sexta-feira, 30 de março de 2012

"Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: A Celebração da Contradição - A Condenação de Jesus como Resposta à Revelação do Infinito Amor do Pai por Todos (as)!" - 01 de Abril de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Depois de vivermos as 05 semanas e meia da Quaresma, entramos naquela que é considerada a SEMANA CENTRAL DO CALENDÁRIO LITÚRGICO: A SEMANA SANTA!   Esta Semana é chamada de Santa porque dentro dela entenderemos, por meio da vivência das Grandes Celebrações, o Infinito e Incondicional Amor de Deus Pai por TODOS (AS) nós revelado nos ÚLTIMOS MOMENTOS DA VIDA DE JESUS, O CRISTO, ENTRE NÓS!

Abrimos esta Semana Santa com a Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor e, pelo nome dado a este Domingo, percebemos que ele traz em si uma situação emblemática, ou melhor, uma situação "contraditória" pois, dentro da mesma viveremos um momento de extrema alegria, exaltação, acolhida do Senhor como nosso Rei e Senhor (primeiro momento celebrativo de hoje) e, logo após, perdemos esse clima de exaltação, alegria, de reconhecimento do Senhorio do Senhor sobre nós e, contraditoriamente, pediremos a sua condenação, morte de cruz e a soltura de Barrabás (segundo momento).    Acredito que tal Celebração (aparentemente contraditória) quer revelar o que cada um (a) de nós é na realidade: aceitamos o Senhor Jesus em nossas vidas, O aclamamos como nosso Rei e Senhor mas, quando percebemos que Ele não é Rei e Senhor de acordo com as nossas concepções e, portanto não estará, necessariamente, a serviço de nossos caprichos, vontades ... nos escandalizamos, revoltamos e, automaticamente, pedimos o seu afastamento e a sua morte!

Começamos a nossa Celebração num lugar à parte do local aonde a Celebração terá a sua continuidade e término e, neste momento, a grande característica é a Alegria e Exaltação típicas de quem está à frente de alguém de extrema importância em nossas vidas: a Comunidade reunida revive a ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM!   E, aqui, nos perguntamos: Por que o Povo recebe Jesus com tanto carinho em seu meio?   O que levou o Povo a tal atitude?   De onde vem a força para tal recepção? E, a resposta é única: o povo reconheceu naquele Jesus que vinha ao seu encontro - por conta de tudo que havia dito e feito ao longo dos três anos de sua vida pública - o Messias esperado e anunciado pelos antigos profetas!   Aquele que vem é "Filho de Davi", "o Enviado do Pai" e, na concepção da época, este viria para LIBERTAR ISRAEL DE SUA OPRESSÃO, TRANSFORMANDO-O NUMA FORTE E PODEROSA NAÇÃO COMO NOS TEMPOS DAVÍDICOS!   O povo está tão obcecado por tal concepção que não consegue perceber, já na entrada de Jesus, a contradição: O REI JESUS ENTRA MONTADO NUM JUMENTO, CRIA DE JUMENTA!   Esta acolhida triunfal é feita não a Jesus mas àquilo que o povo, ao longo dos séculos, imaginou que o Messias seria.   Não enxergam o que Jesus é mas aquilo que ele (povo) quer enxergar.   Esta ideia explicará o motivo que, em tão pouco tempo, fará o povo mudar de ideia e pedir a condenação daquele que fora recebido com grande entusiasmo, alegria, triunfo.

Após a bênção e procissão dos ramos, a Comunidade chega em outro espaço, preparado para a vivência do segundo momento desta Celebração: A Paixão do Senhor!   Neste segundo momento o clima muda e, a alegria cede lugar à tristeza, o triunfo à derrota, a vida à morte.   Aqueles que acolheram Jesus pedirão a sua condenação e a soltura de Barrabás (bandido preso).

Neste segundo momento, a Palavra de Deus na Primeira Leitura (Is 50, 4-7) nos apresenta um dos Cantos do Servo de Javé ou Servo Sofredor.   Nestes cantos (04 no total), o profeta nos apresenta a figura de alguém que conseguiria salvar o povo usando outras estratégias, diferentes das estratégias utilizadas pelo mundo para condenar.   Sua confiança plena e total no poder Daquele que o designou para tal missão, lhe dá coragem pra enfrentar os ultrajes e sarcasmos que lhe lançam na cara: " o Senhor oferece língua adestrada que sabe falar palavras certas, na hora certa, para as pessoas que estão precisando!"   O Servo consegue esta proeza por conta de "a cada manhã, ao ser despertado, abrir os ouvidos para ESCUTAR o que o Senhor lhe dirá!"   Ouvir e colocar em prática o que escuta do Senhor trará complicações mas, o SERVO SABE EM QUEM COLOCOU A CONFIANÇA: "oferece a face e a barba e não desvia o rosto dos bofetões e cusparadas!"   Tudo o Servo suporta por saber que o Senhor é o "Seu Auxiliador e sabe que não sairá humilhado deste confronto com o mundo e seu modo de agir!"

Esta Primeira Leitura nos prepara para a compreender  o Evangelho da Paixão (Mc 14, 1-15,47) pois na narrativa da Paixão (o domingo de Ramos é o único domingo do ano em que lemos e meditamos a Paixão do Senhor) compreendemos que em Jesus se cumpre tudo que fora dito pelos Profetas.   Em Jesus vemos todas as características do Servo de Javé ou Servo Sofredor: Jesus é aquele que, pela via do Amor - contrária à proposta do mundo - salvará o próprio mundo.

Toda esta compreensão se completa com o belíssimo texto do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2, 6-11) utilizado como Segunda Leitura de hoje: a descrição do movimento de rebaixamento e humilhação de Jesus que se entrega e é obediente até a morte e morte de cruz é a causa de sua exaltação e de seu SENHORIO sobre o mundo!   Acreditar nesta VERDADE nos faz COMPROMETIDOS COM ESTA FORMA DE VIVER A VIDA NESTE MUNDO!

Que a Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor desperte em cada um (a) de nós a compreensão de quem é este Jesus que por Amor oferece a Sua Vida por nós e, crescendo nesta compreensão, consigamos conduzir a nossa VIDA de modo a REVELAR ESTA MESMA VERDADE!   Assim Seja!

Boa Celebração!

quinta-feira, 29 de março de 2012

"Semana Santa: Momento de fazer a Experiência do amor Infinito de Deus por nós para experimentarmos a Alegria da Verdadeira Conversão!" - de 01 à 07 de Abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com grande alegria, após termos vivido o tempo de deserto, de escuta da Voz de Deus, de acolhimento de sua Palavra e Vontade em nossas vidas, de termos vencido o Adversário e suas investidas em nossas vidas, estamos preparados (as) para viver as alegrias das Celebrações da Semana Santa.   É importante compreender que a santidade da semana não está nela mesma mas, no modo como cada um (a) de nós a viveremos.   A semana, por si só, será igual a todas as outras mas, se estivermos, de fato, vivendo a santidade que a Quaresma buscou produzir em nós, ela (semana) será SANTA!

Durante esta Semana, a Igreja nos proporcionará uma oportunidade única de viver, com grande intensidade em nossas Celebrações, o EXTRAORDINÁRIO AMOR INFINITO DO PAI POR CADA UM (A) DE NÓS!   A cada dia, a cada Celebração esta verdade sobre Deus vai ficando mais clara e, automaticamente, vai suscitando em nós o desejo por uma VIDA SANTA, que corresponda, em todos os seus aspectos, a tão grande AMOR.

Assim, iniciaremos a Semana Santa com a belíssima Celebração dos Ramos Ramos e da Paixão do Senhor e, nesta Celebração, refletiremos a CONTRADIÇÃO presente em nós na nossa relação com Deus: a nossa vida será percebida tal qual a vida dos contemporâneos do Senhor Jesus!   Somos um povo que aclama o Senhor Jesus como nosso Rei, nos comprometemos com Ele mas, quando percebemos que Ele não fará as nossas vontades, que o seu reinado não é, exatamente, o que eu gostaria que fosse, que segui-Lo implicará numa abertura para viver a SUA VIDA, A SUA ENTREGA, A SUA CRUZ, saímos decepcionados de sua presença, deixando atrás de nós um rastro de incompreensão, decepção, revolta.   Perceberemos que, também nós, gritamos "HOSANA AO FILHO DE DAVI!" ou "BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR!" e, ao mesmo tempo, pedimos "CRUCIFICA-O!" ou: "FORA COM ELE!" ou, ainda: "SOLTA-NOS BARRABÁS!"   Aprenderemos, com a Celebração do Domingo de Ramos que a santidade está na conformação da nossa vida à vontade redentora do Pai!

Na Quinta-Feira Santa voltaremos a nos reunir para iniciarmos a SANTA CELEBRAÇÃO DO TRÍDUO PASCAL, o centro do Calendário Litúrgico, da Vida da Igreja.  

Importante compreender que o Tríduo Pascal não é formado por três Celebrações distintas mas, ao contrário do que parece, o Tríduo Pascal é uma única e grande Celebração Eucarística que, pedagogicamente, foi dividida em três momentos distintos, em três dias separados para nos conduzir à compreensão do que acontece, todos os dias, em toda e qualquer Celebração que participamos.   Assim, é preciso compreender que a Santa Missa começa na Quinta-Feira Santa e se conclui na Vigília Pascal do Sábado Santo.   Cada um dos momentos, cada um dos dias nos oferecerá a oportunidade para refletir sobre um aspecto presente em nossas Celebrações Eucarísticas.

Dessa forma, temos:

Quinta-Feira Santa - Páscoa da Ceia:  Nesta noite, nos reuniremos para dar início ao Tríduo Pascal e, neste primeiro momento, a nossa atenção estará voltada para a compreensão da Celebração Eucarística como Ceia, Banquete que nos é oferecido pelo próprio Jesus, e mais ainda, o alimento e a bebida são o seu Corpo e o seu Sangue.   Jesus nos reúne para o Banquete e, Ele mesmo é anfitrião e, ao mesmo tempo a nossa Comida e a nossa Bebida.   Participar deste Banquete Eucarístico exigirá de nós uma conformidade com a vida Daquele que nos convidou e se nos oferece em Alimento e Bebida: banquetear-se com o Corpo e o Sangue de Jesus, o Cristo, exigirá de cada um (a) uma mudança de postura, de conduta pois a nossa vida deverá, a partir de então, conformar-se à Dele!   Ter uma vida conformada a do Senhor Jesus implica na doação, em "querer lavar os pés uns dos outros" em sinal do "Amor" que a Celebração nos ensina.   Entender esta ideia desenvolvida neste primeiro dia, nos permitirá caminhar para a participação do segundo momento do Tríduo.

Sexta-Feira da Paixão - Páscoa da Cruz:   Neste dia, após ter compreendido que a Celebração Eucarística é o Banquete oferecido pelo próprio Jesus a todos (as) nós e, neste Banquete da Vida, Ele nos oferece a Sua Vida (Corpo e Sangue) para nosso Alimento e Bebida, nos dará oportunidade para entrar na compreensão do sentido deste segundo momento: o destino final de todo (a) aquele (a) que participa do Banquete é permitir que sua vida se encaminhe para a entrega total em favor dos irmãos (ãs)!   Acompanhar todo o sofrimento, a entrega, a cruz, a morte do Senhor nos oferecerá uma real dimensão do compromisso que assumimos com Ele quando participamos do Banquete Eucarístico.   Comemos e bebemos o Seu Corpo e Sangue para nos assemelharmos, cada vez mais, a Ele.   Daí, o Apóstolo falar que "comungar o Corpo e Sangue do senhor mas, ao mesmo tempo, não querer conformar a nossa vida à Dele, é comungar a nossa própria condenação!"   Compreender esta dimensão de entrega da própria vida por Amor nos possibilitará a participação no terceiro e definitivo momento do Tríduo Pascal vivenciado no Sábado Santo.

Sábado Santo - Páscoa da Ressurreição:  Compreender a Eucaristia como Banquete aonde o próprio Senhor se dá a nós no seu Corpo e Sangue; perceber que comungar do Corpo e Sangue do Senhor exigirá um compromisso de viver a sua vida em nós e, portanto, a entrega, a doação, a cruz, a morte por amor dos irmãos deverá marcar a nossa vida neste mundo ... nos possibilitará a participação nesta última etapa da nossa caminhada: o que está reservado para nós é a Vitória, a Glória, a Ressurreição!   É a explosão própria da Noite da Páscoa, da Vigília Pascal!   Nesta Noite Santa, a Comunidade reunida ouvirá trechos da Palavra de Deus que possibilitará à mesma a compreensão do Amor Infinito de Deus que perpassou a história da salvação em todos os seus momentos apesar das infidelidades do povo.   No final, o Amor Misericordioso de Deus, vencerá!   É aqui que se encontra a nossa razão de ser cristãos (ãs): somos um povo que vivendo entre as coisas que passam, olhamos e buscamos as que não passam; temos os olhos fixos na meta e, não nos deixamos abater por nada, nem ninguém que busca nos desviar daquilo que nos é proposto!

Em todas as nossas Celebrações, esta tríplice compreensão deveria se fazer presente: BANQUETE, CRUZ E RESSURREIÇÃO!   A nossa vida de crentes e fieis nunca deve esquecer estes aspectos que o Tríduo Pascal traz à tona em seus Três Momentos Celebrativos!

Estejamos atentos nas Celebrações desta Semana Santa e, compreendendo por meio das mesmas, o amor infinito de Deus por nós, estejamos abertos (as) para fazer de nossas vidas SINAIS VIVOS DESTE MESMO AMOR!

Que Deus nos ajude e que as Celebrações da Semana Santa produzam em nós o que desejam, isto é, a Santidade!   Assim seja!

Boas Celebrações para todos (as)!

Horários das Celebrações em Nossa Paróquia

31/03: 19:00h - Santa Missa (Santa Cruz)
01/04: 07:30h - Santa Missa com a Bênção e Procissão dos Ramos - Santa Cruz
19:00h - Santa Missa (Santa Cruz)

05/04 - 20:00h - Santas Missas da Ceia do Senhor - Santa Cruz e Santa Rita de Cássia

06/04 - 06:00h às 14:30h - Adoração Silenciosa ao SSMO. - Salão Paroquial
15:00h - Celebração da Paixão do Senhor com Adoração da Santa Cruz - Santa Cruz
17:00h - Procissão com o Senhor Morto e Nossa Senhora das Dores
19:00h - Veneração das Imagens - Santa Cruz

07/04 - 20:00h - Vigília Pascal - Santa Cruz e Santa Rita de Cássia

(após a Celebração da Vigília Pascal, haverá uma Noite de Louvor e Adoração ao Senhor Vivo e Ressuscitado na Comunidade Santa Cruz)

08/04 - Domingo de Páscoa
06:00h - Santa Missa da Alvorada - Santa Cruz
08:00h - Café da Manhã Comunitário - Salão Paroquial
10:00h e 19:00h - Santas Missas de Páscoa - Santa Cruz
16:30h - Santa Missa de Páscoa e Envio dos Coordenadores das Novenas de Santa Rita de Cássia nas Famílias - Comunidade Santa Rita de Cássia

Venham rezar conosco nestes dias e tragam suas famílias!



sábado, 24 de março de 2012

"Solenidade da Anunciação do Senhor: Deus cumpre a Promessa!" - 26 de Março de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria, como na semana passada, quebramos o clima quaresmal para celebrar a Solenidade da Anunciação do Senhor.   Dentro da Tradição Cristã Católica que celebra o Nascimento do Senhor em 25/12, temos, 09 meses antes (25/03), o anúncio do Anjo à Maria.   Porém, como neste ano, o dia 25/03 ocorre no domingo e, os domingos da Quaresma não podem ser substituídos, celebramos tal Solenidade na Segunda-Feira mais próxima ao dia real, a saber, 26/03.   Feitas tais explicações, busquemos entender o sentido, a mensagem da Solenidade de hoje tendo por base os textos da Palavra de Deus.

A Solenidade da Anunciação do Senhor deve ser compreendida dentro do contexto do cumprimento das Promessas de Deus a seu Povo.   A Encarnação de Jesus no seio virginal de Maria faz parte da realização das Promessas e, neste caso, a realização PLENA e TOTAL!   Após Jesus, não há mais promessas pra serem cumpridas.

Dentro desta perspectiva busquemos compreender a importância da Primeira Leitura (Is 7, 10-14), um texto clássico pra nós cristãos.   Estamos no tempo do Rei Acaz (séc. VIII a.C. - por volta de 722 a.C.).   O rei Acaz está apavorado por conta de alianças externas, de outros reinos que buscam invadir Judá e tomar o poder.   Acaz, muito jovem (20 anos), sente medo e, imagina que fazer uma aliança política com a Assíria seria a melhor saída.   Mas, a Assíria é uma nação pagã e, não deixaria barato o apoio dado a Judá, ao rei Acaz.   Cobraria o apoio e, automaticamente, Judá ficaria refém de uma nação pagã, se vendo obrigada a fazer o que fosse exigido dela (culto, práticas ... pagãs).   Por outro lado, tal aliança revelaria uma verdade terrível: Judá demonstraria não estar confiando no Poder de Deus que faz o impossível, aos olhos humanos, acontecer!"   É aqui que o profeta Isaías resolve ir falar com o rei Acaz para tentar tirar de sua cabeça o desejo de tal aliança com a Assíria.   Acaz parece irredutível e não aceita os conselhos do Profeta e, por fim, o Profeta, na leitura de hoje, pede a Acaz que peça, caso duvide do Poder de Deus, um SINAL vindo do céu que Deus lhe daria.   Acaz, em sua obstinação, não aceita e, num tom num primeiro momento, cordato e piedoso diz que não iria tentar o Senhor Deus.   Mas, é preciso entender que Acaz não pede um SINAL não porque não queira tentar o Senhor Deus mas, porque sente medo e, como diz o ditado: "Vai que Deus oferece o sinal e ele se vê obrigado a confiar!..."   O Profeta Isaías, cheio de furor ante a recusa do rei Acaz, afirma que mesmo não pedindo, Deus dará um SINAL: "Eis que a Jovem (Virgem) conceberá e dará à luz um filho que será Deus-Conosco!"   Ora, sabemos que tal profecia se referia ao filho do rei Acaz (Ezequias) que nasce de sua jovem esposa.   Porém, sabemos também, que o rei Ezequias - apesar de ter sido um bom rei - não foi capaz de realizar tudo que o Profeta anunciara com sua profecia.    É a partir daqui que a ideia de um Messias vai ganhando força no meio da Comunidade.   Aqui, a importância deste texto do Primeiro Testamento para a compreensão do Evangelho de hoje.

O texto evangélico de hoje (Lc 1, 26-38) nos oferece a possibilidade de compreender que em Jesus, a Promessa se cumpre de forma definitiva, plena e total.   Vejamos alguns detalhes do texto:

A primeira situação que chama a atenção é o local e a pessoa escolhidos por Deus:  Nazaré e Maria!   São representantes de Pobres e, isso nos faz pensar nos caminhos escolhidos por Deus: opostos aos nossos.   Ao longo da história, criou-se a convicção de que o Messias seria um Grande, um Poderoso e, consequentemente, sairia de Jerusalém e de uma Família do Poder estabelecido.   Deus, contrariando toda expectativa, busca em Nazaré (povoado que, sequer, foi citado no Primeiro Testamento) uma "VIRGEM" para ser aquela que, com seu SIM, levará a bom termo a Promessa.   O fruto do ventre de Maria é produto da Força do Altíssimo e vem para realizar as palavras do Profeta Isaías, na primeira leitura da Missa.

A segunda situação interessante é a resposta de Maria: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim a Tua Palavra!"   Esta abertura dos simples, dos pobres á vontade de Deus é fundamental para a realização da Promessa.   Neste momento, Maria se torna o nosso modelo de virtude, de fé, de abertura à vontade do Senhor.   Estando vivendo este Tempo de Quaresma, estas são posturas que cada um (a) de nós deve buscar para que as Celebrações Pascais sejam mais verdadeiras em nossas vidas.

Este Jesus que nasce de Maria por obra e graça do Altíssimo é Aquele que vem nos ensinar que o verdadeiro culto que agrada ao Senhor é uma Vida totalmente voltada pra cumprir a vontade do Pai.   A Segunda Leitura (Hb 10, 4-10) nos apresenta tal verdade: não há necessidade de sangue de animais pois estes já não cumprem mais o que pretendia.   O Sangue que salva, cura, perdoa é o de Jesus, filho de Maria que, numa vida totalmente consagrada á vontade do Pai, será causa única e perfeita de nossa Salvação!

Portanto, celebrar a Solenidade da Anunciação do Senhor deve nos encher de sentimentos de gratidão a Deus que, no seu Infinito Amor por cada um (a) de nós, cumpriu a sua Promessa: nos ofereceu o Seu Filho pra ser a causa de nossa Salvação!   E nós?   Como temos vivido esta Verdade em nossas vidas?

Pensemos nisso e sejamos fieis àquilo que Deus espera de nós!   Amém!




sexta-feira, 23 de março de 2012

"V Domingo da Quaresma: A Nova e Eterna Aliança em Jesus!" - 25 de Março de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Estamos entrando na última semana da Quaresma e, precisaremos nesta reta final de muita atenção para perceber se, de fato, estamos preparados para entrar na Semana Santa e, sobretudo na Páscoa, como homens e mulheres novos; precisaremos nos perguntar se a penitência que praticamos, o amor que oferecemos e a oração que fizemos nos aproximaram deste Deus que, ao longo deste período nos ofereceu oportunidades concretas de mudanças, de voltarmos a Ele de todo o coração, de vencermos o pecado e o mal que nos dominam.

Nesta última semana, a Palavra de Deus nos apresenta a Promessa de Javé para com a Casa de Israel de firmar uma Nova e Eterna Aliança, bem como a realização da mesma na Pessoa de Jesus.

Assim, na Primeira Leitura (Jr 31, 31-34) temos o Profeta Jeremias buscando animar o povo que está vivendo uma situação de dor e sofrimento por conta do Exílio.   Para este povo sem esperança, sem perspectiva, aparentemente sem futuro, anuncia o Profeta a realização, da parte de Deus, de uma Nova Aliança.   Esta - afirma - será Nova porque estará gravada nos Corações das pessoas e, não mais, na Pedra como fora a do Sinai.   A Aliança escrita na Pedra não oferecia as condições para o seu cumprimento pleno pois, como o próprio objeto (Pedra) revela, esta é algo frio e externo ao ser humano e, por conta disso, o mesmo ser humano não sente impulsionado a cumpri-la.   A Lei da Pedra só é vivida à base da força mas, Deus não nos quer ao seu lado forçado mas, como falamos semana passada, Ele nos quer ao seu lado por termos percebido o Seu Grande e Infinito Amor por nós.   A Nova Lei, anunciada pela boca do Profeta, será Nova por conta de não mais ser escrita fora do ser humano mas em suas Entranhas, em seu Coração.   Esta Nova Aliança permitirá ao ser humano a fidelidade que a anterior (na Pedra) não foi capaz de produzir.   Com esta Nova Aliança, "Deus será o Deus do Povo e este, por sua vez, será o Povo de Deus".   Trazer esta Nova Aliança gravada no Coração terminará com os mediadores pois cada um (a) poderá manter um relacionamento íntimo com o Senhor, "do menor ao maior".   Assim, Deus perdoará e esquecerá o pecado do povo.

Ora, séculos se passam entre esta promessa anunciada pela boca do Profeta e a sua realização pois, a mesma só se dá em Jesus.   Jesus, o Cristo, é a manifestação do Amor Infinito do Pai;   Jesus, o Cristo é a Nova e Eterna Aliança que Deus, o Pai, conclui com a Casa de Israel e todo o seu Povo.

No Evangelho (Jo 12, 20-33), Jesus é buscado por alguns gregos que "subiram para adorar durante a Festa das Tendas em Jerusalém".   Estes procuram Filipe e, este procura André que, juntos, encontrarão uma maneira de promover tal Encontro.   Ao se aproximarem de Jesus, este lhes fala que "a hora da glorificação do Filho do Homem havia chegado!"   Para São João a Hora do Filho do Homem, a sua glorificação se dará no momento da Cruz.   Neste Evangelho, vemos crescer, pouco a pouco, a expectativa por tal Hora.   Glória, em João, é sinônimo de entrega, de doação, de cruz, de morte. Daí, logo em seguida, percebermos que, para se fazer entender, o Senhor Jesus falar a parábola do "Grão de Trigo": se a semente de trigo não for lançada ao chão, se não for capaz de morrer não produzirá frutos mas, se for lançada e morrer na terra, produzirá muitos frutos.    Assim, o Filho do Homem: se não morrer, não promoverá a Salvação, não atingirá o objetivo, não cumprirá a missão!   Entender esta dinâmica da revelação do Amor de Deus implicará numa transformação de nossa vida para que se adeque ao que nos é proposto: "quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conserva-la-á para a Vida Eterna!" 

Fugir desta hora de entrega poderá ser o caminho mais fácil, mais cômodo porém não produzirá os frutos de salvação que Deus nos quer oferecer.   A glorificação do Pai passa pela entrega da própria vida pois é desta forma que a Nova Aliança se faz.   A entrega da vida por Amor julga o mundo aprisionado ao ódio; somente com Amor se "expulsa o chefe deste mundo".   Como falou na semana passada, conclui o texto de hoje: "quando Eu for elevado da Terra atrairei todos a Mim!"

Por fim, a Segunda Leitura (Hb 5, 7-9) nos apresenta, mais uma vez, Jesus como nosso modelo.   Ele elevou ao Pai preces, pedidos para que o livrasse da morte mas foi capaz de aprender, pelo sofrimento, a obediência ao Pai.   Esta entrega de Jesus, o Cristo, é a CAUSA DA NOSSA SALVAÇÃO.   Somente aqueles (as) que acreditam nesta VERDADE e, VIVEM DE ACORDO COM A MESMA são capazes de manifestar que assumiram a NOVA E ETERNA ALIANÇA QUE O PAI NO APRESENTA!

Pensemos nesta última semana no modo como cada um (a) está vivendo esta Aliança de Amor, gravada em nossos Corações e Entranhas e, peçamos ao Pai a força, a sabedoria ... tudo que for preciso para sermos fieis.   

Que Deus nos ajude!   Amém!

sábado, 17 de março de 2012

"São José, Esposo de Maria: Modelo de Virtude para os Cristãos!" - 19 de Março de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Quebrando o clima quaresmal, vivemos hoje, a Solenidade de São José, Esposo de Maria.   Celebrar a Eucaristia em honra de algum Santo ou Santa deve ser, para todos nós que cremos, uma oportunidade para refletir sobre o convite que o Senhor, ainda hoje, continua a nos fazer: "SEDE SANTOS COMO VOSSO PAI DO CÉU É SANTO"!   Neste dia, a Igreja nos apresenta a figura de José, esposo de Maria como nosso modelo.   Assim sendo, nos perguntamos sobre a importância desta personagem para o conjunto da História da Salvação e o sobre as suas ações em favor do cumprimento da vontade de Deus em sua vida.

Partindo deste princípio, vemos na Primeira Leitura (II Sm 7, 4-5.12-14.16) que nos revela a promessa feita por Javé ao seu servo Davi, por meio do profeta Natã: "... quando chegar o fim de teus dias e repousares com teus pais, então suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas entranhas, e firmarei o teu reino..."   Davi era alguém preocupado com a permanência de sua descendência no poder mas, em contrapartida, vemos Deus que afirma ser Ele o responsável por manter a linhagem de Davi à frente de um reino que não teria fim.   Num primeiro momento, esta promessa foi percebida e compreendida a partir da realidade humana mas, Deus vai além e, quando cumpre a promessa, o faz de forma muito maior e plena.

Séculos se passaram desde que o Senhor fez a promessa a Davi e, no Evangelho de hoje (Mt 1, 16.18-21.24) a vemos começar a ser realizada.   Acredito que a importância de José para a História da Salvação está exatamente neste momento: é ele o responsável por dar concretização à promessa de Deus, ou melhor, ele é parte integrante, importante para que a promessa feita a Davi, na primeira leitura, se cumprisse plenamente.   A narrativa do nascimento de Jesus, na perspectiva de Mateus dá uma importância ímpar a José (diferentemente de Lucas que ressalta a figura de Maria).   Mateus quer nos apresentar Jesus em sua estreita relação com toda a trajetória histórica do Povo de Deus.   Jesus vem para fechar o ciclo das promessas feitas aos antepassados.   Sabemos que Jesus é filho de Maria e de Deus, o Pai.   Jesus não teve, humanamente falando, um pai carnal, de sangue.   Porém, à época, a mulher não suscitava descendência pois não transmitia o nome da família para os filhos pois essa era uma tarefa, única e exclusivamente, masculina.   É aqui que entra a importância de José: ele será o elo da corrente que ligará Jesus aos antepassados de modo que a promessa feita na primeira leitura de hoje se cumprisse.   É ele quem assume a responsabilidade de dar um nome a Jesus e ligá-lo à promessa.

José não compreende, logo de cara, o seu papel nesta história e, por isso, guarda silêncio e se afasta para escutar o que o Pai tem pra ele.   Em sonho, o Senhor lhe revela o seu papel e, tão logo compreende a sua função, não hesita em cumprir a vontade soberana de Deus em sua vida: Acolhe Maria em sua Casa e assume a paternidade do menino Jesus!

Acredito que estas características de José são extremamente importantes pra nós que vivemos neste Tempo Quaresmal buscando realizar a vontade de Deus em nossa vida.   Assumir a postura de José poderá ser um parâmetro, um caminho seguro para a realização da vontade de Deus em nossa vida.   Saber silenciar, buscar compreender o que Deus espera e, sobretudo, assumir o projeto divino como nosso, é sempre o caminho e a resposta que Deus espera de todos (as) nós que cremos.

Queremos, concluindo a nossa reflexão desta Solenidade pedir a Deus, o Pai de Jesus, o Cristo que nos conceda a graça da fidelidade ao seu projeto em nossas vidas e, diante das dificuldades, que São José interceda para que a seu exemplo, sejamos capazes de vencer as agruras e desafios da missão até o fim!

Que nossas famílias tenham em São José o seu protetor!   Amém!

LEMBRETE:   Em nossa Paróquia Santa Cruz, teremos Celebrações com Bênção das Famílias, às 08:00h e às 20:00h.   Não deixem de participar!

Boas Celebrações para todos (as)

"Ansiedade é falta de delicadeza com o andar da Natureza!" - Cláudia Alencar (Atriz e Escritora)

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Quero, neste texto, refletir com vocês um pouco deste problema que está na pauta do dia: a ANSIEDADE!   O nosso tempo está marcado por este mal e, para todos os lados que olhamos nos deparamos com pessoas que sofrem com esta situação.   Talvez, uma de suas causas esteja na INCERTEZA QUANTO AO FUTURO!   Vivemos num mundo que muda a cada instante e, esta característica que marca a vida de hoje, nos deixa um tanto quanto incapazes (o que não ocorria com tanta clareza em tempos passados) de planejar, com certa segurança, o futuro.   Estamos, sempre, com sensação de estarmos "pisando em ovos" e, tudo parece muito frágil e, consequentemente, nada nos dá, de fato, SEGURANÇA.

O mundo, a s pessoas correm e não sabem pra onde; buscam e não sabem o quê; desejam mas se perdem no caminho; sentem vontade de amar e ser amadas mas, em contrapartida não são preparadas para tal sentimento; vivem em meio a multidões e, ao mesmo tempo, se sentem solitárias; possuem tantas coisas e, permanecem insatisfeitas ... TUDO PARECE TER PERDIDO O SENTIDO!   O fato é que estamos sempre correndo atrás de algo que nem nós sabemos, ao certo, o que é.   

Gostaríamos de estar sempre à frente de tudo e de todos e, não percebemos com isso que ao querermos estar na frente perdemos o nosso verdadeiro lugar que está aqui e agora.   Este sentimento terrível - que é a ANSIEDADE - nos retira do solo verdadeiro da vida, do hoje de nossa história e, assim sendo, nos lança no vazio de um futuro que não temos a menor condição de programar pois não temos a certeza de que, um dia, tal futuro se torne realidade presente pra nós.   Corremos a vida inteira tentando alcançar o futuro e, mais tarde, percebemos que a nossa vida não aconteceu pois estivemos, sempre, fora do nosso presente: trabalhamos para adquirir recursos para viver melhor no futuro; refletimos para pensar como ter uma vida melhor no futuro; nos relacionamos com aqueles que, no futuro poderão nos ser úteis; deixamos de comer e beber pensando em como estaremos no futuro; rezamos pedindo graças para o futuro ...e, assim vamos vivendo ... sempre ansiosos e preocupados com o FUTURO!   Que ilusão terrível a nossa existência vivida desta forma!...

A Palavra de Deus nos alerta para a necessidade de percebermos que na vida TUDO TEM UM TEMPO CERTO PARA OCORRER de modo que é preciso estar atento ao AQUI E AGORA para não perdermos, no momento exato em que nos encontramos, aquilo que a VIDA, GENEROSAMENTE, ESTÁ NOS OFERECENDO.   É preciso compreender que não há melhor forma de planejar o futuro do que viver intensamente e da melhor forma possível o PRESENTE e, este presente, percebido com DOM DE AMOR DO NOSSO DEUS!    Desprezar o que a Vida nos oferece neste momento, neste sentido, consiste em PECADO GRAVE!

Uma fruta amadurecida artificialmente porque arrancada antes do seu tempo, pode ser, até, consumida mas, em hipótese alguma, terá o sabor que teria caso respeitassem o seu tempo de amadurecimento e fosse  colhida no tempo devido.   Penso que a nossa vida segue um pouco por esta linha: antecipar situações sem o devido amadurecimento para as mesmas não acaba com a vida (literalmente falando) mas, torna a vida um pouco menos, sem o doce que teria caso tivéssemos a paciência de esperar o seu ritmo natural.   A nossa Ansiedade pode colocar tudo a perder!   Como está no tema de nossa reflexão "a ansiedade é falta de delicadeza com o andar da natureza"!

Reflitamos sobre essa questão e vivamos a nossa vida naquilo que ela está colocando como possibilidade hoje.   Não nos deixemos enredar pela preocupações e ansiedades quanto ao futuro. Façamos o que a vida está nos pedindo, aqui e agora e, com certeza, o FUTURO VIRÁ COM TODO O BRILHO E GRAÇA que desejamos!   Fazendo a nossa parte hoje, o amanhã - se vier - daremos um jeito de torná-lo o que desejamos!

Fiquem com Deus e até a próxima!

sexta-feira, 16 de março de 2012

"IV Domingo da Quaresma: A Fidelidade de Deus à Aliança!" - 18 de Março de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando seguimento à nossa Caminhada Quaresmal, chegamos ao IV Domingo e, hoje, somos convidados (as) pela Palavra de Deus que nos é proposta a refletir sobre, até que ponto, Deus é Fiel à Aliança que fez conosco.

Assim, na Primeira Leitura (II Cr 36, 14-16.19-23) vemos como o Povo de Deus, no Primeiro Testamento, foi conduzido por suas autoridades (chefes dos sacerdotes)  à infidelidade à Aliança com Javé: "...práticas abomináveis das nações pagãs e profanação do Templo que o Senhor tinha santificado em Jerusalém."   Apesar de tais práticas condenáveis, Javé sempre enviava mensageiros (profetas) para alertar e convidar ao retorno para Ele mas, apesar de tantas iniciativas da parte de Deus, o Povo não quis abandonar os seus desejos, caminhos, instintos, critérios, vontades.   Chamar a atenção do Povo era consequência da "COMPAIXÃO que Javé tem por seu povo, por sua própria casa".   Apesar de esperar uma resposta positiva ao convite que lhe dirigia, ao contrário, Javé recebeu desprezo, zombaria da parte do seu Povo.   É aqui que percebemos que, por conta desta atitude de rejeição, de desprezo e zombaria do Povo, este ficou à mercê de suas próprias capacidades, de seus próprios caprichos e, sem o auxílio divino - impedido de chegar até ele por conta do seu pecado -, acabaram perdendo tudo que, até aquele momento, havia conquistado: "os inimigos incendiaram a Casa de Deus e deitaram abaixo os muros de Jerusalém, atearam fogo a todas as construções fortificadas e destruíram tudo o que havia de precioso... os sobreviventes forma levados cativos para a Babilônia, tornando-se escravos do rei e de seus filhos."

Esta reflexão sobre a História da Salvação nos faz refletir sobre a nossa conduta nos dias de hoje que, me parece, não ser muito diferente pois, a cada momento o Senhor vem ao nosso encontro e nos convida à fidelidade à Aliança de Amor que Ele fez conosco mas, em contrapartida, apesar de sabermos que somente Nele a nossa vida terá sentido, seguimos por caminhos que não foram propostos por Ele e, como o Povo do Primeiro Testamento, nos enveredamos para nossa própria ruína, para nossa própria desgraça e morte.

Nossa sorte está no fato de que Deus nos ama para além de nossas infidelidades e, apesar delas, Ele continua FIEL e, na sua Fidelidade (que não é merecimento de nossa parte mas Graça procedente do seu Amor por cada um (a) de nós), Ele busca refazer tal História sem, sequer, contar com nossa participação.   A Leitura das Crônicas continua e afirma que é o próprio Deus quem suscita um "ESTRANGEIRO" ( CIRO = REI DOS PERSAS = PAGÃO) para fazer o trabalho de reconduzir o Povo  à sua terra.   O Exílio na Babilônia serviu como lição para que o Povo pudesse refletir sobre a sua conduta e, reconhecendo a sua infidelidade, voltasse para o Senhor de todo o coração.   O Exílio foi o tempo propício para que a "terra pudesse ter o seu descanso que, de acordo com a Lei de Deus, deveria ocorrer a cada 7anos" mas, a ganância = pecado do povo, não permitiu.   Para manter a Sua Fidelidade, Deus se utiliza, até, de um pagão e, isso demonstra a gratuidade de Deus em sua ação salvadora.

Este trecho do livro das Crônicas nos prepara para entender o Evangelho da Santa Missa (Jo 3, 14-21) que são as Palavras de Jesus pronunciadas no fim do "Diálogo com Nicodemos".   Jesus, recordando uma passagem do Livro dos Números 21, 8-9 (serpente de bronze), anuncia o que ocorrerá consigo mesmo: "Assim como Moisés levantou a serpente de bronze no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos que Nele crerem tenha a Vida Eterna!"   No deserto, por conta do pecado do povo, serpentes abrasadoras foram enviadas e picando as pessoas levavam-na à morte.   Fazer uma serpente de bronze, levantá-la numa haste foi o caminho para a "vida": "quem fosse picado, olhando para a serpente, ficava curado!"   Ora, Jesus é Aquele que quando for levantado da terra atrairá os olhares de todos e, contemplá-Lo e crer que Ele pode salvar, curar, dar a Vida Nova, garantirá a aquisição destas bênçãos.   Porém, aqui, uma questão feita no Segundo domingo:  "O que é CRER?"   E, recordando nossa reflexão, a Fé é um dom que o próprio Deus nos dá para conduzirmos a nossa vida de tal forma que Ele (Deus) possa ser percebido em nós, em tudo aquilo que somos e fazemos.    Assim sendo, olhar para Jesus no Alto da Cruz e crer Nele implica num compromisso de SER COMO ELE FOI, DE FAZER O QUE ELE FEZ, isto é, ENTREGAR A VIDA POR AMOR A TODOS (AS).  É esta Fé, que nos faz iguais a Jesus, que SALVA DE VERDADE.   O resto... é conversa fiada pra boi dormir!

Este gesto de Jesus (ser levantado na Cruz) revela o quanto Deus nos ama e, o que Ele é capaz de fazer para manter a sua fidelidade: Jesus é entregue por Amor e para Salvar, não para condenar!   Acreditar e comprometer-se com esta verdade traz Salvação e Vida, o contrário, traz Condenação e Morte.   

Para São João, o Julgamento, por conta desta adesão ou não ao Projeto de Salvação do Pai, vai se dando em nosso dia-a-dia, em cada momento, quando a vida vai nos colocando diante de situações em que devemos dar a nossa resposta: positiva ou negativa à vontade do Pai.   Viver na Luz nos dará condições de reforçar a nossa adesão; ficar na escuridão, nos levará para longe, para a perdição.

Por fim, o Apóstolo Paulo na Segunda Leitura (Ef 2, 4-10) reforça esta reflexão: falando do Amor de Deus por todos a ponto de entregar o Seu Filho por nós, nos garante que a Salvação é Graça, é Dom.   E nós?   O que estamos fazendo para corresponder a este Amor de Deus por nós?

Aproveitemos esta reta final do Tempo da Quaresma e, revendo a nossa vida de forma mais atenciosa busquemos fazer tudo para corresponder à tão GRANDE AMOR!

Boa Celebração para todos (as)!

sábado, 10 de março de 2012

"III Domingo da Quaresma: A Lei de Deus como Canal de Salvação!" - 11 de Março de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria, continuamos a nossa Caminhada rumo às alegres Celebrações da Páscoa do Senhor e, neste domingo, chegamos ao Terceiro Domingo do Tempo da Quaresma e, portanto, estamos, exatamente, na metade deste Caminho Preparatório (Quaresma: Tempo de Preparação para a Páscoa!).   Assim sendo, precisamos aguçar os nossos sentidos e, num esforço grandioso, nos perguntarmos sobre como estamos na luta por viver a nossa vida de acordo com a Vontade de nosso Deus!   Entrar nesta terceira semana da Quaresma deverá ser um momento de intensificação de nossa reflexão, objetivando a percepção daqueles pontos que, ainda, merecem uma atenção maior para chegarmos à Páscoa, de fato, como homens e mulheres novos, aonde o homem velho tenha sido completamente destruído.

Assim, retomemos, pelo menos por alto, o caminho percorrido até aqui:

Iniciamos este Tempo da Quaresma com um doce e suave convite do Senhor, por meio do Profeta Joel: "Voltai para mim de todo o coração; rasgai o coração e não as vestes!"   Essa Palavra do Senhor deu o TOM de nosso caminho.   Entendemos que tal convite é feito a cada um (a) de nós pois, na verdade, tal gesto de rasgar o coração só poderá ser feito por cada um (a) pois é um gesto pessoal.  Rasgar o coração implica na aceitação da DOR e, sobretudo, da MORTE.   A CONVERSÃO é um caminho dolorido, de renúncias, de cruzes, de MORTE.    Deixar de ser o que, durante muito tempo em nossa vida, nós fomos, não é tarefa fácil mas, ao contrário, exigirá um ESFORÇO COTIDIANO de nossa parte e, mais ainda, estar aberto à GRAÇA DIVINA  que, neste Tempo, está à nossa disposição: "Este é o Tempo da Graça! É agora o Tempo da Conversão!"  - nos dizia o apóstolo Paulo, ainda na quarta-feira de Cinzas, na Carta aos Coríntios!

Abrimos a Primeira Semana, buscando compreender que, entrar no Caminho de Conversão é complicado e difícil, mais ainda, impossível, se o homem e a mulher contarem somente com suas própria forças e, pior ainda, entenderem tal caminho com algo que lhes é imposto de fora para dentro.   Daí, no Primeiro Domingo da Quaresma, refletimos, a partir da Palavra de Deus, sobre a ALIANÇA DE JAVÉ COM SEU POVO!   Entendemos que a Aliança é iniciativa divina pois, não foi Noé quem procurou Deus após o dilúvio para pedir sua proteção mas, ao contrário, foi Javé quem foi ao encontro dele (Noé) para propor a Aliança e, sequer pediu garantias de Fidelidade pois, Ele (Javé) seria fiel pra sempre.   O Arco-íris nas nuvens seria a grande prova da fidelidade de Javé à Aliança.   Entender a Aliança deste modo nos faz querer, de alguma forma, viver um pouco mais, a fidelidade que Javé espera de nós e, quando sentimos isso em nós e nos deixamos conduzir por tal sentimento, somos conduzidos por Deus em todos os nossos caminhos e, mesmo que passemos por etapas complicadas no percurso da vida, Ele será a nossa proteção e salvação, assim como fez com Jesus no Evangelho das Tentações daquele domingo.

Entramos na Segunda Semana, e no domingo de Abertura, avançamos mais um pouco em nossa reflexão: "rasgar o coração, viver a Aliança..." nos conduz, necessariamente, para uma Vida de Fé!   Mas, o que é Fé?   Quais as suas consequências em nossa vida concreta, cotidiana?   É possível afirmar que se tem Fé mas, ao mesmo tempo, conduzir uma vida sem a menor ligação com a mesma?   Assim, a partir do exemplo de Abraão - nosso pai na Fé - fomos conduzidos à uma reflexão sobre este DOM que Deus nos oferece para podermos, sobretudo, conduzir a nossa vida pelos CAMINHOS QUE ELE NOS PROPÕE pois, sem a sua ajuda e auxílio não chegaremos a lugar algum.   Ter Fé é ter a capacidade de perceber Deus como o ÚNICO ABSOLUTO em nossas vidas; ter Fé nos faz, como Abraão, abandonar o PASSADO E O FUTURO na certeza de que SOMENTE O PRESENTE CONTA e este deve ser vivido do jeito de Deus.   Às vezes, o presente não é fácil - diria, até, impossível!   É aqui que a Fé entra como aquele Dom que nos faz ir além apesar dos pesares.   A Transfiguração de Jesus, narrada no Evangelho do Segundo Domingo, nos mostra essa verdade.    Contemplar a Glória que nos está reservada nos faz "descer da Montanha Sagrada para enfrentar os problemas do cotidiano com Novo Ânimo!"

Depois desta Pequena Revisão, entremos na sequência que esta Terceira Semana da Quaresma nos oferece: Refletir sobre a Lei de Deus como um Caminho Seguro de Conversão, de Felicidade, de Fidelidade à Aliança com Javé!

A Primeira Leitura (Ex 20, 1-17) nos apresenta a proclamação dos mandamentos de Deus, dentro do contexto da Aliança do Sinai.   Não queremos, aqui, fazer uma reflexão sobre cada uma das 10 Palavras da Lei mas, queremos buscar entender tais Palavras, em seu conjunto, buscando perceber o que elas querem trazer de novo para o povo.    Daí, as primeiras palavras da leitura são sintomáticas pois afirmam: "Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da terra da escravidão.   Não terás outros deuses além de mim!"   Aqui, percebemos o principal objetivo da Lei: levar o povo ao reconhecimento, a não se esquecer que a VIDA E A LIBERDADE são dons do ÚNICO DEUS VERDADEIRO: Javé!   Cumprir a Sua Vontade é o Caminho Seguro de Salvação e Vida Plena.   Por isso, o conjunto da Lei, nos revela que a mesma é o primeiro passo para compreendermos o que o Senhor Jesus fará no Evangelho (não da Celebração de hoje) quando afirma que toda a lei e os profetas se resumem no único mandamento do AMOR: a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a si mesmo!    Na verdade, se observarmos bem os 10 Mandamentos, perceberemos que eles estão à serviço desta Lei Maior do Amor; todas as "ordens" de Javé vão neste sentido: Amar a Deus e ao Próximo!   Poderíamos dizer que quem busca viver os mandamentos do Êxodo, vive mais facilmente, a Lei Maior do Amor e, quem vive a Lei Maior do Amor, vive mais facilmente os mandamentos do Êxodo pois, um levará, necessariamente, ao outro.

Os Mandamentos do Êxodo - que estão fora de nós, são externos, estão na Pedra - deveriam nos conduzir a uma vivência do Coração - portanto que vem de DENTRO de Nós, a Lei Maior do Amor.   No entanto, observando a História da Salvação percebemos que, nem sempre foi isso que ocorreu: em muitos momentos, os mandamentos da Pedra não proporcionaram uma Vivência do Coração, do Amor Verdadeiro mas, ao contrário, tais mandamentos serviram para respaldar, em nome de Deus, um regime de exploração e morte da maioria do Povo e, assim, tais mandamentos foram utilizados para uma prática, totalmente, contrária do objetivo em sua origem: Os mandamentos foram dados para que o povo não se esquecesse que um dia foi escravo no Egito e Javé o libertou!  A Lei do Êxodo foi uma forma de tornar o Povo capaz de não reproduzir o sistema de não-vida experimentado no Egito = Terra da Escravidão!    

Apesar disso, à época de Jesus, o que se observa é o CONTRÁRIO: exatamente por ocasião da Páscoa, a grande Festa da Libertação, o TEMPLO - sinal da presença de Deus no meio do Povo, o Deus da Libertação do Egito, o Deus que havia dado uma Lei para que a opressão não voltasse a dominar o seu povo - havia se transformado numa "CASA DE COMÉRCIO" e, portanto, num ESPAÇO DE EXPLORAÇÃO, DE MORTE, DE ESCRAVIZAÇÃO DO POVO!   Esta situação produzirá a revolta de Jesus no Evangelho de hoje (Jo 2, 13-25).   Percebendo toda esta situação contrária ao verdadeiro sentido da Festa da Páscoa - Festa esta que atualizava, fazia memória do Grande Feito de Deus em favor do seu povo, isto é, a LIBERTAÇÃO DA OPRESSÃO, da ESCRAVIDÃO - Jesus não se contém e, num ato de "fúria", faz um chicote de cordas e expulsa todos do TEMPLO.   Aqui, a confusão se arma pois as autoridades religiosas não aceitam tal intervenção em "seus negócios" que, afinal de contas, "eram feitos para CUMPRIR A LEI!" (a Páscoa é uma FESTA que Javé mandou celebrar ano à ano!)

Este episódio servirá para Jesus introduzir um tema importante neste Evangelho: o Fim do Templo como local de Adoração ao Senhor!   "Destruí este Templo e em três dias o levantarei", afirma Jesus e, no capítulo 4, no diálogo com a Samaritana, dirá: "Está chegando o dia em que nem aqui nem em Jerusalém se fará Adoração ao Pai pois o VERDADEIROS ADORADORES ADORARÃO O PAI EM ESPÍRITO E EM VERDADE!"  E conclui: "SÃO ESSES QUE O PAI PROCURA!"

A busca por uma vida correta, que brote do Coração, é tudo que o Pai procura e, os mandamentos do Êxodo devem ser lidos nesta perspectiva: um início de caminho que nos conduzirá para uma perfeita adoração ao Pai, isto é, em ESPÍRITO E VERDADE!

Tal adoração em Espírito e Verdade nos proporcionará uma aceitação da Vontade do Pai em nossas vidas, independentemente de coincidir tal Vontade do Pai com a nossa ou não.    Não ficamos preocupados com isso e não vivemos, como nos fala o Apóstolo Paulo hoje na Segunda Leitura (I Cor 1, 22-25): "Não buscamos sinais prodigiosos nem a sabedoria (judeus e gregos).    Queremos seguir e ser fiéis ao nosso Deus que, em Jesus foi crucificado por nós!    Ser sinais deste Deus, revelado em Jesus, não foi, não é e nunca será uma tarefa fácil mas, contamos com a GRAÇA DIVINA que nos acompanha nesta Missão! Que Deus nos ajude!   Amém!

quinta-feira, 1 de março de 2012

"II Domingo da Quaresma: Experimentando Jesus como o Cristo de Deus!" - 04 de Março de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos a nossa reflexão sobre a Palavra de Deus buscando na mesma as pistas, os caminhos, as luzes para vivermos este tempo litúrgico como um Tempo de Graça e de Reconciliação.   Aproveitar a Graça que nos é oferecida com o objetivo de nos aproximarmos, de todo o coração, de nosso Deus é fundamental.

Assim sendo, nos colocamos diante Dele e imploramos a Sabedoria, dom do Seu Espírito, para mergulharmos na Sua Palavra e, compreendendo-A possamos pô-La em prática.

Neste II  Domingo da Quaresma, damos um passo além em nossa reflexão e nos deparamos com a questão da Fé.   Nos deparando com o nosso Pai Abraão, vemos nele o que a Fé é capaz de levar o homem a fazer: abrir mão de TUDO por Amor a Deus!   Vejamos:

Na Primeira Leitura (Gn 22, 1-2.9a.10-13.15-18) vemos o nosso Pai na Fé (Abraão), numa espécie de "gesto desesperado", oferecendo o "Filho da Promessa" em sacrifício a Javé.   Este episódio levanta algumas questões: "Será que Javé, o Deus da Vida, se compraz com o sacrifício de vidas humanas?"   "Por que Javé, após ter concedido um herdeiro a Abraão, "exige" a sua morte?"  "Seria Javé uma espécie de "divindade pagã" que tem a sua ira aplacada como os sacrifícios humanos?"   Este é um episódio um tanto quanto complicado na História da Salvação.   Tentemos compreender o fato para tirar dele algumas lições para a nossa vida neste Tempo Quaresmal e sempre:

É importante entender que quando na Bíblia ouvimos a expressão "Deus falou com..." não podemos pensar que tal evento se dá da mesma forma que nós temos de falar uns com os outros.   Na verdade, tal expressão está ligada a uma espécie de "sensação interna" que o ser humano tem.   Ora, não podemos nos esquecer que quando Javé escolhe Abrão (mais tarde, Abraão) para "sair de sua terra e ir para uma terra distante" e, este, por sua vez, aceitou, Abrão era membro de um povo pagão e não conhecia esta "Nova Divindade".   Suas concepções sobre Deus estavam estreitamente ligadas às concepções pagãs.   De fato, era prática comum o oferecimento de sacrifícios humanos com o objetivo de "aplacar a ira dos deuses pagãos" e, quanto maior fosse essa ira mais a pessoa sacrificada devia ser próxima do ofertante, de modo que o oferecimento de filhos primogênitos era uma prática, mais ou menos, comum.

Pensemos:   Abraão está velho, a promessa feita demorava a se cumprir (pelo menos a segunda metade da promessa, isto é, "a posse da terra").   Buscando "interferir" no projeto divino, ou melhor, auxiliar Javé na realização da promessa, Abraão - que era pagão e vinha com concepções ainda pagãs sobre Deus - na verdade, pensa ou imagina que Javé está querendo um "SACRIFÍCIO" maior, quem sabe, o próprio filho da promessa.   E, não hesita em realizar tal ação.   Abraão pensa que Javé é uma Divindade semelhante às Divindades pagãs.

Apesar de ser uma ideia errônea, o trecho bíblico acaba trazendo algumas lições importantes pra nós:
a) tal ação demonstra a enorme de Fé de Abraão que, mesmo de forma atravessada, é capaz de oferecer o que tinha de melhor a Deus;
b) tal gesto de Abraão será, mais tarde, comparado à ação salvadora por excelência, a saber: o Pai oferecerá o seu Filho único em remissão de nossos pecados;
c) fica provado, de uma vez por todas que Javé não tem NADA em comum com as divindades comuns, sobretudo no que toca ao sacrifício humano pois é exatamente o contrário: Ele quer a VIDA PLENA para todos.

É esta fé autêntica que precisamos adquirir para enxergar além das aparências e compreender Deus tal qual Ele é.   Isso, percebemos no Evangelho de hoje (Mc 9, 2-10) que é considerado um novo começo na trajetória da revelação de Jesus:   agora se revelando como aquilo que de fato é: FILHO DE DEUS, DEUS VERDADEIRO!

Com Tiago, Pedro e João, Jesus sobe ao alto de uma Montanha e se transfigura, isto é, muda de figura.   Aquele Jesus, que até então era percebido como apenas um homem é, agora, percebido como DEUS = muda de figura.   É importante atentar para o "Alto da Montanha" como espaço aonde Deus se revela pois, a Montanha traz à tona um ideia fundamental para o encontro com o Senhor: O Homem SOBE e Deus DESCE!   Deus se revela quando fazemos a nossa parte.   A Montanha está "fora" do espaço comum da cidade aonde os homens se corromperam pelo pecado.   É preciso SAIR para se encontrar com Deus.

Este episódio da Transfiguração de Jesus oferecerá aos discípulos força para suportar o que está por vir: dor, sofrimento, morte que o Senhor anunciara um pouco antes no texto evangélico.  

Moisés e Elias aparecem conversando com Jesus e, tal fato, não é detalhe que possa passar despercebido.  Estes são o resumo de todo o Primeiro Testamento (Lei e Profetas).   Ao aparecerem neste momento, o evangelista quer nos revelar que Jesus é "Aquele que veio dar pleno cumprimento aos escritos do Testamento Anterior", Jesus é "a plenificação de tudo que veio antes".   É como se dissessem: "daqui para frente, tudo estará nas mãos de Jesus!"   Aliás, a voz que veio do céu afirmou: "Este é o meu filho amado.  Escutai o que Ele diz!"   

A percepção de Jesus como sendo Deus é algo extraordinário e, conduz os discípulos a acharem que não  teria mais necessidade de "DESCER DA MONTANHA", poi afirmam: "É bom estarmos aqui..."   Porém, parece que a proposta de Jesus vai em direção contrária pois, tal experiência com a Sua Divindade gera compromissos e, portanto, é necessário DESCER e, motivados por tal visão, TRANSFIGURAR o mundo que se encontra ao "Pé da Montanha".

Por fim, na Segunda Leitura (Rm 8, 31b-34) vemos o Apóstolo Paulo nos apresentando um belíssimo texto para nossa Celebração: "Quando Deus se faz presente em nossa vida, devemos ter a certeza de que NADA poderá se posicionar contra nós!"   Entender que o nosso Deus foi capaz de TUDO por nós (enviou o Seu Filho Único e permitiu a Sua Morte como preço de nossa REDENÇÃO - Lembra-se da Primeira Leitura quando o Sacrifício de Isaac não aconteceu! - nos dá força, coragem para enfrentar o MUNDO, se preciso for, para manter viva a nossa fé em Sua Palavra.   

Viver a Quaresma como um Tempo de Graça e Reconciliação só será possível se compreendermos o nosso Deus como de fato Ele é: "Aquele que é capaz de TUDO para nos SALVAR!

Que compreendamos tal Verdade e vivamos hoje e sempre de acordo com ela.   Asim seja!