sábado, 30 de março de 2013

"Primeiro Domingo da Páscoa: O Túmulo está Vazio pois o Senhor Ressuscitou!" - 31 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Ressuscitado!

Após um longo caminho, iniciamos o Tempo da Páscoa em nossa Igreja no mundo.   Esse é , por excelência, o Tempo Litúrgico fundamental em nossa Vida de Fé pois nele vivenciamos o ponto central da mesma: A Ressurreição de Jesus!   

Nesse Primeiro Domingo da Páscoa, a ideia central está na experiência do Túmulo Vazio: a ausência do Corpo Morto de Jesus faz pensar na sua Ressurreição!   Fazer a experiência do Túmulo Vazio trará compromissos para cada um (a) de nós.   A Palavra de Deus de hoje nos revela tal exigência.   Vejamos:

A Primeira Leitura (At 10, 34a.37-43) vemos Pedro tomando a palavra para demonstrar a sua Fé:  resgatando a Vida Pública de Jesus desde o Seu Batismo no Jordão por João, o Batista até a Morte e Ressurreição.   Durante esse período, Jesus passou fazendo o bem por conta da unção do Espírito Santo que recebera.   A Sua Ressurreição é a prova de que Deus, o Pai, não O abandonou e, todo (a) aquele (a) que fizer tal experiência de Vida Nova deverá anunciá-la a todos e em todo e qualquer tempo: E Jesus nos mandou pregar ao povo e testemunhar que Deus o constituiu Juiz dos vivos e dos mortos ... e quem crer nessa verdade receberá, em nome de Jesu, o perdão dos pecados!

A Segunda Leitura (Cl 3, 1-4) nos apresenta o Apóstolo Paulo revelando que a experiência com o Ressuscitado traz exigências: quem ressuscita com Cristo precisa se ESFORÇAR POR BUSCAR AS COISAS DO ALTO AONDE ESTÁ O CRISTO RESSUSCITADO, SENTADO À DIREITA DO PAI.   Para tanto, é importante que se rompa com as coisas de baixo, da terra, dominada pelo pecado, pelo mal que conduziram Jesus à morte.   A nossa vida de cristãos, homens e mulheres novos, está escondida em Cristo Ressuscitado e, assim que Ele se manifestar, nós apareceremos com Ele revestidos de glória.

Toda essa Boa Notícia nos é revelada, em primeiro lugar, pelas mulheres que indo ao TÚMULO, o encontram vazio e recebem a notícia que transformaria o mundo: O Senhor está VIVO!   O Evangelho (Jo 20, 1-9) nos revela isso!   Maria Madalena vai ao Túmulo pela manhã e não encontrando o Corpo do Senhor, sai correndo para avisar os Discípulos.   Pedro e o Discípulo Amado saem correndo e vão ao Túmulo e encontrado tudo conforme Maria Madalena havia falado, acreditam que o Senhor havia ressuscitado!   

Durante todo o Tempo da Páscoa seremos conduzidos a tal experiência e, na medida em que fizermos a mesma em nossas vidas, seremos conduzidos a dar provas de nossa Fé na Ressurreição do Senhor com ações concretas em nosso dia a dia!

Que Deus nos ajude a viver cada vez mais plenamente as maravilhas da Ressurreição em nosso mundo!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"Sábado Santo: A Páscoa da Ressurreição!" - 30 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com grande alegria chegamos, hoje, ao terceiro e último dia no nosso Tríduo Pascal: a Páscoa da Ressurreição!   Nesse último momento somos convidados a refletir sobre o aspecto de Glória, de Vitória, de Ressurreição, de Vida Nova que a Celebração Eucarística nos oferece.   Depois de termos refletido sobre os aspectos de Ceia e Banquete (Quinta-feira Santa) e Sacrifício, Sofrimento, Cruz e Morte (Sexta-feira da Paixão), entramos, agora, nessa reta final com a Páscoa da Ressurreição.

A Vigília Pascal é considerada a Mãe de todas as Vigílias e de todas as Celebrações da Igreja no curso do Ano Litúrgico: é nela que renascem toda a Vida da Igreja e, os Símbolos Litúrgicos e a Liturgia da Palavra dessa Noite Santa querem nos revelar a grandeza e a força da nossa Fé.

A Liturgia tem início com  a Bênção do Fogo Novo que será utilizado para acender o Círio Pascal:  o fogo nos recorda vida e renovação da mesma.   Ele é forte, robusto, misterioso e, na Palavra está presente em quase todas as manifestações de Javé no Primeiro Testamento.   Ele é abençoado para que sua chama acenda o nosso Círio Pascal, símbolo do Ressuscitado que está presente em nossas Comunidades.   O Círio Pascal é preparado antes de ser aceso: tal preparação nos apresenta o Cristo Ressuscitado como o Princípio e o Fim de TUDO, Senhor do Tempo e da História e, mais ainda, nos revela que por seu Sacrifício na Cruz nos protege e guarda até o fim.

Terminada essa parte - que ocorre fora do espaço principal da Celebração, liderados pelo Presidente da Celebração, toda a Comunidade se dirige para a Igreja Principal e, o Círio é apresentado como sendo a Luz de Cristo, ao que a Assembleia responde: Demos graças a Deus!   Isso se dá por três vezes ao londo do Caminho: próximo ao Fogo Santo, Porta da Igreja e Presbitério.   Chegado ao Presbitério, o Círio é colocado num local preparado para Ele e, em seguida canta-se a Proclamação da Páscoa nos recordando a maravilhosa História da Salvação, da qual passamos a fazer parte.   Terminada essa parte, dá-se início à Liturgia da Palavra que é longa por seu uma Vigília (quando criada, era para que a Comunidade pudesse passar a Noite toda celebrando): são sete leituras do Primeiro Testamento, uma de São Paulo e o Evangelho, totalizando nove leituras sendo oito com seus respectivos Salmos de Respostas.

A Liturgia da Palavra tem início com a Leitura do Livro do Gênesis (Gn 1,1 - 2,2) nos recordando a História da Criação, aonde Deus fez tudo bom e por amor e entregou a sua obra nas mãos dos homens, sua principal obra; a Segunda Leitura (Gn 22, 1-18) nos recorda o Sacrifício de Isaac, símbolo do Sacrifício de Jesus e, ao contrário de Jesus, Abraão não sacrifica o próprio filho; a Terceira Leitura (Ex 14, 15 - 15, 1) nos lembra a Travessia da Mar Vermelho aonde Javé salvou o Seu Povo e afogou em suas águas o inimigo: carros, cavalos, soldados e o faraó egípcios.

Na Quarta Leitura (Is 54, 5-14) já nos recorda a História de Infidelidade do Povo e, como consequência do pecado cometido contra Javé, tal Povo perde a Liberdade e, é reconduzido à escravidão: Exílio na Babilônia!  Israel é a Esposa Repudiada de Javé: Deus abandona, por um tempo a sua esposa infiel mas, logo, a reconduzirá para junto de Si; na Quinta Leitura (Is 55, 1-11) vemos Javé se recolocando como Deus para o Seu Povo e convidando os Seus Filhos para comer e beber de graça, sem dinheiro e sem pagar pois Ele é generoso no perdão e, sobretudo, tem uma Palavra que não falha e, quando pronunciada, cumpre o que diz; na Sexta Leitura (Br 3, 9-15.32 - 4, 4) vemos o Profeta chamando a atenção do Povo para a sua infidelidade à Palavra e, assim, chama o Povo a viver a Palavra do Senhor pois, somente assim, será capaz de experimentar as delícias de Javé.   Aqui, a Palavra nos é apresentada como Fonte de Sabedoria e, na Sétima Leitura (Ez 36, 16-17a.18-28)  vemos o Profeta denunciando os pecados do povo e as consequências de tais pecados mas, em contrapartida, o vemos anunciando que Javé está pra realizar uma obra admirável, não por conta do povo mas por conta da fidelidade à Sua própria Palavra: o Povo será reconduzido à sua terra e o próprio Javé os purificará com uma Água Pura e colocará no peito das pessoas um Coração de Carne capaz de Amar e Cumprir os Preceitos Divinos.   Essas são as sete leituras do Primeiro Testamento proclamadas nessa Noite Santa.

A Oitava Leitura (Rm 6, 3-11) nos apresenta o Apóstolo Paulo demonstrando que o Batismo nos identifica com Jesus em Sua Morte para com Ele ressuscitarmos para a Vida Nova.   Esse Batismo deve produzir em nós o desejo de vivermos tal Vida Nova, não cedendo mais ao pecado que destroi a Graça em nós: o Batismo nos mata para o pecado e nos faz renascer para Deus, em Jesus Cristo.

Toda essa História da Salvação foi produzida em vistas de Jesus, o Cristo e, como consequência de Sua Vida entre nós.   No Evangelho da Noite de hoje (Lc 24, 1-12): as mulheres vão ao Túmulo no dia seguinte bem cedo e não encontram o Corpo do Senhor e, homens vestidos de branco anunciam: Por que procurais entre os mortos Aquele que está vivo?   Ele NÃO ESTÁ AQUI.   RESSUSCITOU!   A Igreja existe para, a exemplo da mulheres fazer tal experiência do Túmulo Vazio e, descobrindo que o Senhor está vivo, que Ele ressuscitou dos mortos, sair para proclamar essa Boa Nova para todos.   Mesmo que os outros não acreditem (como os Discípulos num primeiro momento), importante é ANUNCIAR!

A nossa Fé nasce dessa experiência de Ressurreição!   A Vida Nova de Cristo deve ser o nosso grande marco.   É isso que nos fará Sinais de Jesus, o Cristo para o mundo que vivemos!

Que Deus nos ajude, nessa Noite Santa, a experimentar a Vida Nova que Ele, em Jesus, nos oferece e, dessa forma possamos vivê-La plenamente em nosso mundo!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

terça-feira, 26 de março de 2013

"Sexta-Feira da Paixão: A Páscoa da Cruz!" - 29 de Março de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus! 

Dando continuidade ao Tríduo Pascal, chegamos ao segundo momento: a Páscoa da Cruz!   Nessa parte do Tríduo somos convidados a refletir a Celebração Eucarística como Sacrifício!   Se ontem, o aspecto que foi ressaltado da Eucaristia foi o da Ceia, do Banquete, hoje, o aspecto da Cruz, da Dor, do Sofrimento, da Morte, da Cruz é o que fica claro.   É bom ressaltar que os aspectos não são excludentes mas complementares.   O importante é percebê-los acontecendo em cada uma de nossas Celebrações Eucarísticas.

A Palavra de Deus dessa segundo momento do Tríduo Pascal está carregada dessa ideia de Sacrifício aceito por Amor e pela Salvação do Mundo.

Na Primeira Leitura (Is 52, 13 - 53, 12) temos o Quarto Canto do Servo de Javé ou Canto do Servo Sofredor.   Na verdade, não há contradição entre uma definição ou outra pois, ser Servo de Javé implica em estar aberto para aceitar as contrariedades que tal Serviço trará para aquele (a) que aceita tal condição pois, não há como ser Servo de Javé nesse mundo e não sofrer as consequências que tal opção traz.

No período do Exílio na Babilônia (587 a.C. à 530 a.C.), numa determinada altura desse período, vemos o Profeta anunciando a chegada de uma personagem misteriosa que teria o poder de fazer acontecer a vontade de Javé  mundo: não se sabe, ao certo, se o Profeta está falando de uma pessoa em particular, se fala do próprio povo, em sua coletividade ou de alguém que iria chegar num futuro próximo ou, até mesmo, distante.   Há uma tendência em achar que as três possibilidades podem ser corretas e, dessa forma, ora o Profeta fala de uma pessoa em particular, ora do Povo como um todo e ora, de um futuro Messias.   Talvez, isso não seja o ponto relevante da situação mas, relevante seria compreender como essa personagem (seja ela um ser particular, o próprio povo em sua coletividade ou o próprio Messias) conseguirá se tornar a causa de salvação do mundo.   E, nesse ponto, podemos retirar do Canto do Servo de Javé ou Servo Sofredor muitas lições.   Vejamos:

A primeira situação que nos chama a atenção é o fato desta personagem ser apresentada com o nome de SERVO.   Para dar conta do resgate do mundo, a personagem assume a condição de Servo e, sabemos nós, o Servo é aquele que não pode - com risco de não ser Servo - possuir voz e vez, não poder decidir sobre como irá conduzir a própria vida, não poder decidir o quê, como, quando, aonde e para quem fazer algo em especial.   Na verdade, o Servo existe em função das necessidades do seu Senhor.   Em seguida, o texto fala da ascensão do Servo mas, em contrapartida, o apresenta como alguém que sofre muito a ponto de ser apresentado desfigurado, sem aparência humana.   Reis ficam pasmados diante dessa figura que, apesar de desfigurada pela dor e sofrimento, causa espanto.   Na verdade, esse Servo, escolhido por Deus, recebe d'Ele a força para sua renovação.   A aparência desagradável, o desprezo recebido, as dores e o sofrimento que trazia faz com que o povo não consiga, sequer, olhar para ele.   

Toda essa situação vem do fato de ser ele (o Servo) o escolhido para carregar sobre si mesmo as enfermidades e dores de todos nós.   Seu sofrimento foi, em muitos momentos, compreendido como um castigo de Deus mas, na verdade a sua situação dolorosa é consequência de nossos pecados que ele carregou sobre si mesmo.   É com seu sofrimento que ele pagou, uma vez por todas, o preço de nosso resgate diante de Javé.   Ele é o cordeiro, a ovelha que é levada muda diante dos seus tosquiadores e, sequer, consegue abrir a boca para emitir algum som que seja.   Foi eliminado do mundo dos vivos e de sua vida ninguém se importou.   O seu maceramento com os sofrimentos foi a causa de nossa salvação e, dessa forma, ele (o Servo) nos fará justos novamente diante de Deus, nosso Pai: ele resgata o pecado do povo e intercede em favor desse mesmo povo.

Essa leitura relata, de forma plena, o que aconteceu com Jesus 500 anos após: o relato da Paixão do Senhor Jesus, nos revela que tudo que estava escrito à repeito do Servo de Javé ou Servo Sofredor descrito pelo Profeta Isaías, aconteceu com Jesus.   O Evangelho da Paixão (Jo 18, 1-19, 42) nos apresenta tal relação entre os textos.

Jesus é o Servo Sofredor que entregou a sua vida para que nós pudéssemos ter a nossa vida garantida novamente diante de Deus.   O seu sofrimento e a sua entrega até a morte e a morte de Cruz foi o preço que Ele teve que pagar pela nossa libertação.   Ele é o cordeiro ou ovelha levada ao matadouro sem abrir a boca para reclamar a sorte que o esperava.   Ele se sacrificou por nós.

É por conta disso que, na Segunda Leitura (Hb 4, 14-16; 5, 7-9), o autor sagrado nos apresenta Jesus como sendo aquele que tendo experimentado a nossa condição humana em tudo - menos, o pecado - pode se colocar como nosso Intercessor junto do Pai.   Ao ter-se feito homem, Jesus compreendeu as dificuldades que o ser humano tem que passar para ser fiel á vontade do Pai e, por isso, intercede por cada um (a) de nós, cada vez que d'Ele temos necessidade.   É essa certeza que nos faz ir ao encontro do Trono da Graça sem medo de sermos atendidos em nossas angústias e necessidades.  A sua obediência à vontade do Pai o fez causa de salvação para todos quantos lhe obedecem.

Quando participamos da Eucaristia é preciso ter clareza que ali, naquele momento, o Sacrifício da Cruz se renova e, mais uma vez, o Senhor Jesus se oferece com vítima de expiação de nossos pecados.   Compreender tal verdade deveria nos conduzir para uma entrega de nossas vidas - à exemplo do Senhor - pela Salvação de nossos irmãos e irmãs.    Quem assim não faz, está incorrendo em pecado e - diria eu - grave!

Que a Celebração da Paixão do Senhor nos faça compreender, mais e melhor, o sentido do Sacrifício da Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"Quinta-Feira Santa: A Páscoa da Ceia!" - 28 de Março de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Iniciamos, hoje, com toda a Igreja o Tríduo Pascal que deve ser compreendido por cada um (a) de nós como sendo uma única Celebração vivenciada em três dias consecutivos.   Na verdade, eu costumo dizer: a Celebração Eucarística é dividida em três dias para que possamos compreendê-la mais profundamente, em seus três aspectos distintos e complementares.   No Tríduo Pascal somos conduzidos para a compreensão da Celebração Eucarística em seus aspectos de Ceia (Quinta-feira Santa), de Sacrifício (Sexta-feira Santa) e de Glorificação / Ressurreição (Sábado Santo).   Assim, em toda e qualquer Celebração Eucarística é preciso estar atento para esses três aspectos que estão presentes mas, que nem sempre, conseguimos percebê-los em nossas Celebração no dia a dia.   Iniciamos, hoje, com o primeiro dos três aspectos: Eucaristia como Ceia!

Quando participamos da Celebração Eucarística, participamos de uma Ceia, de um Banquete e, é importante que compreendamos que numa Ceia, num Banquete, nós vamos para COMER E BEBER.   A grande marca dos Banquetes, das Ceias são a COMIDA e a BEBIDA!   Aqui, uma pergunta nos fazemos, quase que automaticamente: Por que comemos e bebemos?   Ora, a resposta óbvia é: Comemos e bebemos para nos mantermos vivos!   A comida e a bebida são responsáveis pela manutenção de nossa energia que, por sua vez, nos possibilita a realização de nossas atividades cotidianas.   A Celebração Eucarística deve ser compreendida, também, nesse sentido: participamos d'Ela para comermos e bebermos aquilo que irá nos manter vivos, que nos dará a energia necessária para nossas atividades cotidianas.   DETALHE: para nossa vivência da Fé!

A Palavra de Deus de hoje nos apresenta tal aspecto de Ceia que a Eucaristia possui e, mais ainda, nos coloca diante das consequências práticas que a participação nesse Banquete, nessa Ceia traz para cada um (a) de nós.   Vejamos:

A Primeira Leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos apresenta o relato (não jornalístico) de como os nossos antepassados, os hebreus (mais tarde, judeus) celebraram a Primeira Páscoa, nos apresentando o sentido da mesma naquele momento da História da Salvação.   Havia, já, entre os pastores nômades do deserto a Celebração de uma Festa com o nome de Páscoa e, para tais pastores, tal Festa marcava a passagem do inverno para a primavera, isto é, a passagem de um período difícil, de pouca comida para os rebanhos para um período mais fácil, com bastante comida para os rebanhos.   Com o Êxodo, tal festa ganha um novo significado: a passagem da Escravidão para a Liberdade, do Egito para Canaã, da Morte para a Vida.   É o Senhor Javé quem ordena a Moisés e Aarão que orientem o Povo à respeito do modo como deveriam comer a Páscoa: um cordeiro por família, sem mancha, defeito e macho de um ano.   Tal cordeiro deverá ficar preso do dia 10 ao dia 14 daquele que se tornaria o primeiro mês do ano.   No dia 14, o cordeiro será imolado ao cair da tarde e com o seu sangue os umbrais das portas dos hebreus serão marcadas.   A carne será comida na mesma noite, assada ao fogo e com pães ázimos e ervas amargas; os rins deverão estar cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; tudo será feito às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a "PASSAGEM" do Senhor!   É nessa noite que o Senhor passará pelo Egito, ferindo todos os primogênitos egípcios, desde homens até animais.   É o SANGUE nas portas que servirá de SINAL para que o Anjo do Senhor não extermine quem lá dentro estiver!

Nesse relato, alguns pontos nos chamam a atenção:  com o Êxodo, a Páscoa se torna uma Festa Religiosa pois é Javé quem dá o "novo tom" para a mesma.   A Páscoa passa a ser a Festa da Libertação do Povo, a Festa do Extermínio do Inimigo.   O aspecto da comida e da bebida já estão, aqui, presentes, na figura do Cordeiro, do Pão Ázimo, das Ervas Amargas.   É uma comida que deve dar sustentação para um novo caminho que se abrirá à frente do povo (caminho pelo deserto) e, por isso, deve ser comido por pessoas que estão prontos para partir em viagem: rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão!   Outro elemento importante é o Sangue do Cordeiro: é ele quem revelará a Casa do Hebreu e, por ele (sangue) a família será salva.   O Anjo, ao contemplar o Sangue do Cordeiro no umbral da porta vai "pular" = "pessah"  =  "páscoa".  É esse fato que, todos os anos, os judeus celebram por ocasião da Páscoa Judaica: fazem memória desse momento da História da Salvação em que Javé poupou a vida dos hebreus "pulando" as casas marcadas com o Sangue do Cordeiro.

Para nós cristãos a ideia do Sangue do Cordeiro que poupa a vida é fundamental.   Agora, não mais o Sangue de um Cordeiro (Animal) mas, o Sangue de Jesus, o Cristo, o Cordeiro sem mancha que tira o pecado do mundo!   É isso que a Segunda Leitura da Celebração de hoje nos revela (I Cor 11, 23-26).

Aqui, o Apóstolo Paulo nos relata como o Senhor Jesus, na Última Ceia Judaica que celebrou com os seus discípulos, deu um Novo Sentido: tomou o pão e o vinho e disse que, a partir dali, eram o Seu Corpo e o Seu Sangue e, que tal gesto deveria ser repetido, em memória d"Ele, até a consumação dos tempos.

Ora, voltando ao início do nosso texto quando falávamos do sentido do comer e beber, compreendemos, pelo Evangelho de hoje (Jo 13, 1-15) as consequências práticas da nossa participação nesse Banquete, nessa Ceia - agora Eucarística.   

São João, diferentemente dos outros três Evangelistas, não fala que na Última Ceia o Senhor Jesus instituiu a Eucaristia - pois, tal texto em São João, está no capítulo 06, no Discurso sobre o Pão da Vida - mas, nos surpreende com a brilhante história do Lava-pés e o Mandamento Novo do AMOR!   Isso, não é por acaso mas, quer nos dar uma lição: a nossa participação na Eucaristia deverá promover em cada um (a) de nós os mesmos sentimentos perturbadores que o Senhor demonstrou na Celebração da Última Ceia com seus Discípulos: AMOR E SERVIÇO!

Nesse relato de São João, o Senhor Jesus nos apresenta o ideal de vida daquele (a) que pretende ser seu Discípulo, sua Discípula: abrir mão de prerrogativas, colocar-se à serviço dos menores e, sobretudo, AMAR COMO ELE NOS AMOU!

Comer e beber o Corpo e Sangue do Senhor na Ceia Eucarística, no Banquete Eucarístico deverá produzir em nós esses mesmos sentimentos que dominaram a Vida do Senhor Jesus e, caso não façamos isso, ou melhor, caso não permitamos tais sentimentos em nós, como afirma o Apóstolo Paulo, participaremos da Ceia, do Banquete de nossa própria CONDENAÇÃO!

Nesse primeiro momento do Tríduo Pascal, a lição maior é esta: quem comunga o Corpo e Sangue do Senhor deve lutar para que a Vida do Senhor se faça Verdade em nossa vida cotidiana!   A Ceia Eucarística é COMPROMISSO ASSUMIDO COM O SENHOR DE PROLONGÁ-LO EM NOSSA VIDA COTIDIANA!   Façamos assim e, o resto Ele fará!

Peçamos a Deus que, nesse primeiro momento do Tríduo Pascal, a nossa Igreja esteja mais atenta aos compromissos que a participação no Banquete Eucarístico pede de todos (as) nós!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares


sábado, 23 de março de 2013

"Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: A Contradição Humana que Acolhe e Condena o Autor da Vida!" - 24 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Depois de termos caminhado por cinco semanas, entramos, hoje, naquela que é considerada a "Semana Central" do nosso Calendário Litúrgico: A Semana Santa!   Durante essa semana viveremos, por meio das Celebrações, tudo aquilo que é fundamental para nossa Vivência Cristã; nessa semana, acompanhando o Senhor Jesus em seus momentos finais neste mundo, seremos conduzidos à compreensão mais plena de sua mensagem e, dessa forma, poderemos melhorar a nossa conduta de vida, de modo que consigamos ser, cada vez mais, Sinais de Sua Presença no Mundo.

Iniciamos a Semana Santa com uma Celebração que já traz no seu título uma "espécie" de contradição: Ela tem um lado festivo, de acolhimento do Senhor que, após uma longa caminhada, se encontra às Portas de Jerusalém e, ao mesto tempo e na mesma Celebração, vemos o mesmo Povo que O acolheu, gritando e pedindo a crucificação do mesmo Jesus!   As Perguntas que ficam em nós são: Por que uma Celebração com dois momentos, aparentemente, antagônicos?   O que a Igreja deseja com isso?   Por que abrir as Celebrações dessa Semana Santa com tal momento?   Que mensagem deveremos assimilar?

Tentando responder a essas questões, vamos à Palavra que nos é apresentada na Celebração.   Vejamos:

A Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor é, na verdade uma grande Celebração com dois momentos distintos: Temos um primeiro momento feito num espaço para isso reservado, aonde o Presidente da Celebração abençoa os ramos e proclama o Evangelho que relata a chegada de Jesus em Jerusalém e sua entrada na cidade, ressaltando, de modo particular, o acolhimento que o povo faz a Jesus que está chegando.   Nesse ano, nos é apresentado a versão de Lucas (Lc 19, 28-40).   Esse Evangelho nos apresenta alguns pontos importantes para nossa reflexão.

Vemos Jesus e os discípulos chegando a Jerusalém e na região de Betfagé e Betânia, Jesus já surpreende ao enviar dois dos discípulos à sua frente para apanhar um jumentinho pois Ele precisaria dele.   Em seguida há todo um aparato para a Entrada do Senhor em Jerusalém: mantos são colocados sobre o jumentinho e o povo vai colocando suas roupas e mantos pelo caminho por onde o Senhor passava.   Um acolhimento digno de um rei mas, ao se apresentar montado num jumentinho, esse rei já traz uma contradição: Ele é rei mas, um rei diferente do reis conhecidos até então!   

Essa acolhida espetacular é promovida pelo conhecimento que o povo tinha de tudo o que Jesus, durante a sua viagem, havia falado e feito em favor das pessoas.   Na verdade, há uma grande expectativa de que o Senhor Jesus entraria em Jerusalém para fazer o "Grande Final" da obra Redentora: Tomar a Cidade e colocar os Judeus em posição superiora ao Império Romano que o oprimia!    Não é à toa que o texto evangélico revela que o louvor do povo era por conta de todos os milagres que tinha visto.   As aclamações do povo são, também, reveladoras: Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!"    Uma novidade em Lucas é o fato final do pedido dos fariseus para que Jesus reprendesse tal manifestação e a resposta de Jesus: Se eles se calarem, as pedras falarão!"

Nessa primeira parte da Celebração temos um aspecto festivo porém já com alguns detalhes do que virá na segunda parte da mesma: sobretudo o jumentinho!   Na verdade, esta primeira parte revela a ideia que o povo tinha à respeito do Senhor Jesus e de sua missão: Ele irá colocar um fim ao regime de opressão que, durante séculos, o povo viveu!   O povo não sabe, ainda, quem, de fato, Jesus é e, portanto, ainda não compreendem a Sua Verdadeira Missão!   Quando o povo começa a compreender que o que Jesus faria não é o que ele (povo) queria, o mesmo povo mudará, radicalmente, de posição e, de Rei Aclamado passa a Bandido Condenado.   E, é essa mudança que veremos no segundo momento da Celebração.

Depois de uma procissão festiva, vibrante, alegre a Comunidade chega ao local preparado para a segunda parte da Celebração e, aqui, o clima festivo, cederá lugar ao clima de dor, tristeza, morte.

A Primeira Leitura (Is 50, 4-7) nos mostra um dos Cantos do Servo de Javé ou Servo Sofredor.   Nele estão contidos características que marcarão a vida do Senhor Jesus: língua adestrada para animar os abatidos, ter os ouvidos atentos à voz do Seu Senhor para aprender como Discípulo e, o que ouve do Senhor não encontra resistência na vida do Servo que, por sua vez, não volta atrás.   O Servo oferece as costas para baterem e o rosto para quem deseja arrancar-lhe a barba, além não desviar o rosto de bofetões e cusparadas.   Tudo isso o Servo suporta porque sabe que Deus é o seu Auxiliador! É Deus quem garante o ânimo e o rosto impassível como pedra do Servo.   O Servo sabe que não sairá humilhado do combate!

Esse é um belíssimo texto que revela as condições para que o Servo não sucumba diante das dificuldades que a fidelidade ao Projeto de Deus, o Senhor, oferece para aqueles (as) que a ele adere.   Jesus é o Servo por excelência e, por conta disso, viverá em sua carne, tudo que o Profeta Isaías descreve no texto proposto.   Jesus irá cumprir, até o fim, a missão que lhe foi reservado pelo Senhor.

A Segunda Leitura (Fl 2, 6-11) é um canto clássico das primeiras comunidades que descreve todo esse movimento de descida, desprendimento, aniquilamento de Jesus por Amor a cada um de nós e, a resposta que recebe de Seu Pai e Deus, que O eleva acima de tudo e todos, dando-Lhe um nome que está acima de todo nome a fim de que ao Nome de Jesus todo joelho se dobre em todo e qualquer canto: céus, terra e abaixo da terra.   Esse Jesus é o nosso modelo de Santidade, de Virtude.   É n'Ele que nós encontramos a força para suportar as adversidades e contrariedades que a fidelidade à Vontade do Pai trará para cada um (a) de nós.   Jesus, Deus que se fez Homem, nos oferece o caminho de humildade que devemos seguir para agradarmos ao nosso Pai do Céu!

Por fim, a narrativa da Paixão (Lc 22, 14 - 23, 56) que é uma espécie de síntese final da Vida de Fidelidade do Senhor Jesus à Vontade do Pai:  tudo que está descrito na Paixão é consequência da Fidelidade do Senhor Jesus à Vontade do Seu Pai.   Não há a menor possibilidade de ser Fiel ao Pai e não sofrer as consequências de tal Fidelidade.   O mundo, dominado pelo mal, não deixa barato a vida de quem a ele (mundo) se opuser.   O crente deverá saber, logo de início, que a sua vida, nesse mundo, não será nada fácil, à exemplo do Senhor Jesus que teve de morrer na Cruz para não ser infiel à Vontade do Pai e à Missão que o Pai Lhe tinha reservado.

A vida de Jesus é o modelo para a vida de todos (as) aqueles (as) que desejam, profundamente, viver as suas vidas de acordo com aquilo que Deus, o Pai, pensou para cada um (a) de nós!

Que Deus nos conceda a graça de podermos compreender cada vez mais o Mistério revelado nessa Celebração que abre a Semana Santa e, assim sendo, possamos ser mais Santos e Santas em nosso dia a dia!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaqques Tavares

terça-feira, 19 de março de 2013

"Semana Santa: Celebrando o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, o Cristo!" - de 23 à 31 de Março de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria, iniciaremos no próximo final de semana, as Celebrações que marcam aquela semana que chamamos Semana Santa.   Como já falei em algumas Celebrações em nossa Paróquia, esta semana não é mágica e, portanto não produz em nós nenhuma santidade se esta, por sua vez, não tiver sido conquistada por cada um (a) de nós, de modo particular, com a vivência da Quaresma.   Após as 05 semanas da Quaresma, na medida em que escutamos, meditamos, compreendemos a Palavra de Deus e, acima de tudo, na medida em que permitimos que o conhecimento de nosso Deus produzido pela vivência dos Sacramentos (sobretudo a Eucaristia e a Reconciliação) se transformasse em vida na nossa vida, estamos, agora, de fato, prontos para a vivência das Celebrações da Semana Santa pois, estaremos, um pouco mais santos e santas. Afinal, a Semana só será Santa se a Santidade de Deus tiver encontrado ressonância em nossas vidas.   Caso contrário, a Semana será mais uma como as demais.   Talvez com Celebrações mais bonitas, maiores, melhor preparadas mas... somente, mais uma semana e, nada mais.

Nesta Semana, a Igreja nos oferecerá a oportunidade de reviver os pontos altos da nossa Fé.   Por meio das Celebrações seremos introduzidos, passo a passo, no Mistério de nossa Salvação: acompanharemos o Senhor Jesus, desde a sua entrada triunfal em Jerusalém, passando pela Celebração da Última Ceia, pela sua entrega nas mãos dos Poderosos que promovem o seu sofrimento e morte de Cruz e, por fim, pela sua Ressurreição dentre os Mortos.   Serão dias de intensa atividade religiosa e, a nossa participação em cada um desses momentos, nos auxiliará a compreender melhor, o ponto central de nossa Fé.

Fica aqui o convite para não perdermos nenhum desses momentos e, aonde quer que estejamos, possamos no unir ao Senhor e, receber d'Ele as luzes necessárias para compreendermos melhor a nossa Fé, de modo que possamos vivê-la cada vez mais firmemente entre nós!

Boas Celebrações para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares


Horários das Celebrações em nossa Paróquia Santa Cruz

23/03 (Sábado): 19:00h - Santa Missa sem a Bênção e a Procissão dos Ramos - Santa Cruz
24/03 (Domingo): 07:30h - Santa Missa com Bênção e Procissão dos Ramos - Santa Cruz
19:00h - Santa Missa sem a Bênção e a Procissão dos Ramos - Santa Cruz

25, 26 e 27/03 (Segunda, Terça e Quarta-feiras da Semana Santa): 08:00h - Santas Missas - Santa Cruz

28/03 (Quinta-feira Santa): 20:00h - Santa Missa da Ceia do Senhor com Lava-pés - Santa Cruz e Santa Rita de Cássia (após a Celebração, Adoração ao Santíssimo até 00:00h)

29/03 (Sexta-feira Santa): 06:00h - Retomada da Adoração ao Santíssimo (Salão Paroquial)
15:00h - Celebração da Paixão do Senhor com Adoração da Santa Cruz - Santa Cruz
17:00h - Procissão com o Senhor Morto e Nossa Senhora das Dores
19:00h - Veneração das Imagens do Senhor Morto e Nossa Senhora das Dores - Santa Cruz

30/03 (Sábado Santo): 20:00h - Vigília Pascal - Santa Cruz e Santa Rita de Cássia
23:00h - Vigília com a Juventude e Grupos Paroquiais - Santa Cruz a noite toda

31/03 (Domingo de Páscoa): 06:00h - Santa Missa da Alvora da Páscoa - Santa Cruz
08:00h - Café da manhã comunitário - Salão Paroquial
10:00h - Santa Missa da Páscoa - Santa Cruz
16:30h - Santa Missa de Páscoa - Santa Rita de Cássia
19:00h - Santa Missa de Páscoa - Santa Cruz

Venha e traga a sua família para rezar conosco nesses dias!   Será um enorme prazer recebê-los!

Av. Anacé, 939, Jardim Umarizal, São Paulo - SP
Tel.: (11) 5841-2351

"Solenidade de São José, Esposo de Maria: Modelo de Abertura aos Sonhos de Deus!" - 19 de Março de 2013

Querido irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Quebrando o clima quaresmal, celebramos, hoje, com toda a Igreja, a Solenidade de São José, Esposo de Maria.   Esta é uma ocasião para refletirmos sobre a importância deste homem para a realização do "sonho de Deus para a humanidade" e, dessa forma, podermos nos perguntar como cada um (a) de nós poderíamos dar a nossa colaboração nessa aventura de ver acontecer os projetos de Deus em nosso mundo, em nosso meio.   Hoje, também, acompanhamos emocionados e cheios de esperança, a Santa Missa que inaugurou, oficialmente, o Pontificado de Francisco.

A Palavra de Deus dessa Solenidade quer nos apresentar Jesus como o verdadeiro descendente de Davi e, portanto, aquele que veio estabelecer o Reino que não terá mais fim.   É, aqui, que perceberemos - de modo muito especial - a importância de José nessa história.

A Primeira Leitura (2 Sm 7, 4-5a.12-14a.16) nos apresenta a preocupação de Davi - já idoso e, portanto, percebendo a proximidade de sua morte, de seu fim - com a Arca da Aliança  que, apesar de todo o esplendor do seu reinado, ainda permanecia debaixo de uma tenda como nos tempos do deserto.   Davi, um belo dia, amanhece e percebendo-se morando num palácio de cedro e a Arca da Aliança depositada debaixo de uma tenda, acaba percebendo a discrepância e, sente o desejo de construir uma Casa para Deus, um Templo parecido com o seu palácio.   Ele (Davi) conta seu desejo ao Profeta Natã que, num primeiro momento, o incentiva a fazer tudo o que o coração do rei estava mandando.   Porém, na mesma noite, a Palavra de Deus foi dirigida ao Profeta e, é essa Palavra que temos como texto da Primeira Leitura da Santa Missa de hoje.   Javé não aprova a construção de uma casa para Ele pois, afinal de contas, todo o Universo lhe pertence e, "que casa será esta que Davi lhe construirá?"   Deus não quer casa alguma construída por mãos humanas pois não deseja se tornar "prisioneiro" dos humanos.   Na verdade, não será Davi quem lhe construirá uma casa mas, será Ele (Javé) quem construirá uma casa para Davi e, essa sim, durará para todo o sempre.   Às preocupações do rei, Deus responde com a promessa de um Reino que não terá fim e, suscitado por um seu descendente.

Ora, sabemos que, historicamente, a Dinastia Davídica não foi lá grandes coisas.   Na verdade, poucos reis foram capazes de viver e fazer valer a vontade de Deus no meio Povo.   A grande maioria dos reis foi infiel, presunçosa e, acima de tudo, usou o poder em benefício próprio não se colocando como Servo do Senhor para cumprir a Sua Vontade.   Não é à toa que, em 587 a.C., o Império Babilônico, liderado por Nabucodonor, invadiu a cidade de Jerusalém, devastando tudo, matando muitos e, levando escravos aqueles que sobraram da fatídica desventura.   Esse foi um acontecimento trágico para Israel que começou a se perguntar se Deus não o teria abandonado.   Mais ainda: como ficaria a Palavra de Javé a Davi, proclamadas na Primeira Leitura da Celebração de hoje?    Será que Deus havia se esquecido?   É aqui que começa um pensamento, que foi crescendo no meio do Povo, de que o próprio Deus, um dia, viria para governar o seu povo, visto que os seus representantes não lhe foram fieis e só conduziram o Povo para ruína.   A ideia de um Messias que inauguraria um Reino que não teria fim, começa a ganhar força.

Esse rei, capaz de inaugurar um reino que não tem fim e que seria fiel à vontade de Javé, nós o vemos chegar em nosso meio na pessoa de Jesus.   É essa ligação de Jesus com o rei Davi que coloca José como uma das personagens de grande destaque para a História da Salvação.

O Evangelho de hoje (Mt 1, 16-18-21.24) nos apresenta essa relação Jesus - José - Davi ao narrar o Anúncio do Anjo a José.   Diferentemente de Lucas - que nos apresenta a Anunciação do Anjo a Maria -, em Mateus, temos a narrativa da Anunciação a José e, dessa forma, o Evangelista quer nos apresentar Jesus como aquele que descende de Davi e, portanto, cumpre a Promessa de Javé que está na Primeira Leitura.

Sabemos que, à época de Jesus, as mulheres não podiam, pela condição inferiorizada que possuíam, transmitir o nome aos filhos.   Isso era obra, única e exclusiva, dos homens.   Não é sem motivo que Jesus, mais tarde, será taxado de "filho de Maria", o que significava uma espécie de afronta.   Ora, se em Lucas, na narrativa da Anunciação, temos a informação de que o que estava sendo gerado no ventre de Maria era obra do Espírito Santo de Deus, como ligar Jesus a Davi?   Esse impasse se resolve com a escolha de José para ser aquele que daria um nome a Jesus e, dessa forma, por ser ele (José) descendente de Davi, Jesus, também, o seria.   José, já prometido em casamento a Maria, ao descobrir a gravidez da futura esposa, resolve abandoná-la, em segredo pois não atinava qual seria o seu papel nesse projeto divino.   Queria esperar para ver o que Deus estava reservando para ele.   Na sua justiça aguarda a manifestação de Deus e, esta vem em sonho: o anjo do Senhor lhe revela que ele não deveria temer receber Maria como esposa pois o fruto do seu ventre é obra divina e, ele (José) teria um grande papel nessa empreitada pois, seria ele o responsável por dar um nome ao Filho de Deus e, mais ainda, seria ele (José) quem deveria cuidar das duas maiores preciosidades de Deus nesse mundo, a saber: Jesus e Maria!   Ao saber o que Deus lhe reservava, José fez conforme o Anjo lhe havia mandado e recebeu Maria em sua casa.

Que belo exemplo de fé temos nesse homem simples e humilde que a Igreja celebra hoje com tanta devoção.   Demonstrando uma fidelidade exemplar à vontade do Pai e, para cumprir tal vontade, um AMOR sem igual, José é posto para todos nós com modelo de virtude.   Assim como Abraão, colocado na Segunda Leitura (Rm 4, 13.16-18.22) como Pai dos Crentes porque creu contra toda esperança, José também nos apresentado como protótipo de virtude.   A sua fé também é genuína e, portanto, nos serve como parâmetro nesse Tempo de Quaresma para questionarmos a nossa própria.   A fé nos possibilita mergulhar na Vontade de Deus e, realizar a nossa parte para que tal Vontade se cumpra da melhor forma possível.   Isso, José soube fazer.

Peçamos a Deus que abençoe a nossa Igreja espalhada no mundo, sobretudo no dia de hoje quando celebramos São José, Esposo de Maria e, inauguramos uma nova etapa em nossa história com o Pontificado de Francisco.   Que São José possa interceder por todos nós e, juntos, possamos dar respostas positivas ao nosso Deus que conta conosco para ver acontecer em nosso mundo, a Sua Santa Vontade!

Uma boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

quarta-feira, 13 de março de 2013

"V Domingo da Quaresma: Não fiquemos presos ao Passado pois Deus é o PRESENTE de nossas Vidas!" - 17 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Em primeiro lugar quero manifestar a minha enorme alegria com a eleição de nosso Novo Papa: Francisco I.   Longe de tudo que se especulou nos últimos dias, o Espírito Santo e o Colégio de Cardeais acharam por bem, colocar à frente de nossa Igreja no Mundo, uma "História Nova": primeiro Papa Latino-Americano, primeiro Papa da Companhia de Jesus (Jesuítas) e, primeiro Papa que escolhe o nome de FRANCISCO!   Tudo isso pode ser sinal de novidades no seio da Igreja: uma Igreja mais amorosa, acolhedora, POBRE, SIMPLES e SERVIDORA!   Os primeiros comentários sobre a vida do Novo Papa dão conta de ser ele uma pessoa de hábitos muito simples: prepara as próprias refeições e andava de metrô em Buenos Aires, na Argentina aonde era Cardeal!   Suas primeiras palavras e gestos demonstraram o desejo de estar à serviço da Igreja: Inclinar-se para receber as orações do Povo que estava na Praça de São Pedro e, também, as orações do Mundo que acompanhava o momento nos diversos Meios de Comunicação foi, simplesmente, o MÁXIMO!   Desejou, em suas primeiras palavras, o desejo de transformar a Igreja numa COMUNIDADE DE IRMÃOS E IRMÃS, AONDE O AMOR SEJA O SENTIMENTO PREDOMINANTE!   Rezemos, amados irmãos e irmãs, para que o Espírito Santo aja na vida e no coração do nosso Novo Papa e que ele consiga, não obstante as dificuldades internas e externas da Igreja, conduzi-la pelos Caminhos do Evangelho!

Dito isso, acredito que podemos, não iniciar mas continuar, a nossa reflexão da Palavra de Deus desse V Domingo da Quaresma.   Falo "CONTINUAR A REFLEXÃO" porque a mensagem deste Domingo é, exatamente, essa abertura que devemos ter para com o Novo de Deus que exige de nós todos (as) um certo Desprendimento do Passado!   Vejamos:

A Primeira Leitura (Is 43, 16-21) nos apresenta a fala do Profeta do Isaías ao Povo que, vivendo a experiência do Exílio na Babilônia, se questionava sobre o Poder de Javé que fizera coisas extraordinárias no passado (época da Libertação do Egito - do Êxodo) mas, em contrapartida, parecia ter perdido a força ou a vontade de repetir tais feitos no presente.   A essa lamentação, a esse questionamento do Povo, Javé responde com as Palavras da Primeira Leitura da Santa Missa de hoje: num primeiro momento, Javé se coloca como Aquele que, no passado fez coisas extraordinárias para o Povo ao libertá-lo da escravidão egípcia e, ao mesmo tempo, pede ao Povo - agora exilado na Babilônia - que não fique preso a tal passado pois Ele (Javé) está para fazer coisas ainda maiores, coisas Novas: abrirá estradas no deserto e fará correr rios em terra seca!   Se, no passado, a travessia do deserto foi marcada pela manifestação do Poderio de Javé, a Nova Travessia será ainda maior!   Tudo que existe no deserto louvará o Senhor pois o Povo que o atravessará pertence a Javé que o escolheu para Si afim de cantar os Seus Louvores!

Ouvir essa Leitura do Profeta Isaías nesse momento da Quaresma (reta final) e nesse momento da Igreja (Eleição do Novo Papa) nos enche de alegria, de esperança e nos entusiasma a todos (as): se no Passado Deus foi benevolente, amável, misericordioso com o Seu Povo, os Tempos Presentes reservam muito mais!   É só ficarmos atentos aos Sinais e não nos perdermos em situações que já não contam mais porque fazem parte do Passado!   É preciso saber aprender com o Passado para não repetirmos os mesmos erros mas, a Vida é um DOM que Deus nos oferece Hoje, AGORA, JÁ!   Não percamos a oportunidade que Ele (Deus) nos dá nesse momento: deixemos de saudosismos baratos (passado) e preocupações inúteis (futuro) e nos apeguemos àquilo que, de fato, temos: O AGORA, o JÁ e não percamos tempo para percebermos e agradecermos a manifestação da Bondade e do Amor de Deus que são oferecidos a TODOS (AS) nós nesse exato momento!

É essa ideia que temos, também, expressa no Evangelho de hoje (Jo 8, 1-11): um texto que mais parece com o modo peculiar de Lucas mas que nos é apresentado por João!

Num primeiro momento, vemos Jesus que, após ter passado a noite no Monte das Oliveiras (provavelmente rezando), volta ao Templo e o Povo se reúne para escutá-Lo e aprender d'Ele.   Em meio a essa situação - que era corriqueira na Vida de Jesus -, surge algo inesperado:   a "Comitiva Defensora da Moral e dos Bons Costumes" formada por Fariseus e Mestres da Lei que, não sabia fazer outra coisa que não ficar na espreita da vida alheia para pegar alguém em flagrante delito (algo que pudesse ser usado contra a própria pessoa, no sentido de expô-la como alguém que não "vivia os Mandamentos", apresenta o seu troféu, conquistado naquela madrugada: uma mulher apanhada em flagrante adultério e, de acordo com a Lei, tal pecado deveria ser causa de morte por apedrejamento!   Eu fico imaginando a situação: imaginem só, essa Comitiva andando pelas madrugadas, nos esconderijos, nos recantos mais recantados da cidade, em busca de suas presas... pois, não podemos imaginar que tal pecado seja cometido durante o dia e em locais de alta circulação de pessoas, não é?   Esses defensores da Moral e dos Bons Costumes têm sede e fome, não da prática do Amor mas, ao contrário, da esculhambação da Vida do Outro (a) pois, somente assim, eles poderiam se ver livres das especulações com relação às suas próprias vidas!

Porém, no meio disso tudo, o que tais pessoas não sabiam é que Jesus, Verdadeiramente Filho de Deus e, portanto, o único capaz de manifestar a Verdadeira Identidade do Mesmo, não compactua com as suas práticas - aliás, diga-se de passagem - práticas essas respaldadas na ideia de Deus que eles haviam formulados em suas cabeças ocas. 

Levam a "adúltera" para ser "julgada" por Jesus.   Desejam ouvir, da boca de Jesus, a confirmação da Lei Mosaica que ordenava o apedrejamento de tais mulheres.   Queriam apanhar Jesus em algum falsete contrário à Lei.   O gesto de Jesus, após a apresentação da mulher, é enigmático: Se abaixa e começa a escrever no chão!   O que significaria tal gesto?   Há quem diga que Jesus estivesse tomando um ar, querendo ganhar tempo ou, qualquer coisa do tipo...   Há outros que dizem - e, eu prefiro essa possibilidade, particularmente - que Jesus começou a escrever no chão os nomes dos presentes com seus respectivos pecados que não tinham, até o momento, vindos à baila, isto é, à público e, por isso tais pessoas se sentiam melhores que a mulher em questão e, pior ainda, se sentiam no direito de pedir a sua condenação máxima!   Ora, na semana passada percebemos que o desejo de Deus é que o Filho volte à sua Casa são e salvo e não que seja morto pois, ao contrário do que se pensa, Deus é Misericórdia, Deus é Amor!   Como é difícil para a Comitiva Defensora da Moral e dos Bons Costumes entender e aceitar tal Verdade sobre Deus... Há, aqui, necessidade de muita Conversão Sincera do Coração e, infelizmente, isso é muito difícil e complicado!   Enxergamos o defeito do outro mas, em contrapartida, não somos capazes de reconhecer o próprio defeito que condenamos no outro presente em nós mesmos...   Isso é horrível!   Somente um Encontro Pessoal com o Senhor poderá nos fazer ABRIR OS OLHOS VERDADEIRAMENTE!    

"Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra!"   Que belas e sábias palavras essas de Jesus...   Tantas quantas forem as vezes que as leio e as recordo mais fico emocionado!   Essas são palavras tão profundas, tão reveladoras da "mesquinhez" e "mediocridade" humanas que nos deixam estupefatos, não acham??????????   Dito isso, Jesus voltou a escrever no chão!   Quanta serenidade diante de um fato, aparentemente, tão complicado...

O Evangelho diz que, ouvindo o que Jesus acabara de dizer, um a um foi saindo, a começar pelos mais velhos e, Jesus ficou sozinho com a a mulher!   E agora?   O que será que Jesus fará?   Chamará a atenção da mulher?   Pedirá que se explique?   Exigirá dela, em primeiro lugar, a Conversão ou a aceitará do modo como ela está e, dessa forma, produzirá em seu coração o desejo de mudança?    Qual será a técnica que o Senhor utilizará nesse caso em específico?

Surpreendentemente, Jesus pergunta: Mulher, onde estão eles?   Ninguém te condenou?   Ao que a mulher respondeu: Não!   O que acrescentou o Senhor: eu também não te condeno!   Podes ir e, de agora em diante não peques mais!   Que maravilha essa fala de Jesus, sobretudo nesse Tempo da Quaresma!   Suas Palavras demonstram que a sua missão não está em condenar o pecador mas em promover com ele uma experiência nova, experiência de Amor que o faça perceber que somente n'Ele a vida encontrará sentido pleno, encontrará felicidade!   O Encontro com o Senhor transforma as pessoas de dentro pra fora e, isso é Conversão Sincera de Coração!   É isso que aconteceu com o Apóstolo Paulo!

Na Segunda Leitura ( Fl 3, 8-14) temos o testemunho do Apóstolo Paulo: tudo é perda diante da vantagem de conhecer Cristo Jesus.   Perder TUDO é lucro pois TUDO diante d'Ele é Lixo.   É o Seu Amor que Converte e não a prática da Lei pura e simples!

Que Deus, em Seu Infinito Amor nos conceda a Graça de nos Encontrarmos verdadeiramente com Ele nessa Reta Final da Quaresma e, a partir daí, aderirmos ao Caminho de Conversão que nos é proposto!   Assim seja!

Boa Celebração para Todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

sábado, 9 de março de 2013

"IV Domingo da Quaresma: Experimentar o Amor Infinito e Incondicional de Deus promove a Resposta de Conversão Sincera no Homem/ Mulher!" - 10 de Março de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Celebramos, hoje, o IV  Domingo da Quaresma e, neste Domingo podemos contemplar e experimentar - pelo menos como uma espécie de "aperitivo" - as alegrias que, em plenitude, experimentaremos com as Celebrações da Páscoa.   Hoje, somos convidados a nos envolvermos com aquela verdade maior e principal que poderá nos proporcionar a verdadeira adesão ao Projeto de Vida que o Senhor nos apresenta: o nosso Deus nos AMA com um AMOR INFINITO E INCONDICIONAL e, nos aguarda, como PAI MISERICORDIOSO, para nos ACOLHER EM SEUS BRAÇOS!

A Palavra de Deus da Liturgia de hoje quer nos apresentar o quanto Deus nos aguarda, o quanto Ele nos espera para fazer uma festa e nos recolocar na posição de filhos e filhas novamente.

A Primeira Leitura (Js 5, 9a.10-12) nos apresenta o cumprimento de uma parte da promessa e o começo de uma nova etapa na vida do Povo de Deus.   A chegada à Terra Prometida é a manifestação de que o Senhor tirou de cima do Povo o opróbrio do Egito!   A chegada se dá da mesma forma da saída: celebrando a Páscoa = Passagem da Terra da Escravidão para a Terra da Liberdade ou da Morte para a Vida.   Celebrar a Páscoa é sinal de reconhecimento da mão estendida e braço forte com os quais Javé os libertou da escravidão egípcia.   No dia seguinte à Páscoa, a terra ofereceu seus frutos e, a partir daí, o maná parou de cair pois não havia mais necessidade daquele alimento misterioso que serviu no período do deserto.   Sem qualquer trabalho da parte do povo, a terra oferece seus dons e, aqui, entendemos, mais uma vez, a Leitura do I  Domingo da Quaresma que nos apresentou a Profissão de Fé do Povo Hebreu (vide comentário à Primeira Leitura do I Domingo da Quaresma, texto do Deuteronômio).

Na verdade, essa Leitura nos prepara para a grande revelação divina que o Evangelho de hoje nos apresenta e que nas duas últimas duas semanas nós viemos refletindo: Javé é o Deus que propõe a Aliança, busca o Ser Humano para fazer o Pacto com ele e, se compromete a ser FIEL mesmo que esse Ser Humano não o seja e não se comprometa com tal Aliança!   Deus não é Deus Fiel por conta do que possamos fazer mas permanece FIEL para que sejamos alguma coisa melhor!   Ele (Deus) não aguarda sermos bons, santos, justos para nos aceitar como seus filhos e filhas mas, nos aceita como somos para que sejamos, a partir do Encontro Pessoal com Ele, bons, santos e justos.

O Texto Evangélico de hoje, é uma prova do que acabamos de dizer acima.   São Lucas, escritor que destaca, entre outras coisas, a MISERICÓRDIA com uma das principais características de Deus, tem no capítulo 15 do seu Evangelho, o coração deste Livro Sagrado.   Em Lc 15 temos as três parábolas da Misericórdia: da ovelha perdida, da dracma perdida e a do Filho Pródigo ou do Pai Misericordioso (talvez o nome mais adequado seja este último).   Na Liturgia de hoje temos, somente a terceira: do Filho Pródigo ou Pai Misericordioso (Lc 15, 1-3.11-32).   No texto em questão, alguns pontos nos chamam a atenção.   Vejamos:

a) Introdução Geral às três Parábolas (15, 1-3): é importante perceber que nesta introdução o Senhor nos mostra para quem Ele conta as Parábolas, isto é, a quem Ele deseja atingir, a quem quer falar de modo especial e, ao contrário do que imaginamos, as Parábolas são contadas para chamar a atenção dos Fariseus e Mestres da Lei que criticavam a postura de Jesus ao se misturar com pecadores e publicanos.   Portanto, o texto não existe para chamar a atenção dos pecadores, para que se convertam mas, ao contrário, existe para chamar a atenção daqueles que se pensam justos, bons e santos para que se convertam da ideia errada que possuem de si mesmos.   A introdução nos revela que Jesus não está se dirigindo aos pecadores com os quais está convivendo mas, Ele se dirige àqueles que, por se pensarem melhores que os pecadores, possui um pecado maior que aqueles que eles condenam.

A Parábola do Filho Pródigo ou do Pai Misericordioso quer tocar no coração desses pseudos bons, justos e santos que, a todo tempo e lugar, contaminam a vida da Igreja; pessoas que se pretendem melhores que as outras por cumprirem, minunciosamente, a letra da Lei mas, em contrapartida, deixam lado o Espírito da mesma que, no fundo, é o que conta; pessoas que pensam ser mais que as outras e, por conta disso, se acham mais merecedoras das benesses que o Senhor tem para oferecer.   No fundo, essas pessoas não aderiram ao Caminho de Conversão pois, ainda, não fizeram um Encontro Pessoal com o Senhor mas, continuam amarradas à ideia mesquinha e ordinária que, ao longo de suas pretensas vidas religiosas, foram formando de Deus: um "deus" feito à imagem e semelhança delas mesmas e, portanto, com as mesmas mesquinharias e incapacidades para Amar de forma gratuita e generosa.

b) O Homem com seu filho mais novo: a história de Jesus revela um homem que tem dois filhos.   Na verdade, mais que dois filhos, esse homem - que representa o próprio Deus - tem nos filhos dois tipos de comportamentos: um comportamento representado no filho mais novo e outro no filho mais velho.   Nessa parte da história, vejamos o comportamento do filho mais novo: este é impulsivo, tem a figura do pai como alguém que lhe poda a própria vida, pensa que a casa do pai é ruim pois cerceia a sua liberdade e, pede ao pai um absurdo: "Dá-me a parte da HERANÇA que me cabe!"   Ora, a herança é algo que só é repartida quando o verdadeiro dono dos bens morre.   Na verdade, a herança é algo que recebemos de graça pois não fizemos nenhum esforço para amealhar aqueles bens que, pelo simples fato do seu verdadeiro dono ter morrido, cai em nosso colo 'de bandeja", "gratuitamente".   Mas, o pai - que AMA os filhos - resolve atender ao pedido, sem pé nem cabeça, do filho mais novo e divide a herança em vida com os dois herdeiros.   Quem AMA verdadeiramente, RESPEITA A LIBERDADE DO OUTRO MESMO QUE ISSO SEJA UM ABSURDO!

c) Saída do filho mais novo da casa do pai: de posse da herança que lhe foi dada, o filho mais novo vai para longe da casa do pai pois desejava, ardentemente, viver livremente, sem que houvesse quem lhe dissesse o que fazer, quando fazer e como fazer.   Geralmente, o que não foi batalhado para se ganhar, se perde fácil: Tudo que vem fácil, vai fácil!   É isso que parece ocorrer com o filho mais novo: desconhecendo a dificuldade de se acumular os bens - pois foi herança e, como tal, resultado do esforço, único e exclusivo do pai - gasta tudo, de repente, numa vida desenfreada!

d) Os bens acabam e a vida fica difícil: como diz o ditado - "Miséria pouca é atrase de vida" - após perder os bens, ainda sobreveio uma fome na região aonde o filho mais novo se encontrava e, ele começou a passar necessidade.   Parece que agora o filho mais novo irá compreender como as coisas não são fáceis e, compreender como pai teve que batalhar para acumular os bens que ele esbanjara.   Agora, terá que trabalhar!   A situação está tão complicada que, o único serviço encontrado foi cuidar dos porcos (lembre-se que a parábola esta sendo contada para os fariseus e mestres da lei, judeus piedosíssimos e, para os mesmos, o porco é um dos animais mais impuros que existe e, não se pode manter contato com os mesmos pois a sua impureza passaria para eles mesmos!)   

Ora, aquele filho mais novo, que tinha TUDO DE GRAÇA NA CASA DO PAI, agora se vê numa situação mais do que catastrófica: pois queria matar a própria fome com a lavagem dos porcos mas, nem isso lhe davam.   Isso significa que aquele filho foi reduzido a uma posição inferior ao do animal - o porco, no caso - mais impuro para a cultura judaica.   Isso é demais!!!!

e) Tomada de consciência do filho mais novo: nesse momento, o filho mais novo - agora reduzido a algo pior que porco - cai em si: na casa de meu pai até os empregados têm pão com fartura e eu aqui morrendo de fome!   A lembrança da Vida Boa que, diga-se de passagem, ele havia recusado, renegado e desejado deixar para viver a própria vida, desperta tal filho para aquilo que perdera.   Isso nos faz pensar que não houve um processo de conversão sincera do coração desse filho mas, ao contrário, o que houve foi a percepção de que havia perdido uma "Boa Vida" e, mais ainda, que lhe era oferecida "de graça", "sem trabalho", "sem esforço" única e exclusivamente, por conta do AMOR INCONDICIONAL E INFINITO DO PAI!   O filho mais novo ensaia um retorno e algumas palavra comoventes para tocar o coração do pai pois, quem sabe?, o pai permitiria que ele ficasse em casa como, pelo menos, um empregado!

f) O filho toma a decisão de voltar: com o desejo de tocar o coração do pai de modo que o aceitasse como um dos empregados, o filho inicia o seu caminho de volta.   O que o filho não sabia é que para o pai, o filho jamais deixa de ser filho e, portanto, jamais será tratado como um empregado.   Isso está fora de cogitação!   O pai não ama o filho porque tem um "comportamento" que se espera de filho; o pai não ama o filho porque o filho é bonzinho mas, porque Ele é PAI e, como tal, não pode ter outra relação com o filho que não esta: de Pai!   Os filhos deveriam tomar consciência disso pois, assim, evitariam muitos desgostos e contratempos para eles mesmos!

g) O Encontro com o pai: mesmo que admitíssemos a possibilidade da conversão do filho, o Encontro com o Pai revela que o mesmo (Pai) não está preocupado nas motivações que levaram o seu filho de volta.   A única coisa que importa, para o pai, é que o seu filho voltou são e salvo!   Todo o resto é resto!!!!

O pai o avista vindo ao longe e o reconhece (só um pai preocupado com o filho que partiu e não deu mais notícias, é capaz de reconhecê-lo ao longe - não nos esqueçamos que a vida desenfreada e difícil deve ter produzido marcas terríveis na vida do filho e o deixado desfigurado).   O filho que saiu rico de casa, volta sem nada: vestido de trapos, sem sandálias e sem o anel!   O pai corre ao encontro do filho e, importante ressaltar, ao ser coberto de beijos e ser abraçado pelo pai que teve compaixão, o filho começa a falar o que havia ensaiado para dizer mas, a última frase "trata-me como a um dos teus empregados" o filho não tem tempo de dizer pois é interrompido pela ordens que o pai dá aos verdadeiros empregados: Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho.   E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés.   Trazei um novilho gordo e matai-o.   Vamos fazer um banquete.   Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado!   Que belo texto este: revelação do AMOR INFINITO E INCONDICIONAL DO PAI PARA O QUAL O FILHO NUNCA DEIXA DE SER FILHO!   É essa experiência que provoca a Verdadeira Conversão: o Amor Infinito e Incondicional do Pai que não está preocupado com aquilo que o filho fez mas, ao contrário, deseja que o filho retorne, o quanto antes, para os seus braços!

h) O filho mais velho: para fazer o contraponto com a postura do filho mais novo, a parábola fala de um outro filho, ou de um outro tipo de comportamento do filho: aquele que nunca deixa a casa do pai, mas, em contrapartida, parece não ter compreendido que a casa do pai não é a casa de um patrão - como, aliás, havia pensado o filho mais novo.   Ao voltar do campo, ouvindo barulho de música e dança e, ao descobrir que o motivo de tanta festa era o retorno do seu irmão, o filho mais velho não gosta.   Ao contrário: fica com raiva e não quer entrar!   Se sente injustiçado pois nunca saiu da casa do pai e o pai faz festa para o outro que foi embora e o deixou sozinho!

i) O pai e o filho mais velho: o pai quer que os filhos se amem e se queiram bem mas, nem sempre isso acontece pois os filhos que se consideram bons pensam que merecem mais dos pais do que os outros que não foram tão bons quanto eles.   A concepção desses filhos é que o pai deveria amar na medida do comportamento de cada filho.   O que tais filhos não compreendem é que para o pai não é possível ser de outro jeito, fazer de outra forma que não do jeito de pai e ponto final.   O pai argumenta com o filho mais velho que, em contrapartida, argumenta também e, o texto termina, deixando em aberto a ação do filho mais velho: não se afirma que ele entrou na festa ou que ficou do lado de fora!   Talvez isso seja de propósito para que cada um (a) de nós possamos nos colocar no lugar desse filho mais velho e podermos oferecer a resposta: "Entraríamos ou não?"   ou melhor: "Entramos ou não?"   A certeza é que o pai não irá mudar o seu jeito e suas ações de pai por conta de pirraças de filhos que não compreendem ou não querem compreender que o seu AMOR É INFINITO E INCONDICIONAL!

Por fim, a Segunda Leitura (2 Cor 5, 17-21) vem coroar essa nossa reflexão: Está em Cristo é tornar-se uma criatura nova e, tudo isso é dom de Deus que, em Cristo, nos reconciliou Consigo!   Deus, o Pai, que nos ama com o amor do pai do evangelho de hoje, é capaz de tudo para nos ter do seu lado, para re-estabelecer a harmonia da convivência conosco: em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação!   

Que bela notícia a Palavra de Deus nos oferece nesse IV  Domingo da Quaresma!

Peçamos a Deus que nos ajude a fazer, cada dia mais, a experiência com o Seu Amor Infinito e Incondicional e, desse jeito, possamos aceitar os irmãos que, por qualquer motivo, tenham se afastado da Casa do Pai!

Que Deus nos ajude hoje e sempre!   Assim seja!

Boa celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares



sábado, 2 de março de 2013

"Compreendendo a Aliança entre Deus e os Homens para podermos vivê-La com maior Empenho e Perfeição!" - 02 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Encerramos a Segunda Semana da Quaresma e, durante toda a semana a Palavra de Deus que nos foi proposta veio no sentido de nos conduzir a uma maior compreensão do que é a Aliança que Javé fez com Abrão e, como podemos vivê-La mais plenamente em nossas vidas, em nosso cotidiano.

Na medida em que a semana foi passando, fomos percebendo alguns pontos que são extremamente importantes, sobretudo para o nosso Trabalho Pastoral em nossas Comunidades.   Gostaria de mencioná-los aqui para que cada um (a) de nossos seguidores (as) pudesse refletir e, dessa forma, vivenciar tal Aliança mais plenamente.

Um primeiro ponto que me chamou atenção foi: A Aliança é uma iniciativa e uma proposta divinas!   Na verdade, não é o Homem quem corre atrás de Deus mas, ao contrário, é o próprio Deus quem corre atrás do Homem e lhe propõe a Aliança.   Desde o pecado original, a História da Salvação demonstra que, começa ali, uma busca desenfreada de Deus por esse homem e essa mulher que, por conta da adesão ao pecado, se afastaram da presença d'Ele.   Deus age dessa forma por ser, essencialmente, Amor  e, por conta disso, todas as suas ações estão perpassadas, permeadas por tal sentimento e, nada que Ele faça possa vir com a marca de algo que desminta tal essência amorosa.

Um segundo ponto, é a compreensão de que por conta do Amor Infinito de Deus, que O faz tomar a iniciativa da Aliança, o nosso Deus não está, sequer preocupado em saber que o Homem será ou não será fiel.   O texto bíblico de Gn 15, de onde saiu a Primeira Leitura do II Domingo da Quaresma desse ano, nos revela isso: Abrão não passa entre os animais esquartejados e, mesmo assim, Javé, em forma de fogo que desce do céu, passa e consome os animais.   Tal fato nos faz compreender que, apresar de não ter feito o pacto com Javé, Javé faz o pacto com Abrão e, dessa forma, será d'Ele o compromisso de Fidelidade.   Dali para frente, todas as vezes que houver a Lembrança da Aliança entre o Povo de Deus, o argumento que será utilizado pelos mediadores entre Javé e o Povo, será a Fidelidade que Javé prometeu que teria e, como Isaías 55 diz: Javé não volta atrás na Palavra dada pois Ela (Palavra de Javé) é como a chuva e a neve que descendo do céu não volta para lá sem cumprir a missão que lhes são própria.

A compreensão desses dois pontos, a meu ver, são fundamentais para a nossa vivência da Fé.   Por muito tempo, o nosso trabalho pastoral, esteve muito mais marcado pela apresentação de um "deus severo, castigador, que obriga as pessoas a se voltarem para ele caso desejem receber dele as benesses, as graças.    Isso, na História da Salvação, nos foi apresentada por um tipo de teologia (estudo sobre deus) designada como Teologia da Retribuição.   Nesse tipo de teologia, deus nos é apresentado como aquele que não age mas, ao contrário reage.   Em outras palavras: deus não toma a iniciativa mas aguarda as ações do Homem para que possa reagir de acordo com aquilo que viu nas ações humanas.   Dessa forma, o deus da teologia da retribuição é aquele que manda bênção e graça para os bons e maldição e desgraça para os maus.

Ora, essa compreensão de deus que, diga-se de passagem, ainda está muito presente em nossos dias, não deixa espaço para a Gratuidade do Amor de Deus como nos é apresentado na Aliança que Javé fez com o Povo.

Baseado nessa teologia, os nossos trabalhos pastorais, em muitos momentos, estiveram e estão marcados, por uma imagem deturpada de Deus.   Partimos da ideia de que o ser humano necessita apresentar, com a vida que leva, motivos que levem Deus a olhar para ele.   Se o ser humano não estiver bom, deus não o aceitará.   No entanto, pelos estudos realizados da Palavra de Deus durante essa Semana, podemos perceber que o caminho não esse: o caminho é o contrário!   O ser humano é quem reage ao Amor Infinito de Deus.   Na relação Homem - Deus, a iniciativa é Divina e o Homem responde; as ações humanas são ações segundas; não somos nós que movemos Deus em nossa direção mas, é Deus quem nos atrai para Ele com o Seu Amor Infinito.   O trabalho pastoral da Igreja necessita mudar o seu ponto de partida: no lugar de apresentar Deus como Aquele que espera o Ser Humano ficar bom para abençoá-lo, apresentar Deus como Aquele que abençoa o ser humano para que ele fique bom.   Isso parece, apenas, um trocadilho de palavras mas, não é!   A diferença aparente e mínima da ideia faz toda a diferença na vida concreta de nossa fé.

É preciso compreender que a Conversão Verdadeira não pode ser produto do medo, do temor de um deus que pode castigar caso eu não seja do jeito que ele quer.   Ao contrário: a Conversão Verdadeira é produto da experiência que o ser humano é capaz de fazer com Deus que o ama para além daquilo que Ele venha a ser ou fazer, ou que tenha sido ou feito.   Na verdade, Deus não espera que sejamos bons para nos aceitar mas nos aceita para que sejamos bons!

Acredito que os nossos trabalhos pastorais produzirão muito mais frutos se conseguirem promover o encontro de cada um (a) com esse Deus que é, acima de tudo, Amor.   Quando formos capazes de fazer o homem e a mulher sentirem o Infinito Amor de Deus por eles, no mínimo, eles se sentirão motivados a buscar fazer, cada vez mais, essa mesma experiência.

Sentir-se necessitado e não merecedor da bênção divina mas, ao mesmo tempo compreender que Deus, mesmo assim, abençoa e nos acolhe, faz toda diferença em nossa vida pessoal e comunitária!

Que Deus nos ajude nessa Quaresma a fazer um Encontro Pessoal com Ele e, assim sendo, possamos compreendê-Lo melhor e refleti-Lo em nossas vidas!   Assim seja!

Boa Reflexão!

Pe. Ezaques Tavares