terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

"III Domingo da Quaresma: A Salvação como resultado do Dom de Deus e do Esforço do Homem e da Mulher!"

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Estamos chegando à metade de nossa Caminhada Quaresmal e, neste Domingo, a Palavra de Deus nos revela que a Salvação é sempre uma iniciativa divina mas, em contrapartida, não exime o ser humano de suas responsabilidades.   Na verdade, o milagre da Salvação se dá quando à graça divina se soma o esforço dos seres humanos.   Dessa forma, poderíamos afirmar: a vontade humana é a única capaz de promover a Salvação mas, ao mesmo tempo, a Perdição do próprio ser humano.

Depois de termos caminhado por duas semanas e, assimilado pontos importantes à respeito da Fé (I Semana) e da Aliança (II Semana), chegamos à III Semana e, aqui, somos convidados (as) a refletir sobre esse Dom da Salvação: O que é Salvação?   Quem toma a iniciativa?   Existe algum momento em que não há mais esperança para a Salvação?   O que se deve fazer?   Essas e outras questões, a Palavra de Deus de hoje nos ajudará a responder.

A Primeira Leitura (Ex 3, 1-8a.13-15) nos apresenta a Vocação de Moisés e, alguns pontos são interessantes para nossa reflexão.

Um primeiro ponto importante é o fato de Moisés, naquele dia específico, ter ido um pouco além do lugar que costumava ir cotidianamente: Moisés levou um dia, o rebanho deserto adentro e chegou ao Monte de Deus!   Para se encontrar com Deus é preciso que saiamos de nossos comodismos, ir além é a ordem que se nos apresenta.   Nesse ir além, o homem se depara com uma teofania, isto é, uma manifestação de Deus: Sarça em chama mas sem ser consumida pelas mesmas!   Nesse momento, a curiosidade impulsiona Moisés e, nessa curiosidade é apanhado por Deus que o chama e o pede que tire as sandálias dos pés pois aquele era um local santo.   O Senhor se apresenta como sendo o Deus dos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó e, ligando com a primeira leitura de Domingo passado, Ele é o Deus da Aliança e que veio para cumprir a mesma.    A Aliança feita com Abrão no Domingo passado nos revelou que Deus assumiu o compromisso de fidelidade mesmo sem ter tido a contrapartida do Homem.

A partir daqui, Javé se apresenta como Aquele que viu a aflição do povo, ouviu o clamor e conhece o sofrimento do povo.   Assim, Ele resolveu descer para libertar o povo das mãos dos opressores e conduzi-lo para uma terra boa  e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel.   Aqui, os dois sentidos da Salvação: Libertação da Opressão (aspecto negativo) e Condução para Terra onde corre Leite e Mel (aspecto positivo).   Mas, importante perceber: todo esse Processo de Libertação e Condução para a Terra prometida será mediada por Moisés!   Aqui, percebemos que Deus não nos salva sem nossa participação.

Outro aspecto importante do texto de hoje é o Nome de Deus: Eu sou aquele que sou!  ou, simplesmente: Eu sou!   Essa definição do nome de Deus com um Verbo de Ação no presente nos revela, sobretudo que Deus é Aquele que está sempre agindo em favor do seu povo e, é Ele quem faz o povo Ser!   Ele é o mesmo que fez Aliança com os pais e, hoje, continua renovando a Aliança conosco!

A Aliança que Javé faz com o povo não está atrelada, sequer, ao fato de o ser humano ter que ser fiel.   Deus se compromete com o povo mesmo que o mesmo não se comprometa com Ele.   Ora, essa é uma percepção de grande importância para nossa vivência de Fé pois nos apresenta que Deus não olha o mundo com um olhar que divide os seres humanos em dois grupos diferenciados: de um lado, os bons, os fiéis e, de outro, os maus e infiéis.   No Evangelho de hoje (Lc 13, 1-9) temos essa discussão.

Num primeiro momento, Lucas nos apresenta algumas pessoas aproximando de Jesus e trazendo-Lhe notícias sobre alguns fatos ocorridos no passado: Galileus que Pilatos tinha mandado matar e misturado seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam.   Esse fato promoveu uma curiosidade no meio das pessoas: uma morte tão cruel e violenta só pode ter acontecido porque aqueles galileus não eram pessoas boas e, acabaram sendo "castigadas" por Deus com tal desventura.    Jesus, com sua resposta revelará que não é assim pois Deus não é um Deus que castiga mas, ao contrário é o Deus que fez Aliança com o Povo mesmo sabendo que o Povo não Lhe seria fiel.   As calamidades, as desventuras devem ser vistas como sinais: pois se nós não nos convertermos, enquanto temos tempo, poderemos morrer do mesmo modo ou, quem sabe, até de forma pior.

Para mostrar o amor infinito e misericordioso de Deus, a segunda parte do Evangelho nos apresenta a Parábola da Figueira: apesar de não produzir frutos, durante três anos, é mantida no pomar pois, quem sabe, se for melhor cuidada, poderá apresentar os frutos no próximo ano.   Assim é Deus conosco: está sempre nos aguardando, está sempre esperando de nós os frutos e, para que isso aconteça, cuida de nós todos com amor zeloso e infinito!

Aproveitemos a Quaresma para fazer esta experiência com Deus e, deixemo-nos guiar pelo mesmo!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"II Domingo da Quaresma: Deus faz Aliança com seu Povo!" - 24 de Fevereiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada Quaresmal, chegamos, hoje, ao II Domingo e, a Palavra de Deus que nos é proposta quer tratar da questão da Aliança de Javé com o Seu Povo.   Nesse dia, somos convidados a pensar Deus como Aquele que busca o ser humano e lhe propõe um Pacto deixando claro que Ele será, sempre, FIEL.

Na Primeira Leitura (Gn 15, 5-12.17-18) vemos a narrativa da Aliança que Javé propõe a Abrão: Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! ... Assim será a tua descendência!   Falou Javé a Abrão!   O texto continua, afirmando que Abrão teve fé no Senhor que considerou isso como JUSTIÇA!   Percebemos neste trecho que a iniciativa da Aliança é, sempre, de Javé e, o Ser Humano - no caso, Abrão - é livre para dizer sim ou não.   Como no I Domingo, Javé se apresenta como o Deus que entra na História Humana, com ações concretas em favor da humanidade pois foi Ele quem fez Abrão sair de Ur dos Caldeus  para dar em possessão a terra que ele pisava.

Apesar da Palavra de Javé, Abrão quer ter uma "segurança" e pergunta como poderia ter certeza que tudo que Javé estava falando se concretizaria.   É aqui que um Rito utilizado pelos povos antigos para selar alianças é realizado: Javé pede que Abrão apanhe alguns animais, os mate, os divida - com exceção das aves - e colocando os pedaços um à frente do outro e, deixando uma espécie de estrada pelo meio, uma espécie de corredor entre os pedaços os que estavam dispostos a selar a aliança deveriam passar dizendo: "Se eu não for fiel à aliança que hoje travo, que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com estes animais!"   Esse rito demonstrava a força da aliança e, os que a selavam mantinham a fidelidade até o fim pois, caso contrário, davam ao outro o direito de matá-lo.

O texto nos revela que Abrão ficou o dia inteiro olhando os animais esquartejados, dormiu, tocou as aves de rapina que davam contra as carnes mas... não passou em seu meio.   Isso revela que o ser humano não será capaz de viver a fidelidade total à Aliança mas, ao contrário do Ser Humano, Javé, ao cair da noite, numa tocha vinda do céu, não só passa mas consome toda a carne e, assim, demonstra que, apesar da infidelidade do Ser Humano, Ele, Javé, manteria a fidelidade ao que estava sendo proposto.   

Na Aliança entre Javé e o Povo, a iniciativa é sempre de Deus e, por conta disso, Ele se mantém FIEL mesmo que o Povo não o seja.

Como é bom saber que Deus nos é Fiel apesar de nossas infidelidades.   É importante, porém, que aproveitemos esse Tempo da Quaresma para buscarmos viver, também nós, a Fidelidade a Ele.   Deus espera de nós esse esforço; Ele espera ver em nós, concretamente, essa vontade, esse desejo de Fidelidade.

No Evangelho (Lc 9, 28b-36) temos, como todos os anos no II Domingo da Quaresma, o texto da Transfiguração e, aqui, alguns pontos nos chamam a atenção.

É importante compreendermos o próprio sentido do termo transfiguração: mudar de figura, transitar de uma figura para outra.   Jesus, que era conhecido pelos seus discípulos, até aquele momento, como homem, se apresenta, agora, como Deus, mudando a sua figura.   Os discípulos devem segui-Lo, crer n'Ele porque Ele é Deus que se fez Homem, Ele é o Homem-Deus.   Isso é importante para os discípulos pois as palavras de Jesus são dura demais e, para aceitá-las como Verdade, o Ser Humano necessita fazer a experiência de Aquele que fala é Deus de fato.

Moisés e Elias - que representam todo o Primeiro Testamento - aparecem conversando com Jesus como que passando para Ele a "bola do Jogo", como que dizendo: "agora é com Você!"   No entanto, a conversa que travam é desagradável pois falam das dores, das dificuldades, da cruz, da morte de Jesus em Jerusalém.   Interessante que, exatamente nesse momento, os discípulos DORMEM!   Como é difícil ouvir e aceitar o discurso do Senhor quando este não vai ao encontro de nossas necessidades...  Nessa hora, simplesmente, dormimos.

Ao despertarem do sono, não querem descer da montanha mas, ao contrário, desejam preservar aquele momento mágico, celestial e propõem fazer três tendas para permanecerem por ali.   Para quê descer da montanha?   Lá embaixo tudo é tão complicado; tudo é tão difícil...   Fiquemos por aqui, pedem!   Mas, o Senhor demonstra que quando se faz uma experiência daquela é preciso descer para que o mundo possa ser transfigurado por aqueles que compreenderam que Jesus é Deus verdadeiramente.   Não é possível fazer uma experiência verdadeira com o Senhor e não se sentir impulsionado à missão.

É isso que o Apóstolo Paulo nos fala na II Leitura (Fl 3, 17-4, 1): não podemos nos comportar como inimigos da Cruz de Cristo, afirma!   Ser inimigo da Cruz de Cristo significa não aceitar a proposta que Ele nos faz; é não querer passar pelo Caminho que Ele passou; é não querer beber o Cálice que Ele bebeu; é querer transformar a Sua Vida em algo que nos agrade; é querer ficar no Alto da Montanha, sem descer para a missão que nos espera aqui embaixo.   Essa é uma tentação que sempre nos ronda.   É preciso compreender que estamos aqui na terra mas somos cidadãos do Céu e, como tais, chamados a construir as realidades celestes aqui, na terra em que vivemos.

Que Deus nos ajude a viver a Fidelidade à Aliança na missão de cada dia!   Assim seja!

Oremos:
Ó Deus, que nos mandaste ouvir o vosso Filho amado, alimentai o nosso espírito com a vossa Palavra, para que, purificado o olhar de nossa Fé, nos alegremos com a visão de vossa glória!   Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

"Solidariedade é a Dor em Movimento!" ("Chico Sá")

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Vivemos num mundo aonde, pelo menos aparentemente, a lei que domina a vida das pessoas é a que afirma que "o cada um por si" é o que importa.   A vida vai ficando cada vez mais isolada e, pouca ou nada de importância tem o outro para mim.   A insensibilidade, o desprezo, a solidão entre outros, são sentimentos que parecem crescer, de forma assustadora, em nossos dias.

Porém, em certos momentos, uma certa esperança surge demonstrando que nem tudo está perdido e  que o ser humano, ainda, tem jeito.   Em momentos de dores muita intensas, de catástrofes coletivas, de sofrimento que se coloca acima da capacidade que o ser humano, individualmente, conseguiria suportar ... aqui, surge o novo, surge a esperança nos sentimentos bons que marcam a vida humana, a vida em sociedade.

Prova disso foi o sentimento que tomou conta do Brasil quando, em Santa Maria - RS, no último dia 27/01 uma enorme tragédia noa apanhou a todos de surpresa: pessoas, na sua maioria jovens entre 18 e 25 anos, que estavam se divertindo numa boate (Kiss) tiveram as suas vidas ceifadas por conta de irresponsabilidades (que até o momento, não sabemos de quem) de terceiros que, no lugar de zelar pela integridade dos que lá estavam, com suas negligências, permitiram que a tragédia ocorresse.

Momento horrível, que as palavras não conseguem descrever: como descrever a dor de uma mãe que teve seus 04 filhos mortos de uma vez?   e, a outra mãe que, há dois anos atrás havia perdido o marido e, agora, de uma vez, perdeu os 02 filhos?   como descrever a dor de uma família que perdeu o filho porque buscou socorrer os amigos? ... e, assim, foram tantas e tantas histórias.

Nesse momento, percebemos que o ser humano é, de fato, feito pelo Bem e para o Bem: em pouco tempo, a cidade, o Estado, o País e, por que não dizer, o mundo se mobilizaram: pessoas anônimas, médicos, enfermeiros , entre outros, numa rede de Solidariedade demonstraram o que é possível fazer quando nos deixamos guiar por este sentimento; quando somos capazes de trazer para nós mesmos, a dor que, num primeiro momento, é do outro ... A verdade é que quando nos deixamos dominar por sentimentos bons, a bondade surge em todo o seu esplendor; quando o bem é o que nos move, somos capazes de superar, até, situações de enorme dor e sofrimento como foi o caso de Santa Maria - RS.   Isso se deve ao de que quando somos capazes de partilhar a dor, esta diminui pois, como diz o título desse texto, a solidariedade é a dor em movimento.   Quando não partilhamos a dor, quando a deixamos presa em nós mesmos, corremos o risco de não aguentar mas, quando permitimos que ela se movimente, ela vai como que se diluindo, diminuindo...

Viver o Tempo da Quaresma é viver o tempo de partilharmos nossas dores, nossos sofrimentos; é o tempo de irmos ao encontro de nossos irmãos e irmãs e nos solidarizarmos com aqueles (as) que estão sofrendo.   Em nossa Diocese de Campo Limpo estamos vivendo o Ano da Caridade e, quem sabe, esta seja a oportunidade para nos aprimorarmos nessa prática e, deixarmos que a Solidariedade movimente as nossas vidas daqui para frente.

Pense nisso e até a próxima!

Pe. Ezaques Tavares 

"A Esmola, a Oração e o Jejum: Práticas que promovem a nossa União com Deus!"

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Nesse Tempo da Quaresma, somos convidados a intensificar práticas que nos coloquem em perfeita sintonia com o Senhor de nossas vidas.   A Igreja, por sua vez, nos apresenta esse tripé: a Esmola, a Oração e o Jejum.   Mas, o que são, de fato, tais práticas?   Como vivê-las de modo que possam agradar Àquele que nos convida a nos voltarmos para Ele de todo o Coração?   O que tais práticas promoverão de mudança concreta em nossa Caminhada de Fé?   Essas e outras questões gostaria de tratar, agora, como vocês!

Quando falamos em Esmola, muitas vezes trazemos à mente aquilo que vemos em nosso dia a dia: a Esmola é a prática de oferecer aos outros o que está sobrando ou, pior ainda, aquilo que já não nos serve mais.   Oferecemos - como gesto de Amor Sincero, diga-se de passagem - tudo que em nossas vidas está nos atrapalhando, se tornou uma espécie de "estorvo".   Dessa forma, oferecemos a moedinha que não sabemos como carregá-la (de $0,05 ou $ 0,10, no máximo); oferecemos o móvel que está atrapalhando a colocação do novo que adquirimos (sofá furado, fogão que não acende, armário sem porta, panela sem cabo...; oferecemos a roupa que já saiu de moda, que está surrada, furada ...; oferecemos o alimento que vem na cesta básica e nossa família não usa: fubá, farinha de mandioca, pó para gelatina ou para refresco de sabores estranhos ...   E, pensamos que assim, estamos vivendo o espírito quaresmal e, portanto estamos agradando a Deus.   Lêdo engano: tais práticas só revelam a imagem que temos daquele (a) que nos cercam e precisam de nós para sobreviver: o necessitado é alguém que pode receber o lixo de minha casa, de minha vida pois, uma vez que é POBRE poderemos oferecer qualquer coisa que o mesmo ficará eternamente grato a nós.   Na verdade, tais práticas nos fazem pensar que nós não ajudamos o próximo mas nos utilizamos do mesmo para o nosso bem viver; na verdade, é o POBRE quem nos presta um serviço e nós, em nome da nossa Fé, no sutilizamos dele para a nossa satisfação.   A Esmola de que falamos, de modo particular na Quaresma, é aquela que nos leva a PARTILHAR com aqueles que menos ou nada têm, TUDO QUE SOMOS E TEMOS.   A ESMOLA que salva é aquela que fazemos quando reconhecemos que aquele que dela se utilizará é o nosso IRMÃO (Ã) e, para os irmãos (ãs) não oferecemos a sobra mas o que ele (a) precisa para viver como nós vivemos pois não pode haver diferenças entre irmãos, não é verdade?   A Esmola é uma forma de vivermos como Filhos e Filhas do mesmo Pai que está nos Céus; a Esmola é um mecanismo de IGUALDADE pois para Deus somos TODOS IGUAIS.

A Oração é outra prática que no Tempo da Quaresma costumamos intensificar.   Mas, que tipo de Oração?   Qual Oração atinge o Coração de Deus e, por isso, não fica sem resposta?   Seria a Oração uma repetição infindável e cansativa de fórmulas já pré-estabelecidas por outros e que fazemos, quase que mecanicamente, sem sequer prestar atenção no teor do que estamos repetindo?   Que tipo de Oração estamos falando?   Aqui, penso que estamos falando de uma maneira de orar que nos abra à Santa Vontade de Deus e, dessa forma, a Oração seria um meio de nos ligar, mais estreitamente, ao nosso Pai do Céu.   Ela é responsável por dilatar o nosso coração de modo que ele se abra cada vez mais para acolher essa Vontade Divina a nosso respeito; ela nos leva ao mundo de Deus para compreendermos o que Ele quer de nós e, depois, nos coloca em nosso mundo novamente mas, de outra forma, com outro olhar, para agir diferentemente do modo com até então agíamos.   Assim, estamos falando de uma forma de orar em que o falar é menos importante e o ouvir se torna o ponto alto.   Nesse sentido, Maria é um modelo grandioso: Eis aqui a serva do Senhor!   Faça-se em mim segundo a Tua Palavra!   É dessa oração que falamos e para que a mesma aconteça, o SILÊNCIO será um ponto fundamental pois aonde há barulho DEUS SILENCIA!

Por fim, falamos do Jejum e, nesse ponto é preciso, também, alguns esclarecimentos.   Em primeiro lugar é preciso compreender que a prática do Jejum é uma forma de nós dizermos ao nosso corpo (carne) que nós podemos dominá-lo e, não é ele que vai nos dominar; nós dizemos ao corpo (carne) o que pode ou o que não pode e, não, o contrário.   Em segundo lugar, o Jejum é uma maneira de podermos auxiliara tantos e tantas que vivem ao nosso redor e quase nunca possuem o necessário para viver e, aqui, é importante ressaltar que todo o produto final de nossos Jejuns deverá ser revertido em benefício do POBRE pois, não fazemos Jejuns para acumular mas para que estejamos mais sensíveis à dureza de vida quando o mínimo necessário não é garantido.   Aqui, o Jejum é uma forma de nos unirmos à dor, ao sofrimento, às dificuldades de tantos (as) que sofrem ou padecem a falta dos bens básicos à vida.

Como podemos perceber, as práticas que a Igreja pede de cada um (a) de nós no Tempo da Quaresma não devem ser compreendidas como meros procedimentos formais e sem ligação com a Vida Concreta.   Na verdade, as três práticas (Esmola, Oração e Jejum) são estratégias para que a nossa vida se abra mais perfeitamente à Vontade de Deus na medida em que nos abrem às necessidades de nossos irmãos (âs) mais necessitados.   Nenhuma dessas ações teria sentido se não promovesse em cada um (a) de nós uma maior abertura para perceber que aquele (a) que está ao nosso lado padecendo é, de fato, nosso IRMÃO (Ã) e, como tal, esperam de nós ações próprias de irmãos (ãs).

A Quaresma é um Tempo Forte de nos voltarmos para Deus porém, para nós cristãos (ãs), voltar-se para Deus está estreitamente ligado ao nosso voltar-se para o outro (a) que está ao nosso lado, sobretudo os que mais precisam pois, como nos afirma São João: Se dissermos que amamos a Deus a quem não vemos e, ao mesmo tempo, odiamos o irmão que vemos, somos mentirosos e Deus não estará conosco, São Tiago: a Fé que não vem acompanhada (comprovada) das obras está morta nela mesma!

Pensemos seriamente nisso e peçamos a Deus que nos ajude a viver esta Quaresma de forma a agradá-Lo mais e melhor!   Assim seja!

Pe. Ezaques Tavares

"I Domingo da Quaresma: A Fé como Consequência da Experiência que se faz de Deus na Vida Concreta!" - 17 de Fevereiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Vivenciamos, hoje, com toda a Igreja, o I Domingo do Tempo da Quaresma e, neste sentido, queremos nos unir ao Senhor Jesus de modo que possamos vencer toda e qualquer situação que seja contrária à Vontade do Pai em nossas vidas.   Queremos, crescer na compreensão das Verdades de nossa Fé e, assimilá-la em nosso dia a dia, em nossas ações concretas, em nossos relacionamentos pois não podemos mais nos enganar pensando que a Fé seja uma espécie de sentimentalismo barato que cada um (a) traz dentro de si mesmo (a), sem nenhuma consequência prática, sem nenhuma relação com a Vida Concreta que vivemos.

Nesse I Domingo da Quaresma, a Palavra de Deus que a Liturgia nos apresenta quer refletir conosco sobre esses aspectos práticos de nossa Fé: a Fé nasce da Experiência Concreta com Deus e se revela na Vida Concreta de cada um (a)!

Dessa forma, a Primeira Leitura (Dt 26, 4-10) é um texto clássico: revela a Profissão de Fé do Povo do Primeiro Testamento.   Moisés ensina como o Povo deverá proceder como forma de reconhecimento da Ação de Deus em sua vida: todos os anos, por ocasião do início da Colheita, o povo deverá se apresentar ao Sacerdote oferecendo os primeiros frutos, as primícias revelando, com tal gesto, o seu reconhecimento de que tudo que se tem é obra e graça do Amor Infinito de Deus.   Ao oferecer as primícias da terra, se reconhece a Ação Divina - sem merecimento por parte do povo - em tudo que a natureza, gratuitamente, ofereceu.   Em seguida, após oferecer a cesta com os produtos da terra, todo membro do povo deve professar a sua Fé e, aqui, percebemos que a Fé do Povo Hebreu é muito simples pois narra a sua própria história, reconhecendo as intervenções divinas na mesma.   Esse jeito simples mas muito verdadeiro de professar a Fé faz com que o povo não se esqueça da Graça e Ação de Deus em sua História e, dessa forma, renova-se o compromisso de continuar vivendo, fazendo tudo para que a Vontade de Deus se concretize em seu meio.   A Profissão de Fé do hebreu é a narrativa da história de sua própria vida: meu pai era uma arameu errante que veio ao Egito com alguns outros irmãos e ali se fixou.  Cresceu e se tornou um povo grande, numeroso e, os egípcios nos maltrataram e oprimiram nos impondo dura escravidão.    Aqui a História do Povo.   Num segundo momento, a História muda e, a pergunta que se faz é: "COMO?"   A Profissão de Fé, então, continua: Clamamos ao Senhor, Deus de nossos pais e Ele ouviu nosso clamor, viu a nossa miséria e desceu para nos libertar do Egito com mão poderosa e braço estendido, conduzindo-nos a este lugar e nos deu esta terra onde correm leite e mel.   É esse reconhecimento da Ação de Deus que liberta e concede viver tranquilamente na terra onde correm leite e mel que é o Objeto Central da Fé do Povo Hebreu.   Tal reconhecimento explode em Ação de Graças (Eucaristia) ao ofertar ao Senhor os primeiros frutos da terra.    O oferecimento é consequência do reconhecimento de tudo aquilo que Javé foi capaz de fazer em favor do Povo.   A Fé do Povo se revela na Vida Concreta e Cotidiana: Somos o que somos porque Deus esteve e está sempre conosco!

Ora, no Evangelho (Lc 4, 1-13) percebemos que com Jesus se dá a mesma situação: a certeza da presença e ação do Pai oferecerá as condições para vencer as tentações no deserto!   Após o Batismo recebido no Jordão, o Espírito que desceu sobre Jesus, O conduziu ao deserto para ser tentado pelo diabo.   Aqui, percebemos que, contrariamente àquilo que muitos de nós imaginamos, a presença do Espírito de Deus em nós não nos livra das adversidades, das contrariedades, da dificuldades mas, em muitos momentos, é o contrário: somos conduzidos ao deserto, local de dificuldades e problemas e, pior ainda, local aonde todas as nossas possibilidades - humanamente falando - não produzem a nossa segurança; o deserto é espaço de reflexão e concluir que a nossa vida está nas mãos de Deus e, somente Ele pode nos garantir a sobrevivência.   É nos deserto, isto é nas dificuldades, que o diabo se apresenta e oferece saídas mais "fáceis" e "simples" para os nossos problemas. 

Para vencer as tentações do diabo é importante que se tenha diante dos olhos a Palavra de Deus e a certeza que a mesma Palavra oferece de que Ele está, sempre, presente sobretudo, nas adversidades.   É com a Palavra de Deus, bem utilizada por Jesus, que O mesmo consegue barrar as investidas do adversário de Deus, o Pai: "não só de pão vive o homem", Adorarás ao Senhor teu Deus e só a Ele servirás" e "Não tentarás o Senhor teu Deus" são textos da Palavra que o Senhor Jesus usa para colocar um fim às investidas do diabo.   Porém, o texto evangélico de hoje termina deixando clara a ideia de que o diabo não se dá por vencido e promete voltar no tempo oportuno e, talvez por isso, o mesmo Senhor Jesus falará, mais tarde, da necessidade de se estar sempre preparado, orando e vigiando a todo instante pois se o Espírito é pronto, a carne é fraca e poderá sucumbir caso não esteja fortalecida para o combate que pode ocorrer a qualquer momento.   Aqui, também, a necessidade de se viver a Fé a cada instante de nossas vidas!

Por último, na Segunda Leitura (Rm 10, 8-13) temos o Apóstolo Paulo nos apresentando a necessidade de escuta da Palavra para se ter a Fé e, ao mesmo tempo, a necessidade de, em se tendo a Fé, professá-la com a boca e vivê-la de coração pois, a Fé nos torna inconfundíveis diante de Deus!

Oremos:
Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, ao longo desta Quaresma, possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder ao seu amor por uma vida santa.   Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.   Amém!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Quarta-Feira de Cinzas: É preciso transformar em Cinza TUDO que nos impede de viver o Projeto de Deus!" - 13 de Fevereiro de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Estamos iniciando, com a Igreja, um novo Tempo Litúrgico: a Quaresma.   Neste Tempo somos convidados a refletir, com maior intensidade, sobre o modo como cada um (a) de nós vem conduzindo a própria vida.   É nesse Tempo que, de uma forma muito especial, somos convidados (as) a confrontar a maneira como estamos vivendo com a Palavra de Deus, de modo a perceber quais são os pontos que estão em desacordo com esta mesma Palavra.  Portanto, estamos iniciando uma época forte de reflexão sobre a nossa caminhada de fé buscando melhorá-la.

Começamos esse Tempo Quaresmal com a Celebração das Cinzas e, bíblica e liturgicamente, as Cinzas são um sinal externo do desejo humano de Conversão e Mudança de Vida.   A recepção das Cinzas nesse dia inaugural da Quaresma tem, também, esse sentido de Convite à Conversão.   

Em primeiro lugar, receber as Cinzas quer recordar a cada um (a) de nós, o nosso real valor: somos pó (cinzas) e ao pó vamos voltar e, em segundo lugar, consequência do aspecto primeiro, é se somos pó (cinzas) e ao pó vamos voltar é importante que lutemos para reduzir à pó (cinzas) tudo aquilo que nos faz pensar que somos mais do que realmente somos, ou seja, pó (cinzas).   Nesse dia, a Igreja dá o tom de todo esse Tempo Litúrgico: durante 40 dias seremos convidados (as) a experimentar o imenso Amor de Deus que nos convida a voltarmos para Ele de TODO CORAÇÃO!   A Palavra de Deus de hoje nos oferece as pistas que nortearão toda a nossa caminhada quaresmal.   

A Primeira Leitura (Jl 2, 12-18) nos apresenta o profeta, falando em nome de Deus, convidando o povo a voltar-se para Deus porém esse voltar-se para Deus deverá ser com verdade, de coração e, não somente, na aparência: Agora, portanto, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração [...]; rasgai o coração e não as vestes.   É este voltar-se para Deus com o Coração que nos proporcionará a compreensão de que Ele é benigno, compassivo, paciente e cheio de misericórdia.   Todo o povo precisa ser reunido em assembleia para implorar o perdão de Deus para os seus pecados.   Os sacerdotes, em nome do povo, pedirão o perdão: Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que a tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem!   Aqui, nessa leitura, percebemos que para que o Senhor se manifeste misericordiosamente é necessário que o Povo se apresente diante Dele e demonstre o seu desejo de mudança, sinal de aceitação do Perdão que o Senhor deseja oferecer.   A Quaresma é o Tempo em que seremos convidados (as) a demonstrar para o Senhor este desejo.

No Evangelho (Mt 6, 1-6.16-18) vemos o Senhor Jesus, logo de cara, alertando os ouvintes do Sermão da Montanha, sobre a hipocrisia daqueles que fazem o bem somente para serem vistos pelos outros: o reconhecimento, os aplausos que receberão dos demais já serão a maior recompensa!   Deus, fonte e origem de todo o bem, oferece recompensa para as ações que se realizam em segredo, somente para Ele.   Em seguida, nos apresenta o tripé sobre o qual a nossa caminhada quaresmal deverá se equilibrar: a esmola, a oração e o jejum.   Essas práticas devem ser realizadas em segredo e o Pai que vê o escondido oferecerá a recompensa.   Nunca deveremos utilizar as orientações que o Senhor nos oferece para benefício próprio no sentido de nos posicionarmos acima dos outros.

Por fim, a Segunda Leitura (2 Cor 5, 20-6, 2) nos apresenta o Apóstolo Paulo nos revelando o que somos aqui neste mundo: Embaixadores de Cristo e, portanto, o próprio Deus deverá ser e fazer em nós e por meio de nós, no mundo que nos cerca.   Como embaixador, o Apóstolo nos exorta à reconciliação com Deus e a não recebermos em vão a Graça pois é agora o Tempo Favorável, é agora o Dia da Salvação!

Que Deus nos auxilie com sua Bênção e sua Graça para que possamos viver este Tempo Litúrgico como um momento favorável de Conversão, de Mudança de vida, de Voltar-se para o Senhor!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares


"Quaresma: Tempo de Graça e Conversão!" -

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Iniciamos, com a Igreja, um novo Tempo Litúrgico: a Quaresma!   Este é um tempo que só se compreende na sua estreita relação com o Tempo Litúrgico seguinte, isto é, a Páscoa.   A Páscoa é, ao lado do Natal, a Festa mais importante de nosso Calendário Litúrgico pois nela celebramos o fundamento da nossa fé: Jesus Ressuscitado!   Este evento é algo tão importante para nossa fé que o Apóstolo Paulo chega a afirmar que se Cristo não houvesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e nós seríamos as mais tolas das criaturas.   Toda a vida de Jesus se confirma como vida do Filho de Deus que se fez homem, exatamente, com a Sua Ressurreição pois, nenhum dos fatos vivenciados por Ele antes da Ressurreição seria capaz de torná-Lo Deus: nascimento, discursos bonitos, milagres ... tudo perderia o sentido caso não existisse a Ressurreição pois, somente com a mesma, Ele provou que é Deus: venceu a pior de nossas inimigas, ou seja, a Morte!

Ora, uma Solenidade de extrema importância como é a Páscoa não poderia, de jeito nenhum, ser vivenciada de qualquer jeito, de qualquer forma.   Para uma grande Solenidade é importante que haja um tempo de preparação, aonde a Comunidade possa ser conduzida, passo a passo, para a compreensão do Mistério que a envolve.   É para isso que a Igreja, sabiamente, estabeleceu o Tempo Litúrgico da Quaresma: 40 dias aonde, com silêncio, jejuns, intensificação da vida de oração, esmolas, escuta da Palavra, participação mais efetiva e intensa na Liturgia da Igreja, cada um (a) de nós se prepara para as Celebrações que marcarão o próximo tempo: a Páscoa!

Mas, de onde vem a ideia do 40 dias?   Por que esse tempo?   Aqui, é importante que entendamos esse tempo não no sentido cronológico (segundo, minuto, hora, dia, semana, mês) mas, no seu sentido teológico: é o Kairós (tempo de Salvação, de Deus, de Graça) e, aqui, temos na Palavra de Deus alguns exemplos:

a) o dilúvio: após o pecado de nossos primeiros pais e a sua expulsão do Paraíso, o pecado só fez crescer entre os homens e mulheres até que, chegando aos céus, Deus se arrependeu de ter feito o ser humano.   O Dilúvio é a forma de colocar um fim à vida de pecado e, afogando em suas águas o mal, faz surgir um homem e uma mulher novos, capazes de reconstruir a vida segundo a vontade de Deus.   Ora, para que houvesse o fim do mal e o reinício do bem foram precisos 40 dias e 40 noites (tempo de Salvação e Graça, tempo de Deus);

b) o deserto: tendo o povo sido libertado da escravidão egípcia, se viu forçado a peregrinar 40 anos pelo deserto até chegar à Terra Prometida, Terra onde corre leite e mel.   40 anos foi um tempo aonde uma nova sociedade foi forjada, capaz de não repetir os mesmos erros cometidos na Egito e no próprio deserto.   40 anos foi um tempo de aprendizado do que era a vontade de Deus para que vivendo-a, o povo tivesse mais vida, tivesse vida plena;

c) a fuga do profeta Elias: tendo enfrentado os falsos profetas e a fúria da rainha Jezabel, Elias foge para o deserto e pede a morte.   Deus o alimenta com um alimento misterioso e, o faz caminhar 40 dias pelo deserto até chegar ao Monte de Deus, o Horeb.   Ali, Elias fará uma nova experiência com Deus e, fortalecido, dará continuidade à Missão de combater os erros em Israel;

d) a pregação do profeta Jonas aos habitantes de Nínive: Deus envia o profeta a esta cidade para pregar aos seus habitantes a vontade de Deus que afirmava que, sem em 40 dias, o povo não se convertesse, tudo seria destruído.   Para a surpresa de Jonas, tão logo ele começou a sua pregação - não sem antes opor resistência - o povo todo se converteu e fez penitência, do menor ao maior, desde homens até animais;

e) Jesus no deserto após o Batismo: por fim, temos os 40 dias de Jesus no deserto, aonde fora tentado por Satanás e o venceu com a força do Espírito de Deus que agia nele.   A partir daí, vencido o tentador, Jesus inicia a sua Vida Pública, revelando aos homens e mulheres quem de fato é: Filho de Deus, Deus que se fez homem para salvar os homens e mulheres.

Bom, só com esses exemplos podemos perceber o número 40 é simbólico e, para nós quer significar um Tempo suficientemente capaz para se provocar uma transformação na vida das pessoas.   Esse é um Tempo de Graça, aonde Deus nos oferece a oportunidade de abandonar os nossos vícios e aderirmos a Ele e a Salvação que nos oferece.   Para tanto, é importante que estejamos dispostos a lançar mão dos meios preparados pela Igreja para que atinjamos o nosso objetivo.   É preciso deixar Deus falar aos nossos corações, é preciso dar-Lhe atenção.   Silêncio, Escuta da Palavra e Oração são fortes instrumentos para se alcançar tal objetivo.   É importante olhar o nosso irmão e sermos para ele o que ele estiver precisando e, aqui, a esmola - entendida em seu sentido bíblico, como partilha e não como sobra - será fundamental.   Fazer um belo exame de consciência á Luz da Palavra de Deus desse Tempo Litúrgico, reconhecer os pecados que nos afastam da presença de Deus e confessá-los numa Confissão bem feita, será outro caminho seguro de ver nascer em nós o homem novo.

Termino essa reflexão pedindo que as nossas Comunidades estejam preparada para produzir em seus fieis essa transformação, produto da Escuta da Palavra que, por sua vez, é produto do Silêncio que as nossas Liturgias deverão promover intensamente nesse Tempo Quaresmal.

Que Deus nos ajude a viver o Tempo da Quaresma como um Tempo de Graça, um Tempo de Conversão sincera.   Assim seja!

Boas Celebrações para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"V Domingo do Tempo Comum: Fazendo a Experiência com Deus e tornando-se Missionário do Pai!"

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus! 

Celebramos, hoje, o V Domingo do Tempo Comum e, buscando alcançar o principal objetivo desse Tempo Litúrgico, acolhemos a Palavra de Deus em nossas vidas para que Ele nos aponte como ser santos e santas como nosso Pai do Céu é Santo!   Vivemos esse período da Vida da Igreja abertos à Palavra e deixando que a mesma nos aponte caminhos, nos dê pistas e luzes para sermos, cada vez mais, sinais vivos de Deus em nosso dia a dia, em nosso cotidiano, em nosso Tempo Comum.   Realizar as nossas atividades corriqueiras do modo como o nosso Deus pensou é o caminho seguro de se alcançar a Santidade.

Nesse sentido, a Palavra de Deus da Liturgia de hoje nos oferece a oportunidade de refletir sobre o aspecto missionário que está em nosso DNA de Cristão: não é possível se declarar Cristão (ã) sem assumir a Missão de levar a todos (as) o que experimentamos de Deus em nossa vida.   A Missão não é um acessório na Vida Cristã mas, ao contrário, é parte integrante na vida de todo (a) aquele (a) que, pelo Batismo, se tornou filho (a) de Deus.

A Primeira Leitura (Is 6, 1-2a.3-8) nos apresenta a experiência que o Profeta fez da Santidade de Deus e, o chamado irresistível do Senhor em sua vida.   Num primeiro momento, nos é descrito a visão que Isaías tem de Deus: Deus está sentado num trono e, o seu manto se estendia pelo Templo e, os serafins exclamavam que Javé é SANTO, SANTO, SANTO!   Essas figuras utilizadas no texto querem mostrar a grandeza da experiência que Isaías fez e, o seu reconhecimento da imensa majestade e santidade divinas.   Ele (Javé) não é somente Santo mas, SANTO, SANTO, SANTO;  Ele é três vezes SANTO; Ele é a SANTIDADE por excelência; Ele é a FONTE DA SANTIDADE e, dessa forma, o ser humano só se torna Santo se for capaz de se aproximar, de fazer uma experiência verdadeira com Este que é a FONTE e a ORIGEM DA SANTIDADE.

Ora, fazer tal experiência da grandeza, majestade e santidade divinas, faz com o ser humano compreenda a sua pequenez: Ai de mim, estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus olhos o rei, o Senhor dos exércitos!   Muitas vezes - para não dizer, sempre - tal experiência pode conduzir o ser humano ao desânimo e a imaginar que não poderá realizar NADA que possa auxiliar na construção de um Mundo Novo pois se sente incapaz para assumir qualquer Missão.   Porém, a Palavra nos revela que não é assim: o ser humano deverá compreender que a ele (ser humano) caberá, tão somente, dizer "SIM" e o resto Deus fará.   Deus não escolhe porque somos capazes mas, ao contrário: Ele nos escolhe em nossa incapacidade para que os méritos do sucesso da Missão seja Dele e, nunca, nosso!   Lembre-se:  "Somos servos inúteis e não fizemos mais que nossa obrigação!"   É isso que o texto nos revela pois, tão logo Isaías se sente perdido, um anjo voa e com uma tenaz retira uma brasa do Altar e toca os lábios do mesmo e, de agora em diante, os seus lábios ficam purificados e, dessa forma poderá se dispor a ir e anunciar a Palavra de Deus a todos os seus irmãos (ãs).

Percebemos que o Senhor se apresenta como Aquele que é capaz de tornar capaz todo aquele que se sente incapacitado para a Missão: Assim que isso tocou os seus lábios, desapareceu tua culpa e teu pecado está perdoado!   Ora, dessa forma, Isaías se sente pronto para assumir a sua Vocação, o seu Chamado para a Missão: Quem enviarei? Quem irá por nós? Perguntou o Senhor!   E, respondeu Isaías:  Aqui estou! Envia-me!

Que belo texto vocacional e como nos faz compreender o poder de nosso Deus que, não somente nos Chama mas, nos capacita para que o sucesso da Missão esteja garantido!   Tal texto nos prepara para compreender o Evangelho que segue a mesma linha.

No Evangelho de hoje (Lc 5, 1-11) vemos Jesus que continua a sua Missão de Ensinar as multidões e, dessa vez escolhe a Barca de Pedro para fazer o seu anúncio.   Terminado o ensinamento pede para que Simão vire a Barca e se dirija para águas mais profundas!   Essa Barca é símbolo da Igreja e, somente Dela sai a Palavra de Deus.   O Objetivo dessa Barca não é ficar, somente, nas Margens mas, por ordem do próprio Senhor - que guia e orienta a Mesma -, Ela precisa de "aventurar" em águas mais profundas e lançar as redes para a pesca!   Ora, no início do texto, o autor sagrado havia falado que os pescadores já haviam buscado peixes a noite toda e, mais adiante dirá que nada conseguiram apanhar.   Mas, a ordem de Jesus é enfática e, Simão atende: Mestre, nós trabalhamos a noite toda e nada pescamos.   Mas, em atenção à Tua Palavra, vou lançar as redes!   Que belo gesto de confiança esse de Simão... Lembremos que o Pescador descolado era Simão e não Jesus (que era Filho do Carpinteiro - vide domingo passado).   Para surpresa de todos, apesar da hora imprópria, apanharam grande quantidade de peixes que as redes quase se rompiam e, precisaram chamar outros companheiros da margem para ajudar!   Que bela lição: quando fazemos o nosso trabalho em nome do Senhor, em atenção à Sua Palavra, não há como dar errado pois a Palavra de Deus vem com a Sua Autoridade e realiza aquilo que diz!

A realização da Palavra faz Simão perceber que Aquele que falara é Deus e, assim como Isaías na Primeira Leitura, reconhece a sua pequenez: Senhor, afasta-Te de mim, porque sou um pecador!   E, da mesma forma que Javé, Jesus comunica que daquele momento em diante, Simão seria pescador de homens.   E, a partir daquele momento, deixaram TUDO E SEGUIRAM A JESUS!

Mais uma vez percebemos a importância da experiência que se faz com Deus e a entrega de nossas vidas em suas mãos.   O resto, Deus fará!

Na Segunda Leitura (I Cor 15, 1-11) temos o Apóstolo Paulo revelando que ele, também, foi apanhado pela graça de Deus que o fez o que se tornou, sem merecimento de sua parte!

Que Deus no ajude em nossa Missão e que, na confiança possamos cumpri-la da melhor forma.   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares


sábado, 2 de fevereiro de 2013

"IV Domingo do Tempo Comum: Assumir a Vocação Profética é arriscar a própria Vida!" - 03 de Fevereiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Celebramos, hoje, o IV Domingo do Tempo Comum e, dando sequência à Palavra de Deus que nesses primeiros domingos nos apresenta, de forma muito clara, os mistérios da Vocação Humana, refletiremos sobre o aspecto profético dessa Vocação e os riscos que tal aspecto comporta.

Fazendo uma retrospectiva da nossa caminhada até aqui perceberemos que, no I Domingo - que foi substituído pela Festa do Batismo do Senhor - já nos foi revelada as dificuldades que o ser batizado nos apresenta e a missão complicada que o Batizado deve assumir no mundo; no II Domingo, Jesus nos foi apresentado como o doador do Vinho Novo e para recebê-Lo é preciso se renovar, tornar-se Novo (a) deixando para trás tudo o que é velho, isto é, o nosso pecado; no III Domingo, a Palavra nos apresentou a Sua própria Força por ser Palavra de Deus: Ela liberta os cativos, anuncia aos pobres a alegria e a chegada do Ano da Graça do Senhor a partir de Jesus.

Hoje, a Palavra vem nos auxiliar na compreensão de que aqueles (as) que desejam participar da Novidade de Deus deverão assumir a Missão Profética.   Mas, quem é o Profeta e o que ele faz?   Que consequências há na vida de quem assume tal missão?

Assim, a Primeira Leitura (Jr 1, 4-5.17-19) nos apresenta um panorama: o profeta é alguém escolhido por Deus antes da própria concepção.   A vocação profética é Dom de Deus pois é Ele quem escolhe e designa para tal função.   O profeta é alguém que deve estar apostos para o cumprimento da missão: levanta-te e põe o cinto.   Sua missão é falar em nome do Senhor e, somente o que o Senhor lhe mandar dizer, sem nada acrescentar e sem nada retirar da Palavra pois a fidelidade à mesma lhe garantirá a vitória na empreitada apesar das dificuldades, problemas, transtornos, perseguições que enfrentará.   Todos esses problemas vem do fato de falar em nome de Deus para Grupos que não estão dispostos a escutar mas que possuem o poder: político, religioso e econômico!   Gente poderosa que não deixará barata a vida desse que se torna um incômodo para os seus projetos!   Porém, o Senhor estará com ele e o fará cidade fortificada, coluna de ferro, muro de bronze contra todo o mundo (reis de Judá e seus príncipes, sacerdotes e povo da terra = Políticos, Religiosos e Ricos Proprietários de Terra).

Jesus, no Evangelho de hoje (Lc 4, 21-30) - sequência do Evangelho de Domingo passado - nos apresenta a confirmação da profecia da Primeira Leitura: sofre, na pele, as consequências de se posicionar como alguém que veio cumprir a Palavra: Hoje, se realizou esta passagem da Escritura que vós acabastes de ouvir! - afirmou!   E, a passagem não foi agradável para os grandes, lembram-se? O Espírito do Senhor está sobre mim e Ele me ungiu com a unção para anunciar a boa nova aos POBRES, libertar os cativos, anunciar aos oprimidos a alegria e a chegada do Ano da Graça do Senhor!   Tais palavras são uma afronta para os detentores do poder que gera os pobres, presos, oprimidos.   Os ouvintes não acreditam pois Jesus é um deles: Não é ele o filho de José? Perguntam!   Aqui, a dificuldade que o povo tem de acreditar em alguém que se faz igual, que é conhecido pois os de fora são melhores.   As pessoas querem sinais extraordinários para crerem e aceitarem tal cumprimento da Palavra na Pessoa de Jesus: Pobre como eles!   

A resposta de Jesus é uma afronta aos presentes pois retomando a história da Salvação, faz com que os ouvintes percebam que estão repetindo os mesmos erros do passado e, por conta disso, receberão as mesmas consequências: a falta de fé nos Profetas do Passado (Elias e Elizeu) fez com pagãos fossem agraciados e os membros do "Povo de Deus" ficassem de fora: a viúva de Sarepta = I Rs 17 e o Sírio Naamã = II Rs 15.   A Verdade e a força da Palavra que anuncia a Vontade de Deus mas, ao mesmo tempo, denuncia os pecados do Povo, gera revolta, raiva e o desejo de matar, eliminar Aquele que fala: tentaram levá-Lo ao alto do monte para atirá-Lo no precipício!   Mas, Deus (o Pai) estava com Ele e, como não havia chegado a Sua hora, passando no meio de todos seguiu o seu caminho!

Na Segunda Leitura (I Cor 12, 31-13, 13) nos mostra o Apóstolo Paulo apresentando o caminho mais perfeito de cumprimento da Vontade do Pai: O Amor-Caridade!   Tudo que fazemos, aos olhos de Deus só terá valor se for motivado por este DOM MAIOR!

Que a Celebração da Eucaristia nos ajude a cumprir a nossa Missão Profética no mundo que vivemos e, fortalecidos (as) pela Palavra não desistamos diante das dificuldades!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"Festa da Apresentação do Senhor: Jesus é o Messias que veio salvar o seu Povo!" - 02 de Fevereiro de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Celebramos, hoje, com toda a Igreja, a Festa da Apresentação do Senhor e, dessa forma, encerramos os acontecimentos marcantes do início da vida do Senhor: Jesus é apresentado ao Templo para se resgatado - como primogênito que era - e, assim, cumpri a Lei Mosaica (Ex 13; Lv 12) que diz: Todo primogênito do sexo masculino deve ser resgatado para o Senhor!   Tal cumprimento da Lei deve ocorrer após 40 dias do nascimento e, se formos voltar no tempo perceberemos que faz, exatamente, 40 dias que celebramos o Natal do Senhor!

Mas, o que esta Festa tem a nos dizer?   O que ela traz de importante para a nossa vivência de Fé?   Qual a sua mensagem principal?   Para responder a essas e outras questões, vamos à Palavra de Deus que a Liturgia nos apresenta.

Na Primeira Leitura (Ml 3, 1-4) vemos o profeta anunciando a chegada do "Anjo do Senhor".   Após ter falado contra os sacerdotes e os cultos estéreis que realizavam por não estarem em conformidade com a Vontade do Senhor, o profeta Malaquias anuncia a chegada desse "Anjo" e, a sua missão é, exatamente, colocar as coisas em seus devidos lugares: Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros!   A sua missão não será nada fácil pois deverá preparar o caminho e ninguém poderá fazer-lhe frente.   Ele purifica (fogo da forja) e limpa (barrela dos lavadeiros) e, dessa forma, os filhos de Levi (representantes religiosos) poderão oferecer o culto que agrada ao Senhor.   É assim que voltarão aos tempos antigos quando o culto agradava ao Senhor.   

Esse anúncio feito pela profeta Malaquias, nós o vemos realizado hoje, com a Apresentação do Senhor no Templo: o cumprimento da Lei Mosaica por Maria e José faz com que a profecia se cumpra!   Jesus é o "Anjo do Senhor" que vem para libertar, salvar, lavar e purificar o povo para que possa oferecer um Culto agradável ao Senhor (conforme falara o Profeta Malaquias).   O reconhecimento do menino Jesus por parte do Velho Simeão e da Profetisa Ana é a prova desse cumprimento da profecia.   Ao colocar as coisas em seus devidos lugares, Jesus se tornará uma espécie de "pedra no sapato das autoridades" (sobretudo, religiosas) e, por isso Ele será pedra de tropeço que fará com que muitos caiam e outros tantos sejam reerguidos.   Terá que pagar com a própria vida o preço da fidelidade à vontade do Pai.   A espada de dor que traspassa a alma da Mãe é o momento da Cruz aonde um novo culto será inaugurado.

Jesus é Deus que se fez homem para salvar os homens de seus pecados e, na Segunda Leitura (Hb 2, 14-18) vemos o autor sagrado tratando dessa manifestação de Deus em nossa carne humana.   Era preciso que isso acontecesse para que os homens pudessem ser salvos de seus pecados: Ele não veio ocupar-se dos anjos mas dos filhos de Abraão.   Por isso devia fazer-se me tudo semelhante aos irmãos, para se tornar um sumo-sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os pecados do povo.   Ele sofreu e foi tentado e, por isso pode se compadecer dos que sofrem e são tentados!

Que bela notícia a Palavra de Deus hoje nos oferece nesta Festa da Apresentação do Senhor: Deus nos amou e se fez homem para nos salvar!   Caberá, agora, a cada um (a) de nós dar uma resposta de Amor ao Amor Supremo de Deus revelado em Jesus!

Que Deus nos ajude nessa Missão!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares