terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Quinta-feira Santa: "A Páscoa da Ceia!" - 24 de Março de 2016

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Iniciamos, hoje, as Celebrações do Tríduo Pascal que, na verdade, é uma grande e mesma Celebração que começa com a Celebração da Ceia do Senhor (Lava pés) e se prolonga pelas Celebrações de amanhã - Sexta-feira da Paixão do Senhor com Adoração da Santa Cruz -, e de depois de amanhã - Sábado Santo! Na verdade, o Tríduo Pascal é uma Celebração que acontece em três momentos e dias distintos e, que tem como objetivo nos levar à compreensão dos aspectos fundamentais de uma Celebração Eucarística.   Sem tal compreensão, corremos um sério risco de "participarmos" da Santa Missa sem tirar dela tudo que ela pode nos oferecer.   Os aspectos de Ceia e Banquete, de Dor, Sofrimento, Morte e Sacrifício e de Vida Nova e Ressurreição serão, passo a passo, meditados nesses três dias.   Em cada um deles, um aspecto será ressaltado e, por isso, é preciso que participemos de todos os dias, sem exceção!

Nesta Celebração da Ceia do Senhor - Quinta-feira Santa à tarde - iniciamos a nossa Caminhada rumo à compreensão do Mistério escondido na Santa Missa: Eucaristia é Ceia, é Banquete!   Dessa forma, ir à Santa Missa implica em estar disposto a Comer e Beber pois numa Ceia ou num Banquete, as pessoas se reúnem para isso!

A Palavra de Deus que nos é proposta nesse primeiro dia do Tríduo Pascal, nessa primeira Parte da Celebração, quer nos orientar para essa compreensão: Eucaristia é Páscoa da Ceia, do Banquete.

A Primeira Leitura (Ex 12, 1-8.11-14) nos apresenta o novo sentido que o Povo Hebreu que parte rumo à sua Liberdade, dá à Festa da Páscoa que já era celebrada pelos Pastores Nômades do mundo antigo.  Para esses Pastores, a Páscoa era a Festa Primaveril (tempo da Primavera - vida que renasce após o Inverno rigoroso).   Para comemorar o renascimento das pastagens, da vida, os Pastores celebravam essa Festa = Páscoa = Passagem das Pastagens Invernais para as Pastagens Primaveris!   A saída do Povo Hebreu da Escravidão Egípcia, também, marca um Rito de Passagem mas, agora, da Escravidão para a Liberdade. Esse texto evoca o acontecimento dessa saída mas não é um relato histórico tal qual pensamos hoje = é um texto legislativo, produzido pelos Sacerdotes mais tarde, após os fatos.   

O texto inicia colocando o mês em questão como o princípio dos meses, o primeiro ano pois a Nova Vida irá surgir, livre da Escravidão e, o centro do texto, que nos interessa nessa Noite, é o Cordeiro que deve ser utilizado por cada família, sem defeito, macho e de um ano (se a família for pequena para o Cordeiro, deve convidar uma família vizinha de acordo com o número dos comensais = ideia de comida e bebida).   A morte do Cordeiro servirá para alimentar a Comunidade dos Filhos de Israel para a longa viagem rumo à Liberdade e, também, para livrar os filhos dos Hebreus do extermínio do Anjo que passará à noite do dia 14 cumprindo a última praga: matança de todos os primogênitos egípcios, desde homens até animais.  O Sangue do Cordeiro deverá ser usado para marcar os umbrais das portas dos hebreus e o Anjo Exterminador passará adiante, pulará aquela casa = Páscoa = Pular! Pães Ázimos e Ervas Amargas = lembrança do sofrimento da escravidão acompanharão o Cordeiro e, todos deverão comer prontos para a viagem: rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão, comendo às pressas pois é a "Passagem do Senhor"!

Para nós cristãos, o Cordeiro da Páscoa Hebraica = Saída do Egito = Liberdade prenuncia o Verdadeiro Cordeiro que Liberta de uma Escravidão muito mais perigosa: a Libertação do Pecado que nos separa de Deus e nos impede de entrar no Céu = Terra Prometida!

Na Segunda Leitura (I Cor 11, 23-26) vemos São Paulo escrevendo, mais de 20 anos após os acontecimentos, o que ele havia recebido dos demais discípulos do Senhor por ocasião da Última Ceia: Nesta Ceia ou Banquete que recordava a Libertação dos hebreus da Escravidão Egípcia = Primeira Leitura, o Senhor Jesus modifica, mais uma vez, o Sentido ou, melhor dizendo, o plenifica: o pão e o vinho (comida e bebida da Ceia, do Banquete) são apresentados, agora, como Corpo e Sangue do próprio Senhor e, os discípulos deverão celebrá-Lo como MEMORIAL, ATUALIZAÇÃO DAQUELE MOMENTO, proclamando a Morte do Senhor até que Ele venha novamente!

Daí, nos perguntamos: Por que a Eucaristia é Ceia, Banquete em que a Comunidade se reúne para Comer e Beber o Corpo e Sangue do Senhor?   

A Comida e a Bebida são elementos fundamentais pois nos mantém vivos, nos fortalece para que possamos cumprir as nossas obrigações em nosso dia a dia.  Não comer e não beber podem causar a morte, pois fracos não conseguimos sobreviver às investidas da vida, não conseguimos cumprir a nossa Missão.

É por isso que o Evangelho de hoje (Jo 13, 1-15) nos apresenta a Última Ceia de Jesus com os Seus discípulos mas, diferentemente dos Evangelhos Sinóticos (Marcos, Lucas e Mateus), João não fala da Instituição da Eucaristia (que está na Segunda Leitura) mas, nos oferece a oportunidade de refletir o que a participação nessa Ceia, nesse Banquete exige de nós, membros da Comunidade reunida para celebrar: colocar-se à SERVIÇO, LAVAR OS PÉS UNS DOS OUTROS!   A atitude inesperada de Jesus, no meio da Ceia, do Banquete causa espanto nos presentes acostumados ao modo de pensar do mundo: Mestres e Senhores não lavamos pés dos súditos e aprendizes mas, ao contrário, tem os pés lavados por eles!   Os gestos de Jesus - retirada do manto, colocação de avental, pegar jarro e bacia com água, inclinar-se para lavar os pés dos discípulos é uma Lição que todos devem aprender: ser fiel seguidor desse Jesus implicará em fazer uns pelos outros o mesmo gesto.   Assim, o mundo reconhecerá em cada um deles, os seguidores de Jesus!

Viver assim não é tarefa fácil e por isso nos reunimos todos os dias, a cada semana para celebrar a Eucaristia e participar dessa Ceia, desse Banquete.   Comungando o Corpo e Sangue do Senhor recebemos em nós a força e todas as condições para colocarmos em prática tudo o que o próprio Senhor pede de cada um de nós.   Quando participamos da Ceia do Senhor e não queremos e, sequer, temos a disposição para viver como Ele viver, participamos do Banquete de nossa Condenação!

Que esse primeiro dia do Tríduo Pascal alimente em nós o desejo de vivermos como o Senhor viveu e que a Comunhão com o Seu Corpo e Sangue nos fortaleça no combate contra tudo que pode nos afastar da Missão a nós reservada!   Assim seja!

Oremos:

Ó Pai, estamos reunidos para a Santa Ceia, na qual o vosso Filho Único, ao entregar-se à morte, deu à Sua Igreja um Novo e Eterno Sacrifício, como Banquete do Seu Amor.   Concedei-nos, por Mistério tão excelso, chegar à plenitude da Caridade e da Vida.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo!   Amém!

Boa Primeira Parte do Tríduo Pascal!

Pe. Ezaques Tavares

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