Com alegria nos reunimos para celebrar a Eucaristia marcando a Festa do Batismo de Jesus e, neste ano, de modo muito particular, por conta das Solenidades do Natal e de Santa Maria, Mãe de Deus terem caído no Domingo, tal Festa ocorre na Segunda-Feira após a Epifania (como ocorreu com a Festa da Sagrada Família, celebrada na sexta-feira, dia 30/12/11). Por falta de Domingos durante o ano para todas as Solenidades e Festas, estas foram transferidas para dias de semana (sexta-feira e segunda-feira, respectivamente). Mas, isso pouco importa pois, o importante é celebrar estes dias como se Domingos fossem.
O Batismo do Senhor é uma Festa que serve como uma espécie de "entrocamento" dentro do Calendário Litúrgico pois, ao mesmo tempo em que ela encerra o Ciclo Natalino, também, reinicia o Tempo Comum. No próximo domingo celebraremos o II Domingo do Tempo Comum pois, como podemos perceber, o I Domingo deste Tempo coincide, todos os anos, com tal Festa ora celebrada.
Penso que tal Festa, colocada no Calendário Litúrgico neste momento, não é algo por acaso - aliás, na Igreja, como já refletimos outras vezes, NADA É POR ACASO pois tal palavra (ACASO), simplesmente, NÃO EXISTE. Daí, me pergunto: "Por que tal Festa neste momento?" ou: "O que a mesma quer nos ensinar de importante para nossa VIVÊNCIA de FÉ?" ou, ainda: "Por que refletir, como Festa, o Batismo do Senhor?" E, aí, na minha reflexão, acredito que, num primeiro momento, encerrar o ciclo natalino com a Festa do Batismo quer reforçar em nós a ideia da prática católica de Batizar as crianças "tão logo nasçam" (não podemos esquecer que o nosso Batismo tem uma raiz judaica na Circunsisão (que ocorria 08 dias após o nascimento dos meninos); outro ponto importante, penso, ser o fato desta mesma Festa do Batismo do Senhor nos colocar, novamente, na Vivência do Tempo Comum e, tal Tempo, como já refletido por nós em outros momentos, pretende conduzir a Comunidade de Fé ao Seguimento de Jesus, aprendendo Dele como ser, como se comportar, o que fazer no nosso cotidiano, na nossa vida comum, de modo a sermos "Santos e Santas como o nosso Pai do Céu é Santo!" A nossa busca pela Vida de Santidade é algo que tem início no Batismo quando somos incorporados à Família dos Filhos e Filhas de Deus. Mas, o que significa "VIVER COMO FILHOS E FILHAS DE DEUS"? Esta é a PERGUNTA que a Liturgia de hoje pretende responder para nós. Vejamos:
Na Primeira Leitura (Is 42, 1-4.6-7) temos um texto que se refere ao "Servo de Javé" ou, ainda, ao "Servo Sofredor". Após o Exílio na Babilônia, o povo começa a perceber que os "caminhos de Javé não são os nossos caminhos". Começa a surgir no meio da Comunidade a esperança em uma Salvação, não nos moldes humanos e, assim sendo, o autor sagrado, descreve esta personagem misteriosa que os biblistas, até os dias de hoje, não conseguem identificá-lo, com certeza: pode ser uma pessoa em particular, como pode ser o Povo, em sua coletividade. Porém, esta identificação não é de extrema importânica pois, importa enetender o sentido que tal Servo possui no conjunto da História da Salvação e, o que Ele tem a nos falar.
Assim, a primeira coisa que chama a atenção é o fato desta personagem ser chamada de "SERVO". Quanto sentido possui, para nós, tal termo! Servo é aquele que não possui VOZ nem VEZ; que sabe reconhecer que, acima dele, existe o "SENHOR", "AQUELE QUE MANDA" e, por conseguinte, compreende que a sua existência está, estreitamente vinculada à sua relação com tal SENHOR. SERVO não faz o que quer mas, sim, o que lhe ordenam que faça. Quando age desta forma, ele (o SERVO) se torna a "ALEGRIA DO SEU SENHOR". Do Senhor, o Servo recebe a força e as condições necessárias para levar a bom termo a "VONTADE DO SENHOR!" O SERVO entende que os instrumentos, as estratégias que deve utilizar não podem ser as mesmas que o mundo está acostumado e, portanto, não vence pelo "GRITO", pelo "LEVANTAR A VOZ". Sua missão não é destruir aquilo que ainda insiste em se manter, de alguma forma, vivo mas, ao contrário, ele tenta "SALVAR": "não quebra a cana rachada, nem apaga o pavio que ainda fumega"! Isso, o SERVO faz porque entende que para o SENHOR cada CANA, cada PAVIO tem um valor único e, assim sendo, a perda de um que seja, é uma PERDA TOTAL. O Servo é o promotor da JUSTIÇA entre as Nações e Luz que ilumina todos que desejam trilhar este caminho.
Ora, tal texto do Profeta Isaías é extremamente importante para a compreensão do Papel dos Batizados no mundo: Nós somos os SERVOS DE JAVÉ, agindo no meio do mundo de modo a estabelecer a Sua Vontade; nossas ações devem servir para restaurar, gerar vida, promover a Justiça, sobretudo aonde tudo isso está sendo negado ou, pior, sequer existem. Somos parte de uma Religião - como já falei outras vezes - eminentemente PRÁTCA. Não adianta saber mas, ao mesmo tempo, NÃO AGIR! O papael do Servo de Javé deveria ser assumido por todos (as) que nos sentimos impulsionados, pelo Espírito Santo, ao cumprimento da Vontade de Deus.
No Evangelho de hoje (Mc 1, 7-11) começaremos a entender que, em Jesus (sobretudo, após o Seu Batismo), aquilo que fora anunciado pelo Profeta Isaías na Primeira Leitura, terá o seu início. Jesus, após ser batizado é reconhecido pelo Pai como o "FILHO MUITO AMADO" e, neste Filho, em Sua Ação Libertadora que promoverá a Vida, a Justiça, o "Pai encontrará o Seu Bem-Querer!" Este acontecimento da Vida de Jesus dividirá a Sua Vida pois, a aprtir daqui, Ele dará início à Sua Vida Pública, manifestando com Sua Palavra e Suas Ações, a Verdadeira Vontade do Pai.
Ora, ser Batizado para nós hoje em dia, deve trazer à tona esta reflexão pois, naquele dia (do nosso Batismo) o "Pai nos adotou como Seus Filhos e Filhas" e, também, gostaria de ver em cada um (a) a Sua Felicidade se concretizando pela nossa Palavra e pelas nossas Ações (promotoras da Vida e da Justiça).
Na Primeira Leitura (At 10, 34-38) temos um texto fundamental para a vida dos Batizados pois nos revela uma das principais características deste Deus que, pelo Batismo, nos adota como seus Filhos e Filhas: "Ele não faz ACEPÇÃO DE PESSOAS mas, ao contrário, aceita quem o TEME E PRATICA A JUSTIÇA!" Daí, se somos, de fato, Filhos e Filhas deveríamos trazer em nós tais características de modo que TODOS pudessem perceber a QUEM PERTENCEMOS!
Este é o nosso grande desafio! É difícil mas, vale à pena! Conseguiremos cumprí-lo se, de fato, nos colocarmos nas mãos de Deus como "SERVOS NAS MÃOS DO SEU SENHOR!"
Que Deus nos ajude nesta missão! Assim seja!
Nossa que LINDA reflexão, padre!
ResponderExcluirPreciso colocar no dia a dia da minha vida.
Que Ele nos ajude sempre.
=)