sábado, 29 de setembro de 2012

"XXVI Domingo do Tempo Comum: Deus não é propriedade de ninguém!" - 30 de Setembro de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria celebramos com a Igreja no Mundo o XXVI Domingo do Tempo Comum e, com a Igreja no Brasil, vivemos o último domingo do mês de setembro, celebrando o "Dia da Bíblia".   Foi um mês importante para nossa caminhada de fé pois nos apresentou a necessidade de darmos maior atenção à Palavra de Deus na certeza de que somente Ela poderá nos conduzir ao Céu.

Nesse domingo, seguindo a reflexão dos dois últimos, continuamos buscando compreender quem é o nosso Deus, deixando que Ele se apresente a nós como, de fato, Ele é.   Estamos tentando confrontar as nossas ideias e conceitos a Seu respeito com aquilo que Ele diz de Si mesmo na Sua Palavra.   Nesse caminho reflexivo podemos nos deparar com situações aonde tentamos fechá-Lo em nossos esquemas, buscando uma espécie de "deus" que seja a nossa imagem e semelhança e, nesse sentido, Deus deixa de ser Deus e passa a ser um ídolo, uma mentira, produto de nossa imaginação.

Hoje, a Palavra nos apresenta uma situação muito comum em nossa caminhada de fé: o desejo de monopolizar Deus em nossos esqueminhas mentais de modo que Ele faça o que nós queremos que Ele faça.

Assim, a Primeira Leitura (Nm 11, 25-29) nos apresenta uma situação típica em nossas comunidades: estamos num contexto em que Moisés se sentindo cansado, pede a Deus que o auxilie na condução do Povo que não é dele mas de Deus.   Dessa forma, Deus pede que Moisés escolha líderes (homens de fé e respeitados pelo grupo) para que a tarefa de governar o povo seja partilhado e, o peso fique mais leve.   Assim Moisés fez.   Reuniu setenta anciãos e, indo com eles à Tenda da Reunião, oraram e o Espírito de Deus foi repartido sobre todos os que estavam na Tenda.   Até aqui, TUDO CORRETO!   O problema se deu quando, na liberdade que é própria de Deus, o Espírito desceu sobre dois (Eldad e Medad) que não estavam na Tenda provocando um "desconforto" para alguns mais ciosos (Josué, no caso).   Este, ao ver que o Espírito de Deus não havia se fechado dentro da Tenda mas, livremente foi até o campo e desceu, também, sobre os dois que não estavam lá, se enche de "ciúmes" e corre a contar a Moisés o ocorrido, sugerindo que Moisés os proibisse de profetizar.   Que situação lastimável!   Moisés, por sua vez, retruca aquela atitude mesquinha de Josué afirmando que "Tomara Deus, todo o Povo fosse um Povo de Profetas!"   Que beleza de fala de Moisés!   É preciso compreender que Deus é mais e maior que os nossos esquemas e instituições e, que o seu poder vai além, muito além do que podemos imaginar.   É preciso compreender que Deus não se fecha nem se curva aos nossos desejos e vontades mas, ao contrário, deseja que nós nos curvemos aos Seus desejos e vontades.

Essa Primeira Leitura serve como pano de fundo para o texto evangélico de hoje (Mc 9, 38-43.45.47-48) que nos apresenta um episódio semelhante.   Para compreendermos a dramaticidade do conteúdo que nos é proposto, é importante saber que o mesmo se dá num contexto aonde os discípulos, um pouco antes, não conseguiram expulsar um espírito mal de uma pessoa mas, em contrapartida, se depararam com alguém que,  sem fazer parte do Grupo dos Discípulos, expulsava demônios no nome de Jesus.   Tal situação foi um escândalo: como nós que seguimos o Mestre não conseguimos e, outros, que sequer dos nossos são, conseguem expulsar demônios?   É aqui, que o Evangelho de hoje começa!   João, muito cioso de seu papel de discípulo, vai ao Senhor e, cheio de si afirma: Mestre, vimos um homem expulsando demônio em seu nome mas nós o proibimos pois não é dos nossos!   Como Josué, na Primeira Leitura, João pensa estar fazendo algo bom, circunscrevendo o Senhor em seus esqueminhas medíocres, mesquinhos.   Porém, Jesus, assim como Moisés, o adverte: Não o proibais, pois ninguém faz milagre em meu nome para depois falar mal de mim! Quem não é contra nós é a nosso favor!   Que bela lição o Senhor nos oferece nesse dia...   

Muitas vezes temos dificuldade de enxergar o bem em pessoas, situações, locais que, de acordo com nosso modo de pensar, não podem produzi-lo.   Quanta infantilidade (para não dizer outra coisa!)!   Deus é mais do que nós e nossos esquemas e vontades.   Ele vai além de nós e age aonde quer desde que encontre abertura pra sua ação.   Precisamos nos abrir mais à Sua ação em nós para vermos como Ele e compreendermos como Ele tudo que nos cerca.   Toda ação boa é obra de sua vontade seja tal ação feita por qualquer um e aconteça aonde acontecer.   Não somos os únicos capazes de coisas boas e de construir o Reino de Deus: sem que saibamos, muitos homens e mulheres estão por aí fazendo mais e melhor que nós todos juntos.   É preciso valorizar toda e qualquer ação pois até mesmo um copo de água dado ao sedento não ficará sem recompensa.

Muitas vezes, as nossa atitudes escandalizam os nossos irmãos: é preciso cortar pela raiz o que nos leva para a prática de tal escândalo (olho, pé e mão).

Que Deus nos ajude a viver a nossa vida dentro daquilo que Ele espera de cada um (a) de nós!   Assim seja!

Boa celebração pra todos (as)!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

"XXV Domingo do Tempo Comum: Compreendendo melhor o Messias!" - 23 de Setembro de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos, hoje, a reflexão iniciada no domingo passado: Quem é o Messias? Que caminhos Ele escolhe para cumprir a sua Missão neste mundo?  O que se espera daqueles (as) que desejam segui-Lo mais de perto?...   Essas e tantas outras questões norteiam a Palavra de Deus da última e dessa semana que começamos.

Às vezes ouvimos muitos afirmarem que possuem fé mas, uma pergunta que se faz importante é: Quem é o Deus que acreditamos?   Responder essa pergunta é fundamental pois dependendo da resposta, seremos movimentados para essa ou aquela prática religiosa ou pastoral.   Toda a nossa vida prática vem marcada pelo conceito, pela ideia de Deus que formulamos em nossa cabeça.   Daí, por exemplo, no domingo passado, o Senhor ter concluído a primeira etapa do Evangelho de Marcos com tal questão: Quem sou eu?   Parece que Pedro sabia bem a resposta porém, não compreendia o alcance da mesma pois o Senhor sentiu a necessidade de explicitar - com todos os pormenores - o real sentido da resposta oferecida pelo discípulo: Tu és o Messias!   Parece que Pedro imaginava um tipo de Messias diferente daquele que o Senhor revelaria mais tarde.

Hoje, continuamos nessa linha de reflexão e, a Palavra nos oferece mais pistas, caminhos, luzes para compreender que Tipo de Messias é Jesus e, portanto, o que Ele espera daqueles (as) que desejam segui-Lo de fato.   Vejamos:

Na Primeira Leitura (Sb 2, 12.17-20) temos um texto sintomático para nossa reflexão pois, como o Profeta Isaías no domingo passado, nos apresenta o sofrimento do justo como consequência da fidelidade do mesmo ao projeto de Deus em sua vida.   Numa sociedade que optou pela infidelidade e por conduzir a vida de acordo com os próprios critérios.   Há uma impiedade latente e vigente: enganos, roubos, explorações ... marcam a vida dos injustos.   De outro lado, um pequeno resto (justos) luta para se manter fiel aos desígnios de Deus e, por conta disso, são vítimas dos demais.   A vida do justo é uma espécie de luz que ilumina a conduta errada dos injustos e, esses se sentindo incomodados não sossega até conseguir eliminá-los do mundo dos vivos: armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da Lei e nos reprova as faltas contra nossa disciplina.   Nesse texto, percebemos como a vida dos justos é algo que incomoda e, como tudo aquilo que incomoda, é preciso eliminar.   Os ímpios buscam de todo jeito destruir o justo: usam até ofensas e torturas para modificar a sua conduta, além de condená-los à morte vergonhosa.   Nesse momento, a Fé dos justos é testada e, a certeza da vitória os manterá fieis até o fim.

Essa Primeira Leitura prepara o texto evangélico de hoje(Mc 9, 30-37) que nos apresenta o Senhor ensinando os seus discípulos.   O objeto de estudo é o segundo anúncio da Paixão nesse Evangelho: sofrimento, entrega e morte do Filho do Homem.  Por sua vez, os discípulos demonstram incompreensão das palavras ditas por Jesus pois, na verdade, não querem aderir a esse tipo de Messias.   

Os discípulos preferem outro tipo de Messias, tanto que no caminho, discutem, exatamente, o contrário da proposta de entrega total da vida em favor dos irmãos e irmãs: Quem é o Maior?   Diante de tal fato, o Senhor esclarece o sentido de grandeza e poder para Ele: Se alguém quer ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos (veja a reflexão do domingo passado sobre o Servo Sofredor de Isaías).   Somente quem vive dessa forma poderá afirmar que está sendo fiel à vontade de Deus em sua vida.

Por fim, São Tiago na Segunda Leitura (Tg 3, 16-4, 3) nos apresenta a Sabedoria Divina como aquela que pode promover na Comunidade a revelação do verdadeiro Deus.   Quando os membros de uma Comunidade não alimentam a Sabedoria Verdadeira, a inveja, a rivalidade e as desordens tomam conta e, todas as obras más surgem com força para destruir a Comunidade.

Que Deus nos ajude a viver de acordo com a sua vontade e, assim sendo, a nossa vida possa revelá-Lo mais e melhor.   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

sábado, 15 de setembro de 2012

"XXIV Domingo do Tempo Comum: O Escândalo de um Messias que Sofre!" - 16 de Setembro de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Celebramos, hoje, com toda a Igreja o XXIV Domingo do Tempo Comum e, com a Igreja no Brasil, o III Domingo desse mês dedicado à Bíblia e, continuamos a nossa reflexão, tendo como pano de fundo a Palavra que a Liturgia nos oferece.   Buscamos na Palavra as pistas, os mecanismos, as orientações, as luzes para uma vida mais sinal da presença de Deus, da Santidade e Perfeição que Lhe são próprias.   Nesse sentido, vamos aos textos de hoje.

A Primeira Leitura (50, 5-9a) é o terceiro canto do Servo de Javé e, está no contexto do II Isaías, texto produzido no período do Exílio na Babilônia.   Sabemos que esse foi o período ou um dos períodos mais terríveis da História do I Testamento pois, nos revela que o Povo de Deus, depois de saído da escravidão do Egito, atravessado o deserto, entrado na Terra Prometida, conquistado o sucesso, o  poder, a riqueza, acabou reduzido, novamente, a nada (escravos na Babilônia).   Quando não se tem nada, continuar sem nada é ruim, mas, o que fazer? Por outro lado, nunca se experimentou o que é bom de fato.   Mas, quando se teve TUDO, de repente, ficar sem nada e volta à estaca zero, não é nada fácil.   O Exílio leva o Povo de Deus a experimentar essa realidade: depois de ter tido TUDO, perdeu TUDO!   Nesse contexto, novas reflexões surgem e, uma esperança começa a brotar no coração dos exilados de que, um dia, Deus (Javé) interviria par mudar a realidade.   É nesse contexto que os Cantos do Servo de Javé ou Cantos do Servo Sofredor - 04 no total (o de hoje é o terceiro) - ganham destaque.   Num determinado momento, o profeta começa a contemplar a chegada de um servo que, com um comportamento diferenciado iria promover a transformação tão desejada por todos.   Nesse terceiro canto, algumas características do servo nos chamam a atenção:

a) Possui os ouvidos abertos para OUVIR a Palavra do seu Senhor: é com base nessa escuta que o Servo descobrirá o caminho, as ações, o modo de ser que irão promover a tão sonhada transformação.   Ele é SERVO e, como tal, não pode ser dono do seu querer e de sua vontade.   O servo deve estar atento à voz do seu Senhor: não pode resistir nem voltar atrás;

b) Possui um comportamento diferenciado pois pretende promover uma realidade diferente:  dar atenção à Palavra do Senhor é fundamental para entender que os caminho proposto não é o caminho convencional, vivido e trilhado pela maioria das pessoas.   O Servo deverá estar pronto, se quiser promover a tão sonhada transformação, para oferecer as costas para que lhe batam e a face para lhe arrancarem a barba, além de não desviar o rosto de bofetões e cusparadas = total HUMILHAÇÃO!

c) O Servo consegue tal proeza por conta de sua confiança do Senhor: Deus é o seu Auxiliador e sabe que não sairá decepcionado, não sairá humilhado.

A certeza de quem está por traz, oferecendo sustentação é a grande força que mantém o SERVO firme em seu caminho e convicto da vitória final.  O caminho proposto pelo Senhor é extremamente difícil de ser trilhado mas, em contrapartida, pela Palavra é o único capaz de promover a mudança de vida de modo a torná-la SINAL DO SALVADOR!

Essa Primeira Leitura serve como pano de fundo para o texto evangélico de hoje (Mc 8, 27-35) que ocupa o centro desse Evangelho que tem 16 Capítulos.   

O Evangelho de Marcos é o primeiro manual de catequese das Comunidades e, por isso, de forma muito simples e, até sucinta (sem perder, é claro, a sua importância) ele delineia o fundamental para o discípulo de Jesus.   Na primeira parte - que a primeira parte do texto de hoje encerra - o objetivo do evangelista é suscitar resposta à grande questão que norteia a reflexão de hoje, a saber: QUEM É JESUS?   Na segunda parte, que começamos a ver a partir da segunda parte do texto de hoje até o final de novembro, a questão proposta é: COMO SE TORNAR DISCÍPULO DO MESTRE JESUS?

No texto que nos é oferecido hoje, Jesus quer saber o que dizem dele as pessoas e, percebemos pelas respostas oferecidas, que o povo não compreendeu, ainda, a verdade sobre Jesus: confundem-no com alguns dos profetas que já estiveram no meio do povo.   Dirigindo essa mesma pergunta, agora aos seus discípulos, receberá a resposta correta, porém, parece que com compreensão incorreta: Tu és o Messias!  Quando falo que os discípulos - representados por Pedro - responderam corretamente mas não compreendiam o que tal resposta queria, de fato, dizer, é por conta do longo discurso que Jesus se vê obrigado a fazer para esclarecer que tipo de Messias Ele era.   Havia, na época de Jesus, uma ideia a respeito do Messias que não batia com a Verdade sobre Jesus pois todos esperavam um Messias grandioso, poderoso política e militarmente, que iria promover uma grande transformação em favor de Israel.   Mas, Jesus é Messias á maneira do SERVO SOFREDOR descrito na Primeira Leitura de Isaías, por isso afirma: o Filho do Homem deve sofre muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.   Ora, como falei anteriormente, os discípulos não compreendiam dessa forma o Messias e , por isso, Pedro, repreende Jesus afirmando que isso, jamais iria acontecer pois Deus não iria permitir.  Nesse momento, Jesus, também, repreende Pedro dizendo que ele não estava pensando como Deus mas como o mundo e, o chama de Satanás pois esse é o contrário de Deus e pensa o contrário também.   

Por fim, o texto evangélico diz as características do discípulo (início da segunda parte do Evangelho):renúncia a si mesmo, tomar a cruz cada dia e, seguir Jesus pelo caminho trilhado por Ele.   Essa proposta implicará na perda de vida mas, a certeza oferecida é que a mesma será reencontrada depois.

Acreditar em Jesus significa viver, concretamente, o que Ele pede pois, no plano cristão, fé e vida caminham juntas e não podem ser separadas.   É isso que nos afirma São Tiago na Segunda Leitura de hoje (Tg 2, 14-18): a fé sem obras é morta em si mesma!

Que Deus nos ajude a viver as verdades que professamos com a boca em nossa vida concreta.   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!


terça-feira, 11 de setembro de 2012

"Festa da Exaltação da Santa Cruz: Na Cruz do Senhor, a Salvação da Humanidade!" - 14 de Setembro de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com imensa alegria em nossos corações celebramos, mais uma vez, a Festa da nossa Padroeira Maior: a SANTA CRUZ!   Sabemos que a escolha de um Padroeiro ou de uma Padroeira para nossas Comunidades não é algo que se dá por acaso ou de qualquer forma.   Quando escolhemos, em comum acordo com os irmãos e irmãs de Caminhada de Fé, o Padroeiro ou Padroeira estamos querendo dizer a Deus e ao mundo que desejamos atingir o ideal Perfeição e Santidade que nos é proposto, seguindo os mesmos caminhos que o escolhido (a) seguiu.

Diante disso, nos perguntamos: Mas, quem é a Santa Cruz? O que fez ela para merecer ser santa? Que lições poderemos tirar dela? Como atingir a Perfeição e Santidade seguindo seus exemplos? que exemplos são esses?  E, por aí vão uma série enorme de perguntas que norteiam o nosso imaginário, a nossa mente.

Bom, em primeiro lugar é importante esclarecer que a Santa Cruz não é uma pessoa - como São José, Nossa Senhora, Santa Rita de Cássia, São João Batista etc. - mas, um Objeto.   A Santa Cruz é o Lenho, o Madeiro que o Senhor Jesus teve que carregar até o Calvário e, que suspenso Nele entregou a Sua vida por AMOR e para a SALVAÇÃO DO MUNDO INTEIRO!   Hoje, a Igreja no Mundo celebra uma Festa pois quer mostrar a sua Fé nesse Deus que por Amor se fez homem e, morrendo na Cruz venceu a morte e ressuscitando dos mortos, nos garantiu a VIDA PLENA!

Portanto, meus irmãos e irmãs, a nossa Padroeira nos indica que o caminho de perfeição e santidade que devemos seguir é o mesmo de nosso Senhor: o caminho da ENTREGA PERFEITA E TOTAL de nossas vidas pois a CRUZ nos recorda a ENTREGA PERFEITA E TOTAL DO SENHOR!

A Palavra de Deus proposta nesta Festa nos ajudam a refletir sobre o sentido da Cruz e, automaticamente, nos oferece pistas, luzes, caminhos para atingirmos o ideal de perfeição e santidade falados anteriormente.   Vejamos:

A Primeira Leitura (Nm 21, 4b-9) nos apresenta o episódio conhecido como a serpente de bronze e alguns pontos nos chamam a atenção: a) o episódio ocorre no contexto da TRAVESSIA DO DESERTO e, dessa forma, poderemos constatar que o mesmo se coloca no plano da Pedagogia Divina pois o Deserto é um mais que um espaço físico, um espaço teológico (aonde Deus se revela e educa o seu povo rumo à Terra Prometida); b) o Deserto é espaço de aflição e dificuldades pois nele as pseudo seguranças humanas se mostram frágeis por não darem conta de satisfazer as necessidades mais elementares da vida, tais como, comer e beber; c) o Deserto é espaço de teste e, em muitos casos, o povo não consegue manter-se FIEL e, impacientando-se, murmura contra Deus e Moisés; d) o Deserto pode nos fazer pensar que o MELHOR ERA QUANDO ESTÁVAMOS NO "EGITO" = TERRA DA ESCRAVIDÃO e, dessa forma poderá produzir um desejo de voltar ao passado de morte.

Dessa forma, a Leitura dos Números nos revela que consequências acabam ocorrendo na vida do Povo que, desprezando o Dom de Deus, acabam murmurando contra Ele: a) as serpentes venenosas que surgem; b) tais serpentes investem contra o povo; c) muitos do povo acabam morrendo.   Murmurar e negara presença de Deus em nossas vidas nos expõem a toda sorte de maldades situações de morte.

Diante do acontecido e, refletindo melhor, o Povo volta atrás (em linguagem mais técnica, se CONVERTE) e, tal conversão provoca o retorno de Deus ao Povo já que este, também, se voltou para Ele: o povo pede a Moisés, reconhecendo o seu erro, que interceda junto de Deus por ele.   Moisés, assim, o faz e, a ordem de Javé é a fabricação de uma serpente de bronze que ao ser posta sobre uma haste iria promover a cura daqueles (as) que fossem mordidos pelas serpentes abrasadoras do deserto.  Olhar para a serpente não tinha, a princípio, nenhum valor salvífico mas, o sentido verdadeiro do texto está em que olhando para a serpente de bronze, o povo iria compreender que somente Deus (Javé) é capaz de dar a Vida; a serpente de bronze levava as pessoas a reconhecerem em Deus (Javé) o Senhor da Vida e, automaticamente, passava a compreender que não deviam murmurar ou questionar os caminhos que Ele (Javé) oferecia para ser trilhado.

Essa Primeira Leitura é colocada hoje para servir de pano de fundo para o texto evangélico da Festa de hoje (Jo 3, 13-17) que nos apresentará Jesus como Aquele que será suspenso num Madeiro, na Cruz e, assim como os mordidos pelas serpentes no deserto, ao fixarem o olhar na serpente de bronze levantada na haste por Moisés no deserto ficavam curados, assim todo aquele (a) que contemplar o Senhor no alto da CRUZ será salvo.   O episódio do deserto é lembrado por Jesus, no diálogo com Nicodemos, para revelar o infinito Amor de Deus pelos seus: Deus amou tanto o mundo que lhe deu Seu Filho Único para que não pereça todo o que Nele crer mas, ao contrário, tenha a Vida Eterna.   Deus enviou o Seu Filho não para CONDENAR mas para SALVAR o MUNDO.

Meus queridos irmãos e irmãs... que bela lição a Festa de hoje nos traz: participar de uma Comunidade / Paróquia com tal Padroeira deve trazer à tona de todos os seus fieis a verdade maior da Cruz: ela  se tornou, pela morte do Senhor Jesus, Instrumento de Salvação para o Mundo Todo.   Dessa forma, podemos afirmar que a escolha da Santa Cruz com Padroeira dessa nossa Paróquia exige de todos nós essa mesma prática: entregar-se por Amor pela Salvação de TODOS (AS).  Todo o trabalho desenvolvido em nossas duas Comunidades, a saber, Santa Cruz e Santa Rita de Cássia devem trazer esta marca: a busca pela Salvação de TODOS (AS) pois é essa a grande lição que a Santa Cruz nos apresenta.

Por fim, a Segunda Leitura (Fl 2, 6-11) vem corroborar toda essa reflexão pois, o Apóstolo Paulo nos apresenta o caminho seguido pelo Senhor para alcançar a Salvação da Humanidade e, esse caminho deveria ser o perseguido por todos (as) nós que participamos de uma Paróquia que tem a Santa Cruz com Patrona Maior: esvaziamento de si mesmo, assumir a condição dos mais desprezíveis, fazer-se igual aos demais, humilhar-se a si mesmo, tornar-se obediente até a a morte e, esta na Cruz, se preciso for.   Esse é o caminho que a Festa da Santa Cruz  nos apresenta se quisermos ser, pelo Pai elevados à dignidade de seus filhos e filhas!

Que a nossa Paróquia que vive as alegrias de celebrar, mais uma vez, a sua Padroeira possa, de forma cada vez mais coerente, viver os ensinamentos que decorrem da mesma.   Assim seja!

Boa Festa para todos (as)!

P.S.: Convidamos todos para participarem de nossas Celebrações que acontecerão a partir de hoje (11/09) até o próximo sábado (15/09).  De hoje (11/09) até sexta-feira (14/09) às 20:00h na Igreja Matriz de Santa Cruz e, no sábado (15/09), às 18:00h, no Pátio do Colégio Fusco!


terça-feira, 4 de setembro de 2012

"XXIII Domingo do Tempo Comum: A Fé que nos vem pela ESCUTA DA PALAVRA!" - 09 de Setembro de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria continuamos a nossa caminhada de fé com a Igreja no mundo que celebra o XXIII Domingo do Tempo Comum e, dessa forma, somos convidados, nesse tempo, a sermos santos e santas como nosso Pai do Céu é Santo e, com a Igreja no Brasil, vivemos o Mês da Bíblia e, como falamos, no domingo passado, somos convidados a dar maior atenção à Palavra de Deus como a única capaz de nortear a nossa vida de modo que possamos atingir a santidade que o tempo comum espera de nós.

Hoje, a Palavra de Deus trata, exatamente, dessa relação FÉ / PALAVRA DE DEUS.   Acreditar, ter fé é um aprendizado que vem pela Escuta da Palavra em primeiríssimo lugar.   Daí, a surdez ser considerada um obstáculo à Fé.

Na Primeira Leitura (Is 35, 4-7a) temos um trecho retirado do chamado apocalipse de Isaías (Is 34 - 35).   Estamos no período do Exílio da Babilônia (séc. VI a.C.), período em que o Povo de Deus sofreu as consequências de um afastamento da Palavra, de um fechamento à Vontade de Deus, de uma "surdez" àquilo que o Senhor fala, entre outros.   O Exílio é momento de reflexões sérias, sobretudo, à respeito dos motivos que levaram o Povo para tal situação.   Toda essa reflexão, num determinado momento, pode gerar um certo desânimo pois, pelo menos, num primeiro momento, a situação parece maior que as forças das pessoas, parece não haver saída.  É nesse sentido ou com essas informações prévias que poderemos compreender melhor o texto da Primeira Leitura de hoje.   Para esse povo desanimado, afirma o Profeta: é preciso recriar o ânimo e não ter medo pois o Senhor está chegando!   A chegada de Deus trará a Salvação.   Mas, o que é Salvação?   Na concepção do Profeta, diante das circunstâncias, salvação é transformação das realidades de morte em realidades de vida e, dessa forma, salvação é a retirada do Povo da situação em que se encontra: se abrirão os olhos dos cegos e de descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos; águas brotarão no deserto e jorrarão águas no ermo. A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes de água.

Esse texto do Profeta Isaías serviu para alimentar no Povo a ideia de que a chegada do Messias viria acompanhada dessas transformações, ou melhor, o reconhecimento da presença do Messias no mundo se daria por meio do reconhecimento de que Ele seria capaz de realizar tal transformação descrita na Primeira Leitura.

Dessa forma, o Evangelho da Celebração de hoje (Mc 7, 31-37) é paradigmático: Jesus é apresentado como Aquele que solta a língua do mudo e o torna capaz de escutar (cura a surdez).   O milagre dessa cura é um sinal que aponta Jesus como o Messias esperado.   

O texto nos apresenta Jesus atravessando uma região pagã - Tiro, Sidônia, região da Decápole - e, isso nos faz pensar numa atividade em favor daqueles que, em muitos momentos, não eram considerados.   É nessas regiões que, quase sempre, se encontram aqueles que mais necessitam dos sinais da Evangelização Verdadeira.   Nessa travessia, trazem à Jesus um homem surdo que falava com dificuldades.   Vemos, aqui, como é importante para essas pessoas a presença de irmãos e irmãs que, tendo feito uma experiência com o Senhor, sejam capazes de conduzir outros (as) à mesma experiência.   Aqui, também, podemos fazer uma alusão às explicações dos domingos anteriores aonde frisamos, em vários momentos, que a fé verdadeira necessita ser comprovada pelas obras: Quem não faz o que a Fé exige, não tem Fé de fato!   

Em seguida, Jesus se afasta da multidão e, com gestos importantes (apesar de estranhos), promove a cura: primeiro da surdez e, em seguida, do mutismo.   Isso é importante pois, de acordo com Rm 10 a Fé nos chega pelos ouvidos, pela escuta da Palavra e, depois, aquilo que foi escutado e assimilado, é proclamado = falado.   Aqui, percebemos como o ESCUTAR é fundamental para a existência da Fé em nossa vida.

Por fim, o texto evangélico revela que esse milagre (sinal) permitiu ao povo reconhecer: Ele tem feito bem todas as coisas: AOS SURDOS FAZ OUVIR  E AOS MUDOS FALAR!   Nesse sentido, ocorre o reconhecimento de Jesus como o Messias anunciado pelo Profeta Isaías na Primeira Leitura de hoje.

Seguindo o texto de São Tiago na Segunda Leitura (Tg 2, 1-5), vemos a necessidade de transformar em prática de vida a fé que se professa em Comunidade: não é possível professar uma Fé em Comunidade que não seja vivida na prática.   Essa ligação Fé / Vida vem com a necessidade de não fazer acepção de pessoa nas Assembleias Litúrgicas e, caso haja tal necessidade, a preferência deve recair sobre os pobres, os menos favorecidos, os excluídos, aqueles aos quais foi negado o direito à vida e, essa, PLENA!

Peçamos a Deus que nos auxilie na conquista de uma vida de fé cada vez mais coerente.   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!