terça-feira, 19 de março de 2013

"Solenidade de São José, Esposo de Maria: Modelo de Abertura aos Sonhos de Deus!" - 19 de Março de 2013

Querido irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Quebrando o clima quaresmal, celebramos, hoje, com toda a Igreja, a Solenidade de São José, Esposo de Maria.   Esta é uma ocasião para refletirmos sobre a importância deste homem para a realização do "sonho de Deus para a humanidade" e, dessa forma, podermos nos perguntar como cada um (a) de nós poderíamos dar a nossa colaboração nessa aventura de ver acontecer os projetos de Deus em nosso mundo, em nosso meio.   Hoje, também, acompanhamos emocionados e cheios de esperança, a Santa Missa que inaugurou, oficialmente, o Pontificado de Francisco.

A Palavra de Deus dessa Solenidade quer nos apresentar Jesus como o verdadeiro descendente de Davi e, portanto, aquele que veio estabelecer o Reino que não terá mais fim.   É, aqui, que perceberemos - de modo muito especial - a importância de José nessa história.

A Primeira Leitura (2 Sm 7, 4-5a.12-14a.16) nos apresenta a preocupação de Davi - já idoso e, portanto, percebendo a proximidade de sua morte, de seu fim - com a Arca da Aliança  que, apesar de todo o esplendor do seu reinado, ainda permanecia debaixo de uma tenda como nos tempos do deserto.   Davi, um belo dia, amanhece e percebendo-se morando num palácio de cedro e a Arca da Aliança depositada debaixo de uma tenda, acaba percebendo a discrepância e, sente o desejo de construir uma Casa para Deus, um Templo parecido com o seu palácio.   Ele (Davi) conta seu desejo ao Profeta Natã que, num primeiro momento, o incentiva a fazer tudo o que o coração do rei estava mandando.   Porém, na mesma noite, a Palavra de Deus foi dirigida ao Profeta e, é essa Palavra que temos como texto da Primeira Leitura da Santa Missa de hoje.   Javé não aprova a construção de uma casa para Ele pois, afinal de contas, todo o Universo lhe pertence e, "que casa será esta que Davi lhe construirá?"   Deus não quer casa alguma construída por mãos humanas pois não deseja se tornar "prisioneiro" dos humanos.   Na verdade, não será Davi quem lhe construirá uma casa mas, será Ele (Javé) quem construirá uma casa para Davi e, essa sim, durará para todo o sempre.   Às preocupações do rei, Deus responde com a promessa de um Reino que não terá fim e, suscitado por um seu descendente.

Ora, sabemos que, historicamente, a Dinastia Davídica não foi lá grandes coisas.   Na verdade, poucos reis foram capazes de viver e fazer valer a vontade de Deus no meio Povo.   A grande maioria dos reis foi infiel, presunçosa e, acima de tudo, usou o poder em benefício próprio não se colocando como Servo do Senhor para cumprir a Sua Vontade.   Não é à toa que, em 587 a.C., o Império Babilônico, liderado por Nabucodonor, invadiu a cidade de Jerusalém, devastando tudo, matando muitos e, levando escravos aqueles que sobraram da fatídica desventura.   Esse foi um acontecimento trágico para Israel que começou a se perguntar se Deus não o teria abandonado.   Mais ainda: como ficaria a Palavra de Javé a Davi, proclamadas na Primeira Leitura da Celebração de hoje?    Será que Deus havia se esquecido?   É aqui que começa um pensamento, que foi crescendo no meio do Povo, de que o próprio Deus, um dia, viria para governar o seu povo, visto que os seus representantes não lhe foram fieis e só conduziram o Povo para ruína.   A ideia de um Messias que inauguraria um Reino que não teria fim, começa a ganhar força.

Esse rei, capaz de inaugurar um reino que não tem fim e que seria fiel à vontade de Javé, nós o vemos chegar em nosso meio na pessoa de Jesus.   É essa ligação de Jesus com o rei Davi que coloca José como uma das personagens de grande destaque para a História da Salvação.

O Evangelho de hoje (Mt 1, 16-18-21.24) nos apresenta essa relação Jesus - José - Davi ao narrar o Anúncio do Anjo a José.   Diferentemente de Lucas - que nos apresenta a Anunciação do Anjo a Maria -, em Mateus, temos a narrativa da Anunciação a José e, dessa forma, o Evangelista quer nos apresentar Jesus como aquele que descende de Davi e, portanto, cumpre a Promessa de Javé que está na Primeira Leitura.

Sabemos que, à época de Jesus, as mulheres não podiam, pela condição inferiorizada que possuíam, transmitir o nome aos filhos.   Isso era obra, única e exclusiva, dos homens.   Não é sem motivo que Jesus, mais tarde, será taxado de "filho de Maria", o que significava uma espécie de afronta.   Ora, se em Lucas, na narrativa da Anunciação, temos a informação de que o que estava sendo gerado no ventre de Maria era obra do Espírito Santo de Deus, como ligar Jesus a Davi?   Esse impasse se resolve com a escolha de José para ser aquele que daria um nome a Jesus e, dessa forma, por ser ele (José) descendente de Davi, Jesus, também, o seria.   José, já prometido em casamento a Maria, ao descobrir a gravidez da futura esposa, resolve abandoná-la, em segredo pois não atinava qual seria o seu papel nesse projeto divino.   Queria esperar para ver o que Deus estava reservando para ele.   Na sua justiça aguarda a manifestação de Deus e, esta vem em sonho: o anjo do Senhor lhe revela que ele não deveria temer receber Maria como esposa pois o fruto do seu ventre é obra divina e, ele (José) teria um grande papel nessa empreitada pois, seria ele o responsável por dar um nome ao Filho de Deus e, mais ainda, seria ele (José) quem deveria cuidar das duas maiores preciosidades de Deus nesse mundo, a saber: Jesus e Maria!   Ao saber o que Deus lhe reservava, José fez conforme o Anjo lhe havia mandado e recebeu Maria em sua casa.

Que belo exemplo de fé temos nesse homem simples e humilde que a Igreja celebra hoje com tanta devoção.   Demonstrando uma fidelidade exemplar à vontade do Pai e, para cumprir tal vontade, um AMOR sem igual, José é posto para todos nós com modelo de virtude.   Assim como Abraão, colocado na Segunda Leitura (Rm 4, 13.16-18.22) como Pai dos Crentes porque creu contra toda esperança, José também nos apresentado como protótipo de virtude.   A sua fé também é genuína e, portanto, nos serve como parâmetro nesse Tempo de Quaresma para questionarmos a nossa própria.   A fé nos possibilita mergulhar na Vontade de Deus e, realizar a nossa parte para que tal Vontade se cumpra da melhor forma possível.   Isso, José soube fazer.

Peçamos a Deus que abençoe a nossa Igreja espalhada no mundo, sobretudo no dia de hoje quando celebramos São José, Esposo de Maria e, inauguramos uma nova etapa em nossa história com o Pontificado de Francisco.   Que São José possa interceder por todos nós e, juntos, possamos dar respostas positivas ao nosso Deus que conta conosco para ver acontecer em nosso mundo, a Sua Santa Vontade!

Uma boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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