sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

"A Esmola, a Oração e o Jejum: Práticas que promovem a nossa União com Deus!"

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Nesse Tempo da Quaresma, somos convidados a intensificar práticas que nos coloquem em perfeita sintonia com o Senhor de nossas vidas.   A Igreja, por sua vez, nos apresenta esse tripé: a Esmola, a Oração e o Jejum.   Mas, o que são, de fato, tais práticas?   Como vivê-las de modo que possam agradar Àquele que nos convida a nos voltarmos para Ele de todo o Coração?   O que tais práticas promoverão de mudança concreta em nossa Caminhada de Fé?   Essas e outras questões gostaria de tratar, agora, como vocês!

Quando falamos em Esmola, muitas vezes trazemos à mente aquilo que vemos em nosso dia a dia: a Esmola é a prática de oferecer aos outros o que está sobrando ou, pior ainda, aquilo que já não nos serve mais.   Oferecemos - como gesto de Amor Sincero, diga-se de passagem - tudo que em nossas vidas está nos atrapalhando, se tornou uma espécie de "estorvo".   Dessa forma, oferecemos a moedinha que não sabemos como carregá-la (de $0,05 ou $ 0,10, no máximo); oferecemos o móvel que está atrapalhando a colocação do novo que adquirimos (sofá furado, fogão que não acende, armário sem porta, panela sem cabo...; oferecemos a roupa que já saiu de moda, que está surrada, furada ...; oferecemos o alimento que vem na cesta básica e nossa família não usa: fubá, farinha de mandioca, pó para gelatina ou para refresco de sabores estranhos ...   E, pensamos que assim, estamos vivendo o espírito quaresmal e, portanto estamos agradando a Deus.   Lêdo engano: tais práticas só revelam a imagem que temos daquele (a) que nos cercam e precisam de nós para sobreviver: o necessitado é alguém que pode receber o lixo de minha casa, de minha vida pois, uma vez que é POBRE poderemos oferecer qualquer coisa que o mesmo ficará eternamente grato a nós.   Na verdade, tais práticas nos fazem pensar que nós não ajudamos o próximo mas nos utilizamos do mesmo para o nosso bem viver; na verdade, é o POBRE quem nos presta um serviço e nós, em nome da nossa Fé, no sutilizamos dele para a nossa satisfação.   A Esmola de que falamos, de modo particular na Quaresma, é aquela que nos leva a PARTILHAR com aqueles que menos ou nada têm, TUDO QUE SOMOS E TEMOS.   A ESMOLA que salva é aquela que fazemos quando reconhecemos que aquele que dela se utilizará é o nosso IRMÃO (Ã) e, para os irmãos (ãs) não oferecemos a sobra mas o que ele (a) precisa para viver como nós vivemos pois não pode haver diferenças entre irmãos, não é verdade?   A Esmola é uma forma de vivermos como Filhos e Filhas do mesmo Pai que está nos Céus; a Esmola é um mecanismo de IGUALDADE pois para Deus somos TODOS IGUAIS.

A Oração é outra prática que no Tempo da Quaresma costumamos intensificar.   Mas, que tipo de Oração?   Qual Oração atinge o Coração de Deus e, por isso, não fica sem resposta?   Seria a Oração uma repetição infindável e cansativa de fórmulas já pré-estabelecidas por outros e que fazemos, quase que mecanicamente, sem sequer prestar atenção no teor do que estamos repetindo?   Que tipo de Oração estamos falando?   Aqui, penso que estamos falando de uma maneira de orar que nos abra à Santa Vontade de Deus e, dessa forma, a Oração seria um meio de nos ligar, mais estreitamente, ao nosso Pai do Céu.   Ela é responsável por dilatar o nosso coração de modo que ele se abra cada vez mais para acolher essa Vontade Divina a nosso respeito; ela nos leva ao mundo de Deus para compreendermos o que Ele quer de nós e, depois, nos coloca em nosso mundo novamente mas, de outra forma, com outro olhar, para agir diferentemente do modo com até então agíamos.   Assim, estamos falando de uma forma de orar em que o falar é menos importante e o ouvir se torna o ponto alto.   Nesse sentido, Maria é um modelo grandioso: Eis aqui a serva do Senhor!   Faça-se em mim segundo a Tua Palavra!   É dessa oração que falamos e para que a mesma aconteça, o SILÊNCIO será um ponto fundamental pois aonde há barulho DEUS SILENCIA!

Por fim, falamos do Jejum e, nesse ponto é preciso, também, alguns esclarecimentos.   Em primeiro lugar é preciso compreender que a prática do Jejum é uma forma de nós dizermos ao nosso corpo (carne) que nós podemos dominá-lo e, não é ele que vai nos dominar; nós dizemos ao corpo (carne) o que pode ou o que não pode e, não, o contrário.   Em segundo lugar, o Jejum é uma maneira de podermos auxiliara tantos e tantas que vivem ao nosso redor e quase nunca possuem o necessário para viver e, aqui, é importante ressaltar que todo o produto final de nossos Jejuns deverá ser revertido em benefício do POBRE pois, não fazemos Jejuns para acumular mas para que estejamos mais sensíveis à dureza de vida quando o mínimo necessário não é garantido.   Aqui, o Jejum é uma forma de nos unirmos à dor, ao sofrimento, às dificuldades de tantos (as) que sofrem ou padecem a falta dos bens básicos à vida.

Como podemos perceber, as práticas que a Igreja pede de cada um (a) de nós no Tempo da Quaresma não devem ser compreendidas como meros procedimentos formais e sem ligação com a Vida Concreta.   Na verdade, as três práticas (Esmola, Oração e Jejum) são estratégias para que a nossa vida se abra mais perfeitamente à Vontade de Deus na medida em que nos abrem às necessidades de nossos irmãos (âs) mais necessitados.   Nenhuma dessas ações teria sentido se não promovesse em cada um (a) de nós uma maior abertura para perceber que aquele (a) que está ao nosso lado padecendo é, de fato, nosso IRMÃO (Ã) e, como tal, esperam de nós ações próprias de irmãos (ãs).

A Quaresma é um Tempo Forte de nos voltarmos para Deus porém, para nós cristãos (ãs), voltar-se para Deus está estreitamente ligado ao nosso voltar-se para o outro (a) que está ao nosso lado, sobretudo os que mais precisam pois, como nos afirma São João: Se dissermos que amamos a Deus a quem não vemos e, ao mesmo tempo, odiamos o irmão que vemos, somos mentirosos e Deus não estará conosco, São Tiago: a Fé que não vem acompanhada (comprovada) das obras está morta nela mesma!

Pensemos seriamente nisso e peçamos a Deus que nos ajude a viver esta Quaresma de forma a agradá-Lo mais e melhor!   Assim seja!

Pe. Ezaques Tavares

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