sexta-feira, 30 de março de 2012

"Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: A Celebração da Contradição - A Condenação de Jesus como Resposta à Revelação do Infinito Amor do Pai por Todos (as)!" - 01 de Abril de 2012

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Depois de vivermos as 05 semanas e meia da Quaresma, entramos naquela que é considerada a SEMANA CENTRAL DO CALENDÁRIO LITÚRGICO: A SEMANA SANTA!   Esta Semana é chamada de Santa porque dentro dela entenderemos, por meio da vivência das Grandes Celebrações, o Infinito e Incondicional Amor de Deus Pai por TODOS (AS) nós revelado nos ÚLTIMOS MOMENTOS DA VIDA DE JESUS, O CRISTO, ENTRE NÓS!

Abrimos esta Semana Santa com a Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor e, pelo nome dado a este Domingo, percebemos que ele traz em si uma situação emblemática, ou melhor, uma situação "contraditória" pois, dentro da mesma viveremos um momento de extrema alegria, exaltação, acolhida do Senhor como nosso Rei e Senhor (primeiro momento celebrativo de hoje) e, logo após, perdemos esse clima de exaltação, alegria, de reconhecimento do Senhorio do Senhor sobre nós e, contraditoriamente, pediremos a sua condenação, morte de cruz e a soltura de Barrabás (segundo momento).    Acredito que tal Celebração (aparentemente contraditória) quer revelar o que cada um (a) de nós é na realidade: aceitamos o Senhor Jesus em nossas vidas, O aclamamos como nosso Rei e Senhor mas, quando percebemos que Ele não é Rei e Senhor de acordo com as nossas concepções e, portanto não estará, necessariamente, a serviço de nossos caprichos, vontades ... nos escandalizamos, revoltamos e, automaticamente, pedimos o seu afastamento e a sua morte!

Começamos a nossa Celebração num lugar à parte do local aonde a Celebração terá a sua continuidade e término e, neste momento, a grande característica é a Alegria e Exaltação típicas de quem está à frente de alguém de extrema importância em nossas vidas: a Comunidade reunida revive a ENTRADA TRIUNFAL DE JESUS EM JERUSALÉM!   E, aqui, nos perguntamos: Por que o Povo recebe Jesus com tanto carinho em seu meio?   O que levou o Povo a tal atitude?   De onde vem a força para tal recepção? E, a resposta é única: o povo reconheceu naquele Jesus que vinha ao seu encontro - por conta de tudo que havia dito e feito ao longo dos três anos de sua vida pública - o Messias esperado e anunciado pelos antigos profetas!   Aquele que vem é "Filho de Davi", "o Enviado do Pai" e, na concepção da época, este viria para LIBERTAR ISRAEL DE SUA OPRESSÃO, TRANSFORMANDO-O NUMA FORTE E PODEROSA NAÇÃO COMO NOS TEMPOS DAVÍDICOS!   O povo está tão obcecado por tal concepção que não consegue perceber, já na entrada de Jesus, a contradição: O REI JESUS ENTRA MONTADO NUM JUMENTO, CRIA DE JUMENTA!   Esta acolhida triunfal é feita não a Jesus mas àquilo que o povo, ao longo dos séculos, imaginou que o Messias seria.   Não enxergam o que Jesus é mas aquilo que ele (povo) quer enxergar.   Esta ideia explicará o motivo que, em tão pouco tempo, fará o povo mudar de ideia e pedir a condenação daquele que fora recebido com grande entusiasmo, alegria, triunfo.

Após a bênção e procissão dos ramos, a Comunidade chega em outro espaço, preparado para a vivência do segundo momento desta Celebração: A Paixão do Senhor!   Neste segundo momento o clima muda e, a alegria cede lugar à tristeza, o triunfo à derrota, a vida à morte.   Aqueles que acolheram Jesus pedirão a sua condenação e a soltura de Barrabás (bandido preso).

Neste segundo momento, a Palavra de Deus na Primeira Leitura (Is 50, 4-7) nos apresenta um dos Cantos do Servo de Javé ou Servo Sofredor.   Nestes cantos (04 no total), o profeta nos apresenta a figura de alguém que conseguiria salvar o povo usando outras estratégias, diferentes das estratégias utilizadas pelo mundo para condenar.   Sua confiança plena e total no poder Daquele que o designou para tal missão, lhe dá coragem pra enfrentar os ultrajes e sarcasmos que lhe lançam na cara: " o Senhor oferece língua adestrada que sabe falar palavras certas, na hora certa, para as pessoas que estão precisando!"   O Servo consegue esta proeza por conta de "a cada manhã, ao ser despertado, abrir os ouvidos para ESCUTAR o que o Senhor lhe dirá!"   Ouvir e colocar em prática o que escuta do Senhor trará complicações mas, o SERVO SABE EM QUEM COLOCOU A CONFIANÇA: "oferece a face e a barba e não desvia o rosto dos bofetões e cusparadas!"   Tudo o Servo suporta por saber que o Senhor é o "Seu Auxiliador e sabe que não sairá humilhado deste confronto com o mundo e seu modo de agir!"

Esta Primeira Leitura nos prepara para a compreender  o Evangelho da Paixão (Mc 14, 1-15,47) pois na narrativa da Paixão (o domingo de Ramos é o único domingo do ano em que lemos e meditamos a Paixão do Senhor) compreendemos que em Jesus se cumpre tudo que fora dito pelos Profetas.   Em Jesus vemos todas as características do Servo de Javé ou Servo Sofredor: Jesus é aquele que, pela via do Amor - contrária à proposta do mundo - salvará o próprio mundo.

Toda esta compreensão se completa com o belíssimo texto do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2, 6-11) utilizado como Segunda Leitura de hoje: a descrição do movimento de rebaixamento e humilhação de Jesus que se entrega e é obediente até a morte e morte de cruz é a causa de sua exaltação e de seu SENHORIO sobre o mundo!   Acreditar nesta VERDADE nos faz COMPROMETIDOS COM ESTA FORMA DE VIVER A VIDA NESTE MUNDO!

Que a Celebração do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor desperte em cada um (a) de nós a compreensão de quem é este Jesus que por Amor oferece a Sua Vida por nós e, crescendo nesta compreensão, consigamos conduzir a nossa VIDA de modo a REVELAR ESTA MESMA VERDADE!   Assim Seja!

Boa Celebração!

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