sábado, 2 de março de 2013

"Compreendendo a Aliança entre Deus e os Homens para podermos vivê-La com maior Empenho e Perfeição!" - 02 de Março de 2013

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Encerramos a Segunda Semana da Quaresma e, durante toda a semana a Palavra de Deus que nos foi proposta veio no sentido de nos conduzir a uma maior compreensão do que é a Aliança que Javé fez com Abrão e, como podemos vivê-La mais plenamente em nossas vidas, em nosso cotidiano.

Na medida em que a semana foi passando, fomos percebendo alguns pontos que são extremamente importantes, sobretudo para o nosso Trabalho Pastoral em nossas Comunidades.   Gostaria de mencioná-los aqui para que cada um (a) de nossos seguidores (as) pudesse refletir e, dessa forma, vivenciar tal Aliança mais plenamente.

Um primeiro ponto que me chamou atenção foi: A Aliança é uma iniciativa e uma proposta divinas!   Na verdade, não é o Homem quem corre atrás de Deus mas, ao contrário, é o próprio Deus quem corre atrás do Homem e lhe propõe a Aliança.   Desde o pecado original, a História da Salvação demonstra que, começa ali, uma busca desenfreada de Deus por esse homem e essa mulher que, por conta da adesão ao pecado, se afastaram da presença d'Ele.   Deus age dessa forma por ser, essencialmente, Amor  e, por conta disso, todas as suas ações estão perpassadas, permeadas por tal sentimento e, nada que Ele faça possa vir com a marca de algo que desminta tal essência amorosa.

Um segundo ponto, é a compreensão de que por conta do Amor Infinito de Deus, que O faz tomar a iniciativa da Aliança, o nosso Deus não está, sequer preocupado em saber que o Homem será ou não será fiel.   O texto bíblico de Gn 15, de onde saiu a Primeira Leitura do II Domingo da Quaresma desse ano, nos revela isso: Abrão não passa entre os animais esquartejados e, mesmo assim, Javé, em forma de fogo que desce do céu, passa e consome os animais.   Tal fato nos faz compreender que, apresar de não ter feito o pacto com Javé, Javé faz o pacto com Abrão e, dessa forma, será d'Ele o compromisso de Fidelidade.   Dali para frente, todas as vezes que houver a Lembrança da Aliança entre o Povo de Deus, o argumento que será utilizado pelos mediadores entre Javé e o Povo, será a Fidelidade que Javé prometeu que teria e, como Isaías 55 diz: Javé não volta atrás na Palavra dada pois Ela (Palavra de Javé) é como a chuva e a neve que descendo do céu não volta para lá sem cumprir a missão que lhes são própria.

A compreensão desses dois pontos, a meu ver, são fundamentais para a nossa vivência da Fé.   Por muito tempo, o nosso trabalho pastoral, esteve muito mais marcado pela apresentação de um "deus severo, castigador, que obriga as pessoas a se voltarem para ele caso desejem receber dele as benesses, as graças.    Isso, na História da Salvação, nos foi apresentada por um tipo de teologia (estudo sobre deus) designada como Teologia da Retribuição.   Nesse tipo de teologia, deus nos é apresentado como aquele que não age mas, ao contrário reage.   Em outras palavras: deus não toma a iniciativa mas aguarda as ações do Homem para que possa reagir de acordo com aquilo que viu nas ações humanas.   Dessa forma, o deus da teologia da retribuição é aquele que manda bênção e graça para os bons e maldição e desgraça para os maus.

Ora, essa compreensão de deus que, diga-se de passagem, ainda está muito presente em nossos dias, não deixa espaço para a Gratuidade do Amor de Deus como nos é apresentado na Aliança que Javé fez com o Povo.

Baseado nessa teologia, os nossos trabalhos pastorais, em muitos momentos, estiveram e estão marcados, por uma imagem deturpada de Deus.   Partimos da ideia de que o ser humano necessita apresentar, com a vida que leva, motivos que levem Deus a olhar para ele.   Se o ser humano não estiver bom, deus não o aceitará.   No entanto, pelos estudos realizados da Palavra de Deus durante essa Semana, podemos perceber que o caminho não esse: o caminho é o contrário!   O ser humano é quem reage ao Amor Infinito de Deus.   Na relação Homem - Deus, a iniciativa é Divina e o Homem responde; as ações humanas são ações segundas; não somos nós que movemos Deus em nossa direção mas, é Deus quem nos atrai para Ele com o Seu Amor Infinito.   O trabalho pastoral da Igreja necessita mudar o seu ponto de partida: no lugar de apresentar Deus como Aquele que espera o Ser Humano ficar bom para abençoá-lo, apresentar Deus como Aquele que abençoa o ser humano para que ele fique bom.   Isso parece, apenas, um trocadilho de palavras mas, não é!   A diferença aparente e mínima da ideia faz toda a diferença na vida concreta de nossa fé.

É preciso compreender que a Conversão Verdadeira não pode ser produto do medo, do temor de um deus que pode castigar caso eu não seja do jeito que ele quer.   Ao contrário: a Conversão Verdadeira é produto da experiência que o ser humano é capaz de fazer com Deus que o ama para além daquilo que Ele venha a ser ou fazer, ou que tenha sido ou feito.   Na verdade, Deus não espera que sejamos bons para nos aceitar mas nos aceita para que sejamos bons!

Acredito que os nossos trabalhos pastorais produzirão muito mais frutos se conseguirem promover o encontro de cada um (a) com esse Deus que é, acima de tudo, Amor.   Quando formos capazes de fazer o homem e a mulher sentirem o Infinito Amor de Deus por eles, no mínimo, eles se sentirão motivados a buscar fazer, cada vez mais, essa mesma experiência.

Sentir-se necessitado e não merecedor da bênção divina mas, ao mesmo tempo compreender que Deus, mesmo assim, abençoa e nos acolhe, faz toda diferença em nossa vida pessoal e comunitária!

Que Deus nos ajude nessa Quaresma a fazer um Encontro Pessoal com Ele e, assim sendo, possamos compreendê-Lo melhor e refleti-Lo em nossas vidas!   Assim seja!

Boa Reflexão!

Pe. Ezaques Tavares

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