Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Ressuscitado!
Dentro da nossa Caminhada Pascal, chegamos ao terceiro domingo. Na semana passada, a Palavra nos revelou a Comunidade como um espaço privilegiado de manifestação do Ressuscitado. Ausentar-se da Comunidade, por qualquer motivo, se torna, assim, um pecado grave pois o fiel perde a oportunidade de VER e OUVIR o Ressuscitado, além de SER ENVIADO por Ele e RECEBER O SOPRO DO SEU ESPÍRITO que garante o sucesso da Missão. Na Comunidade de Fé, não há espaço para a incredulidade daqueles que não se comprometem e não vivem com a Comunidade, colocando a sua vida particular à frente da experiência comunitária.
Hoje, seguindo esta linha de raciocínio, a Palavra de Deus nos apresenta o Momento Celebrativo (de modo particular, a Eucaristia) como momento especial de manifestação do Ressuscitado. Ter os olhos abertos para percebê-Lo Vivo e Presente entre nós é um processo facilitado pela participação na Celebração Eucarística.
Comecemos com a narrativa evangélica de hoje (Lc 24, 13-35), texto conhecido como "Os Discípulos de Emaús". São Lucas começa explicitando o dia da semana: é o primeiro dia! Aqui, é preciso entender que o é o primeiro dia da semana (domingo) porém, o primeiro domingo ocorrido, logo após, aquela fatídica sexta-feira da paixão, dia em que os discípulos fizeram a terrível experiência da Morte do Mestre. Tal experiência foi dramática para a comunidade pois, representou um "ponto final" nas expectativas da mesma de ver o Reino de Deus - anunciado por Jesus - presente e atuante já naquele momento. A morte colocou um fim e, parece não haver mais nada a fazer. Diante desta realidade, o que fazer? Esses dois discípulos em questão decidem voltar para sua cidade (Emaús - distante uns onze quilômetros de Jerusalém) pois, em Jerusalém, não há mais nada pra fazer. Sem fé e sem esperança, partem! A experiência da dor, do sofrimento, da morte e do sepultamento é algo tão terrível que os dois ficam "como que cegos" e, mesmo tendo entrado em seu caminho, os mesmo não reconhecem o Senhor.
Jesus Ressuscitado entra no caminho dos dois e, de forma meio sorrateira, "puxa" assunto: "O que ides conversando pelo caminho?" pergunta o Senhor! Essa é a "deixa" para que os discípulos comecem a revelar toda a sua dor, decepção, desesperança. Afirmam que os últimos acontecimentos ocorridos em Jerusalém foram terríveis para eles e para todos. A morte do Senhor funcionou como o "fim trágico" de uma caminhada marcada pela esperança e pelo crescimento da fé. Porém, fé em quê ou em quem? Essa é uma questão que revela a concepção que traziam aqueles discípulos à respeito do Senhor: "Pensavam que Ele fosse um Libertador e que fosse usar a sua força para reverter o quadro de opressão pelo qual passava a comunidade há anos = opressão romana. Mas, continuam, apesar de termos estado com Ele, Ele MORREU e, não há nada a fazer!" Apesar de mulheres term anunciado que o sepulcro estava vazio, a Jesus, ninguém viu!
Aqui, Jesus Ressuscitado começa a sua catequese de hoje: retomando a Palavra - Lei de Moisés, Salmos e Profetas - vai pinçando textos que anunciavam os fatos ocorridos na última sexta-feira (conhecida como da Paixão e Morte) e, ia explicando que tudo que ocorreu já estava previsto e, era preciso crer pois, tudo faz parte de um Projeto de Salvação do Pai. Aqui, Jesus que é a Palavra Encarnada, se utiliza da Palavra Escrita para explicar aos seus o sentido divino escondido atrás do fatos. Sem o conhecimento da Palavra, os fatos da vida perdem o seu sentido verdadeiro e, a vida fica mergulhada na escuridão produzida pela ignorância. Resgatar o sentido só será possível com a retomada da Palavra. É isso que o Ressucitado faz!
Ao entardecer chegam ao Povoado de Emaús e, Jesus finge seguir caminho mas é convidado pelos dois que já estão com o coração "amolecido" pelo anúncio da Palavra que lhes foi feito pelo Senhor. Toda a cena se conclui quando, ao entrarem em Casa, o Senhor toma a posição de líder e de dono da mesma: é Ele quem toma o pão, abençoa e distribui (note que estas ações ão típicas de uma Celebração Eucarística). Aqui, os olhos que estavam escurecidos, cegos, se abrem e, agora o Senhor desaparece pois não haverá mais necessidade de Sua Presença pois a experiência que fizeram foi suficiente para gerar novamente a Fé e a Esperança. Tornam-se Apóstolos, isto é, tornam-se anunciadores da experiência que fizeram. Voltam para Jerusalém para contar o que tinham visto e ouvido e como tinham reconhecido o Senhor Ressuscitado ao "partir o Pão" = expressão usada para designar a Celebração da Eucaristia.
Este texto de Lucas é paradigmático para a compreensão da Eucaristia. Como na narrativa, as nossas Celebrações se constituem de duas partes que se completam: Palavra e Partilha do Pão. Uma leva à outra e, sem a compreensão de uma não há como compreender a outra. Palavra é base para se entender o Mistério da Partilha do Pão. quando entendemos tal ligação e o seu sentido, estamos prontos para perceber o Senhor Vivo e, a partir daqui, damos início a uma Nova Vida,a Vida de Apóstolos (as) que Ele espera de nós.
A primeira Leitura (At 2, 14.22-33) nos revela a mudança ocorrida nesta Comunidade Primitiva a partir desta experiência com o Ressuscitado: a coragem de enfrentar os presentes, anunciando que o Senhor está Vivo apesar das autoridades tê-Lo matado na Cruz, é uma necessidade que se impõe. Fazendo uso da Palavra (no caso em questão, do Sl 15 - da própra Celebração de hoje), os Apóstolos buscam comprovar a Ressurreição de Jesus. Disso, eles (Apóstolos) são Testemunhas e, não podem ficar quietos!
Arrematando a Palavra deste terceiro domingo da Páscoa, temos o Apóstolo Pedro (I Pd 1, 17-21) nos relembrando que a nossa vida foi resgatada não por coisas "perecíveis como ouro e prata mas pelo Sangue Precioso de nosso Senhor". É preciso, portanto, conduzir a nossa vida de acordo com esta Verdade.
OREMOS:
Ó Deus de Amor e Bondade! Louvado sois por nos revelar o seu Infinito Amor por meio da Sua Palavra. Esta Palavra que se encarnou em Jesus, se entregou por nós e, agora, podemos voltar a ter fé e esperança na Vida Nova que nos ofereces. Te pedimos que as nossas Celebrações Eucarísticas nos auxiliem na compreensão deste Mistério e, que alimentados pela Palavra e pelo Corpo e Sangue do vosso amado Filho, sejamos conduzidos à uma transformação radical de vida. Isto nós pedimos a Ti, ó Pai, pelos merecimentos de nosso Senhor Jesus Cristo, Morto e Ressuscitado, que Convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo! Amém!
Padre, eu gostaria de fazer um paralelo entre a Palavra deste Domingo e a sua reflexão sobre Bin Laden. O que eu percebo é que algumas pessoas que dizem ter feito a "experiência" com o Ressuscitado,acham que só devem vivé-la na Igreja ou com pessoas da sua Pastoral, não entenderam nada.Uma pessoa que se diz muito crente e preparada para evangelizar, diz até que tem o dom da "palavra de Deus", me disse que Bin Laden morreu sem sofrer,que ele deveria sofre muito por tudo que fez, e que Deus o "odiava". Infelizmente é esse o "testemunho" que faz,como o Sr. diz, do Cristianismo uma religião de "meia boca". Se acreditarmos realmente, temos que fazer a diferença no mundo.
ResponderExcluirBom Dia!
ResponderExcluirQuantos de nós pensam e falam como cleofas!Em presença das tribulações que comovem as comunidades,vendo que a fé se resfria em tantos corações,a impiedade cada vez mais insolente,o espirito religioso apagado.
Assim como eles,nós nos pertubamos e desanimamos e nos afastamos da fé e da esperança e nos entregamos a lamentações inuteis.
Enquanto nós não nos aproximamos da sagrada mesa,Jesus será para nós um estranho.
Mas,na santa comunhão se abrem de novo os olhos da fé,nessa doçura que denuncia a presença de Jesus.
Sendo Jesus reconhecido ao partir o pão, para nós,ELE é o nosso testemunho e interlocutor de nossas duvidas,hesitações,fracassos,Ele se faz presente na eucaristia,não como o solucionador de todos as nossas aflições,mas como indicador de como ser alguem que aceita a vontade de DEUS.
ResponderExcluirDevemos então repartir o pão também,para sermos reconhecidos a partir daí como CRISTÃOS e filhos de DEUS.
Fiquem na paz.