terça-feira, 26 de março de 2013

"Quinta-Feira Santa: A Páscoa da Ceia!" - 28 de Março de 2013

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Iniciamos, hoje, com toda a Igreja o Tríduo Pascal que deve ser compreendido por cada um (a) de nós como sendo uma única Celebração vivenciada em três dias consecutivos.   Na verdade, eu costumo dizer: a Celebração Eucarística é dividida em três dias para que possamos compreendê-la mais profundamente, em seus três aspectos distintos e complementares.   No Tríduo Pascal somos conduzidos para a compreensão da Celebração Eucarística em seus aspectos de Ceia (Quinta-feira Santa), de Sacrifício (Sexta-feira Santa) e de Glorificação / Ressurreição (Sábado Santo).   Assim, em toda e qualquer Celebração Eucarística é preciso estar atento para esses três aspectos que estão presentes mas, que nem sempre, conseguimos percebê-los em nossas Celebração no dia a dia.   Iniciamos, hoje, com o primeiro dos três aspectos: Eucaristia como Ceia!

Quando participamos da Celebração Eucarística, participamos de uma Ceia, de um Banquete e, é importante que compreendamos que numa Ceia, num Banquete, nós vamos para COMER E BEBER.   A grande marca dos Banquetes, das Ceias são a COMIDA e a BEBIDA!   Aqui, uma pergunta nos fazemos, quase que automaticamente: Por que comemos e bebemos?   Ora, a resposta óbvia é: Comemos e bebemos para nos mantermos vivos!   A comida e a bebida são responsáveis pela manutenção de nossa energia que, por sua vez, nos possibilita a realização de nossas atividades cotidianas.   A Celebração Eucarística deve ser compreendida, também, nesse sentido: participamos d'Ela para comermos e bebermos aquilo que irá nos manter vivos, que nos dará a energia necessária para nossas atividades cotidianas.   DETALHE: para nossa vivência da Fé!

A Palavra de Deus de hoje nos apresenta tal aspecto de Ceia que a Eucaristia possui e, mais ainda, nos coloca diante das consequências práticas que a participação nesse Banquete, nessa Ceia traz para cada um (a) de nós.   Vejamos:

A Primeira Leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos apresenta o relato (não jornalístico) de como os nossos antepassados, os hebreus (mais tarde, judeus) celebraram a Primeira Páscoa, nos apresentando o sentido da mesma naquele momento da História da Salvação.   Havia, já, entre os pastores nômades do deserto a Celebração de uma Festa com o nome de Páscoa e, para tais pastores, tal Festa marcava a passagem do inverno para a primavera, isto é, a passagem de um período difícil, de pouca comida para os rebanhos para um período mais fácil, com bastante comida para os rebanhos.   Com o Êxodo, tal festa ganha um novo significado: a passagem da Escravidão para a Liberdade, do Egito para Canaã, da Morte para a Vida.   É o Senhor Javé quem ordena a Moisés e Aarão que orientem o Povo à respeito do modo como deveriam comer a Páscoa: um cordeiro por família, sem mancha, defeito e macho de um ano.   Tal cordeiro deverá ficar preso do dia 10 ao dia 14 daquele que se tornaria o primeiro mês do ano.   No dia 14, o cordeiro será imolado ao cair da tarde e com o seu sangue os umbrais das portas dos hebreus serão marcadas.   A carne será comida na mesma noite, assada ao fogo e com pães ázimos e ervas amargas; os rins deverão estar cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; tudo será feito às pressas, pois é a Páscoa, isto é, a "PASSAGEM" do Senhor!   É nessa noite que o Senhor passará pelo Egito, ferindo todos os primogênitos egípcios, desde homens até animais.   É o SANGUE nas portas que servirá de SINAL para que o Anjo do Senhor não extermine quem lá dentro estiver!

Nesse relato, alguns pontos nos chamam a atenção:  com o Êxodo, a Páscoa se torna uma Festa Religiosa pois é Javé quem dá o "novo tom" para a mesma.   A Páscoa passa a ser a Festa da Libertação do Povo, a Festa do Extermínio do Inimigo.   O aspecto da comida e da bebida já estão, aqui, presentes, na figura do Cordeiro, do Pão Ázimo, das Ervas Amargas.   É uma comida que deve dar sustentação para um novo caminho que se abrirá à frente do povo (caminho pelo deserto) e, por isso, deve ser comido por pessoas que estão prontos para partir em viagem: rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão!   Outro elemento importante é o Sangue do Cordeiro: é ele quem revelará a Casa do Hebreu e, por ele (sangue) a família será salva.   O Anjo, ao contemplar o Sangue do Cordeiro no umbral da porta vai "pular" = "pessah"  =  "páscoa".  É esse fato que, todos os anos, os judeus celebram por ocasião da Páscoa Judaica: fazem memória desse momento da História da Salvação em que Javé poupou a vida dos hebreus "pulando" as casas marcadas com o Sangue do Cordeiro.

Para nós cristãos a ideia do Sangue do Cordeiro que poupa a vida é fundamental.   Agora, não mais o Sangue de um Cordeiro (Animal) mas, o Sangue de Jesus, o Cristo, o Cordeiro sem mancha que tira o pecado do mundo!   É isso que a Segunda Leitura da Celebração de hoje nos revela (I Cor 11, 23-26).

Aqui, o Apóstolo Paulo nos relata como o Senhor Jesus, na Última Ceia Judaica que celebrou com os seus discípulos, deu um Novo Sentido: tomou o pão e o vinho e disse que, a partir dali, eram o Seu Corpo e o Seu Sangue e, que tal gesto deveria ser repetido, em memória d"Ele, até a consumação dos tempos.

Ora, voltando ao início do nosso texto quando falávamos do sentido do comer e beber, compreendemos, pelo Evangelho de hoje (Jo 13, 1-15) as consequências práticas da nossa participação nesse Banquete, nessa Ceia - agora Eucarística.   

São João, diferentemente dos outros três Evangelistas, não fala que na Última Ceia o Senhor Jesus instituiu a Eucaristia - pois, tal texto em São João, está no capítulo 06, no Discurso sobre o Pão da Vida - mas, nos surpreende com a brilhante história do Lava-pés e o Mandamento Novo do AMOR!   Isso, não é por acaso mas, quer nos dar uma lição: a nossa participação na Eucaristia deverá promover em cada um (a) de nós os mesmos sentimentos perturbadores que o Senhor demonstrou na Celebração da Última Ceia com seus Discípulos: AMOR E SERVIÇO!

Nesse relato de São João, o Senhor Jesus nos apresenta o ideal de vida daquele (a) que pretende ser seu Discípulo, sua Discípula: abrir mão de prerrogativas, colocar-se à serviço dos menores e, sobretudo, AMAR COMO ELE NOS AMOU!

Comer e beber o Corpo e Sangue do Senhor na Ceia Eucarística, no Banquete Eucarístico deverá produzir em nós esses mesmos sentimentos que dominaram a Vida do Senhor Jesus e, caso não façamos isso, ou melhor, caso não permitamos tais sentimentos em nós, como afirma o Apóstolo Paulo, participaremos da Ceia, do Banquete de nossa própria CONDENAÇÃO!

Nesse primeiro momento do Tríduo Pascal, a lição maior é esta: quem comunga o Corpo e Sangue do Senhor deve lutar para que a Vida do Senhor se faça Verdade em nossa vida cotidiana!   A Ceia Eucarística é COMPROMISSO ASSUMIDO COM O SENHOR DE PROLONGÁ-LO EM NOSSA VIDA COTIDIANA!   Façamos assim e, o resto Ele fará!

Peçamos a Deus que, nesse primeiro momento do Tríduo Pascal, a nossa Igreja esteja mais atenta aos compromissos que a participação no Banquete Eucarístico pede de todos (as) nós!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares


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