sábado, 23 de março de 2013

"Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: A Contradição Humana que Acolhe e Condena o Autor da Vida!" - 24 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Depois de termos caminhado por cinco semanas, entramos, hoje, naquela que é considerada a "Semana Central" do nosso Calendário Litúrgico: A Semana Santa!   Durante essa semana viveremos, por meio das Celebrações, tudo aquilo que é fundamental para nossa Vivência Cristã; nessa semana, acompanhando o Senhor Jesus em seus momentos finais neste mundo, seremos conduzidos à compreensão mais plena de sua mensagem e, dessa forma, poderemos melhorar a nossa conduta de vida, de modo que consigamos ser, cada vez mais, Sinais de Sua Presença no Mundo.

Iniciamos a Semana Santa com uma Celebração que já traz no seu título uma "espécie" de contradição: Ela tem um lado festivo, de acolhimento do Senhor que, após uma longa caminhada, se encontra às Portas de Jerusalém e, ao mesto tempo e na mesma Celebração, vemos o mesmo Povo que O acolheu, gritando e pedindo a crucificação do mesmo Jesus!   As Perguntas que ficam em nós são: Por que uma Celebração com dois momentos, aparentemente, antagônicos?   O que a Igreja deseja com isso?   Por que abrir as Celebrações dessa Semana Santa com tal momento?   Que mensagem deveremos assimilar?

Tentando responder a essas questões, vamos à Palavra que nos é apresentada na Celebração.   Vejamos:

A Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor é, na verdade uma grande Celebração com dois momentos distintos: Temos um primeiro momento feito num espaço para isso reservado, aonde o Presidente da Celebração abençoa os ramos e proclama o Evangelho que relata a chegada de Jesus em Jerusalém e sua entrada na cidade, ressaltando, de modo particular, o acolhimento que o povo faz a Jesus que está chegando.   Nesse ano, nos é apresentado a versão de Lucas (Lc 19, 28-40).   Esse Evangelho nos apresenta alguns pontos importantes para nossa reflexão.

Vemos Jesus e os discípulos chegando a Jerusalém e na região de Betfagé e Betânia, Jesus já surpreende ao enviar dois dos discípulos à sua frente para apanhar um jumentinho pois Ele precisaria dele.   Em seguida há todo um aparato para a Entrada do Senhor em Jerusalém: mantos são colocados sobre o jumentinho e o povo vai colocando suas roupas e mantos pelo caminho por onde o Senhor passava.   Um acolhimento digno de um rei mas, ao se apresentar montado num jumentinho, esse rei já traz uma contradição: Ele é rei mas, um rei diferente do reis conhecidos até então!   

Essa acolhida espetacular é promovida pelo conhecimento que o povo tinha de tudo o que Jesus, durante a sua viagem, havia falado e feito em favor das pessoas.   Na verdade, há uma grande expectativa de que o Senhor Jesus entraria em Jerusalém para fazer o "Grande Final" da obra Redentora: Tomar a Cidade e colocar os Judeus em posição superiora ao Império Romano que o oprimia!    Não é à toa que o texto evangélico revela que o louvor do povo era por conta de todos os milagres que tinha visto.   As aclamações do povo são, também, reveladoras: Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!"    Uma novidade em Lucas é o fato final do pedido dos fariseus para que Jesus reprendesse tal manifestação e a resposta de Jesus: Se eles se calarem, as pedras falarão!"

Nessa primeira parte da Celebração temos um aspecto festivo porém já com alguns detalhes do que virá na segunda parte da mesma: sobretudo o jumentinho!   Na verdade, esta primeira parte revela a ideia que o povo tinha à respeito do Senhor Jesus e de sua missão: Ele irá colocar um fim ao regime de opressão que, durante séculos, o povo viveu!   O povo não sabe, ainda, quem, de fato, Jesus é e, portanto, ainda não compreendem a Sua Verdadeira Missão!   Quando o povo começa a compreender que o que Jesus faria não é o que ele (povo) queria, o mesmo povo mudará, radicalmente, de posição e, de Rei Aclamado passa a Bandido Condenado.   E, é essa mudança que veremos no segundo momento da Celebração.

Depois de uma procissão festiva, vibrante, alegre a Comunidade chega ao local preparado para a segunda parte da Celebração e, aqui, o clima festivo, cederá lugar ao clima de dor, tristeza, morte.

A Primeira Leitura (Is 50, 4-7) nos mostra um dos Cantos do Servo de Javé ou Servo Sofredor.   Nele estão contidos características que marcarão a vida do Senhor Jesus: língua adestrada para animar os abatidos, ter os ouvidos atentos à voz do Seu Senhor para aprender como Discípulo e, o que ouve do Senhor não encontra resistência na vida do Servo que, por sua vez, não volta atrás.   O Servo oferece as costas para baterem e o rosto para quem deseja arrancar-lhe a barba, além não desviar o rosto de bofetões e cusparadas.   Tudo isso o Servo suporta porque sabe que Deus é o seu Auxiliador! É Deus quem garante o ânimo e o rosto impassível como pedra do Servo.   O Servo sabe que não sairá humilhado do combate!

Esse é um belíssimo texto que revela as condições para que o Servo não sucumba diante das dificuldades que a fidelidade ao Projeto de Deus, o Senhor, oferece para aqueles (as) que a ele adere.   Jesus é o Servo por excelência e, por conta disso, viverá em sua carne, tudo que o Profeta Isaías descreve no texto proposto.   Jesus irá cumprir, até o fim, a missão que lhe foi reservado pelo Senhor.

A Segunda Leitura (Fl 2, 6-11) é um canto clássico das primeiras comunidades que descreve todo esse movimento de descida, desprendimento, aniquilamento de Jesus por Amor a cada um de nós e, a resposta que recebe de Seu Pai e Deus, que O eleva acima de tudo e todos, dando-Lhe um nome que está acima de todo nome a fim de que ao Nome de Jesus todo joelho se dobre em todo e qualquer canto: céus, terra e abaixo da terra.   Esse Jesus é o nosso modelo de Santidade, de Virtude.   É n'Ele que nós encontramos a força para suportar as adversidades e contrariedades que a fidelidade à Vontade do Pai trará para cada um (a) de nós.   Jesus, Deus que se fez Homem, nos oferece o caminho de humildade que devemos seguir para agradarmos ao nosso Pai do Céu!

Por fim, a narrativa da Paixão (Lc 22, 14 - 23, 56) que é uma espécie de síntese final da Vida de Fidelidade do Senhor Jesus à Vontade do Pai:  tudo que está descrito na Paixão é consequência da Fidelidade do Senhor Jesus à Vontade do Seu Pai.   Não há a menor possibilidade de ser Fiel ao Pai e não sofrer as consequências de tal Fidelidade.   O mundo, dominado pelo mal, não deixa barato a vida de quem a ele (mundo) se opuser.   O crente deverá saber, logo de início, que a sua vida, nesse mundo, não será nada fácil, à exemplo do Senhor Jesus que teve de morrer na Cruz para não ser infiel à Vontade do Pai e à Missão que o Pai Lhe tinha reservado.

A vida de Jesus é o modelo para a vida de todos (as) aqueles (as) que desejam, profundamente, viver as suas vidas de acordo com aquilo que Deus, o Pai, pensou para cada um (a) de nós!

Que Deus nos conceda a graça de podermos compreender cada vez mais o Mistério revelado nessa Celebração que abre a Semana Santa e, assim sendo, possamos ser mais Santos e Santas em nosso dia a dia!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaqques Tavares

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