sábado, 15 de setembro de 2012

"XXIV Domingo do Tempo Comum: O Escândalo de um Messias que Sofre!" - 16 de Setembro de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Celebramos, hoje, com toda a Igreja o XXIV Domingo do Tempo Comum e, com a Igreja no Brasil, o III Domingo desse mês dedicado à Bíblia e, continuamos a nossa reflexão, tendo como pano de fundo a Palavra que a Liturgia nos oferece.   Buscamos na Palavra as pistas, os mecanismos, as orientações, as luzes para uma vida mais sinal da presença de Deus, da Santidade e Perfeição que Lhe são próprias.   Nesse sentido, vamos aos textos de hoje.

A Primeira Leitura (50, 5-9a) é o terceiro canto do Servo de Javé e, está no contexto do II Isaías, texto produzido no período do Exílio na Babilônia.   Sabemos que esse foi o período ou um dos períodos mais terríveis da História do I Testamento pois, nos revela que o Povo de Deus, depois de saído da escravidão do Egito, atravessado o deserto, entrado na Terra Prometida, conquistado o sucesso, o  poder, a riqueza, acabou reduzido, novamente, a nada (escravos na Babilônia).   Quando não se tem nada, continuar sem nada é ruim, mas, o que fazer? Por outro lado, nunca se experimentou o que é bom de fato.   Mas, quando se teve TUDO, de repente, ficar sem nada e volta à estaca zero, não é nada fácil.   O Exílio leva o Povo de Deus a experimentar essa realidade: depois de ter tido TUDO, perdeu TUDO!   Nesse contexto, novas reflexões surgem e, uma esperança começa a brotar no coração dos exilados de que, um dia, Deus (Javé) interviria par mudar a realidade.   É nesse contexto que os Cantos do Servo de Javé ou Cantos do Servo Sofredor - 04 no total (o de hoje é o terceiro) - ganham destaque.   Num determinado momento, o profeta começa a contemplar a chegada de um servo que, com um comportamento diferenciado iria promover a transformação tão desejada por todos.   Nesse terceiro canto, algumas características do servo nos chamam a atenção:

a) Possui os ouvidos abertos para OUVIR a Palavra do seu Senhor: é com base nessa escuta que o Servo descobrirá o caminho, as ações, o modo de ser que irão promover a tão sonhada transformação.   Ele é SERVO e, como tal, não pode ser dono do seu querer e de sua vontade.   O servo deve estar atento à voz do seu Senhor: não pode resistir nem voltar atrás;

b) Possui um comportamento diferenciado pois pretende promover uma realidade diferente:  dar atenção à Palavra do Senhor é fundamental para entender que os caminho proposto não é o caminho convencional, vivido e trilhado pela maioria das pessoas.   O Servo deverá estar pronto, se quiser promover a tão sonhada transformação, para oferecer as costas para que lhe batam e a face para lhe arrancarem a barba, além de não desviar o rosto de bofetões e cusparadas = total HUMILHAÇÃO!

c) O Servo consegue tal proeza por conta de sua confiança do Senhor: Deus é o seu Auxiliador e sabe que não sairá decepcionado, não sairá humilhado.

A certeza de quem está por traz, oferecendo sustentação é a grande força que mantém o SERVO firme em seu caminho e convicto da vitória final.  O caminho proposto pelo Senhor é extremamente difícil de ser trilhado mas, em contrapartida, pela Palavra é o único capaz de promover a mudança de vida de modo a torná-la SINAL DO SALVADOR!

Essa Primeira Leitura serve como pano de fundo para o texto evangélico de hoje (Mc 8, 27-35) que ocupa o centro desse Evangelho que tem 16 Capítulos.   

O Evangelho de Marcos é o primeiro manual de catequese das Comunidades e, por isso, de forma muito simples e, até sucinta (sem perder, é claro, a sua importância) ele delineia o fundamental para o discípulo de Jesus.   Na primeira parte - que a primeira parte do texto de hoje encerra - o objetivo do evangelista é suscitar resposta à grande questão que norteia a reflexão de hoje, a saber: QUEM É JESUS?   Na segunda parte, que começamos a ver a partir da segunda parte do texto de hoje até o final de novembro, a questão proposta é: COMO SE TORNAR DISCÍPULO DO MESTRE JESUS?

No texto que nos é oferecido hoje, Jesus quer saber o que dizem dele as pessoas e, percebemos pelas respostas oferecidas, que o povo não compreendeu, ainda, a verdade sobre Jesus: confundem-no com alguns dos profetas que já estiveram no meio do povo.   Dirigindo essa mesma pergunta, agora aos seus discípulos, receberá a resposta correta, porém, parece que com compreensão incorreta: Tu és o Messias!  Quando falo que os discípulos - representados por Pedro - responderam corretamente mas não compreendiam o que tal resposta queria, de fato, dizer, é por conta do longo discurso que Jesus se vê obrigado a fazer para esclarecer que tipo de Messias Ele era.   Havia, na época de Jesus, uma ideia a respeito do Messias que não batia com a Verdade sobre Jesus pois todos esperavam um Messias grandioso, poderoso política e militarmente, que iria promover uma grande transformação em favor de Israel.   Mas, Jesus é Messias á maneira do SERVO SOFREDOR descrito na Primeira Leitura de Isaías, por isso afirma: o Filho do Homem deve sofre muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.   Ora, como falei anteriormente, os discípulos não compreendiam dessa forma o Messias e , por isso, Pedro, repreende Jesus afirmando que isso, jamais iria acontecer pois Deus não iria permitir.  Nesse momento, Jesus, também, repreende Pedro dizendo que ele não estava pensando como Deus mas como o mundo e, o chama de Satanás pois esse é o contrário de Deus e pensa o contrário também.   

Por fim, o texto evangélico diz as características do discípulo (início da segunda parte do Evangelho):renúncia a si mesmo, tomar a cruz cada dia e, seguir Jesus pelo caminho trilhado por Ele.   Essa proposta implicará na perda de vida mas, a certeza oferecida é que a mesma será reencontrada depois.

Acreditar em Jesus significa viver, concretamente, o que Ele pede pois, no plano cristão, fé e vida caminham juntas e não podem ser separadas.   É isso que nos afirma São Tiago na Segunda Leitura de hoje (Tg 2, 14-18): a fé sem obras é morta em si mesma!

Que Deus nos ajude a viver as verdades que professamos com a boca em nossa vida concreta.   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!


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