terça-feira, 26 de março de 2013

"Sexta-Feira da Paixão: A Páscoa da Cruz!" - 29 de Março de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus! 

Dando continuidade ao Tríduo Pascal, chegamos ao segundo momento: a Páscoa da Cruz!   Nessa parte do Tríduo somos convidados a refletir a Celebração Eucarística como Sacrifício!   Se ontem, o aspecto que foi ressaltado da Eucaristia foi o da Ceia, do Banquete, hoje, o aspecto da Cruz, da Dor, do Sofrimento, da Morte, da Cruz é o que fica claro.   É bom ressaltar que os aspectos não são excludentes mas complementares.   O importante é percebê-los acontecendo em cada uma de nossas Celebrações Eucarísticas.

A Palavra de Deus dessa segundo momento do Tríduo Pascal está carregada dessa ideia de Sacrifício aceito por Amor e pela Salvação do Mundo.

Na Primeira Leitura (Is 52, 13 - 53, 12) temos o Quarto Canto do Servo de Javé ou Canto do Servo Sofredor.   Na verdade, não há contradição entre uma definição ou outra pois, ser Servo de Javé implica em estar aberto para aceitar as contrariedades que tal Serviço trará para aquele (a) que aceita tal condição pois, não há como ser Servo de Javé nesse mundo e não sofrer as consequências que tal opção traz.

No período do Exílio na Babilônia (587 a.C. à 530 a.C.), numa determinada altura desse período, vemos o Profeta anunciando a chegada de uma personagem misteriosa que teria o poder de fazer acontecer a vontade de Javé  mundo: não se sabe, ao certo, se o Profeta está falando de uma pessoa em particular, se fala do próprio povo, em sua coletividade ou de alguém que iria chegar num futuro próximo ou, até mesmo, distante.   Há uma tendência em achar que as três possibilidades podem ser corretas e, dessa forma, ora o Profeta fala de uma pessoa em particular, ora do Povo como um todo e ora, de um futuro Messias.   Talvez, isso não seja o ponto relevante da situação mas, relevante seria compreender como essa personagem (seja ela um ser particular, o próprio povo em sua coletividade ou o próprio Messias) conseguirá se tornar a causa de salvação do mundo.   E, nesse ponto, podemos retirar do Canto do Servo de Javé ou Servo Sofredor muitas lições.   Vejamos:

A primeira situação que nos chama a atenção é o fato desta personagem ser apresentada com o nome de SERVO.   Para dar conta do resgate do mundo, a personagem assume a condição de Servo e, sabemos nós, o Servo é aquele que não pode - com risco de não ser Servo - possuir voz e vez, não poder decidir sobre como irá conduzir a própria vida, não poder decidir o quê, como, quando, aonde e para quem fazer algo em especial.   Na verdade, o Servo existe em função das necessidades do seu Senhor.   Em seguida, o texto fala da ascensão do Servo mas, em contrapartida, o apresenta como alguém que sofre muito a ponto de ser apresentado desfigurado, sem aparência humana.   Reis ficam pasmados diante dessa figura que, apesar de desfigurada pela dor e sofrimento, causa espanto.   Na verdade, esse Servo, escolhido por Deus, recebe d'Ele a força para sua renovação.   A aparência desagradável, o desprezo recebido, as dores e o sofrimento que trazia faz com que o povo não consiga, sequer, olhar para ele.   

Toda essa situação vem do fato de ser ele (o Servo) o escolhido para carregar sobre si mesmo as enfermidades e dores de todos nós.   Seu sofrimento foi, em muitos momentos, compreendido como um castigo de Deus mas, na verdade a sua situação dolorosa é consequência de nossos pecados que ele carregou sobre si mesmo.   É com seu sofrimento que ele pagou, uma vez por todas, o preço de nosso resgate diante de Javé.   Ele é o cordeiro, a ovelha que é levada muda diante dos seus tosquiadores e, sequer, consegue abrir a boca para emitir algum som que seja.   Foi eliminado do mundo dos vivos e de sua vida ninguém se importou.   O seu maceramento com os sofrimentos foi a causa de nossa salvação e, dessa forma, ele (o Servo) nos fará justos novamente diante de Deus, nosso Pai: ele resgata o pecado do povo e intercede em favor desse mesmo povo.

Essa leitura relata, de forma plena, o que aconteceu com Jesus 500 anos após: o relato da Paixão do Senhor Jesus, nos revela que tudo que estava escrito à repeito do Servo de Javé ou Servo Sofredor descrito pelo Profeta Isaías, aconteceu com Jesus.   O Evangelho da Paixão (Jo 18, 1-19, 42) nos apresenta tal relação entre os textos.

Jesus é o Servo Sofredor que entregou a sua vida para que nós pudéssemos ter a nossa vida garantida novamente diante de Deus.   O seu sofrimento e a sua entrega até a morte e a morte de Cruz foi o preço que Ele teve que pagar pela nossa libertação.   Ele é o cordeiro ou ovelha levada ao matadouro sem abrir a boca para reclamar a sorte que o esperava.   Ele se sacrificou por nós.

É por conta disso que, na Segunda Leitura (Hb 4, 14-16; 5, 7-9), o autor sagrado nos apresenta Jesus como sendo aquele que tendo experimentado a nossa condição humana em tudo - menos, o pecado - pode se colocar como nosso Intercessor junto do Pai.   Ao ter-se feito homem, Jesus compreendeu as dificuldades que o ser humano tem que passar para ser fiel á vontade do Pai e, por isso, intercede por cada um (a) de nós, cada vez que d'Ele temos necessidade.   É essa certeza que nos faz ir ao encontro do Trono da Graça sem medo de sermos atendidos em nossas angústias e necessidades.  A sua obediência à vontade do Pai o fez causa de salvação para todos quantos lhe obedecem.

Quando participamos da Eucaristia é preciso ter clareza que ali, naquele momento, o Sacrifício da Cruz se renova e, mais uma vez, o Senhor Jesus se oferece com vítima de expiação de nossos pecados.   Compreender tal verdade deveria nos conduzir para uma entrega de nossas vidas - à exemplo do Senhor - pela Salvação de nossos irmãos e irmãs.    Quem assim não faz, está incorrendo em pecado e - diria eu - grave!

Que a Celebração da Paixão do Senhor nos faça compreender, mais e melhor, o sentido do Sacrifício da Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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