sexta-feira, 22 de junho de 2012

"Solenidade da Natividade de São Batista: Deus é o Aliado dos Pobres!" - 24 de Junho de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com alegria nos reunimos para celebrar a nossa fé no Deus que se apresenta como aliado dos pequenos, dos pobres, dos sofredores.   A solenidade do Nascimento de João Batista nos revela esta característica divina que se coloca ao lado dessas categorias de pessoas.   Sua Intervenção muda o curso da história e, os beneficiados por tal graça se colocam à serviço da construção do Reino.

Importante ressaltar que no conjunto dos Santos e Santas de Deus, somente dois (além de Jesus, é claro!) possuem comemorações em suas Natividades: Nossa Senhora (08/09) e João Batista (24/06).  Todos os demais são recordados por ocasião de suas mortes.   Este dado já deve nos deixar em alerta pois demonstra que ambos (Maria e João Batista) possuem importância capital na história da salvação.   Mas, qual seria essa importância?   Quem foi João Batista e o que o seu nascimento tem a nos dizer hoje?   Que mensagem tal fato (nascimento de João Batista) pode oferecer para nossas comunidades eclesiais?   Que lições poderemos retirar desta Solenidade?   Vejamos:

A Primeira Leitura (Is 49, 1-6) é o que chamamos o Segundo Canto do Servo Sofredor ou Servo de Javé.   Este Servo é uma personagem misteriosa que o profeta Isaías introduz em seus escritos (segunda parte do texto de Isaías - Segundo Isaías) que terá a missão de levar a bom termo o propósito divino para todos os povos e nações.   Para exercer bem sua missão, Javé lhe oferece a segurança de sua proteção pois estará sempre com ele (servo).   Temos alguns pontos interessantes para nossa reflexão nesta Solenidade:

a)   a mensagem é dirigida ao mundo, isto é, a todos: o texto se abre com um convite feito às nações marinhas e aos povos distantes para escutarem com atenção; 

b) o servo é alguém escolhido desde antes do nascimento e desde o ventre materno já o conhecia pelo NOME; 

c) o servo recebe Daquele que o chamou todas as condições para o exercício de sua missão pois o Senhor torna a sua palavra afiada como espada, o protege à sombra de sua mão e fez dele um flecha aguçada e escondida em sua aljava; 

d) o escolhido precisa entender que ele é SERVO ESCOLHIDO em quem o SENHOR SERÁ GLORIFICADO e, para tanto, precisará estar atento à voz e vontade do SENHOR; 

e) o Servo desempenhará o seu papel, a sua missão em meio aos conflitos do mundo e isso poderá produzir um certo desânimo pois afirma que trabalhou em vão e gastou as forças sem fruto, inutilmente porém, a confiança no Senhor deve ser maior que as forças contrárias que deve enfrentar; 

f) por fim, o texto se conclui retomando a ideia do início, isto é, declarando que o SERVO deverá ser LUZ DAS NAÇÕES, para que a SALVAÇÃO DE DEUS chegue aos CONFINS DA TERRA.

Para uma Comunidade cansada e abatida como era Israel por ocasião do final do Exílio na Babilônia, tais palavras pronunciadas pela boca do profeta, caem como uma luva, como uma canção aos ouvidos dos exilados que estão prestes a retomar a sua vida.   A certeza da presença de Javé, que protege e guia os seus, fortalece a esperança e dá forças para que o povo prossiga o seu caminho.   Vemos, aqui, a manifestação da Aliança de Javé com os pobres do mundo.   Quando tudo parece perdido, Javé se apresenta como Aquele que pode mudar o rumo da História.

Este Servo de Javé se manifestará em nossa história, de forma concreta, na pessoa de Jesus, o Cristo.   Porém, antes de sua manifestação pública, Deus faz nascer Aquele que iria ser preparar-Lhe os caminhos, a saber, João, o Batista.   O seu nascimento é cercado de "mistérios" que revelam a intervenção divina no caso: filho de pais idosos e a mãe sendo considerada estéril.   Essa situação faz pensar em pessoas pobres, abandonadas e que são escolhidas por Deus para levar a bom termo o seu projeto pois, na verdade, é o próprio Deus quem faz acontecer a sua Obra e, o ser humano deve ser o colaborador, o instrumento, na linguagem da Primeira Leitura, o SERVO!   O nome do menino é outro "mistério" pois não há ninguém com este nome na família - João -, porém, é preciso entender que, biblicamente falando, o NOME está estreitamente ligado à missão e, JOÃO significa DEUS É MISERICÓRDIA e, será esta a missão do menino: anunciar que a MISERICÓRDIA DIVINA se lembrou do Povo e, nesta lembrança, ENVIARÁ JESUS (Deus Salva) para SALVAR OS POBRES E ESQUECIDOS DO MUNDO.   Em Lucas 4 veremos Jesus na Sinagoga em Nazaré, sua Cidade, proclamando um trecho do Profeta Isaías e, afirmando que aquela Palavra se cumpria Nele: o espírito do Senhor está sobre Mim porque Ele me ungiu com a Unção para ANUNCIAR A BOA NOVA AOS POBRES...   João, o Batista, será o anunciador e, ao mesmo tempo, aquele que mostrará presente nesta história a realização do seu anúncio.  Dessa forma, João fecha o ciclo do Primeiro Testamento e, ao mesmo tempo, abre o Ciclo do Segundo e Definitivo pois apontará presente neste mundo, o Messias anunciado.

Na Segunda Leitura (At 13, 22-26) vemos o Apóstolo Paulo anunciando Jesus em uma Sinagoga e, retomando a atividade de João, o Batista que preparou a chegada do mesmo.   Ressalta, neste sentido, a humildade do SERVO: não sou digno de desatar as correias de suas sandálias!

Celebrar a Natividade de João, o Batista deve ser para cada um (a) de nós uma oportunidade de refletir sobre o nosso papel, a nossa missão do mundo de hoje: ser LUZ, ser SERVO, ser HUMILDE, CONFIAR EM DEUS, PROCLAMAR SUA PALAVRA, entre outros.

Que Deus, pela intercessão de São João Batista, ilumine a nossa Igreja e a cada um de nós, nos fortalecendo para que não desanimemos diante dos obstáculos e cumpramos a nossa missão até o fim!   Assim seja!

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