terça-feira, 24 de abril de 2012

"IV Domingo da Páscoa: Jesus Ressuscitado é o Bom Pastor de nossas Vidas!" - 29 de Abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Ressuscitado!

Chegamos ao IV  Domingo da Páscoa e, todos os anos, este domingo é conhecido como o "Domingo do Bom Pastor!"   Isso se deve ao fato de, todos os anos, neste domingo, nos ser oferecido um trecho do capítulo 10, do Evangelho de São João, capítulo este que aborda o tema do Bom Pastor.   Assim, no ano A refletimos o início do capítulo (Jo 10, 1-10), no ano B, que é o nosso, refletimos o centro do capítulo (Jo 10, 11-18) e, no ano C, refletimos o final do capítulo (Jo 10, 27-30).   Assim, neste domingo, o convite que nos é feito é para compreendermos que o Ressuscitado, ao oferecer a Sua Vida pela nossa Salvação provou que é o nosso Bom Pastor.   Tendo feito essa introdução, vamos aos textos da Palavra de Deus de hoje!   Vejamos:

Comecemos pelo Evangelho (Jo 10, 11-18) e, acredito que a compreensão da mensagem que o mesmo quer nos transmitir exigirá algumas informações anteriores.  O capítulo 10 de São João - de onde sai o texto de hoje - é consequência do fato ocorrido no capítulo anterior, a saber, Jo 9.   

Neste capítulo 9 vemos o episódio da "Cura do Cego de Nascença": Jesus está saindo do Templo e, do lado de fora, está um cego de nascença que, talvez, vivesse por ali pedindo esmolas, já que cegos eram vistos como "pessoas amaldiçoadas, pecadoras..."   Esta visão do cego é motivo para que os discípulos perguntem porque aquele homem era cego: "Foi ele ou seus pais que pecaram?"   E, surpreendentemente, Jesus responde que ninguém havia pecado mas, aquela situação serviria para a manifestação da "glória de Deus".   Daí, segue-se todo o episódio da cura e da discussão promovida pelas autoridades religiosas e o ex-cego, seus pais e o ex-cego de novo.   Enfim, toda esta situação - de um lado Jesus que cura e restitui a vida como vontade do Pai e, de outro, as autoridades religiosas, que "falam e agem em nome de Deus" mas, não aceitam a Vida como sua Grande Vontade!   A atitude de Jesus contrasta, de forma absurda, com as atitudes das autoridades religiosas de seu tempo.   O Templo, Casa de Deus, não estava cumprindo o seu papel de geração de vida para aqueles (as) aos quais a Vida estava sendo negada (note que o cego está FORA DO TEMPLO = NÃO PODIA ENTRAR = ERA PECADOR!)   É por conta dessa situação que vemos, no capítulo 10, Jesus pronunciar o "Discurso do Bom Pastor!"  

Na primeira parte do capítulo (refletido no ano passado - Ano A) vemos o Senhor afirmar que "Ele é a PORTA do REDIL!"   Assim sendo, quem quer ser Pastor das Ovelhas do pai deve passar por Ele.   O ladrão e salteador = que não quer o bem mas explorar o rebanho não passa por esta Porta mas busca outra passagem que não Ele.   Toda esta primeira etapa é dominada pela ideia de "Jesus como PORTA DO REDIL!"   Também é importante nesta primeira parte a menção, feita pelo Senhor de que as "ovelhas seguem o Pastor porque reconhecem a SUA VOZ = sinal de intimidade entre ambos = não seguem estranhos pois não conhecem a voz dos mesmos!"

A segunda parte (Jo 10, 11-18) - que é o nosso texto - vemos o Senhor se auto-declarar "O BOM PASTOR!"   A sua bondade não está, aqui, vinculada à Sua Mansidão, Compaixão ou coisa do tipo mas, à capacidade que o Pastor possui de "entregar a Sua Vida por conta da Vida das Ovelhas, do Rebanho!"   Esta capacidade de entregar a própria vida deriva do fato de ser Ele o DONO do Rebanho e, não, um mero CONTRATADO PARA O CUIDAR DO MESMO!   Há uma diferença fundamental entre o DONO e o EMPREGADO: enquanto um faz por AMOR o outro faz pelo dinheiro que recebe e, por conta disso, o último (empregado) só fará aquilo e somente aquilo que estiver no contrato de trabalho e, nada mais!   O empregado (mercenário), que não é DONO não se arrisca pelas ovelhas mas, na hora do perigo, foge, buscando salvar a "sua pele".   Já o DONO se arrisca pois compreende que a Sua Vida é a Vida do seu Rebanho.   As ovelhas CONHECEM o BOM PASTOR e, como falamos na primeira parte do capítulo, tal CONHECIMENTO VEM DA ESCUTA DA VOZ e, por isso, requer INTIMIDADE.   O bom Pastor oferece a Vida, livremente por Suas Ovelhas que, o texto afirma, serem as que estão no Redil e outras que estão fora do mesmo.   Por todas, sem exceção, o Bom Pastor oferece a Vida.   

Ora, vemos que tal atitude de Jesus é um contraste com a cena descrita no capítulo anterior, a saber, o capítulo 9.   Lá, víamos um cego (ovelha) que necessitava de socorro mas, as autoridades religiosa (mercenários, empregados, que não eram dono do rebanho... )não apresentava preocupação alguma.   Ao contrário: quando alguém chega e se preocupa com tal situação, isso incomoda!   Jesus, ao contrário, é a PORTA e o BOM PASTOR das Ovelhas e, por isso, não tem medo de perder a Vida pra salvar a Vida!   Isso, Ele (Jesus) faz livremente e não coagido pela força!   Aqui reside a característica do Bom Pastor!

É desse Bom Pastor que derivam as Pastorais de uma Comunidade Eclesial e, os agentes de pastoral deveriam se espelhar na figura deste Bom Pastor para que suas atividades possam produzir frutos de salvação para o mundo.   As ovelhas estão cansadas de mercenários exploradores, que sugam tudo que o rebanho possui de melhor e, na hora que o mesmo está necessitando de ajuda, de apoio... fogem, sem querer se comprometer.   A fé no Ressuscitado deve nos conduzir ao compromisso do Ressuscitado: "ENTREGOU A VIDA POR AMOR!"   

É isso que vemos na Primeira Leitura de hoje (At 4, 8-12) quando o Apóstolo Pedro, interrogado diante do Sinédrio (órgão este que levara o Bom Pastor á morte) sobre o "bem que fizeram ao paralítico", afirma que foi "em nome de Jesus, o Bom Pastor, que eles (autoridades) mataram mas que o Pai O havia ressuscitado dos mortos!"   Aqui (aleijado excluído pelas autoridades religiosas = mercenários e incluído pelo poder de Jesus Ressuscitado, o bom Pastor, que age por meio dos Apóstolos), uma semelhança perfeita com os capítulos 9 e 10 de São João (cego excluído pelas autoridades religiosas e incluído por Jesus, o Bom Pastor).   Percebemos, nitidamente, o prolongamento da Ação de Jesus, o Bom Pastor, nas Ações dos seus seguidores, os Apóstolos, agora novos Bons Pastores no Único e Verdadeiro Bom Pastor, que é o Senhor Ressuscitado!   É este Jesus, morto (rejeitado) a causa da salvação de todos (aceito pelo Pai) = "pedra rejeitada pelos homens mas aceita por Deus como Pedra Angular!"

Por fim, a Segunda Leitura (I Jo 3, 1-2) temos a notícia do "grande presente de Amor que o Pai nos deu: podermos ser chamados Seus filhos!"   Se somos filhos de Deus, devemos viver a nossa vida de modo a refleti-Lo em nós: as nossas ações, palavras, gestos ... TUDO deve trazer a MARCA do nosso Pai, assim como foi o Filho por excelência, Jesus, o Bom Pastor!

Que a Celebração deste Domingo do Bom Pastor suscite em todos (as) nós o desejo verdadeiro de revelar, com nossas vidas, a Vida do próprio Deus!   Assim seja!

Boa Celebração pra todos (as)!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

"III Domingo da Páscoa: A Vida do Ressuscitado se prolonga nas Ações dos Apóstolos!" - 22 de Abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem no Cristo Ressuscitado!

Antes de começarmos a nossa reflexão referente ao III Domingo da Páscoa, gostaria de me desculpar pela desatenção que tive ao elaborar a reflexão do domingo passado quando, sem que eu me desse conta, utilizei as leituras do Ano A (Primeira e Segunda) como base.   Na verdade, não houve alteração da mensagem pois as leituras do Ano B - as que deveriam ter sido utilizadas - também tratavam do tema proposto, a saber: a importância da Comunidade Eclesial, com seu Testemunho de Vida, para manifestar que o Senhor está Vivo!  A diferença veio na Primeira Leitura que, no Ano B trazia o Segundo retrato da Comunidade Primitiva (At 4, 32-35) e, neste texto a ênfase era colocada no espírito de partilha que dominava tais comunidades e, eu acabei refletindo o texto do Ano A (At 2, 42-47) que apresentava o primeiro retrato desta comunidade e, a ênfase estava nesta questão também e acrescentava a assiduidade dos membros na escuta da doutrina apostólica e nas orações.  A Segunda Leitura também foi modificada por mim pois refleti a do Ano A (I Pd 1, 3-9) que enfatizava a "misericórdia do Pai que, em Jesus Ressuscitado, nos fez nascer de novo para uma esperança viva, para uma herança incorruptível"   e, a leitura do Ano B - a que deveria ser - era (I Jo 5, 1-6)  e trazia a mesma ideia "quem crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus" e acrescentava a necessidade de provar tal fé pela observância dos mandamentos que não podem mais ser percebidos como "pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo".

Feita esta observação e pedindo desculpas pela desatenção no manuseio do Missal Dominical (só percebi o erro quando estava presidindo a Celebração e ouvi a Leitora anunciando a Leitura), vamos aos textos e à reflexão deste III Domingo da Páscoa (agora com os textos corretos, do Ano B, é claro!!!)

As Leituras da Palavra de Deus deste III Domingo da Páscoa (Ano B) dão sequência à reflexão do domingo passado e, continua revelando a importância da Comunidade Eclesial para suscitar a fé dos que estão fora da mesma, pelo Testemunho de Vida.   Tal Testemunho deve ser percebido pela capacidade da Comunidade prolongar com sua vida, a Vida do Ressuscitado: a ausência física do Ressuscitado deve ser compensada pela presença física da Comunidade no mundo e, para tanto, a Comunidade deve prolongar tudo o que o Senhor disse e fez!

Ora, sabemos que tal Missão não é tarefa fácil e, por isso, na semana passada, o Senhor Ressuscitado enviava a Comunidade e oferecia o Seu Espírito para garantir o sucesso da Missão (Jo 20, 21-22)

Mais uma vez, no Evangelho de hoje (Lc 24, 35-48) nos deparamos com a aparição do Ressuscitado aos seus.   O contexto da narrativa nos é familiar pois estamos na sequência do texto dos "Discípulos de Emaús".   É após o reconhecimento do Senhor ao partir o pão que aqueles dois discípulos regressam para Jerusalém, de onde haviam saído acabrunhados, tristes, decepcionados com a morte do Senhor e, se juntando aos demais, anuncia-lhes a novidade: "O Senhor está Vivo!"   Tal testemunho é confirmado pela visita do próprio Senhor (mais uma aparição).   Poderíamos nos perguntar: "Por que o Senhor aparece tantas vezes depois de sua Ressurreição?"   "Qual o sentido de tantas narrativas deste tipo nos Evangelhos?"   E, a resposta é muito simples!   Vejamos:

Sabemos que, com a Morte, Ressurreição e Ascensão do Senhor aos Céus, a Missão que fora iniciada por Ele deverá ser levada a bom termo, pelo seus discípulos.   Ora, para que os discípulos aceitem e assumam tal Missão pra valer, eles precisavam acreditar no que iriam anunciar, isto é, precisariam VIVER o que anunciariam.   Para VIVER o que anunciam somente passando por uma EXPERIÊNCIA PESSOAL COM O RESSUSCITADO (daí, a importância do relato de Tomé na semana passada - "TODOS OS MEMBROS DA COMUNIDADE DEVEM FAZER A SUA EXPERIÊNCIA COM O RESSUSCITADO POIS, CASO CONTRÁRIO, NÃO CONSEGUIRÃO DAR TESTEMUNHO" ).   É este o objetivo de tantas narrativas de aparição do Ressuscitado nos Evangelhos: Todas querem suscitar a fé na Ressurreição para a que o Testemunho seja acreditado por todos (as).   Os discípulos precisam CRER na RESSURREIÇÃO não como uma "historinha qualquer" mas como um FATO OCORRIDO VERDADEIRAMENTE.   Por isso Jesus Ressuscitado aparece, deseja a Paz, pede que toquem nas marcas da Paixão e não O confundam com um fantasma pois o anúncio não seria de um fantasma, não seria uma ficção mas, sim, uma VERDADE PARA A VIDA e, sobretudo, para a MUDANÇA DA VIDA!   O Ressuscitado COME com os Seus para provar que estava VIVO e, após a refeição recorda-lhes o que havia dito quando ainda estava no meio deles: "São estas coisas que vos falei quando estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que estava escrito sobre mim, na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos!"   E, como na passagem anterior com os Dois Discípulos de Emaús, o Senhor vai "abrindo a inteligência dos demais discípulos para entenderem as Escrituras!"   Quem não faz tal experiência, de cunho pessoal com o Ressuscitado não entenderá o real sentido da Ressurreição e, automaticamente, não terá condições para dar testemunho pois, ninguém testemunha o que não experimentou como verdade pra si!   O Evangelho termina afirmando: "VÓS SEREIS TESTEMUNHAS DE TUDO ISSO!"   Viver a Páscoa é fazer a experiência pessoal com o Ressuscitado e, na medida em que a experiência for crescendo e a verdade ficando mais clara para nós, o nosso testemunho vai se lapidando, se purificando até conseguirmos prolongar, em todos os sentidos, a vida do Ressuscitado em nós.

Foi isso que as primeiras Comunidades conseguiram fazer: os Apóstolos, que fizeram a sua experiência pascal com o Senhor, prolongam com sua vida a Vida do Senhor Ressuscitado.   Na Primeira Leitura de hoje (At 3, 13-15.17-19) vemos o discurso de Pedro quando questionado por ter feito "um paralítico andar na porta do Templo".   O Apóstolo Pedro dirá que não foi ele quem fez o milagre mas o próprio Jesus que Vivo agia nele e nos demais crentes na Ressurreição (Lembre-se: A Vida do Ressuscitado se prolonga naqueles (as) que fizeram a experiência pessoal com Ele!)   Em seu discurso, Pedro faz um contraponto entre Deus e os homens: "os homens mataram o Senhor; Deus, O Ressuscitou!   Os homens entregaram o Senhor, pediram a liberdade para um assassino, mataram o autor da vida; Deus O Ressuscitou dos mortos!"   Percebemos, aqui, o contraste entre a vontade e ação de Deus e a vontade e ação dos homens: enquanto o Primeiro está à favor da vida, os segundos, se colocam à serviço da morte!   Porém, nem tudo está perdido pois a possibilidade de mudar é oferecida a todos (as): "Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que os vossos pecados sejam perdoados!"   Eis o grande convite feitos a cada um (a) de nós neste Tempo Pascal e em toda a nossa vida!

Na Segunda Leitura (I Jo 2, 1-5a) vemos uma continuidade do assunto da Primeira Leitura: outro Apóstolo (João) escreve que "o ideal é não pecar mas, se o pecado, mesmo sem o nosso querer, acabar nos apanhando não é preciso ficar desesperado, isto é, perder a esperança pois, temos um Defensor diante do Pai, a saber, Jesus Cristo, o Justo!"   Que excelente notícia esta: "Temos uma vítima de expiação pelos nossos pecados e pelos pecados do mundo inteiro!"   Quem faz a experiência desta verdade, guardará os mandamentos e provará o seu amor por Deus!   É isto que o Tempo Pascal quer produzir em nós!   Façamos a experiência e vejamos se a Palavra de Deus não se cumpre em nós!    Fica aqui o convite pra todos (as)!

Boa e Santa Celebração pra todos (as)!



sexta-feira, 13 de abril de 2012

"II Domingo da Páscoa: A Comunidade Eclesial como Local da Manifestação do Ressuscitado!" - 15 de Abril de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Ressuscitado!

Vivemos as alegrias da Ressurreição e, neste II Domingo somos convidados a refletir sobre a Comunidade Eclesial como um Espaço Privilegiado de Manifestação do Ressuscitado e, assim sendo, devemos compreender que a ausência à mesma se torna uma falta grave pois impedirá o fiel de fazer a Experiência Transformadora da Páscoa.   Precisamos entender que a Comunidade é o local, por excelência aonde o Ressuscitado se mostra.

Assim, no Evangelho de hoje (Jo 20, 19-31) temos as narrativas das duas primeiras aparições do Ressuscitado aos seus discípulos.   Penso que seja importante perceber tais aparições narradas pelos Evangelhos como momentos importantes de experimentar o Ressuscitado pois, fazer a experiência com o Ressuscitado será o pontapé inicial para o trabalho de Evangelização que a Comunidade terá que realizar dali pra frente.

O Evangelho de hoje está dividido em duas partes que correspondem às duas aparições.   Na primeira aparição há a referência ao primeiro dia da semana, isto é, o DOMINGO e, neste caso, o primeiro domingo após a morte do Senhor na Cruz.   Estamos diante de uma Comunidade amedrontada, portas fechadas, sem esperança, sem fé ... pois a experiência - terrível, diga-se de passagem - daquela primeira sexta-feira da paixão deixara marcas horríveis na Comunidade.   Para esta Comunidade, carregada de sentimentos derrotistas, eis a grande novidade: Jesus Ressuscitado aparece!   Sua aparição ganha importância pois será após a mesma que a Comunidade resgatará a força necessária para levar a bom termo a missão que lhe está reservada: recebendo a PAZ, a Comunidade é enviada para cumprir a Missão que, antes, era a Missão do próprio Jesus!   Cumprir a tal Missão não é tarefa fácil - diria que humanamente é impossível! - e, por isso, o Senhor Ressuscitado sopra e oferece o Espírito que o levou a cumpri a Missão até o fim: "Recebei o Espírito Santo!"

Nesta primeira aparição está ausente um dos discípulos (Tomé) e a sua ausência causa um certo "desconforto" pois por não ter feito a experiência com o Ressuscitado - por conta da sua ausência - não acredita!    Sua ausência produz problemas e discussão entre os membros da Comunidade.   A ausência impede a experiência e, quem não faz a experiência não crê e, quem não crê não é enviado e, não sendo enviado, não cumpre a Missão.   Um pecado vai produzindo outros!!!!

Oito dias depois e, portanto, no Domingo seguinte, a Comunidade está reunida novamente e Tomé está presente: o Ressuscitado aparece, saúda a Comunidade e se dirige a Tomé replicando-lhe a falta de fé e afirmando que são bem-aventurados os que acreditam sem ver!

Fazer a Experiência com o Ressuscitado é a palavra de ordem neste Tempo da Páscoa pois, somente assim, a Comunidade poderá se tornar um SINAL DA VIDA NOVA que na Primeira Leitura (At 2, 42-47) nos é apresentada.   Ter feito a Experiência com o Ressuscitado transforma, por completo, a vida da Comunidade: eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos, na fração do pão, na comunhão fraterna e nas orações.   Esta Nova Vida atraía os de fora e, ao entrarem na Comunidade, colocavam tudo o que possuíam em Comum!   A Vida Prática, Concreta da Comunidade era o Grande Sinal da Páscoa!

Na Segunda Leitura (I Pd 1, 3-9) nos apresenta a Boa Nova: O Pai, em Sua Grande Misericórdia, pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, nos fez nascer de novo para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não se mancha nem murcha e que é reservada pra nós nos céus!

Que a participação de cada um (a) de nós na Celebração Eucarística, na Reunião da Comunidade, nos leve a EXPERIMENTAR o CRISTO VIVO E RESSUSCITADO e, assim sendo, possamos dar TESTEMUNHO com a VIDA DE SUA VITÓRIA SOBRE A MORTE!   AMÉM!

quinta-feira, 5 de abril de 2012

"Primeiro domingo da Páscoa: A Busca pelas Coisas do Alto!" - 08 de Abril de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem no Cristo Ressuscitado!
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Depois de uma caminhada quaresmal (40 dias) e de uma Semana Santa, iniciamos, com toda a Igreja, um Novo Tempo: Tempo Pascal!   Nas próximas 07 Semanas seremos convidados a fazer a Experiência Fundante de nossa Fé: A Ressurreição!

Neste Primeiro Domingo somos colocados frente ao sentido deste Tempo: a Ressurreição deve ser capaz de produzir em nós o desejo por viver as "COISAS DO ALTO AONDE ESTÁ O CRISTO RESSUSCITADO!"

Assim, na Primeira Leitura (At 10, 34a.37-43) temos o discurso de Pedro que, tendo feito a experiência com o Ressuscitado analisa tudo que aconteceu à Luz desta Fé: a Ressurreição!   O Apóstolo Pedro refaz a trajetória de vida de Jesus desde o dia em que foi apresentado como o "FILHO AMADO DO PAI", por ocasião do Batismo de João: Jesus foi UNGIDO (CRISTO) por Deus com o Espírito Santo; passou fazendo o bem; curou doentes e dominados pelo demônio!   O Apóstolo dá TESTEMUNHO de tudo isso e, aqui, está a missão de todos os crentes: dar testemunho com a voz e com a vida da Vida Nova que Deus, o Pai, nos conquistou pela Morte e Ressurreição de Seu Filho Jesus, o Cristo!   Experimentar o Cristo Vivo nos capacita para o Testemunho Verdadeiro e, tal Testemunho consiste no que ouvimos na Segunda Leitura de hoje.

Nesta Leitura (Cl 3, 1-4) o apóstolo Paulo nos apresenta as condições para provarmos que fizemos a experiência com o Ressuscitado: BUSCAR AS COISAS DO ALTO AONDE ESTÁ O CRISTO RESSUSCITADO!   Viver aqui na terra mas, ao mesmo tempo, não está condicionado pelas situações que marcam tal vida aqui na terra, é condição fundamental para provar a nossa Fé.   Precisamos estar atentos a tudo que é próprio do Alto, próprio de Deus.   Aspirar às coisas celestes, abandonando as terrestres é fundamental: ódio, vingança, egoísmo, prazeres mundanos ...   Somente assim a nossa vida revelará o Deus em quem acreditamos.

Para que nossa vida dê testemunho desta verdade de nossa fé é necessário fazer "VER O TÚMULO VAZIO DO DOMINGO DA RESSURREIÇÃO!"   Como as mulheres e os discípulos do Evangelho de hoje (Jo 20, 1-9) somos convidados a ir ao túmulo, vê-lo vazio e, somente assim, pela experiência, CRER e, automaticamente, DAR TESTEMUNHO DESTA VERDADE QUE ESTÁ NA RAIZ DE NOSSA FÉ!

Peçamos a Deus, iniciando este Tempo Pascal que a experiência da Vida Nova nos marque por completo e, a partir da Experiência, consigamos dar TESTEMUNHO desta VERDADE pra todos (as)!   Assim seja!


"Sábado Santo: A Páscoa da Ressurreição!" - 07 de Abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Ressuscitado!

Chegamos ao terceiro e último momento de nosso Tríduo Pascal e, nesta Noite Santa, somos convidados a percorrer a História da Salvação tentando captar a manifestação do Infinito Amor de Deus pelos seus que, mesmo diante do pecado, do afastamento, do esquecimento do povo, permaneceu fiel.   Passaremos a noite em Vigília e, para tanto a Igreja - Mãe e Mestra - nos prepara um conjunto de leituras (09 no total, com seus respectivos Salmos Responsoriais) para que possamos acompanhar a Fidelidade de Deus, por um lado e, por outro, a infidelidade do povo.   

Nesta Noite Santa, a Igreja por meio dos Sacramentos faz "Novas todas as coisas", pois o Senhor, com a sua Vitória sobre a Morte, assim o quis: é o "FOGO" que acenderá o Círio Pascal - Sinal do Ressuscitado que acompanhará a Vida da Igreja - que é abençoado no início da Celebração; é a "ÁGUA" que gerará os "NOVOS FILHOS (AS) PARA A IGREJA" e, será aspergida sobre todos (as) nós em sinal da renovação do nosso Batismo; é a "EUCARISTIA - CORPO E SANGUE DO SENHOR" que consagrada nesta Noite volta a ser o nosso Alimento e nossa Bebida para nossa Nova Caminhada.   Tudo se faz Novo porque Deus, em Jesus, o Cristo, fez Novas todas as coisas!   É a Noite do ALELUIA sem fim e da AÇÃO DE GRAÇAS a Deus pelos seus inúmeros benefícios (do passado e do presente)!

As Leituras da Palavra de Deus desta Vigília Pascal querem nos oferecer uma clara visão desta relação DEUS - SER HUMANO, revelando o Amor Infinito do Pai e o Pecado do Povo.    Vejamos:

Na Primeira Leitura (Gn 1, 1- 2,2) nos é apresentado o começo de tudo: Por Amor, o Pai, por meio de Sua Palavra, na força do Seu Espírito, CRIOU TUDO QUE EXISTE e colocou ORDEM NO CAOS QUE REINAVA NA TERRA!   O ponto alto da narrativa é a CRIAÇÃO DO SER HUMANO pois, nestes, Deus imprimiu a Sua Imagem e Semelhança e, por conseguinte, lhes concedeu o domínio sobre tudo;

Na Segunda Leitura (Gn 22, 1-18) temos um dos relatos sobre a Fé de nosso Pai Abraão que, não recusa o próprio filho Isaac mas, o oferece como sinal de sua fidelidade.   Em contrapartida, diante de tal gesto que o Senhor aceitou como prova de Fé, o Senhor revela que não se contenta com "SACRIFÍCIOS HUMANOS"  desejando que o mesmo tenha vida e vida plena;

A Terceira Leitura (Ex 14, 15 - 15,1) é paradigmática para esta Noite Santa pois nos apresenta a origem da Noite de Hoje: a conclusão da Libertação da Escravidão no Egito!   A Páscoa Judaica - da qual nós cristãos descendemos - rememora, isto é, atualiza este grande feito de Deus para com o seu povo.   A Travessia do Mar Vermelho com a consequente morte dos opressores passa a ser, a partir de então, a GRANDE PROVA DA FIDELIDADE DE DEUS PARA COM O SEU POVO!   Este fato está na origem da formação do Povo de Deus.

Depois destas três leituras, entramos, agora, num outro patamar, dando um salto histórico e indo para a época profética: época em que Deus enviando os seus mensageiros (profetas) deseja que o Povo se conscientize do Seu Infinito Amor e se volte pra Ele de todo o coração para que o pecado não produza consequências maléficas em sua vida!

Assim, a Quarta Leitura (Is 54, 5-14) nos apresenta Deus que, apesar do pecado obstinado do Povo deseja refazer a Aliança de Amor, deseja voltar e fazer pelo mesmo tudo que estiver precisando.   Deus chama o Povo como que está como "mulher abandonada, repudiada, de alma aflita" por conta de seus pecados e crimes.   Ele é o Deus compassivo e misericordioso e fará pelo Povo tudo aquilo que o mesmo estiver precisando;

Na Quinta Leitura (Is 55, 1-11) - sequência da anterior - continua nos apresentando o que o Amor Infinito de Deus é capaz de realizar pelo seu povo: "comida e bebida de graça, sem pagar".   O Povo não necessita correr atrás de nada pois Deus está disposto a oferecer TUDO que for preciso para a Vida do mesmo.   Conclui a Leitura com o Profeta afirmando  que "a Palavra de Deus é como a chuva e a neve ... não volta pra Ele sem cumpri a Missão que tinha quando foi pronunciada!"   Que maravilha de Texto Sagrado!!!

Na Sexta Leitura (Br 3, 9-15.32 - 4, 4) vemos este profeta chamando o Povo à uma Nova Consciência: "Buscar a Sabedoria Divina que está no cumprimento da Lei ofertada por Ele (Deus, por meio de Moisés!"   Baruc entende que todos os problemas do Exílio na Babilônia são consequências da Infidelidade à Lei.   Voltar à Fidelidade é o caminho para superar as dificuldades e voltar à vida que Deus pode oferecer;

A Sétima Leitura (Ez 36, 16-17a.18-28) nos revela o que Deus é capaz de fazer pelo seu povo por conta de Sua Palavra.   Ele é um Deus Fiel pois Sua Palavra não volta pra Ele sem cumpri o que dissera (quinta leitura do profeta Isaías).   Por ser Fiel, Ele purificará o Seu Povo de suas imundícies mostrando a santidade de Seu Nome; Javé dará um "CORAÇÃO NOVO E PORÁ UM ESPÍRITO NOVO DENTRO DE CADA UM DO SEU POVO!"   Somente assim, Javé poderá ser o Deus de Israel e, este, por sua vez, poderá voltar a ser o Seu Povo;

Na Oitava Leitura (Rm 6, 3-11) nos apresenta o sentido do Batismo: morte com Cristo para podermos ressuscitar com Ele para uma Vida Nova - sentido da Páscoa Cristã que celebramos!   Cristo morto e Ressuscitado não morre mais; assim cada um de nós: mortos para o pecado, vivamos pra Deus e Sua Vontade!

Depois de toda esta reflexão que a Palavra nos proporcionou até aqui, temos o Evangelho (Mc 16, 1-7) que nos apresenta o relato da descoberta da Ressurreição por parte das mulheres que, de madrugada, foram ao túmulo e nada encontraram.   O Jovem vestido de branco afirma: 

"Não vos assusteis!   Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi CRUCIFICADO?   ELE RESSUSCITOU!   NÃO ESTÁ AQUI!   Vede o lugar aonde o puseram!   IDE, DIZEI A SEUS DISCÍPULOS E A PEDRO QUE ELE IRÁ À VOSSA FRENTE, NA GALILÉIA.   LÁ VÓS O VEREIS, COMO ELE MESMO TINHA DITO!

Este é o grande anúncio que temos para proclamar ao mundo; esta é a Boa Notícia que o mundo espera de nós!

Que a Páscoa nos leve a fazer esta experiência de Vida Nova!   Assim seja!

Boa e Santa Páscoa pra todos (as)!


quarta-feira, 4 de abril de 2012

"Sexta-feira da Paixão: Páscoa da Cruz!" - 06 de Abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade ao Tríduo Pascal, celebramos, hoje, o segundo momento da mesma e única Celebração iniciada ontem (Quinta-feira Santa), a saber: a Páscoa da Cruz!   Neste dia, tentaremos compreender o segundo aspecto da Celebração Eucarística, isto é, o Sacrifício.   A Eucaristia é Sacrifício oferecido uma vez por todas pelo próprio Jesus, o Cristo, em favor de todos.   A sua entrega, a sua doação, a sua morte e morte de Cruz está na origem de nossa Salvação.   Celebrar a Eucaristia é estar disposto, à exemplo de Jesus, a doar-se por Amor aos irmãos e irmãs.

A Palavra de Deus deste segundo momento é carregada por este aspecto de entrega, de doação, de amor sem reservas, de cruz, de morte.   O tom da celebração é introspectivo pois somos convidados (as) à contemplação deste Deus que, em Seu Amor Infinito se fez Homem e morreu por todos nós.   

A Primeira Leitura (Is 52,13 - 53, 12) nos apresenta, mais uma vez, a figura do "Servo Sofredor ou Servo de Javé".   Tal Servo é apresentado como Aquele que irá salvar a humanidade, o povo e, fará tal ação entregando a própria vida à humilhação suprema, à morte.   Sua aparência de dor, de sofrimento faz pensar que é um abandonado por Deus mas, na verdade ele carrega sobre si as enfermidades e as dores do povo.   Foi esmagado e ferido por conta de nossas maldades e pecados e, todo o sofrimento por Ele sofrido é o preço da nossa paz, da nossa própria vida.   Ele (o Servo de Javé) é o cordeiro que não abre a boca diante dos seus algozes.  Eliminado do mundo dos vivos, é golpeado até a morte.  O sofrimento conforma a vida do Servo Sofredor à vontade de Javé e, assim, fará justos inúmeros homens e mulheres.   Este Servo Sofredor resgata, com o sofrimento vivido e experimentado, os pecados do povo.

Ora, esta descrição oferecida pelo Profeta Isaías, nós cristãos a vemos realizada na pessoa e vida de Jesus.   O Evangelho da Celebração de hoje, ao apresentar o relato da Paixão ( Jo 18,1 - 19,42), nos faz perceber que Jesus é o Servo Sofredor que com sua entrega até a morte e morte de cruz, assumiu a nossa condição e nos resgatou das garras do pecado.   Jesus é Servo Sofredor, traído, entregue, escarnecido, humilhado (o Cordeiro sem mancha que não abre a boca diante daqueles que querem matá-Lo).   Diante do bem que fizera pelos seus recebeu, em troca o pedido de morte e morte de cruz.

Assim, Ele se tornou o Sumo Sacerdote que, de uma vez por todas, oferece o Sacrifício capaz de resgatar a nossa vida das mãos do diabo, do adversário do Pai (Hb 4, 14-16; 5, 7-9 - Segunda Leitura de hoje).   Esta experiência de dor e sofrimento tornou Jesus um Sacerdote compassivo e clemente diante de nossas fraqueza pois Ele descobriu que a fidelidade ao Pai e à sua vontade não é tarefa fácil neste mundo.

Celebrar a Paixão de nosso Senhor e Adorar a Sua Cruz Salvadora devem despertar em nós a compreensão do sentido do sofrimento na vida de cada um (a) de nós, os crentes.   É preciso, nesta Celebração, aumentar a Fé neste Deus que permitiu que o Seu Filho fosse levantado da terra para salvar a todos.   Crer nesta verdade nos compromete e exige de nós uma vida condizente com tal verdade a nós revelada.   A Celebração Eucarística exigirá este aspecto de sacrifício para todos (as) que dela participam.

Peçamos, neste dia, a graça da Fidelidade à vontade do Pai mesmo que, à exemplo do Senhor tenhamos que oferecer a nossa vida por amor a Ele e aos irmãos (ãs)!  Assim seja!

"Quinta-feira Santa: A Páscoa da Ceia!" - 05 de Abril de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com grande alegria, iniciamos hoje, com toda a Igreja, as Celebrações do Tríduo da Páscoa e, acredito ser importante esclarecer uma questão muito importante:

O Tríduo Pascal é uma única Celebração que é desenvolvida em três momentos (dias) distintos.   Não são três Celebrações mas uma mesma e única Celebração que começamos na Quinta-feira, se prolonga na Sexta-feira da Paixão e se conclui no Sábado Santo ou de Aleluia.   Em cada um desses momentos somos convidados à compreensão da Eucaristia em um aspecto específico, a saber: Quinta-feira: buscamos compreender a Eucaristia no seu aspecto de Banquete aonde a Comida e a Bebida são o Corpo e Sangue de Jesus, o Cristo (com as consequências práticas desta compreensão); Sexta-feira: buscamos compreender a Eucaristia em seu aspecto de Sacrifício aonde a Morte de Jesus, o Cristo, na Cruz é a nossa base compreensiva (com as consequências práticas desta compreensão) e Sábado Santo  ou de Aleluia: Buscamos compreender a Eucaristia em seu aspecto de Glorificação, Ressurreição e Vitória aonde a Vitória de Jesus, o Cristo sobre a Morte é percebida como a nossa Vitória também (com as consequências práticas desta compreensão).   

Esta compreensão nos faz pensar que não é possível estar em uma Celebração e não estar em outra pois, é preciso participar dos três momentos para compreendermos a Eucaristia em seu tríplice aspecto e, assim sendo, podermos retirar de nossa participação na mesma, os frutos de salvação pra nós e pra aqueles que nos cercam.

Tendo feito este esclarecimento, vamos à compreensão do primeiro dos três aspectos, a saber: Eucaristia como Ceia, como Banquete aonde a Comida e a Bebida são o Corpo e Sangue do próprio Jesus, o Cristo e suas consequências práticas para a Vida da Comunidade de Fé!

A Palavra de Deus que nos é proposta nesta Celebração resgata a história da Páscoa (festa pagã, judaica) até chegar à compreensão Cristã da mesma.   

Na Primeira Leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos revela, mais do que o ritual de Celebração da Páscoa, o seu sentido para os hebreus.   A Páscoa era uma festa dos pastores nômades que, por ocasião do início da Primavera (hemisfério norte), quando a vida retornava em sua exuberância oferecia sacrifícios aos deuses e, espalhando sangue de animais sacrificados em torno do acampamento, esperava-se a proteção dos deuses para a nova temporada.   Esperava-se com tal gesto ritual que a nova etapa fosse de abundâncias de pastagens e de crias entre os rebanhos.   Com a Libertação do Egito, esta deixa de ser uma Festa de Passagem das Pastagens Invernais para as Pastagens Primaveris mas, sacrifício comemorativo (memorial) da Passagem da Escravidão no Egito à Liberdade em Canaã!   Este trecho do Livro do Êxodo (elaborado o Tempo do Exílio na Babilônia, mais do que ensinar o modo de celebrar esta Nova Páscoa, que levar a Comunidade do Exílio a compreender o SENTIDO DESTA CELEBRAÇÃO.   Assim, cada gesto, cada elemento deve ser lido na perspectiva de compreender o que Deus queria dizer no passado e o que Ele (Deus) quer no presente no povo.   Vejamos o sentido do texto e seus elementos:

Primeiro Ponto:  A Páscoa dá início a um estilo novo de vida, é o começo de tudo e a vida terá o seu começo aqui (a vida em Deus);
Segundo Ponto: A Páscoa é a Festa da Partilha e, assim sendo, quando a família é pequena para o cordeiro apresentado, deve convidar o vizinho para partilhar o alimento;
Terceiro Ponto: A Páscoa deve conduzir ao Oferecimento do Melhor e, por isso, o cordeiro sacrificado deve ser sem mancha ou defeito;
Quarto Ponto: O Sangue do Cordeiro é sinal de Preservação de Vida para uns e a sua ausência é sinal de morte para outros;
Quinto Ponto: Os Pães Ázimos, Rins Cingidos, Sandálias ao Pés e Cajado na Mão representam a pressa em assumir a vontade de Deus, demonstrando que não se deve perder tempo;
Sexto Ponto: As Ervas Amagas servem para recordar as dificuldades da vida no Egito e, por obra e graça de Deus, cessaram.

Celebrar a Páscoa para o Judeu era ocasião de recordar todos esses pontos e, assim sendo, não permitir que a Fé nesse Deus esmorecesse.   "É uma Festa memorável em honra do Senhor e que deve ser celebrada de geração em geração, como Instituição Perpétua!"

O Cristianismo, avançando na compreensão deste memorial foi capaz de compreender que, em Jesus, o Cristo, tal Festa Pascal atingiu a plenitude de revelação de Deus a nós.   Os pontos citados acima ganham novo sentido, mais pleno e completo.   Com Jesus, compreendemos que a Grande Libertação chegou até nós: a Libertação do Pecado e, para tanto, o Sacrifício não é mais de um cordeiro mas do próprio Deus, revelado em Jesus, o Cristo.   Esta ideia esta expressa na Segunda Leitura (I Cor 11, 23-26) aonde o Apóstolo  Paulo orienta a Comunidade sobre o modo de Celebrar a Eucaristia (Memorial da Páscoa Cristã) e as disposições que devem reger os membros das Comunidades que a celebram.   Em primeiro lugar é extremamente importante compreender que a Eucaristia é um Banquete e, neste Banquete, o próprio Jesus se dá a nós em alimento e bebida salvadores: "Isto é meu Corpo; isto é meu Sangue!"   Participar deste Banquete, comer e beber o Corpo e Sangue de Jesus deve produzir nos convivas as mesmas disposições, sentimentos que marcaram a vida Daquele que a nós se dá.   Perder tal compreensão e, automaticamente não querer que a Vida de Jesus, o Cristo passe a ser a nossa vida, significará "participar do Banquete da nossa própria condenação".    Em Corinto, a Celebração Eucarística estava se tornando um motivo de escândalo por não gerar nos fieis os sentimentos de Cristo Jesus; em Corinto, celebrava-se a Eucaristia mas não se comprometia com a luta pela promoção da vida de todos; em Corinto, a Celebração da Eucaristia convivia, - muito bem, diga-se de passagem! - com os desmandos de uma sociedade estabelecida sob a égide das classes sociais diversificadas: ricos e pobres!   Não se pode perder de vista que a Eucaristia nos compromete com a Vida de Jesus e, este se doou por AMOR e, automaticamente, aqueles (as) que participam do Seu Banquete devem querer viver como Ele viveu.

Esta ideia é explorada no Evangelho de hoje (Jo 13, 1-15).   Diferentemente dos outros três evangelistas (sinóticos), João não trata da Instituição da Eucaristia no relato da Última Ceia mas coloca no lugar desta o episódio do Lava-Pés com toda a sua riqueza de significado que não está fora de sintonia com o ideal do Banquete.   O gesto de Jesus (inesperado e novo) nos oferece a real compreensão do que é a Ceia Eucarística e o que a mesma pede de nós: o Maior serve ao menor, o Mestre ensina com a Prática de sua vida, o Senhor se comporta como escravo.   Estas são lições de extrema importância para todos (as) que se reúnem para celebrar a Eucaristia.   Banquetear-se com o Corpo e Sangue de Cristo, na Eucaristia implica numa renúncia a nós mesmos para que a Vida de Jesus seja, a partir de então, a nossa própria vida. Jesus faz por nós para que nós façamos pelos outros e, portanto, as lições desta Ceia Eucarística devem nos acompanhar em todos os momentos de nossas vidas.   

Instituição da Eucaristia, Espírito de Serviço (Lava-pés) e Mandamento Novo do Amor sem medida não são situações estanques e separadas mas, ao contrário, estão intimamente ligadas.   Viver uma e deixar as outras para trás nos faz participar de uma Festa, de um Banquete que, ao contrário de Salvar, nos condenará!   Pensemos nisso e participemos com mais seriedade de nossas Eucaristias!

Boa Celebração da Ceia do Senhor para todos (as)!