sábado, 10 de março de 2012

"III Domingo da Quaresma: A Lei de Deus como Canal de Salvação!" - 11 de Março de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria, continuamos a nossa Caminhada rumo às alegres Celebrações da Páscoa do Senhor e, neste domingo, chegamos ao Terceiro Domingo do Tempo da Quaresma e, portanto, estamos, exatamente, na metade deste Caminho Preparatório (Quaresma: Tempo de Preparação para a Páscoa!).   Assim sendo, precisamos aguçar os nossos sentidos e, num esforço grandioso, nos perguntarmos sobre como estamos na luta por viver a nossa vida de acordo com a Vontade de nosso Deus!   Entrar nesta terceira semana da Quaresma deverá ser um momento de intensificação de nossa reflexão, objetivando a percepção daqueles pontos que, ainda, merecem uma atenção maior para chegarmos à Páscoa, de fato, como homens e mulheres novos, aonde o homem velho tenha sido completamente destruído.

Assim, retomemos, pelo menos por alto, o caminho percorrido até aqui:

Iniciamos este Tempo da Quaresma com um doce e suave convite do Senhor, por meio do Profeta Joel: "Voltai para mim de todo o coração; rasgai o coração e não as vestes!"   Essa Palavra do Senhor deu o TOM de nosso caminho.   Entendemos que tal convite é feito a cada um (a) de nós pois, na verdade, tal gesto de rasgar o coração só poderá ser feito por cada um (a) pois é um gesto pessoal.  Rasgar o coração implica na aceitação da DOR e, sobretudo, da MORTE.   A CONVERSÃO é um caminho dolorido, de renúncias, de cruzes, de MORTE.    Deixar de ser o que, durante muito tempo em nossa vida, nós fomos, não é tarefa fácil mas, ao contrário, exigirá um ESFORÇO COTIDIANO de nossa parte e, mais ainda, estar aberto à GRAÇA DIVINA  que, neste Tempo, está à nossa disposição: "Este é o Tempo da Graça! É agora o Tempo da Conversão!"  - nos dizia o apóstolo Paulo, ainda na quarta-feira de Cinzas, na Carta aos Coríntios!

Abrimos a Primeira Semana, buscando compreender que, entrar no Caminho de Conversão é complicado e difícil, mais ainda, impossível, se o homem e a mulher contarem somente com suas própria forças e, pior ainda, entenderem tal caminho com algo que lhes é imposto de fora para dentro.   Daí, no Primeiro Domingo da Quaresma, refletimos, a partir da Palavra de Deus, sobre a ALIANÇA DE JAVÉ COM SEU POVO!   Entendemos que a Aliança é iniciativa divina pois, não foi Noé quem procurou Deus após o dilúvio para pedir sua proteção mas, ao contrário, foi Javé quem foi ao encontro dele (Noé) para propor a Aliança e, sequer pediu garantias de Fidelidade pois, Ele (Javé) seria fiel pra sempre.   O Arco-íris nas nuvens seria a grande prova da fidelidade de Javé à Aliança.   Entender a Aliança deste modo nos faz querer, de alguma forma, viver um pouco mais, a fidelidade que Javé espera de nós e, quando sentimos isso em nós e nos deixamos conduzir por tal sentimento, somos conduzidos por Deus em todos os nossos caminhos e, mesmo que passemos por etapas complicadas no percurso da vida, Ele será a nossa proteção e salvação, assim como fez com Jesus no Evangelho das Tentações daquele domingo.

Entramos na Segunda Semana, e no domingo de Abertura, avançamos mais um pouco em nossa reflexão: "rasgar o coração, viver a Aliança..." nos conduz, necessariamente, para uma Vida de Fé!   Mas, o que é Fé?   Quais as suas consequências em nossa vida concreta, cotidiana?   É possível afirmar que se tem Fé mas, ao mesmo tempo, conduzir uma vida sem a menor ligação com a mesma?   Assim, a partir do exemplo de Abraão - nosso pai na Fé - fomos conduzidos à uma reflexão sobre este DOM que Deus nos oferece para podermos, sobretudo, conduzir a nossa vida pelos CAMINHOS QUE ELE NOS PROPÕE pois, sem a sua ajuda e auxílio não chegaremos a lugar algum.   Ter Fé é ter a capacidade de perceber Deus como o ÚNICO ABSOLUTO em nossas vidas; ter Fé nos faz, como Abraão, abandonar o PASSADO E O FUTURO na certeza de que SOMENTE O PRESENTE CONTA e este deve ser vivido do jeito de Deus.   Às vezes, o presente não é fácil - diria, até, impossível!   É aqui que a Fé entra como aquele Dom que nos faz ir além apesar dos pesares.   A Transfiguração de Jesus, narrada no Evangelho do Segundo Domingo, nos mostra essa verdade.    Contemplar a Glória que nos está reservada nos faz "descer da Montanha Sagrada para enfrentar os problemas do cotidiano com Novo Ânimo!"

Depois desta Pequena Revisão, entremos na sequência que esta Terceira Semana da Quaresma nos oferece: Refletir sobre a Lei de Deus como um Caminho Seguro de Conversão, de Felicidade, de Fidelidade à Aliança com Javé!

A Primeira Leitura (Ex 20, 1-17) nos apresenta a proclamação dos mandamentos de Deus, dentro do contexto da Aliança do Sinai.   Não queremos, aqui, fazer uma reflexão sobre cada uma das 10 Palavras da Lei mas, queremos buscar entender tais Palavras, em seu conjunto, buscando perceber o que elas querem trazer de novo para o povo.    Daí, as primeiras palavras da leitura são sintomáticas pois afirmam: "Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da terra da escravidão.   Não terás outros deuses além de mim!"   Aqui, percebemos o principal objetivo da Lei: levar o povo ao reconhecimento, a não se esquecer que a VIDA E A LIBERDADE são dons do ÚNICO DEUS VERDADEIRO: Javé!   Cumprir a Sua Vontade é o Caminho Seguro de Salvação e Vida Plena.   Por isso, o conjunto da Lei, nos revela que a mesma é o primeiro passo para compreendermos o que o Senhor Jesus fará no Evangelho (não da Celebração de hoje) quando afirma que toda a lei e os profetas se resumem no único mandamento do AMOR: a Deus sobre todas as coisas e ao Próximo como a si mesmo!    Na verdade, se observarmos bem os 10 Mandamentos, perceberemos que eles estão à serviço desta Lei Maior do Amor; todas as "ordens" de Javé vão neste sentido: Amar a Deus e ao Próximo!   Poderíamos dizer que quem busca viver os mandamentos do Êxodo, vive mais facilmente, a Lei Maior do Amor e, quem vive a Lei Maior do Amor, vive mais facilmente os mandamentos do Êxodo pois, um levará, necessariamente, ao outro.

Os Mandamentos do Êxodo - que estão fora de nós, são externos, estão na Pedra - deveriam nos conduzir a uma vivência do Coração - portanto que vem de DENTRO de Nós, a Lei Maior do Amor.   No entanto, observando a História da Salvação percebemos que, nem sempre foi isso que ocorreu: em muitos momentos, os mandamentos da Pedra não proporcionaram uma Vivência do Coração, do Amor Verdadeiro mas, ao contrário, tais mandamentos serviram para respaldar, em nome de Deus, um regime de exploração e morte da maioria do Povo e, assim, tais mandamentos foram utilizados para uma prática, totalmente, contrária do objetivo em sua origem: Os mandamentos foram dados para que o povo não se esquecesse que um dia foi escravo no Egito e Javé o libertou!  A Lei do Êxodo foi uma forma de tornar o Povo capaz de não reproduzir o sistema de não-vida experimentado no Egito = Terra da Escravidão!    

Apesar disso, à época de Jesus, o que se observa é o CONTRÁRIO: exatamente por ocasião da Páscoa, a grande Festa da Libertação, o TEMPLO - sinal da presença de Deus no meio do Povo, o Deus da Libertação do Egito, o Deus que havia dado uma Lei para que a opressão não voltasse a dominar o seu povo - havia se transformado numa "CASA DE COMÉRCIO" e, portanto, num ESPAÇO DE EXPLORAÇÃO, DE MORTE, DE ESCRAVIZAÇÃO DO POVO!   Esta situação produzirá a revolta de Jesus no Evangelho de hoje (Jo 2, 13-25).   Percebendo toda esta situação contrária ao verdadeiro sentido da Festa da Páscoa - Festa esta que atualizava, fazia memória do Grande Feito de Deus em favor do seu povo, isto é, a LIBERTAÇÃO DA OPRESSÃO, da ESCRAVIDÃO - Jesus não se contém e, num ato de "fúria", faz um chicote de cordas e expulsa todos do TEMPLO.   Aqui, a confusão se arma pois as autoridades religiosas não aceitam tal intervenção em "seus negócios" que, afinal de contas, "eram feitos para CUMPRIR A LEI!" (a Páscoa é uma FESTA que Javé mandou celebrar ano à ano!)

Este episódio servirá para Jesus introduzir um tema importante neste Evangelho: o Fim do Templo como local de Adoração ao Senhor!   "Destruí este Templo e em três dias o levantarei", afirma Jesus e, no capítulo 4, no diálogo com a Samaritana, dirá: "Está chegando o dia em que nem aqui nem em Jerusalém se fará Adoração ao Pai pois o VERDADEIROS ADORADORES ADORARÃO O PAI EM ESPÍRITO E EM VERDADE!"  E conclui: "SÃO ESSES QUE O PAI PROCURA!"

A busca por uma vida correta, que brote do Coração, é tudo que o Pai procura e, os mandamentos do Êxodo devem ser lidos nesta perspectiva: um início de caminho que nos conduzirá para uma perfeita adoração ao Pai, isto é, em ESPÍRITO E VERDADE!

Tal adoração em Espírito e Verdade nos proporcionará uma aceitação da Vontade do Pai em nossas vidas, independentemente de coincidir tal Vontade do Pai com a nossa ou não.    Não ficamos preocupados com isso e não vivemos, como nos fala o Apóstolo Paulo hoje na Segunda Leitura (I Cor 1, 22-25): "Não buscamos sinais prodigiosos nem a sabedoria (judeus e gregos).    Queremos seguir e ser fiéis ao nosso Deus que, em Jesus foi crucificado por nós!    Ser sinais deste Deus, revelado em Jesus, não foi, não é e nunca será uma tarefa fácil mas, contamos com a GRAÇA DIVINA que nos acompanha nesta Missão! Que Deus nos ajude!   Amém!

Um comentário:

  1. Jesus defendeu os direitos de Deus e da sua casa.Nosso corpo é também um templo que devemos respeitar,pois nele habita o espirito santo pela graça,e Jesus na comunhão.



    Padre
    Se você recebeu de Deus grandes dons naturais,se você trata com talento a palavra de Deus,dirá o povo ele é o filho do céu.Mas se você ama aos seus irmãos em cristo,se ama aos seus irmãos no sacerdócio,se ama as ovelhas que lhes foram confiadas até ao sacrifício de si mesmo,então dirá o povo: é um Padre.

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