Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!
Com alegria continuamos a nossa caminhada de fé com a Igreja no mundo que celebra o XXIII Domingo do Tempo Comum e, dessa forma, somos convidados, nesse tempo, a sermos santos e santas como nosso Pai do Céu é Santo e, com a Igreja no Brasil, vivemos o Mês da Bíblia e, como falamos, no domingo passado, somos convidados a dar maior atenção à Palavra de Deus como a única capaz de nortear a nossa vida de modo que possamos atingir a santidade que o tempo comum espera de nós.
Hoje, a Palavra de Deus trata, exatamente, dessa relação FÉ / PALAVRA DE DEUS. Acreditar, ter fé é um aprendizado que vem pela Escuta da Palavra em primeiríssimo lugar. Daí, a surdez ser considerada um obstáculo à Fé.
Na Primeira Leitura (Is 35, 4-7a) temos um trecho retirado do chamado apocalipse de Isaías (Is 34 - 35). Estamos no período do Exílio da Babilônia (séc. VI a.C.), período em que o Povo de Deus sofreu as consequências de um afastamento da Palavra, de um fechamento à Vontade de Deus, de uma "surdez" àquilo que o Senhor fala, entre outros. O Exílio é momento de reflexões sérias, sobretudo, à respeito dos motivos que levaram o Povo para tal situação. Toda essa reflexão, num determinado momento, pode gerar um certo desânimo pois, pelo menos, num primeiro momento, a situação parece maior que as forças das pessoas, parece não haver saída. É nesse sentido ou com essas informações prévias que poderemos compreender melhor o texto da Primeira Leitura de hoje. Para esse povo desanimado, afirma o Profeta: é preciso recriar o ânimo e não ter medo pois o Senhor está chegando! A chegada de Deus trará a Salvação. Mas, o que é Salvação? Na concepção do Profeta, diante das circunstâncias, salvação é transformação das realidades de morte em realidades de vida e, dessa forma, salvação é a retirada do Povo da situação em que se encontra: se abrirão os olhos dos cegos e de descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos; águas brotarão no deserto e jorrarão águas no ermo. A terra árida se transformará em lago, e a região sedenta, em fontes de água.
Esse texto do Profeta Isaías serviu para alimentar no Povo a ideia de que a chegada do Messias viria acompanhada dessas transformações, ou melhor, o reconhecimento da presença do Messias no mundo se daria por meio do reconhecimento de que Ele seria capaz de realizar tal transformação descrita na Primeira Leitura.
Dessa forma, o Evangelho da Celebração de hoje (Mc 7, 31-37) é paradigmático: Jesus é apresentado como Aquele que solta a língua do mudo e o torna capaz de escutar (cura a surdez). O milagre dessa cura é um sinal que aponta Jesus como o Messias esperado.
O texto nos apresenta Jesus atravessando uma região pagã - Tiro, Sidônia, região da Decápole - e, isso nos faz pensar numa atividade em favor daqueles que, em muitos momentos, não eram considerados. É nessas regiões que, quase sempre, se encontram aqueles que mais necessitam dos sinais da Evangelização Verdadeira. Nessa travessia, trazem à Jesus um homem surdo que falava com dificuldades. Vemos, aqui, como é importante para essas pessoas a presença de irmãos e irmãs que, tendo feito uma experiência com o Senhor, sejam capazes de conduzir outros (as) à mesma experiência. Aqui, também, podemos fazer uma alusão às explicações dos domingos anteriores aonde frisamos, em vários momentos, que a fé verdadeira necessita ser comprovada pelas obras: Quem não faz o que a Fé exige, não tem Fé de fato!
Em seguida, Jesus se afasta da multidão e, com gestos importantes (apesar de estranhos), promove a cura: primeiro da surdez e, em seguida, do mutismo. Isso é importante pois, de acordo com Rm 10 a Fé nos chega pelos ouvidos, pela escuta da Palavra e, depois, aquilo que foi escutado e assimilado, é proclamado = falado. Aqui, percebemos como o ESCUTAR é fundamental para a existência da Fé em nossa vida.
Por fim, o texto evangélico revela que esse milagre (sinal) permitiu ao povo reconhecer: Ele tem feito bem todas as coisas: AOS SURDOS FAZ OUVIR E AOS MUDOS FALAR! Nesse sentido, ocorre o reconhecimento de Jesus como o Messias anunciado pelo Profeta Isaías na Primeira Leitura de hoje.
Seguindo o texto de São Tiago na Segunda Leitura (Tg 2, 1-5), vemos a necessidade de transformar em prática de vida a fé que se professa em Comunidade: não é possível professar uma Fé em Comunidade que não seja vivida na prática. Essa ligação Fé / Vida vem com a necessidade de não fazer acepção de pessoa nas Assembleias Litúrgicas e, caso haja tal necessidade, a preferência deve recair sobre os pobres, os menos favorecidos, os excluídos, aqueles aos quais foi negado o direito à vida e, essa, PLENA!
Peçamos a Deus que nos auxilie na conquista de uma vida de fé cada vez mais coerente. Assim seja!
Boa Celebração para todos (as)!
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