terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

"II Domingo da Quaresma: Deus faz Aliança com seu Povo!" - 24 de Fevereiro de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada Quaresmal, chegamos, hoje, ao II Domingo e, a Palavra de Deus que nos é proposta quer tratar da questão da Aliança de Javé com o Seu Povo.   Nesse dia, somos convidados a pensar Deus como Aquele que busca o ser humano e lhe propõe um Pacto deixando claro que Ele será, sempre, FIEL.

Na Primeira Leitura (Gn 15, 5-12.17-18) vemos a narrativa da Aliança que Javé propõe a Abrão: Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! ... Assim será a tua descendência!   Falou Javé a Abrão!   O texto continua, afirmando que Abrão teve fé no Senhor que considerou isso como JUSTIÇA!   Percebemos neste trecho que a iniciativa da Aliança é, sempre, de Javé e, o Ser Humano - no caso, Abrão - é livre para dizer sim ou não.   Como no I Domingo, Javé se apresenta como o Deus que entra na História Humana, com ações concretas em favor da humanidade pois foi Ele quem fez Abrão sair de Ur dos Caldeus  para dar em possessão a terra que ele pisava.

Apesar da Palavra de Javé, Abrão quer ter uma "segurança" e pergunta como poderia ter certeza que tudo que Javé estava falando se concretizaria.   É aqui que um Rito utilizado pelos povos antigos para selar alianças é realizado: Javé pede que Abrão apanhe alguns animais, os mate, os divida - com exceção das aves - e colocando os pedaços um à frente do outro e, deixando uma espécie de estrada pelo meio, uma espécie de corredor entre os pedaços os que estavam dispostos a selar a aliança deveriam passar dizendo: "Se eu não for fiel à aliança que hoje travo, que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com estes animais!"   Esse rito demonstrava a força da aliança e, os que a selavam mantinham a fidelidade até o fim pois, caso contrário, davam ao outro o direito de matá-lo.

O texto nos revela que Abrão ficou o dia inteiro olhando os animais esquartejados, dormiu, tocou as aves de rapina que davam contra as carnes mas... não passou em seu meio.   Isso revela que o ser humano não será capaz de viver a fidelidade total à Aliança mas, ao contrário do Ser Humano, Javé, ao cair da noite, numa tocha vinda do céu, não só passa mas consome toda a carne e, assim, demonstra que, apesar da infidelidade do Ser Humano, Ele, Javé, manteria a fidelidade ao que estava sendo proposto.   

Na Aliança entre Javé e o Povo, a iniciativa é sempre de Deus e, por conta disso, Ele se mantém FIEL mesmo que o Povo não o seja.

Como é bom saber que Deus nos é Fiel apesar de nossas infidelidades.   É importante, porém, que aproveitemos esse Tempo da Quaresma para buscarmos viver, também nós, a Fidelidade a Ele.   Deus espera de nós esse esforço; Ele espera ver em nós, concretamente, essa vontade, esse desejo de Fidelidade.

No Evangelho (Lc 9, 28b-36) temos, como todos os anos no II Domingo da Quaresma, o texto da Transfiguração e, aqui, alguns pontos nos chamam a atenção.

É importante compreendermos o próprio sentido do termo transfiguração: mudar de figura, transitar de uma figura para outra.   Jesus, que era conhecido pelos seus discípulos, até aquele momento, como homem, se apresenta, agora, como Deus, mudando a sua figura.   Os discípulos devem segui-Lo, crer n'Ele porque Ele é Deus que se fez Homem, Ele é o Homem-Deus.   Isso é importante para os discípulos pois as palavras de Jesus são dura demais e, para aceitá-las como Verdade, o Ser Humano necessita fazer a experiência de Aquele que fala é Deus de fato.

Moisés e Elias - que representam todo o Primeiro Testamento - aparecem conversando com Jesus como que passando para Ele a "bola do Jogo", como que dizendo: "agora é com Você!"   No entanto, a conversa que travam é desagradável pois falam das dores, das dificuldades, da cruz, da morte de Jesus em Jerusalém.   Interessante que, exatamente nesse momento, os discípulos DORMEM!   Como é difícil ouvir e aceitar o discurso do Senhor quando este não vai ao encontro de nossas necessidades...  Nessa hora, simplesmente, dormimos.

Ao despertarem do sono, não querem descer da montanha mas, ao contrário, desejam preservar aquele momento mágico, celestial e propõem fazer três tendas para permanecerem por ali.   Para quê descer da montanha?   Lá embaixo tudo é tão complicado; tudo é tão difícil...   Fiquemos por aqui, pedem!   Mas, o Senhor demonstra que quando se faz uma experiência daquela é preciso descer para que o mundo possa ser transfigurado por aqueles que compreenderam que Jesus é Deus verdadeiramente.   Não é possível fazer uma experiência verdadeira com o Senhor e não se sentir impulsionado à missão.

É isso que o Apóstolo Paulo nos fala na II Leitura (Fl 3, 17-4, 1): não podemos nos comportar como inimigos da Cruz de Cristo, afirma!   Ser inimigo da Cruz de Cristo significa não aceitar a proposta que Ele nos faz; é não querer passar pelo Caminho que Ele passou; é não querer beber o Cálice que Ele bebeu; é querer transformar a Sua Vida em algo que nos agrade; é querer ficar no Alto da Montanha, sem descer para a missão que nos espera aqui embaixo.   Essa é uma tentação que sempre nos ronda.   É preciso compreender que estamos aqui na terra mas somos cidadãos do Céu e, como tais, chamados a construir as realidades celestes aqui, na terra em que vivemos.

Que Deus nos ajude a viver a Fidelidade à Aliança na missão de cada dia!   Assim seja!

Oremos:
Ó Deus, que nos mandaste ouvir o vosso Filho amado, alimentai o nosso espírito com a vossa Palavra, para que, purificado o olhar de nossa Fé, nos alegremos com a visão de vossa glória!   Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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