sábado, 13 de julho de 2013

"XV Domingo do Tempo Comum: A Religião do Coração supera a Religião da Lei!" - 14 de Julho de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada de Fé nesse Tempo Comum queremos nos tornar santos (as) e perfeitos (as) como nosso Pai do Céu é Santo e Perfeito.   Para tanto nos reunimos em Comunidade para aprender do próprio Deus o que precisamos FAZER para que a nossa vida volte a ser imagem e semelhança da Vida Divina.   Ouvir, meditar, partilhar, compreender a Palavra de Deus é o caminho seguro para a PRÁTICA CONCRETA da Mesma!

Hoje, a Palavra de Deus nos coloca diante de uma escolha: a Religião da Lei ou a Religião do Coração!   O que Deus espera de nós?   O que, de fato, pode nos salvar: seguir normas externas, leis frias e distantes ou se deixar mover pelos SENTIMENTOS DO CORAÇÃO?   A Palavra de Deus desse XV Domingo do Tempo Comum quer nos auxiliar nas respostas a tais questões.   Vejamos:

A Primeira Leitura (Dt 30, 10-14) temos um, logo de cara, um convite para que o povo observe os mandamentos e preceitos escritos na lei e, em seguida, continua o convite, converte-te ao Senhor teu Deus com todo o teu CORAÇÃO E COM TODA A TUA ALMA.   

É muito complicado, às vezes, compreender a lei como algo que deva estar dentro de nós mesmos, em nosso coração pois, não raras vezes, a mesmo é algo que nos é imposta de fora para dentro; ela é feita por outros e nos é apresentada para que a vivamos.   Isso se torna um fardo pesado demais e, em algum momento, nos afastaremos e deixaremos de cumpri-la.   Na verdade, ninguém gosta de ser obrigado a fazer qualquer coisa que seja.   O espírito de liberdade que clama em nós, nos instiga ao desrespeito e ao descumprimento de toda e qualquer lei (sobretudo, quando não compreendemos os motivos reais da mesma).

No entanto, o Deuteronômio nos apresenta a Lei de Deus não como algo que está fora de nós, fora do nosso alcance mas, ao contrário, está dentro de nós, em nossa boca e em nosso coração.   Não está no céu ou do outro lado do mar para que digamos: Quem irá até lá para apanhá-la para nós?   Por  estar dentro de nós, em nós, com certeza, poderemos cumpri-la sem nenhum esforço sobrenatural. 

Essa leitura nos enche de alegria pois nos revela o princípio de uma religião que está dentro de nós, está em nosso coração e, dessa forma, a nossa religião deve ser vista não como um conjunto de normas proibitivas, pesadas, mortas, distante de nós mesmos mas, ao contrário, a nossa Religião nasce de uma Experiência de Deus que fazemos a cada instante em nosso Coração e, na medida em que O experimentamos, a transformação, a conversão vão nascendo de dentro para fora e, não, o contrário.   Assim, será mais fácil VIVER O QUE DEUS ESPERA DE NÓS!

Essa Primeira Leitura nos prepara para compreender o Evangelho de hoje (Lc 10, 25-37) que irá contrapor a Religião da Lei à Religião do Coração e do Amor.   Vamos por parte:

Num primeiro momento, temos o encontro de Jesus com um Mestre da Lei que, como em outros momentos, deseja colocar Jesus em maus bocados.  A pergunta dirigida ao Mestre é perigosa e, dependendo da resposta, poderá colocar em xeque a pregação e atuação do Senhor.   Por outro lado, percebemos a maldade do interlocutor do Senhor pois este é um Mestre da Lei e, como tal, sabia, como demonstrou na sua resposta, o que desejava saber.   Pergunta: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?   Acredito, piamente, que esta seja a pergunta que todos (as) nós gostaríamos de fazer ao Senhor caso tivéssemos oportunidade, não? O Senhor, por sua vez, não responde diretamente á questão mas, devolve com outra pergunta: O que está escrito na Lei? Como lês?   Nada mais justo pois, afinal de contas, Jesus está diante de um Mestre da Lei e, como tal, deveria SABER o que a LEI dizia a tal respeito!   Mostrando ser um Mestre da Lei, isto é, alguém capacitado para ensinar a Lei do Senhor aos seus irmãos, o interlocutor do Senhor responde corretamente: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda a tua força e com toda a tua inteligência (Cf. Dt 6) e, ao próximo como a ti mesmo (Lv 19).   Nota 10 pela resposta corretíssima.   Porém, há um problema: essa é uma resposta correta teoricamente falando pois, quando o senhor mandou que o Mestre da Lei FIZESSE AQUILO QUE DISSE PARA VIVER A VIDA ETERNA este, parece não portar o conhecimento PRÁTICO do que acabara de falar.   Daí, perguntou: E quem é o meu PRÓXIMO?   É aqui que o texto do Evangelho de hoje nos apresenta a Religião que salva, que conduz à Vida Eterna: a RELIGIÃO DO AMOR QUE BROTA DO CORAÇÃO!

Jesus não responde diretamente mas, conta para o Mestre da Lei uma parábola e, nela vai revelando o equívoco que o seu interlocutor carregava: o certo não é perguntar "Quem é o meu Próximo para que eu possa amá-lo" mas é preciso modificar a ordem da questão e fazê-la assim: "O que eu devo fazer para ser PRÓXIMO DE ALGUÉM?"

A Parábola nos apresenta 04 personagens centrais: o homem que caiu nas mãos dos assaltantes, o sacerdote, o levita e o samaritano.   Existe um homem descendo de Jerusalém para Jericó e no caminho é roubado e deixado quase morto.   IMPORTANTE: o texto não fala nada desse homem: se era bom ou mal, piedoso ou não, fiel a Deus ou infiel, puro ou impuro!   É APENAS UM HOMEM E NADA MAIS!   Por acaso, passam pelo caminho dois representantes da Lei de Deus: um sacerdote e um levita!   Conhecem a Lei e não se sentem motivados a FAZER NADA PELO HOMEM CAÍDO À BEIRA DO CAMINHO.   Muito ao contrário: passam adiante pelo outro lado pois, quem sabe?, poderiam ter algo mais importante para fazer ou, ainda, poderiam ter medo de FERIR A LEI DE DEUS SE CONTAMINANDO COM ALGUÉM QUE PODERIA ESTAR IMPURO!    Quanto APREÇO PELA LEI DO SENHOR, não?   O fato é que esse Representantes de Deus na terra nada fizeram pelo homem que ali estava precisando de ajuda.

Por ali, também, passava um SAMARITANO (note bem que o Evangelho não o designa com o adjetivo BOM como nos acostumamos a tratar a Parábola mas, é apenas e tão somente um samaritano).   Importa chamar a atenção para o fato de que os Judeus piedosos nutriam para com os samaritanos sentimentos não muito cordiais e fraternos pois os consideravam uma raça impura, distante da Lei e não cumpridora da mesma.   Para um Judeu piedoso e cumpridor dos seus deveres, duas coisa o irritavam profundamente: ser chamado de "cão" e ser confundido com um "samaritano"!   Porém, na parábola será esse ser execrável aos olhos dos judeus que terá uma série de atitudes que nos servirão de modelo para nossa Vida de Fé: ver da necessidade do outro (a), deixar-se compadecer por tal dor, aproximar de quem está sofrendo, fazer o necessário para que a situação seja amenizada, levar o sofredor para um local aonde possa ser melhor cuidado e, somente depois, seguir o seu caminho para fazer o que é de seu interesse.   Diante da dor alheia, as minhas coisas contam muito pouco ou quase nada!   O OUTRO = PRÓXIMO DEVE OCUPAR O CENTRO DA MINHAS OCUPAÇÕES!

Nesse momento, ocorre a inversão da questão que precipitou a Parábola: no início tivemos o Mestre da Lei perguntando ao Senhor quem seria o seu próximo e, agora, depois de contada a História, o Senhor devolve a pergunta em outros termos ou em outra ordem: Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do home que estava caído à beira da estrada?   É um mudança tênue na formulação da pergunta mas que mudará toda a nossa conduta: a preocupação não está em saber "Quem é o meu Próximo" mas em descobrir caminhos, pistas, luzes que me ensinem "O que eu devo "FAZER PARA ME TORNAR PRÓXIMO DE QUEM ESTÁ PRECISANDO DE AJUDA"!    E o Mestre da Lei parece ter compreendido a lição da parábola pois responde: AQUELE QUE USOU DE MISERICÓRDIA PARA COM ELE!    E, Jesus conclui:   VAI E FAZE A MESMA COISA!   

O Samaritano, mesmo não conhecendo ou rejeitando a Lei que os Judeus prezavam tanto, foi capaz de vivê-la, na prática e, no final das contas, será isso que contará diante de Deus: o que FIZEMOS e não o que CONHECEMOS DA LEI!

É esse Jesus, Filho do Pai e sua Imagem Visível entre nós que o Apóstolo Paulo, na Segunda Leitura (Cl 1, 15-20) nos apresenta como sendo o MODELO que devemos seguir: é Ele a Cabeça da Igreja que é o Seu Corpo e, como tal deve fazer e viver o que Ele viveu e fez!

Que Deus nos ajude a VIVER A SUA LEI A CADA DIA e, assim sendo, possamos nos tornar SINAIS DE SUA PRESENÇA PARA OS NOSSOS IRMÃOS (ÃS) - sobretudo os que mais necessitarem de nós!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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