Isaías.   De fato, a narrativa está repleta de sinais que nos revelam isso.   Os sinais precisam ser interpretados corretamente para não perdermos o caminho.   

Num Casamento estão presentes a mãe de Jesus (símbolo da Comunidade de Fé), os discípulos e o próprio Jesus.   É uma Festa promovida por outros, pelo Antigo Povo mas, no meio da Festa está o Novo, sem ser percebido.   A Festa Antiga está boa mas, o elemento fundamental - o Vinho -, está acabando e faltará (não fosse a intervenção Daquele que veio para inaugurar o Novo Tempo, a Nova Aliança, isto é, Jesus.   É o fim dos tempos antigos e a inauguração dos Novos, em Jesus.   A Antiga Religião, aprisionada às regras, aos ritos de purificação (as talhas de água postas na entrada da Festa, símbolo dessa Religião) está com seus dias contados e, o Novo Vinho, a Nova Religião - baseada no Amor, prometida por Deus em Isaías - está prestes a ser iniciada.   A mãe de Jesus (a Comunidade) percebe o fim dos ritos antigos e aponta para o Novo: Façam tudo o que Ele vos disser!   Jesus, apesar de não saber que sua hora ainda não tinha chegado, realiza a profecia: ordena que se encham as talhas de água (símbolo da Religião dos Ritos) e, em seguida ordena que seja servido ao Povo que estava prestes a fazer a experiência de uma trágica festa de casamento (falta do vinho).   No entanto, a surpresa: a água se transformou em Vinho e, este da melhor espécie, melhor que o vinho do início da Festa sem que ninguém tivesse feito nada para tanto - Isaías falou que TUDO É OBRA E GRAÇA DE DEUS, lembram-se?

São João disse que este foi o Primeiro Sinal que Jesus realizou e os discípulos creram Nele.   Que maravilha... com este Sinal, Jesus dá início a uma Nova Comunidade e, somente aqueles (as) que compreendem o Sinal, podem e devem participar dessa Nova comunidade.

Nessa Nova Comunidade, fruto da experiência com o Novo que é Jesus, há espaço para todos... nela, o Espírito concede dons distintos para que cada um possa ser para o outro, um SINAL DE DEUS, para que o mundo creia mais e melhor.   É isso que São Paulo nos fala na Segunda Leitura (I Cor 12, 4-11).

Que Deus nos ajude, iniciando esse Novo Tempo, a viver, de forma plena, a Nova Aliança de modo a ser no mundo Sinais da Sua Presença!   Amém!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

"A Violência que Mata é Sinal de que estamos LONGE de SER AQUILO QUE DEUS GOSTARIA QUE FÔSSEMOS!" - 10 de Janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Gostaria de partilhar com cada um (a) de vocês uma experiência que fiz nessa tarde: fui fazer a Celebração de Corpo Presente de um Jovem assassinado, de forma bruta e violenta, na manhã de ontem, indo para o seu trabalho, na Região de Santo Amaro, SP.

Num primeiro momento, quando fui avisado do ocorrido, me coloquei à disposição para fazer aquilo que, em minha atuação pastoral, é muito comum: afinal de contas, realizar Celebrações de Corpo Presente, é algo que faço já há alguns anos em minha vida.   Até aqui, nada de novo, apesar  da Celebração de hoje ter sido de um jovem, filho de um Casal de nossa Comunidade Paroquial.

Tendo falado com a mãe do rapaz em questão, ainda nessa manhã (10/01), me coloquei de prontidão para que, assim que fosse liberado o corpo para o sepultamento, eu pudesse me dirigir ao Cemitério para realizar a minha função como Padre.   Porém, ao chegar no Cemitério indicado para o sepultamento, algumas reflexões comecei a fazer e, um pouco delas, gostaria de expor aqui para vocês.

Um fator que, de cara me chamou a atenção, veio do local, do Cemitério que, apesar de já ter estado lá muitas vezes, me pareceu que hoje, algo diferente me aconteceu.   Estou falando do Cemitério São Luis, conhecido como o local de enterro dos "pobres", dos "miseráveis", dos "indigentes", daqueles para os quais a "vida foi totalmente cruel", lhes negando a possibilidade de, simplesmente, VIVER - um direito tão normal, que chega a ser banal!   Aquele espaço - física e geograficamente falando - me fez pensar: Por que, até na hora da morte, as diferenças sociais ainda são tão gritantes?   Aliás, me pareceu que, ali e naquele momento de dor, de tristeza, de morte ... as diferenças gritam mais.   No rosto das pessoas ligadas diretamente a um daqueles mortos, a dor estampada pela perda mas, também, a dor por não poder oferecer, nem naquele momento, algo "mais digno para aqueles que tanto amaram em vida";

Outro fator que me chamou a atenção é a maneira como alguns tratam a situação de dor, de morte que perpassavam aquele espaço: a frieza, o distanciamento, o aspecto "natural" e o tocar a vida adiante demonstrado, sobretudo, pelos funcionários do local.   A morte é algo que faz parte do seu cotidiano e, digo mais, é da morte e da dor de muitos que eles retiram a sua própria sobrevivência. Contraditório, mas... é assim que as coisas me pareceram hoje;

Outro fator, de extrema importância, foi a causa da morte - pelo menos, daquele que foi o motivo da minha ida àquele local: a VIOLÊNCIA!   O rapaz, com apenas 28 anos, foi morto, de forma brutal, quando estava indo para o seu trabalho, por volta das 06:00h, de ontem, na Região de Santo Amaro, SP (pelo menos, foi isso que escutei por lá).   E, fiquei pensando: "Meu Deus, aonde tudo isso vai parar?"   Mas, no mesmo instante, comecei a pensar na situação à Luz da Fé, à Luz da Palavra de Deus e, me recordei de passagens bíblicas referentes à PRÁTICA DA FÉ para se provar a sua VERACIDADE; me recordei que quando não fazemos a nossa parte, o mal cresce e avança sobre nós mesmos, fazendo as suas vítimas, cada vez, mais perto de nós; me recordei, ali naquele local, que Deus é Amor mas, ao contrário dessa Verdade de Fé, eu estava diante de uma vítima do Desamor, do Ódio que gera Violência e, esta que MATA, quando Deus é o Deus da Vida porque AMA; percebi, ali, naquele lugar, como é difícil ser CRISTÃO, como é difícil VIVER, na PRÁTICA, a FÉ que professamos, tão espontaneamente, com os lábios (aliás, somente no período em que estive por lá, rezamos por três vezes, a nossa Profissão de Fé nesse Deus da Vida e que morreu para nos Salvar (meio incoerente, não acham????);

Outro fator que me chamou a atenção foi a percepção que tive, muito claramente, que o nosso Deus é, de fato, a única ESPERANÇA dos POBRES desse mundo.   A simplicidade de tudo que vi, me trouxe à tona, mais essa reflexão: as flores, o caixão, aquele que estava no caixão, as pessoas que choravam ao seu redor (pais, irmãos, amigos mais próximos)... tudo era de uma simplicidade que, a presença de Deus foi sentida por mim com grande força que, por alguns momentos, chorei...   Chorei por me sentir indigno... chorei por não corresponder àquilo que o Senhor espera de mim... chorei por não conseguir fazer alguma coisa - concretamente falando - para manifestar a minha Fé nesse Deus, aliado e companheiro dos pobres, dos pequenos, dos que sofrem... chorei por ficar no meu canto confortável e não perceber o avançar da morte com suas garras sobre os preferidos do Senhor... chorei... chorei... chorei... quietinho no meu canto, talvez, por vergonha de mim mesmo e de tudo que não tenho feito em minha vida...

A fala da mãe, foi outro fator que me chamou a atenção.   Dizia ela: "Meu filho... sofreu tanto em vida e até na hora da morte ... Deus perdoe os seus pecados ... Agora você parou de sofrer..."   Essas palavras, apesar do choro e da dor manifestos, revelavam uma Fé que eu não sei se tenho comigo pois, ainda encontrava forças para dizer (a mãe): "Meu ouro... meu tesouro que Deus me deu... Deus me deu, Deus me tirou, louvado seja o nome do Senhor... Perdoa a sua mãe ..."

Estou até agora (17:43h) embargado, me questionando e, não me cabendo em mim, resolvi escrever.   Na verdade, nem sei se essas reflexões servirão para alguém ou para alguma coisa mas, não consegui guardar comigo esses sentimento que me deixaram - não digo, mal mas... - no mínimo, reflexivo.   Acho que o  tempo está deixando as suas marcas em mim e me tornando mais "sensível" - não sei se seria essa a palavra mais adequada mas, na falta de outra melhor... - com a situação ao meu redor e, o tempo que passa vem me questionando sobre o que, de fato, eu tenho feito de concreto pela Fé que digo ter!

Peço desculpas pelo desabafo e espero, sinceramente, que estas reflexões possam ajudar, de alguma forma, aqueles (as) que desejam ser mais o que Deus está desejando de nós!

Obrigado pela atenção!

Pe.Ezaques Tavares

"Tempo Comum: Aprendendo de Jesus o que e como fazer para agradar ao Pai!" - 14 de Janeiro à 12 de Fevereiro (Primeira Parte)

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Depois de um período vivendo o Ciclo do Natal (Advento e Natal), reiniciamos o Tempo Comum na vida de nossas Comunidades Eclesiais.   

Às vezes, somos tentados a pensar que o retorno ao Tempo Comum nos oferece a oportunidade de "relaxarmos" em nossa Caminhada de Fé.   Há, aqueles que dizem que o importante é não faltar às Celebrações nos chamados "tempos fortes", isto é, não podemos faltar - afirmam - na Semana Santa, no Natal, nesta ou naquela Solenidade.   Mas, o Tempo Comum - como o próprio nome diz - é comum e, assim como no nosso dia, comum é tudo aquilo que não tem grande importância, comum é aquilo que não exige muito de nós, comum é aquilo que podemos fazer e viver de "qualquer maneira".   Ledo engano...

Para a Igreja o Tempo Comum é extremamente importante, sobretudo por dois motivos: 1) Vivemos, das 52 ou 53 Semanas do Ano, 33 ou 34 Semanas no Tempo Comum: ora, a Igreja não seria tola, boba dedicando tanto tempo (cronologicamente falando) para um Tempo Litúrgico que não fosse de grande importância.   Só para se ter uma ideia: depois do Tempo Comum, o maior Tempo Litúrgico é o Tempo da Páscoa e, este conta com, apenas, 07 Semanas. daí, nos perguntamos: Por que vivemos tanto tempo no Tempo Comum?   A resposta é o Segundo Motivo: 2) Durante o Tempo Comum somos convidados a aprender do Senhor Jesus a como conduzir a nossa própria vida de modo a agradar o nosso Pai que está nos céus; durante o Tempo Comum somos convidados a Ser Santos e Santas como o nosso Pai do céu é Santo e, dessa forma, vamos aprendendo o que significa ser Santo e Santa com o próprio Jesus.   Nesse sentido, acompanhando as Semanas do Tempo Comum vamos tomando consciência que a Santidade não é uma prerrogativa de alguns homens e mulheres dotados de dons extraordinários por Deus, nosso Pai mas, ao contrário do que se imagina, a Santidade é algo muito simples e pode e deve ser alcançada por todos (as) pois, a mesma, consiste na adequação da vida que vivemos à Vontade do Pai e, ninguém melhor do que o Senhor Jesus para nos mostrar como atingir tal objetivo.

Durante o Tempo Comum, a Palavra de Deus nos apresenta e nos faz acompanhar Jesus em sua Vida ou Ministério Público (do Batismo até antes de Sua Paixão, Morte, Ressurreição e Ascensão aos Céus) e, nesse acompanhamento, vamos percebendo as escolhas, as repreensões, os amigos, os inimigos, quem se coloca à favor e quem se coloca contra, vamos vendo os milagres e ouvindo os discursos do Senhor e, em tudo isso, vamos compreendendo como Deus, o Pai é de fato.   Dessa forma, vamos adquirindo condições para restaurar, em nós mesmos, a Imagem e Semelhança de Deus e, nisso consiste a Santidade.

Nesse Tempo Comum, Jesus vai nos apresentando o Caminho que nos leva ao Pai, vai nos colocando "contra a parede" e exigindo de nós, cada vez mais fortemente, uma opção: contra ou à favor!

Eu diria que o Tempo Comum é o Tempo que nos apresenta, com muita clareza o real sentido da Vida Cristã e, dessa forma, ouso afirmar que, sem a vivência da Espiritualidade desse Tempo, de nada adianta a nossa "participação" em outros momentos que consideramos "fortes" e, por conta disso, "importantes".   É o Tempo Comum o responsável por gestar em cada um (a) de nós o próprio Deus de modo que, ao chegar nos Tempos Fortes, saibamos o que devemos fazer e viver em cada um deles.   No Tempo Comum, vamos decifrando a "fisionomia verdadeira de Deus" e, automaticamente, vamos quebrando as falsas imagens que Dele fazemos ou nos passaram.

Nesse Ano da Fé, em que a Igreja nos pede uma maior compreensão de nossa responsabilidade como cristãos e cristãs no mundo, viver a Espiritualidade do Tempo Comum nos será de grande valia.   Não percamos essa oportunidade de conhecer melhor o nosso Deus, acompanhando o Seu Filho Jesus nos "três anos" de Seu Ministério Público, tempo em que Ele manifestou - com seus discursos e milagres - quem é o nosso Pai do Céu!

Boas Celebrações para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"Festa do Batismo de Jesus: Revelando a Missão dos Batizados na Igreja e no Mundo!" - 13 de Janeiro de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria, celebramos a Festa do Batismo do Senhor e, com essa Festa Litúrgica, encerramos o Ciclo Natalino em nossa Igreja.   Podemos dizer, também, que com essa Festa, o Tempo Comum se abre pois, no próximo Domingo, celebraremos o II Domingo do Tempo Comum e, isso nos permite afirmar que o I Domingo do Tempo Comum - em todos os anos - é substituído pela Festa de hoje.

Ora, encerrar o Ciclo do Natal com a Festa do Batismo do Senhor nos faz pensar na Tradição da Igreja que orienta que os filhos - tão logo nasçam - devem ser conduzidos à Comunidade Eclesial para que, por meio do Batismo, sejam incorporados à Família dos Filhos e Filhas de Deus e, inaugurar o Tempo Comum com a mesma Festa, nos faz pensar que deveremos conduzir a nossa vida - em seu tempo comum, no dia a dia - como verdadeiros Filhos e Filhas de Deus, isto é, precisaremos dar Testemunho de nossa Filiação Divina a cada instante de nossas vidas e para todos (as) aqueles (as) que conosco estiverem ou se encontrarem.

A Palavra de Deus da Festa do Batismo do Senhor nos faz refletir, sobretudo, sobre a nossa condição de Batizados (as) e, ao revelar o que se espera do Servo de Javé (Primeira Leitura) e o que se fala de Jesus (Evangelho), somos questionados (as) sobre a nossa própria condição de Cristãos (ãs) na Igreja e no Mundo que nos cerca.

Dessa forma, a Primeira Leitura (Is 42, 1-4.6-7) nos apresenta o I Canto do Servo de Javé ou Servo Sofredor.   Este texto, fruto do período do Exílio na Babilônia ou imediatamente após o seu fim, nos apresenta uma personagem misteriosa que, com uma vida de doação e fidelidade à vontade do Seu Senhor (daí, o termo SERVO para designá-lo) conquistaria a Salvação de todo o Povo.   Muito se discutiu sobre a Identidade desse Servo - pensado, ora como alguém em particular e ora como sendo todo o Povo em sua coletividade.   Porém, penso que mais importante que saber de quem o Profeta está falando, importa entendermos o que se está falando, as características do Servo pois, acredito eu, são essas características que deveriam marcar a vida de todo (a) aquele (a) que deseja viver como Filho (a) de Deus.   Entender o comportamento do Servo possibilitará entendermos como deveria ser o nosso próprio comportamento.

Em primeiro lugar o Servo é apresentado pelo próprio Deus ao mundo como alguém que será a causa de sua alegria pois Nele "se compraz Sua alma".   Ele é eleito, escolhido: Ninguém é servo por querer mas por ser escolhido, chamado, vocacionado para tanto.   A escolha não lança o Servo na fogueira e pronto mas, Aquele que escolhe, elege e chama "põe o Seu Espírito sobre ele".   Será esse Espírito quem dará as condições para que o Servo possa cumprir o seu papel, a sua missão pois a mesma não é tarefa fácil, nem simples: promover justiça para as Nações, não levantar a voz, não quebra a cana rachada, nem apaga o pavio que ainda fumega, mas julga para obtenção da verdade...   Como vemos, a missão do Servo é árdua pois, se a observarmos atentamente, perceberemos que tudo que Ele deve fazer é o contrário, o oposto daquilo que o mundo em que vivemos nos pede.   Ser justo (à maneira de Deus, deixando o Amor estar na raiz de nossas ações), dar valor ao pequeno, ao simples, ao necessitado, ao que não conta, não ganhar a causa no grito, na falação mas na prática, com ações novas e convincentes... tudo isso é muito complicado para se viver, para se fazer.

Porém, serão essas ações que mostrarão ao mundo a força de Javé e a aceitação, por parte do (a) escolhido (a), da sua condição de Servo - lembre-se: SERVO é aquele que não tem voz, nem vez; não tem vontade própria e, portanto vive para satisfazer as vontades do  Seu Senhor.   O mundo está à espera do Servo (ou, - por que não? - dos servos e servas) que façam valer essa Palavra, para que todos possam crer pois os servos são formados por Javé para serem elos da Sua Aliança com a Humanidade, luz para as nações e transformar as situações de morte em situações de vida para todos (as).

Sabemos que todo o Primeiro Testamento não viu a realização dessa Profecia pois, a mesma só se realizou em Jesus que, no Evangelho de hoje (Lc 3, 15-16. 21-22) nos é apresentado como o Filho Amado no qual Deus, o Pai, encontra o seu prazer (tal qual o Servo de Javé, da profecia de Isaías).

São Lucas nos apresenta a expectativa do povo pela chegada do Messias, Aquele que fora anunciado como o Libertador do Povo e o restaurador do Reino de Deus entre nós.   Havia, à época, muitos que eram confundidos com o Messias e, inclusive João Batista é percebido pelo Povo como sendo, ele mesmo, o Esperado.   João nos oferece uma característica importante: Eu vos batizo com água, mas virá Aquele que é mais forte do que eu.   Eu não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias.   Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo.   O reconhecimento do seu lugar é tarefa fundamental para não nos colocarmos em posições superioras àquelas que nos foram reservadas pelo nosso Senhor (lembre-se: somos servos (as)).   É nesse momento que Jesus se apresenta para receber o Batismo de João que, apesar de ser um Batismo de Penitência, para a Remissão dos Pecados e, portanto, Jesus não teria necessidade de recebê-lo, Ele o recebe em solidariedade para com a condição humana pois, se não se solidarizasse com a humanidade não poderia salvá-la.   

Saindo da água e enquanto rezava o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma de pomba.   Do céu uma voz se fez ouvir: Tu és o meu Filho amado, em Ti ponho o meu bem-querer!   Aqui percebemos que o Espirito Santo é a resposta amorosa do Pai àquele (a) que pede na oração e, que o Batismo nos torna, de fato, filhos e filhas no Filho Jesus.   Da mesma forma que em Jesus, o Pai nos chama de filhos e filhas e acredita que pela nossa vida, a sua alegria será completa, desde que façamos a Sua Vontade, que vivamos as características do Servo Sofredor da Primeira Leitura de hoje.

Por fim, a Segunda Leitura (At 10, 34-38) nos apresenta a grande consequência prática na vida daqueles (as) que, pelo batismo, foram adotado pelo Pai, se tornaram filhos e filhas no Filho Jesus: não poderão aceitar a discriminação, a distinção de pessoas pois Deus aceita quem O teme e pratica a Justiça.   Os Batizados (as) devem lutar para unir, congregar o que está disperso, resgatar, salvar, restaurar a cana rachada, o pavio que ainda fumega, deve ser Luz da Nações, deve conduzir os Povos para Deus, o Pai.   Só conseguirão isso se forem capazes de amar e, no amor, trazer de volta o que o pecado, um dia, levou para longe.  

Pense nisso e boa celebração para todos (as)!

Oremos: Deus eterno e todo-poderoso que, sendo o Cristo batizado nas águas do Jordão e pairando sobre Ele o Espirito Santo, O declarastes, solenemente, vosso Filho, concedei aos vossos filhos e filhas adotivos, renascidos da água e do Espirito Santo, perseverar constantemente em vosso Amor!   Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.   Amém!