quinta-feira, 18 de julho de 2013

"XVI Domingo do Tempo Comum: Acolhendo o PEREGRINO, acolhemos o próprio DEUS!" - 21 de Julho de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos a nossa caminhada de fé nesse Tempo Comum e, buscamos na escuta, partilha, compreensão e, sobretudo, vivência da Palavra de Deus em nosso dia a dia, a possibilidade de nos tornarmos santos e perfeitos como nosso Pai do Céu é Santo e Perfeito.   Caminhando com Jesus rumo a Jerusalém, vamos descobrindo pouco a pouco o que devemos fazer para sermos fieis à vontade do Pai em nossas vidas.

Dessa forma, celebramos o XVI Domingo do Tempo Comum e, refletimos sobre a necessidade de reconhecer a presença de Deus em nossos irmãos e irmãs, de modo particular, o peregrino, o forasteiro, o viajante.   Quando acolhemos o irmão peregrino, acolhemos o próprio Deus e, dessa forma, sem o sabermos, acabando recebendo muito mais do que aquilo que oferecemos.

Na Primeira Leitura (Gn 18, 1-10a), nos é apresentada a história de um dos grandes acolhimentos na Sagrada Escritura.   Essa narrativa é cheia de ensinamentos para cada um (a) de nós, em todo e qualquer tempo e local.   Ela é cheia de nuances interessantes para a nossa vivência da fé em nosso cotidiano e, portanto, favorece o nosso trabalho de restauração da Imagem e Semelhança de Deus em nós.

Um primeiro ponto que nos chama a atenção, logo de cara, está no início da narrativa quando o autor sagrado nos fala que o Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado à porta de sua tenda no maior calor do dia.   Porém, logo em seguida, o mesmo autor revela que quando levantou os olhos, Abraão viu três homens de pé, perto dele.   Ora, era o Senhor ou eram três homens?   Na verdade a 'pseudo-confusão" é proposital pois o texto deseja demonstrar que não há separação entre eles: Deus está nos três homens e os três homens são a revelação de Deus para Abraão.   

Me parece que Abraão reconhece essa verdade pois, imediatamente, inicia uma série de ações que, poderíamos designar como ações própria para alguém de extrema importância: Abraão vê os homens, corre ao encontro deles, prostra-se por terra e diz que se ele (Abraão) ganhou a amizade deles, que eles não prossigam viagem sem para junto àquele SERVO.   Lembremo-nos que no início do texto, Abraão está sentado pois é hora de muito calor (meio do dia), descansando à porta de sua tenda mais, a visão dos peregrinos quebra o seu descanso e, sem murmurar se põe à serviço para sanar o cansaço dos peregrinos.   Num primeiro momento, diz que mandará trazer um pouco de água para lavarem os pés e poderem descansar debaixo da árvore e, um pouco de pão para refazerem as forças para seguirem viagem, dizendo que era para isso que os homens haviam se aproximado dele.   

Porém, o que vemos, logo a seguir é uma correria por parte de Abraão e de todos os seus para oferecerem aos hóspedes inesperados o MELHOR: manda Sara pegar DEPRESSA três medidas da MAIS FINA FARINHA e assar pães; pegou um bezerro DOS MAIS TENROS E MELHORES e mandou o servo prepará-lo, buscou coalhada, leite e o bezerro assado colocando-os à frente dos convivas e, detalhe importante, PERMANECEU DE PÉ, JUNTO DELES, DEBAIXO DA ÁRVORE, ENQUANTO COMIAM.   Isso demonstra o estado de alerta de Abraão para com os peregrinos caso precisassem de algo mais.

Por fim, o melhor da história é revelado: Por ter se desdobrado para ACOLHER E SERVIR BEM OS HÓSPEDES, Abraão receberá a MELHOR PARTE: Deu do que possuía e recebeu o que não possuía e mais queria: "SARA TERÁ DADO À LUZ NO ANO SEGUINTE POR AQUELA MESMA ÉPOCA!

Que bela mensagem essa Leitura do Gênesis nos oferece: Quando somos capazes de oferecer o POUCO que temos, DEUS nos retribui muito mais do que poderíamos supor que seria capaz!

Ora, essa Leitura nos prepara para o texto do Evangelho (Lc 10, 38-42) que é sequência do texto do domingo passado e, portanto deve ser compreendido dentro do mesmo foco (a parábola do "Bom" samaritano).   Digo isso pois, em muitos momentos, o texto do Evangelho da Celebração de hoje nos levou para uma espécie de antagonismo entre Ação e Contemplação e, na verdade, não é essa a proposta do Evangelho.   O texto, assim como a Primeira Leitura, é rico em detalhes que nos querem passar a compreensão de Jesus sobre o que é, de fato, importante para os seus seguidores (as).   Vejamos:

Logo de cara, algo nos chama a atenção: Jesus é recebido por uma certa mulher em sua casa (Marta era seu nome).   Ora, numa sociedade machista, aonde mulheres não tinham voz nem vez, Jesus é um pouco - para não dizer muito - "estravagante".   Porém, parece que essa é uma MARCA PRÓPRIA DELE!   Essa é uma família "estranha" pois não há presença de homens na casa (somente DUAS IRMÃS).

Em seguida, outro absurdo: uma das irmãs - Maria - se senta aos pés de Jesus para escutá-Lo.   Ora, sentar-se aos pés de alguém era sinal de discipulado, atitude de quem quer e deseja aprender.   À época, mulheres não eram aceitas nos círculos de aprendizes, de discípulos mas, somente, homens.   Jesus, aqui, quebra mais uma regra: hospeda-se em casa de mulheres e aceita como discípulas as mesmas.    Porém, tal gesto de Jesus, causa desconforto na família pois a outra irmã, que o recebera e estava atordoada com os preparativos para que o hóspede pudesse ter o melhor, ficou atarantada com os afazeres e reclama do Senhor que mande Maria auxiliá-la e, aqui, a resposta de Jesus, se não for bem compreendida pois ser contraditória com toda a Palavra vista até agora, inclusive a da SEMANA PASSADA: "Marta, Marta! Tu andas te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a MELHOR PARTE e esta não lhe será tirada!"   É preciso compreender que "MELHOR PARTE" significa a "BOA PARTE" e, não necessariamente, a "MAIS IMPORTANTE" como se o resto não o fosse.   Na verdade o que o texto evangélico quer mostrar é que o discípulo deverá estar atento para fazer as suas coisas, suas tarefas sempre em consonância com a Palavra do Mestre pois, caso contrário, é AGITAÇÃO INÚTIL que não dará frutos.   A primazia está na escuta da Palavra pois "como faríamos as nossas tarefas do jeito de Jesus sem saber que jeito é esse"?   Às vezes, em nossa Comunidades há muitas tarefas, muitas ações sendo feitas e que, no final, não produzem aquilo que era esperado e nos perguntamos: "Aonde errarmos?"   O Evangelho de hoje nos oferece a resposta: "Erramos por não termos colocado a Palavra do Mestre como prioritária, como condutora de nossas ações."    Com certeza, após ter ouvido o Mestre, Maria trabalhou para lhe oferecer o melhor pois, nutrida pela Palavra que escutara, foi capaz de fazer pelo Senhor o que o Senhor queria e, mais ainda, do jeito que o Senhor desejava!

A Segunda Leitura (Cl 1, 24-28), o Apóstolo Paulo nos apresenta como espelho para o discipulado e a missão a sua própria vida: ele, mais que ninguém, foi capaz de escutando a Palavra do Mestre ser um incansável pregador dessa Palavra em tantas Comunidades.   Por Ele foi capaz de enfrentar todo tipo de contrariedade e dificuldade mas, não reclama de nada pois sabe que completou na sua própria carne o que faltou à Paixão de Cristo, em solidariedade com o Seu Corpo, que é a Igreja.

Na verdade, a Palavra de Deus da Celebração de hoje vem nos alertar que a Missão não pode estar desvinculada do Discipulado pois a primeira é consequência do segundo e, uma vez que se articulou uma à outra, não poderão ser separados jamais.

Que Deus nos ajude a ESCUTAR A SUA PALAVRA PARA MELHOR REALIZARMOS A NOSSA MISSÃO NO MUNDO QUE NOS CERCA!   ASSIM SEJA!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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