quinta-feira, 18 de julho de 2013

"Jornada Mundial da Juventude: Manifestação a Força Jovem da Igreja no Mundo!" - 23 à 28 de Julho de 2013 - Rio de Janeiro, Brasil.

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com grande alegria, entusiasmo e esperança vivemos na Igreja do Brasil esse momento ímpar para a nossa Igreja no mundo.   Desde o último final de semana (13 e 14/07/13), diversas Dioceses do Brasil estão acolhendo Jovens provenientes de todos os cantos do mundo para uma experiência missionária, preparando a Jornada Mundial da Juventude.   

Nesses dias que antecedem a Jornada, os jovens estão entrando em contato com as mais diferentes realidades, conhecendo e se deixando conhecer, numa troca saudável de culturas, movidos por uma mesma fé que nos faz irmãos e irmãs apesar de, aparentemente, desconhecidos.   Os jovens estão participando de eventos religiosos, culturais e demonstrando o Amor a Deus, sobretudo, nos contatos com os diversos trabalhos sociais da Igreja em nosso país.

Na próxima semana, no Rio de Janeiro essa experiência será intensificada com o grande encontro de todos com o nosso querido Papa Francisco e, com certeza, poderão enxergar de perto a simplicidade, a humildade, o amor, o desejo de servir a Igreja desse homem que nos foi dado de presente por Deus para ser o seu Sumo Pontífice e nos ligar ao Céu.

Esperamos que as palavras e o exemplo do Santo Padre nos incentive a todos (as) em nossos diferentes trabalhos pastorais nas Comunidades espalhadas pelo mundo, sobretudo, aqui no Brasil.   Que essa Jornada possa impulsionar o trabalho da Juventude em dessa forma, o sangue novo de tantos irmãos e irmãs possa dar novo ânimo, nova vida à nossa Igreja.

Rezemos, nesses dias, para que o Espírito Santo de Deus possa conduzir todos os trabalhos e que os mesmos possam ser para maior honra e glória D'Ele.   Assim seja!

Boa Jornada para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"XVII Domingo do Tempo Comum: A ORAÇÃO como CAMINHO para COMPREENSÃO e CUMPRIMENTO da VONTADE DO PAI!" - 28 de Julho de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Seguindo o nosso Caminho de Fé nesse Tempo Comum, chegamos ao XVII Domingo e, continuando a nossa reflexão sobre a Palavra de Deus, entramos no campo da Oração como caminho seguro e perfeito de compreensão de cumprimento da Vontade do Pai.

Nos últimos Domingos (XIV, XV e XVI) fomos compreendendo o que o Senhor espera de nós: nos envia para os lugares aonde Ele próprio deveria ir depois para Lhe preparar o caminho, expulsar os espíritos maus, curar os doentes e anunciar a proximidade do Reino de Deus; nos ensinou que importante para o crente não é ficar especulando sobre quem é o próximo que temos que amar mas, ao contrário, importante é questionar-se sobre como poderemos nos fazer próximo, de modo particular, daqueles (as) que mais necessitam, como foi o caso do home caída à beira do caminho e, domingo passado, nos mostrou que é preciso saber reconhecer no peregrino, no forasteiro a Sua presença que passa para ser acolhido por nós.   Hoje, poderíamos dizer que a Palavra de Deus nos apresenta um caminho seguro para cumprir o que fora exposto nos Domingos anteriores: a ORAÇÃO!

Assim, nos perguntamos: "O que é Oração?" "Como e quando devemos Orar?"   A Palavra de Deus desse Domingo nos apresenta pistas para darmos as respostas a tais questões.   Vejamos:

Na Primeira Leitura (Gn 18,20-32) temos um exemplo de Oração e, no caso em questão, a Oração é feita em favor dos moradores das Cidades de Sodoma e Gomorra.   De acordo com o texto, o pecado dessas cidades chegou a um patamar tal que atingiu o coração de Deus que resolveu descer para verificar se tudo o que ouvia dizer sobre essas Cidades era ou não verdade.   O texto deixa entrever, também, que caso fosse confirmada a situação de pecado grave daquelas Cidades, a destruição seria o caminho certo.   Aqui, entra a figura do Orante Abraão que num "atrevimento" se coloca diante de Deus para interceder pelo povo.   

Utilizando-se da compreensão que já tinha de Deus, Abraão se coloca como Intercessor e partindo do Amor, da Misericórdia e, sobretudo, da Justiça Divina vai pedindo pelo povo: se houver 50 justos, destruirias a Cidade, matando maus e bons indiscriminadamente?   O Senhor responde que não levaria adiante o seu projeto caso houvesse 50 justos.   Abraão insiste outras vezes e, pouco a pouco vai diminuindo o número de justos: 45, 40, 30, 20 e 10 justos... e o Senhor continua afirmando que por 45, 40, 30, 20 ou 10 justos não exterminaria as Cidades.   

A Leitura termina aqui e Abraão não ousa seguir adiante mas, o Amor, a Misericórdia e a Justiça de Deus serão capazes de salvar o mundo mesmo se não houver um justo sequer.   Aqui, Ele mesmo (Deus) se fará Homem Justo para salvar os injustos.   É o que o Senhor Jesus nos revelou.   Essa experiência de Abraão, com certeza, o fez perceber um pouco mais sobre o Ser de Deus e nos prepara para a compreensão do texto do Evangelho de hoje (Lc 11, 1-13).   Nesse texto o Senhor nos ensina o CONTEÚDO DA ORAÇÃO e QUANDO e COMO SE DEVE ORAR.

Jesus está rezando num lugar à parte e os seus discípulos pedem para que Ele os ensine a rezar como João ensinou aos seus.   A resposta do Senhor é imediata e, como a Oração do Pai Nosso, ensina que não se deve multiplicar palavras para falar com o Pai do Céu.   O Conteúdo da Oração se refere ao Reino que é de Deus e deve revelar-se a todos (as); a Oração deve, também, nos abrir à graça para que façamos com que tal Reino venha logo; a Oração do Pai Nosso nos ensina que devemos acreditar na Providência Divina em nossa vida e não nos preocuparmos em demasia com o o que teremos amanhã pois HOJE o Senhor nos garante o pão de que precisamos e, por fim, na Oração do Pai Nosso imploramos para que o Pai nos proteja de todo mal que pode nos afastar de Sua Santa Presença, nos impedindo de cumprir a Sua Santa Vontade.

Essa não deve ser uma situação esporádica em nossa vida mas, ao contrário, a Oração deve ser uma Prática Constante, Persistente, Perseverante como nos conta a parábola a seguir: devemos insistir como aquele vizinho que pedira ao amigo um pão para a visita que chegou inesperadamente em sua casa mas, o horário não era o mais adequado: se o amigo não se levantar para dar o pão que o vizinho pede por amizade, se levantará e o dará pela insistência!   Assim devemos ser com Deus: não podemos desistir mas insistir, perseverar sempre e o Senhor nos dará o que precisamos para viver o Seu Projeto em nossas vidas.

É o próprio Senhor quem declara: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto.   Pois todo aquele que pede, recebe, quem procura, acha e para quem bate, a porta será aberta.   Deus é um Pai amoroso que não pode oferecer ao filho (a) suplicante um cobra em lugar de peixe ou um escorpião em lugar de ovo.   O Pai do Céu dará o Espírito Santo quando os seus Lhe pedirem!

Esse Espírito Santo nos tornará capazes de Orar e Fazer a Vontade do Pai, do jeito e no tempo do Pai.   Esse Espírito Santo nos capacita para viver a Sua Vontade, como filhos e filhas no Filho Jesus por meio do Batismo.   Isso nos fala o Apóstolo Paulo na Segunda Leitura (Cl 2, 12-14).

Que Deus nos ajude a ORAR como, quando e no tempo que Ele deseja!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

"XVI Domingo do Tempo Comum: Acolhendo o PEREGRINO, acolhemos o próprio DEUS!" - 21 de Julho de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos a nossa caminhada de fé nesse Tempo Comum e, buscamos na escuta, partilha, compreensão e, sobretudo, vivência da Palavra de Deus em nosso dia a dia, a possibilidade de nos tornarmos santos e perfeitos como nosso Pai do Céu é Santo e Perfeito.   Caminhando com Jesus rumo a Jerusalém, vamos descobrindo pouco a pouco o que devemos fazer para sermos fieis à vontade do Pai em nossas vidas.

Dessa forma, celebramos o XVI Domingo do Tempo Comum e, refletimos sobre a necessidade de reconhecer a presença de Deus em nossos irmãos e irmãs, de modo particular, o peregrino, o forasteiro, o viajante.   Quando acolhemos o irmão peregrino, acolhemos o próprio Deus e, dessa forma, sem o sabermos, acabando recebendo muito mais do que aquilo que oferecemos.

Na Primeira Leitura (Gn 18, 1-10a), nos é apresentada a história de um dos grandes acolhimentos na Sagrada Escritura.   Essa narrativa é cheia de ensinamentos para cada um (a) de nós, em todo e qualquer tempo e local.   Ela é cheia de nuances interessantes para a nossa vivência da fé em nosso cotidiano e, portanto, favorece o nosso trabalho de restauração da Imagem e Semelhança de Deus em nós.

Um primeiro ponto que nos chama a atenção, logo de cara, está no início da narrativa quando o autor sagrado nos fala que o Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado à porta de sua tenda no maior calor do dia.   Porém, logo em seguida, o mesmo autor revela que quando levantou os olhos, Abraão viu três homens de pé, perto dele.   Ora, era o Senhor ou eram três homens?   Na verdade a 'pseudo-confusão" é proposital pois o texto deseja demonstrar que não há separação entre eles: Deus está nos três homens e os três homens são a revelação de Deus para Abraão.   

Me parece que Abraão reconhece essa verdade pois, imediatamente, inicia uma série de ações que, poderíamos designar como ações própria para alguém de extrema importância: Abraão vê os homens, corre ao encontro deles, prostra-se por terra e diz que se ele (Abraão) ganhou a amizade deles, que eles não prossigam viagem sem para junto àquele SERVO.   Lembremo-nos que no início do texto, Abraão está sentado pois é hora de muito calor (meio do dia), descansando à porta de sua tenda mais, a visão dos peregrinos quebra o seu descanso e, sem murmurar se põe à serviço para sanar o cansaço dos peregrinos.   Num primeiro momento, diz que mandará trazer um pouco de água para lavarem os pés e poderem descansar debaixo da árvore e, um pouco de pão para refazerem as forças para seguirem viagem, dizendo que era para isso que os homens haviam se aproximado dele.   

Porém, o que vemos, logo a seguir é uma correria por parte de Abraão e de todos os seus para oferecerem aos hóspedes inesperados o MELHOR: manda Sara pegar DEPRESSA três medidas da MAIS FINA FARINHA e assar pães; pegou um bezerro DOS MAIS TENROS E MELHORES e mandou o servo prepará-lo, buscou coalhada, leite e o bezerro assado colocando-os à frente dos convivas e, detalhe importante, PERMANECEU DE PÉ, JUNTO DELES, DEBAIXO DA ÁRVORE, ENQUANTO COMIAM.   Isso demonstra o estado de alerta de Abraão para com os peregrinos caso precisassem de algo mais.

Por fim, o melhor da história é revelado: Por ter se desdobrado para ACOLHER E SERVIR BEM OS HÓSPEDES, Abraão receberá a MELHOR PARTE: Deu do que possuía e recebeu o que não possuía e mais queria: "SARA TERÁ DADO À LUZ NO ANO SEGUINTE POR AQUELA MESMA ÉPOCA!

Que bela mensagem essa Leitura do Gênesis nos oferece: Quando somos capazes de oferecer o POUCO que temos, DEUS nos retribui muito mais do que poderíamos supor que seria capaz!

Ora, essa Leitura nos prepara para o texto do Evangelho (Lc 10, 38-42) que é sequência do texto do domingo passado e, portanto deve ser compreendido dentro do mesmo foco (a parábola do "Bom" samaritano).   Digo isso pois, em muitos momentos, o texto do Evangelho da Celebração de hoje nos levou para uma espécie de antagonismo entre Ação e Contemplação e, na verdade, não é essa a proposta do Evangelho.   O texto, assim como a Primeira Leitura, é rico em detalhes que nos querem passar a compreensão de Jesus sobre o que é, de fato, importante para os seus seguidores (as).   Vejamos:

Logo de cara, algo nos chama a atenção: Jesus é recebido por uma certa mulher em sua casa (Marta era seu nome).   Ora, numa sociedade machista, aonde mulheres não tinham voz nem vez, Jesus é um pouco - para não dizer muito - "estravagante".   Porém, parece que essa é uma MARCA PRÓPRIA DELE!   Essa é uma família "estranha" pois não há presença de homens na casa (somente DUAS IRMÃS).

Em seguida, outro absurdo: uma das irmãs - Maria - se senta aos pés de Jesus para escutá-Lo.   Ora, sentar-se aos pés de alguém era sinal de discipulado, atitude de quem quer e deseja aprender.   À época, mulheres não eram aceitas nos círculos de aprendizes, de discípulos mas, somente, homens.   Jesus, aqui, quebra mais uma regra: hospeda-se em casa de mulheres e aceita como discípulas as mesmas.    Porém, tal gesto de Jesus, causa desconforto na família pois a outra irmã, que o recebera e estava atordoada com os preparativos para que o hóspede pudesse ter o melhor, ficou atarantada com os afazeres e reclama do Senhor que mande Maria auxiliá-la e, aqui, a resposta de Jesus, se não for bem compreendida pois ser contraditória com toda a Palavra vista até agora, inclusive a da SEMANA PASSADA: "Marta, Marta! Tu andas te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a MELHOR PARTE e esta não lhe será tirada!"   É preciso compreender que "MELHOR PARTE" significa a "BOA PARTE" e, não necessariamente, a "MAIS IMPORTANTE" como se o resto não o fosse.   Na verdade o que o texto evangélico quer mostrar é que o discípulo deverá estar atento para fazer as suas coisas, suas tarefas sempre em consonância com a Palavra do Mestre pois, caso contrário, é AGITAÇÃO INÚTIL que não dará frutos.   A primazia está na escuta da Palavra pois "como faríamos as nossas tarefas do jeito de Jesus sem saber que jeito é esse"?   Às vezes, em nossa Comunidades há muitas tarefas, muitas ações sendo feitas e que, no final, não produzem aquilo que era esperado e nos perguntamos: "Aonde errarmos?"   O Evangelho de hoje nos oferece a resposta: "Erramos por não termos colocado a Palavra do Mestre como prioritária, como condutora de nossas ações."    Com certeza, após ter ouvido o Mestre, Maria trabalhou para lhe oferecer o melhor pois, nutrida pela Palavra que escutara, foi capaz de fazer pelo Senhor o que o Senhor queria e, mais ainda, do jeito que o Senhor desejava!

A Segunda Leitura (Cl 1, 24-28), o Apóstolo Paulo nos apresenta como espelho para o discipulado e a missão a sua própria vida: ele, mais que ninguém, foi capaz de escutando a Palavra do Mestre ser um incansável pregador dessa Palavra em tantas Comunidades.   Por Ele foi capaz de enfrentar todo tipo de contrariedade e dificuldade mas, não reclama de nada pois sabe que completou na sua própria carne o que faltou à Paixão de Cristo, em solidariedade com o Seu Corpo, que é a Igreja.

Na verdade, a Palavra de Deus da Celebração de hoje vem nos alertar que a Missão não pode estar desvinculada do Discipulado pois a primeira é consequência do segundo e, uma vez que se articulou uma à outra, não poderão ser separados jamais.

Que Deus nos ajude a ESCUTAR A SUA PALAVRA PARA MELHOR REALIZARMOS A NOSSA MISSÃO NO MUNDO QUE NOS CERCA!   ASSIM SEJA!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

sábado, 13 de julho de 2013

"XV Domingo do Tempo Comum: A Religião do Coração supera a Religião da Lei!" - 14 de Julho de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada de Fé nesse Tempo Comum queremos nos tornar santos (as) e perfeitos (as) como nosso Pai do Céu é Santo e Perfeito.   Para tanto nos reunimos em Comunidade para aprender do próprio Deus o que precisamos FAZER para que a nossa vida volte a ser imagem e semelhança da Vida Divina.   Ouvir, meditar, partilhar, compreender a Palavra de Deus é o caminho seguro para a PRÁTICA CONCRETA da Mesma!

Hoje, a Palavra de Deus nos coloca diante de uma escolha: a Religião da Lei ou a Religião do Coração!   O que Deus espera de nós?   O que, de fato, pode nos salvar: seguir normas externas, leis frias e distantes ou se deixar mover pelos SENTIMENTOS DO CORAÇÃO?   A Palavra de Deus desse XV Domingo do Tempo Comum quer nos auxiliar nas respostas a tais questões.   Vejamos:

A Primeira Leitura (Dt 30, 10-14) temos um, logo de cara, um convite para que o povo observe os mandamentos e preceitos escritos na lei e, em seguida, continua o convite, converte-te ao Senhor teu Deus com todo o teu CORAÇÃO E COM TODA A TUA ALMA.   

É muito complicado, às vezes, compreender a lei como algo que deva estar dentro de nós mesmos, em nosso coração pois, não raras vezes, a mesmo é algo que nos é imposta de fora para dentro; ela é feita por outros e nos é apresentada para que a vivamos.   Isso se torna um fardo pesado demais e, em algum momento, nos afastaremos e deixaremos de cumpri-la.   Na verdade, ninguém gosta de ser obrigado a fazer qualquer coisa que seja.   O espírito de liberdade que clama em nós, nos instiga ao desrespeito e ao descumprimento de toda e qualquer lei (sobretudo, quando não compreendemos os motivos reais da mesma).

No entanto, o Deuteronômio nos apresenta a Lei de Deus não como algo que está fora de nós, fora do nosso alcance mas, ao contrário, está dentro de nós, em nossa boca e em nosso coração.   Não está no céu ou do outro lado do mar para que digamos: Quem irá até lá para apanhá-la para nós?   Por  estar dentro de nós, em nós, com certeza, poderemos cumpri-la sem nenhum esforço sobrenatural. 

Essa leitura nos enche de alegria pois nos revela o princípio de uma religião que está dentro de nós, está em nosso coração e, dessa forma, a nossa religião deve ser vista não como um conjunto de normas proibitivas, pesadas, mortas, distante de nós mesmos mas, ao contrário, a nossa Religião nasce de uma Experiência de Deus que fazemos a cada instante em nosso Coração e, na medida em que O experimentamos, a transformação, a conversão vão nascendo de dentro para fora e, não, o contrário.   Assim, será mais fácil VIVER O QUE DEUS ESPERA DE NÓS!

Essa Primeira Leitura nos prepara para compreender o Evangelho de hoje (Lc 10, 25-37) que irá contrapor a Religião da Lei à Religião do Coração e do Amor.   Vamos por parte:

Num primeiro momento, temos o encontro de Jesus com um Mestre da Lei que, como em outros momentos, deseja colocar Jesus em maus bocados.  A pergunta dirigida ao Mestre é perigosa e, dependendo da resposta, poderá colocar em xeque a pregação e atuação do Senhor.   Por outro lado, percebemos a maldade do interlocutor do Senhor pois este é um Mestre da Lei e, como tal, sabia, como demonstrou na sua resposta, o que desejava saber.   Pergunta: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?   Acredito, piamente, que esta seja a pergunta que todos (as) nós gostaríamos de fazer ao Senhor caso tivéssemos oportunidade, não? O Senhor, por sua vez, não responde diretamente á questão mas, devolve com outra pergunta: O que está escrito na Lei? Como lês?   Nada mais justo pois, afinal de contas, Jesus está diante de um Mestre da Lei e, como tal, deveria SABER o que a LEI dizia a tal respeito!   Mostrando ser um Mestre da Lei, isto é, alguém capacitado para ensinar a Lei do Senhor aos seus irmãos, o interlocutor do Senhor responde corretamente: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua força e com toda a tua inteligência (Cf. Dt 6) e, ao próximo como a ti mesmo (Lv 19).   Nota 10 pela resposta corretíssima.   Porém, há um problema: essa é uma resposta correta teoricamente falando pois, quando o senhor mandou que o Mestre da Lei FIZESSE AQUILO QUE DISSE PARA VIVER A VIDA ETERNA este, parece não portar o conhecimento PRÁTICO do que acabara de falar.   Daí, perguntou: E quem é o meu PRÓXIMO?   É aqui que o texto do Evangelho de hoje nos apresenta a Religião que salva, que conduz à Vida Eterna: a RELIGIÃO DO AMOR QUE BROTA DO CORAÇÃO!

Jesus não responde diretamente mas, conta para o Mestre da Lei uma parábola e, nela vai revelando o equívoco que o seu interlocutor carregava: o certo não é perguntar "Quem é o meu Próximo para que eu possa amá-lo" mas é preciso modificar a ordem da questão e fazê-la assim: "O que eu devo fazer para ser PRÓXIMO DE ALGUÉM?"

A Parábola nos apresenta 04 personagens centrais: o homem que caiu nas mãos dos assaltantes, o sacerdote, o levita e o samaritano.   Existe um homem descendo de Jerusalém para Jericó e no caminho é roubado e deixado quase morto.   IMPORTANTE: o texto não fala nada desse homem: se era bom ou mal, piedoso ou não, fiel a Deus ou infiel, puro ou impuro!   É APENAS UM HOMEM E NADA MAIS!   Por acaso, passam pelo caminho dois representantes da Lei de Deus: um sacerdote e um levita!   Conhecem a Lei e não se sentem motivados a FAZER NADA PELO HOMEM CAÍDO À BEIRA DO CAMINHO.   Muito ao contrário: passam adiante pelo outro lado pois, quem sabe?, poderiam ter algo mais importante para fazer ou, ainda, poderiam ter medo de FERIR A LEI DE DEUS SE CONTAMINANDO COM ALGUÉM QUE PODERIA ESTAR IMPURO!    Quanto APREÇO PELA LEI DO SENHOR, não?   O fato é que esse Representantes de Deus na terra nada fizeram pelo homem que ali estava precisando de ajuda.

Por ali, também, passava um SAMARITANO (note bem que o Evangelho não o designa com o adjetivo BOM como nos acostumamos a tratar a Parábola mas, é apenas e tão somente um samaritano).   Importa chamar a atenção para o fato de que os Judeus piedosos nutriam para com os samaritanos sentimentos não muito cordiais e fraternos pois os consideravam uma raça impura, distante da Lei e não cumpridora da mesma.   Para um Judeu piedoso e cumpridor dos seus deveres, duas coisa o irritavam profundamente: ser chamado de "cão" e ser confundido com um "samaritano"!   Porém, na parábola será esse ser execrável aos olhos dos judeus que terá uma série de atitudes que nos servirão de modelo para nossa Vida de Fé: ver da necessidade do outro (a), deixar-se compadecer por tal dor, aproximar de quem está sofrendo, fazer o necessário para que a situação seja amenizada, levar o sofredor para um local aonde possa ser melhor cuidado e, somente depois, seguir o seu caminho para fazer o que é de seu interesse.   Diante da dor alheia, as minhas coisas contam muito pouco ou quase nada!   O OUTRO = PRÓXIMO DEVE OCUPAR O CENTRO DA MINHAS OCUPAÇÕES!

Nesse momento, ocorre a inversão da questão que precipitou a Parábola: no início tivemos o Mestre da Lei perguntando ao Senhor quem seria o seu próximo e, agora, depois de contada a História, o Senhor devolve a pergunta em outros termos ou em outra ordem: Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do home que estava caído à beira da estrada?   É um mudança tênue na formulação da pergunta mas que mudará toda a nossa conduta: a preocupação não está em saber "Quem é o meu Próximo" mas em descobrir caminhos, pistas, luzes que me ensinem "O que eu devo "FAZER PARA ME TORNAR PRÓXIMO DE QUEM ESTÁ PRECISANDO DE AJUDA"!    E o Mestre da Lei parece ter compreendido a lição da parábola pois responde: AQUELE QUE USOU DE MISERICÓRDIA PARA COM ELE!    E, Jesus conclui:   VAI E FAZE A MESMA COISA!   

O Samaritano, mesmo não conhecendo ou rejeitando a Lei que os Judeus prezavam tanto, foi capaz de vivê-la, na prática e, no final das contas, será isso que contará diante de Deus: o que FIZEMOS e não o que CONHECEMOS DA LEI!

É esse Jesus, Filho do Pai e sua Imagem Visível entre nós que o Apóstolo Paulo, na Segunda Leitura (Cl 1, 15-20) nos apresenta como sendo o MODELO que devemos seguir: é Ele a Cabeça da Igreja que é o Seu Corpo e, como tal deve fazer e viver o que Ele viveu e fez!

Que Deus nos ajude a VIVER A SUA LEI A CADA DIA e, assim sendo, possamos nos tornar SINAIS DE SUA PRESENÇA PARA OS NOSSOS IRMÃOS (ÃS) - sobretudo os que mais necessitarem de nós!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

sexta-feira, 5 de julho de 2013

"XIV Domingo do Tempo Comum: Enviados para TRANSFORMAR O MUNDO EM REINO DE DEUS!" - 07 de Julho de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada de Fé no Tempo Comum, buscamos na compreensão da Palavra de Deus que nos é proposta, as pistas, caminhos, luzes que facilitem a nossa maior identificação com Aquele que nos convida a ser santos e perfeitos como Ele é Santo e Perfeito, isto é, Deus!

Nesse sentido, olhando para a Palavra da Celebração desse XIV Domingo Comum, compreendemos que ser discípulo de Jesus nesse mundo é colocar-se a serviço da Construção do Seu Reino e, como esse mundo não fez opção pelo Reino de Deus, ser FIEL À MISSÃO implicará confiança no poder de Deus que possibilita, não só a Fé nos resultados mas, às vezes, a contemplação de bons resultados.

Assim, já na Primeira Leitura (Is 66, 10-14c) a Palavra nos quer encher de esperança e alegria por aquilo que Javé está para fazer para os seus.   Às vezes - para não dizer SEMPRE -, quando contemplamos o mundo e percebemos que as situações de dor, sofrimento e morte não acabam mas, ao contrário, crescem assustadoramente ao nosso redor, somos tentados a achar que Deus se esqueceu de nós, que suas promessas não irão se realizar, ou, pior ainda, que Ele nos enganou com ilusões, sonhos, mentiras.   Esse era o sentimento do Povo que regressou do Exílio na Babilônia após algum tempo do retorno.   

No final do Exílio, um Profeta havia falado que Deus iria reconduzi-lo a Jerusalém e, lá chegando, a VIDA IRIA MUDAR PARA MELHOR.   Confiando nessa Promessa, o Povo regressa (aliás, parte do Povo pois quem havia se dado bem no Exílio, permanece na Babilônia e, para Jerusalém regressa os que não conquistaram nada ou quase nada para sua própria vida e a dos seus.   Regressa para Jerusalém um pequeno resto com o qual Deus fará um Novo Povo.

Animado pela Promessa de Deus, o resto de Israel retorna e, apesar de um bom tempo ter passado, as coisas parecem não ter mudado muito.   Na verdade, os anos passam e a situação só piora: pobres cada vez mais e ricos cada vez mais ricos; espertos que se dão bem sobre os fracos e, pequenos sendo passados para trás ... tudo continua tal e qual e, se há mudança, parece que esta é para pior (pelo menos para grande parte do Povo Pobre).   Diante disso, o Povo se pergunta: Aonde está Deus? E a Promessa feita: terá Ele se esquecido?   Nesse contexto, a Fé e a Esperança vão minguando, desaparecendo.

É aqui que Javé envia o seu Profeta para restaurar os ânimos, a Fé e a Esperanças que estavam se perdendo.    Com palavras de consolo e de conforto, o Profeta vai, pouco a pouco, restaurando esses sentimentos primordiais em toda e qualquer Comunidade que se pretenda fiel ao Deus Bíblico: Alegria e Exultação são o convite feito para todos aqueles que amam Jerusalém (cidade de Javé).   Javé é apresentado como uma Mãe que sacia a fome e a sede do Povo em seus úberes de glória.   a cidade de Deus terá paz e a glória das nações irão para ela como rios a transbordar.   Deus irá amamentar, carregar ao colo e acariciar sobre seus joelhos os seus filhos e filhas.   É essa a promessa que todos poderão contempla e, dessa forma, os corações exultarão e o vigor será renovado como relva no campo pois amão do senhor se manifestará em favor de seus servos.

Que belas palavras que o Profeta dirige ao Povo desesperançado do pós-exílio mas, apesar das palavras de conforto, continuamos a perceber que a situação mudou muito pouco desde que foram pronunciadas (cerca de 400 anos a. C.).   O que terá acontecido de fato?   Por que a situação não muda?

O Evangelho de hoje (Lc 10, 1-12.17-20) nos apresenta algumas reflexões que poderão nos auxiliar nas respostas.   Vejamos:

Este trecho é conhecido como o Envio e a Missão dos 72 Discípulos e nos oferece a oportunidade para refletirmos sobre vários pontos interessantes para a Vida da Igreja no Mundo de Hoje.   A seguir faremos um levantamento desses pontos e refletiremos sobre cada um deles (pode ser que haja outros, porém escolhemos esses para nos orientar):

a) A Missão deve atingir a TODOS e ser OBRA DE TODOS e consiste em PREPARAR o terreno para a chegada de JESUS: "Jesus envia 72 Discípulos à sua frente".   70 ou 72 eram os povos que - imaginava-se na época - podiam existir.   A escolha desse número é sintomática e parece querer dizer que a Missão é destinada a todos e, mais ainda, é obra de todos.   Ninguém deve se sentir excluído do processo.   É preciso que as pessoas estejam preparadas para receberem e reconhecerem Jesus como o Messias esperado, anunciado pelos Profetas, pela Lei e pelos Salmos;

b) A INTIMIDADE com o Senhor é fundamental para o sucesso da Missão: é preciso tomar consciência que a obra de salvação pertence a Deus; que o mundo para o qual somos enviados é Dele; que nós somos seus colaboradores, seus servos, seus operário.   Pedir ao dono da messe que mande operários para Sua messe será tarefa fundamental e prioritária.   

Ora, se a Messe é Dele e nós somos seus operários é importante que saibamos como Ele quer que o trabalhos seja feito pois não podemos fazer do nosso jeito a obra que é divina pois colocaríamos tudo a perder.

c) A Missão não é fácil mas é preciso CONFIAR pois é URGENTE A TAREFA DE CONSOLIDAR O REINO: o nosso trabalho se desenvolve em meio aos lobos e o nosso comportamento deve ser o das ovelhas.   Que coisa complicada!!!!   Não nos esqueçamos que ovelhas são alimento muito apreciado pelos lobos...  Porém, é preciso acreditar que Aquele que envia garante o sucesso e, não precisaremos TEMER ou nos PREOCUPAR: Não leveis bolsa, sacola ou sandálias e não cumprimenteis ninguém pelo caminho pois a missão não pode esperar, é urgente;

d) Objeto da Missão: diferentemente do que possamos pensar, a missão tem um único objetivo que é proclamar a paz e promovê-la em todos os lares e ambientes que entrarmos.   Se houver alguém aberto para a paz, ela ficará e, caso contrário, voltará para nós;

e) Ir sem preocupação: Deus proverá o nosso sustento e casas se abrirão para nos acolher e, isso exigirá do missionário abertura para viver como os que estiverem ali vivem, sem qualquer restrição.   Como resposta à hospitalidade, mostremos que vencer o mal é o nosso objetivo: curar doente, expulsar demônios e anunciar o Reino de Deus como algo iminente são SINAIS que acompanharão os operários da Messe do Senhor;

f) Não insistir além da capacidade dos ouvintes: é preciso saber a hora de se retirar para não causar maiores constrangimentos e, transformar a missão em algo irritante, promovendo resultados contrários aos esperados pelo Dono da Messe que nos enviou.   Lembre-se: Bom sendo é FUNDAMENTAL na Missão!

g) O Sucesso da Missão causa ALEGRIA:   Como é bom percebermos que o trabalho missionário surte os efeitos que desejamos, que acreditamos.   Porém, é importante que saibamos que a principal Alegria dever vir por conta de sabermos que os nossos nomes estão escritos no Céu.   Isso é o que, de fato, importa!

Por fim, o Apóstolo Paulo (Gl 6, 14-18), missionário por excelência, nos revela o que é deve marcar a vida de todos (as) que se deixam conduzir pelo trabalho na Messe do Senhor:  não devemos nos gloriar por e com NADA a não ser com a CRUZ DE CRISTO!   Essa deve ser a nosso marca e é por ela que nos tornamos Missionários em nosso mundo!   Com sua força caminhamos na busca e na construção daquele mundo que o Profeta Isaías anunciou na Primeira Leitura de hoje!

Façamos a nossa parte e, assim, poderemos ver como as Promessas de Deus se cumprem em nossas vidas e no mundo que nos cerca!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares