sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

"II Domingo do Tempo Comum: A Comunidade que nasce da Experiência com o Deus da Vida!" - 20 de Janeiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Estamos começando, com toda a Igreja, os Domingos do Tempo Comum e, dessa forma, damos início à aventura de seguir o Senhor Jesus em seu Ministério Público, objetivando crescer na compreensão da Revelação que Ele faz de Seu Pai e, dessa forma, podermos restaurar em nós a Imagem e Semelhança que Ele (o Pai) colocou de Si mesmo em cada um de nós.   Queremos, a partir de agora, dar grande atenção à Palavra de Deus pois esta nos orienta, nos aponta caminhos, nos oferece luzes para tal trabalho; queremos, orientados pela Palavra, crescer na compreensão da Santidade de Deus para, assim sendo, podermos refleti-La em nós.   Começamos essa caminhada, compreendendo como se forma a Comunidade dos filhos e filhas de Deus.

Na Primeira Leitura (Is 62, 1-5) vemos o Profeta anunciando, após o Exílio na Babilônia, a restauração da Aliança de Javé com o Resto do Seu Povo que regressa para Jerusalém.   Percebemos, no trecho escolhido pela Liturgia, que tudo que ocorrerá é obra e graça do Infinito Amor de Deus.   É Ele quem não sossega enquanto não restaurar a Cidade e, com ela, todo o Povo.  A Justiça e a Salvação são os grandes objetivos do Senhor para o Seu Povo.   O casamento entre Deus e o Povo será restaurado - não porque o Povo o mereça mas, porque o Amor de Deus é sem limites, sem medida, sem condições -: serás Coroa de Glória e Diadema Real para o Senhor, Teu Deus!   O Tempo do Abandono terminou e os nomes que o Senhor oferece ao Seu Povo são: Minha Predileta, Bem-Casada... pois o Senhor se agradou de Ti!   Como num casamento feliz, assim será a relação de Javé com o Seu Povo.

Essa imagem do Casamento retorna no Evangelho (Jo 2, 1-11) com o episódio das Bodas de Caná.   Tal trecho pode ser compreendido na sua superficialidade e, dessa forma, falamos de uma Festa de Casamento, pura e simplesmente ou podemos compreender o texto por aquilo que não salta aos olhos num primeiro momento, indo mais à fundo na sua compreensão.   Gostaria de olhar mais profundamente e, nesse sentido, a Primeira Leitura servirá de base pois lá, o Profeta Isaías anunciou um tempo em que Deus estabeleceria uma Aliança com Seu povo, se utilizando de elementos tirados da Festa de Bodas.   

São João, ao narrar - logo no início do seu Evangelho - uma Cerimônia de Bodas quer nos revelar que em Jesus, o Cristo, Deus está selando a Nova Aliança, está realizando a profecia de Isaías.   De fato, a narrativa está repleta de sinais que nos revelam isso.   Os sinais precisam ser interpretados corretamente para não perdermos o caminho.   

Num Casamento estão presentes a mãe de Jesus (símbolo da Comunidade de Fé), os discípulos e o próprio Jesus.   É uma Festa promovida por outros, pelo Antigo Povo mas, no meio da Festa está o Novo, sem ser percebido.   A Festa Antiga está boa mas, o elemento fundamental - o Vinho -, está acabando e faltará (não fosse a intervenção Daquele que veio para inaugurar o Novo Tempo, a Nova Aliança, isto é, Jesus.   É o fim dos tempos antigos e a inauguração dos Novos, em Jesus.   A Antiga Religião, aprisionada às regras, aos ritos de purificação (as talhas de água postas na entrada da Festa, símbolo dessa Religião) está com seus dias contados e, o Novo Vinho, a Nova Religião - baseada no Amor, prometida por Deus em Isaías - está prestes a ser iniciada.   A mãe de Jesus (a Comunidade) percebe o fim dos ritos antigos e aponta para o Novo: Façam tudo o que Ele vos disser!   Jesus, apesar de não saber que sua hora ainda não tinha chegado, realiza a profecia: ordena que se encham as talhas de água (símbolo da Religião dos Ritos) e, em seguida ordena que seja servido ao Povo que estava prestes a fazer a experiência de uma trágica festa de casamento (falta do vinho).   No entanto, a surpresa: a água se transformou em Vinho e, este da melhor espécie, melhor que o vinho do início da Festa sem que ninguém tivesse feito nada para tanto - Isaías falou que TUDO É OBRA E GRAÇA DE DEUS, lembram-se?

São João disse que este foi o Primeiro Sinal que Jesus realizou e os discípulos creram Nele.   Que maravilha... com este Sinal, Jesus dá início a uma Nova Comunidade e, somente aqueles (as) que compreendem o Sinal, podem e devem participar dessa Nova comunidade.

Nessa Nova Comunidade, fruto da experiência com o Novo que é Jesus, há espaço para todos... nela, o Espírito concede dons distintos para que cada um possa ser para o outro, um SINAL DE DEUS, para que o mundo creia mais e melhor.   É isso que São Paulo nos fala na Segunda Leitura (I Cor 12, 4-11).

Que Deus nos ajude, iniciando esse Novo Tempo, a viver, de forma plena, a Nova Aliança de modo a ser no mundo Sinais da Sua Presença!   Amém!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

3 comentários:

  1. Padre, saí faz algumas horas de uma missa sua e me encontro agora um tanto confusa, um pouco mais do que já estava. Explico: apesar de ter sido batizada e ter tido uma educação predominantemente católica, a cada dia me vejo mais distante dessa religião (e de qualquer outra, a bem da verdade). As minhas dúvidas são muitas. Por exemplo, não compreendo como posso ter visões tão díspares sobre a mesma religião. Por qual razão ao longo de uma missa eu sinto meu coração aceitar e ver coerência em determinados testemunhos, mas, ao mesmo tempo, em outros momentos sinto-o confuso justamente por não sentir que aquelas palavras fazem qualquer sentido. Deveria eu, questiono, ouvir e escolher aceitar somente aquilo que o meu coração entende e sente ser o certo? Isso me confunde, Padre, pois gostaria de acreditar e me sentir plenamente confortável com a minha fé e o meu amor por Deus, e isso está longe de ser realidade quando misturo religião no meio. Desde tenra idade sentia que havia algo diferente comigo. Algo diferente, mas natural. Sempre veio do meu coração e não de qualquer outra parte do meu corpo. Era genuíno, era meu. No começo eu não sabia nomear esse sentimento, eu era muito nova. Mas o tempo passou e aquilo não passava. Meus amigos descreviam o que eles sentiam e eu comparava mentalmente com as coisas que sentia. Era exatamente o mesmo, Padre, só mudava um detalhe, o que a maioria deles sentia pelo gênero oposto, eu sentia pelo mesmo gênero.

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  2. Sabe, eu nunca entrei em conflito com isso. Era assim e pronto. Ninguém me ensinou, ninguém me influenciou. Tive e tenho uma família amorosa e atenciosa. Eu era assim, eu sou assim e Deus permitiu que eu viesse ao mundo assim. Ao contrário do que muitas vezes dizem, eu não me sinto pecadora, tampouco amaldiçoada, me sinto, pelo contrário, abençoada por poder amar a todos e a qualquer um e por isso estar acima de cor, gênero ou classificação social. Eu nunca sofri por isso. Deus está sempre comigo e nunca me julgou e, por essa razão, venho me afastando a cada dia mais de religiões, pois me apontam o dedo e me classificam ora como uma doente, ora como alguém que se perdeu no mundo. As religiões, essas que foram criadas pelos homens, elas me julgam, elas dizem, ainda que algumas vezes nas entrelinhas e cheias de gestos sutis, que eu sou uma pecadora. Dizem: "Deus não ama o pecado, mas ama o pecador". Certamente, penso eu, que Deus ama o pecador, mas não é pecado amar. Peco, é claro, por uma série de outros motivos, mas não por esse, Padre, não por esse de amar e querer o bem. Eu me pergunto, de onde é que vem esse amor no meu coração se não de Deus? Eu o sinto pleno, forte e genuíno no meu peito. Peco por isso? Não posso concordar. Será que não é claro isso? Deus ama, sim, o pecador, ama o pecador que tenta diariamente, apesar das falhas, ser alguém melhor. Ama o pecador que faz auto-crítica, que olha para dentro de si e encara seus monstros secretos. Ama o pecador que respeita o espaço do outro, que faz do seu cotidiano uma extensão do maior ensinamento divino, o do amor próprio e sobretudo o do amor pelo próximo. Eu tenho 25 anos. Choro todas as vezes em que, em silêncio, sinto a gratidão por ter a família que tenho, por ser iluminada, por ter uma postura de querer ser alguém melhor sempre e por sentir esse amor que sinto. A gratidão, quando bate assim em cheio, é tão linda. É maravilhoso poder senti-la. (continua)

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  3. Não tem nada de errado comigo ou na minha vida. Obviamente que tenho minhas lutas diárias, o árduo caminho do auto-conhecimento, entre outras coisas, mas não tem nada de errado onde grande parte das religiões acha que tem algo errado. Está tudo bem aqui. Trabalho, estudo, pago minhas contas, amo e respeito minha família e cultivo boas e antigas amizades. Procuro fazer da gentileza um elemento constante no meu dia-a-dia. Acabo de terminar um mestrado na aérea de Comunicação Social e me sinto feliz e abençoada. Deus é presente em mim e eu sou presente nele. O resto, essas discussões sobre o que é normal, anormal, imoral e afins, essas pequenezas, isso eu deixo para os que, na minha opinião, estão longe de compreender o que Deus verdadeiramente é e quer para nós.

    Agora, algumas perguntas: Qual o meu lugar na crença católica? No cristianismo? Existe esse lugar? Se não, por que não? Como lidar com esse sentimento de que certos ensinamentos cristãos vão contra algo que sinto intensa, natural e verdadeiramente?

    Muito obrigada por sua atenção e seu tempo.
    Fernanda.

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