quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

"Epifania do Senhor: Jesus se revela como Cristo para TODOS OS POVOS!" - Domingo entre 2 e 8 de Janeiro (08 de Janeiro de 2012)

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Vivendo as alegrias do Tempo do Natal celebramos, neste domingo, a Solenidade da Epifania do Senhor e, como já sabemos, a Solenidade é um momento para uma reflexão de grande importância para a vida da Igreja e, me arriscaria a dizer que, sem a compreensão exata da mensagem da mesma, correríamos um sério risco de não compreendermos o real sentido do ser cristão.   Daí, é importante atentar para estes momentos, em que o Calendário Litúrgico nos coloca frente a tais momentos solenes.

Assim, nos perguntamos: "Por que a Epifania é uma Solenidade?" ou: "Qual a importância da sua mensagem para os cristãos católicos no mundo?" ou, ainda: "O que necessitamos compreender com tal Solenidade?"   Vejamos:

Penso ser importante compreender a Solenidade da Epifania como sendo a outra face da mesma moeda que começamos a celebrar por ocasião do Natal.   Assim, Natal e Epifania tratam do mesmo "Mistério da Encarnação"´só que em direções distintas mas complementares entre si.   Explico:  No Natal, começamos a entender que, como nos falou o Prólogo de São João (Jo 1) "na plenitude dos tempos a Palavra se encarnou e habitou entre nós!"  Nesta primeira fase do Natal percebemos que este Jesus (Palavra que se encarnou) começa a ser percebido como sendo o "Salvador", o "Cristo Senhor" pelos seus "compatriotas" - no caso, os Pastores - pois, o Anjo anuncia aos mesmos o "nascimento de um Salavador que é o Cristo Senhor!" (Noite de Natal)   No entanto, Jesus não é, somente o "Cristo Senhor", o "Salvador" para os seus mas, como anunciado pelos Profetas, "Ele o será para o mundo, para todos os povos".   Então, para complementar a mensagem natalina, temos a Solenidade de hoje, isto é, a Epifania pois, aqui, Jesus atrai para si os povos do mundo inteiro - representados nos "Magos do Oriente" - que, acorrendo ao "rei que acabara de nascer, trazendo as riquezas do além-mar, cumprem as profecias.   Assim, percebemos que o nascimento de Jesus dá início a uma nova forma de pensar o "Ser de Deus" como um "Ser" para TODOS, sem exclusão de qualquer tipo.   Deus, em Jesus, quer salvar a TODOS e, quem estiver aberto para tal compreensão, poderá embarcar nesta "aventura do Cristianismo".

Daí, a Palavra de Deus desta Solenidade vem nos ajudar nesta compreensão que, se a princípio, parece fácil, na prática, não o é e, tendo em vista que o Cristianismo é uma Religião, eminentemente, prática deverá ser a mesma o objeto de nossa atenção.

Na Primeira Leitura (Is 60, 1-6) vemos, o profeta apresentando para a Comunidade que acabara de voltar do Exílio na Babilônia e não percebia mudanças significativas em sua estrutura de vida, um convite: "Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém!"   Mas, por que faz tal convite?   Qual o motivo para estas ações que simbolizam alegria, num momento sem grandes perspectivas?   O que estará para acontecer?    E, o profeta dá o motivo: "Porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor!"   Quando tudo parecia sem saída, sem sentido, envolto em trevas ... há uma solução: "A glória de Javé surge, trazendo a Vida!"   Jerusalém que havia passado um longo período nas trevas por conta de seus pecados e, de Jovem-Noiva de Javé havia se transformado numa espécie de "senhora, idosa, abandonada pelo marido e sem filhos, encurvada à beira do caminho" é convidada a perceber a "Vida" que volta por obra e graça de Deus que a visita novamente.   Os primeiros raios de luz, de esperança despontam pondo fim ao longo período de trevas que a envolvia (vide o comentário da Primeira Leitura da Noite de Natal do profeta Isaías).   Esta Luz que inunda Jerusalém, a faz enxergar toda a trasformação vitoriosa que o Senhor Javé está para realizar por ela: "todos estão vindo a Ti: os filhos e filhas retornam carregados ao colo e trazendo as riquezas do além-mar".   Tudo isso provoca uma explosão de ALEGRIA: "ao vê-los ficarás RADIANTE!"   Todos virão "proclamando a GLÓRIA do SENHOR!"  

Que beleza de Leitura!   Ela nos revela que apesar dos pesares, das situações complicadas com as quais nos envolvemos a cada dia por conta de nossos pecados e maldades, Deus terá, sempre, a ÚLTIMA PALAVRA e, esta será, sempre, uma PALAVRA DE ÂNIMO, de CORAGEM pois vem com o SEU PODER capaz de transformar as nossas mazelas em VIDA PLENA.   TODOS que escutam e acreditam nesta PALAVRA hão de ver a "Glória do Senhor".

Ora, tal profecia anunciada por ocasião do final do Exílio na Babilônia não foi logo realizada plenamente pois, a mesma começa a se realizar com o Advento da "Palavra que se encarna e nasce entre nós!"   O nascimento de Jesus é o começo da realização desta profecia e, tal fato, atrai a tenção dos mais atentos, a saber: Pastores (Noite de Natal) e Magos (Epifania).   Jesus é a Epifania (Manifestação) do Pai e de Sua Vontade.   Quem está atento aos acontecimentos, percebe algo NOVO no ar e, se deixando levar pela novidade encontram-Na em forma de "criança deitada na Manjedoura".   É isto que nos fala o Evangelho da Solenidade de hoje (Mt 2, 1-12).   O relato evangélico de hoje está repleto de sentidos ocultos e, para compreendê-lo será necessário revelá-los.   Não podemos pensar que os fatos se deram como estão descritos pois estamos diante de um texto teológico e, o sentido está para além do que está dito.

Existia uma ideia, corrente entre os povos antigos que, quando alguém importante nascia, uma "ESTRELA NOVA" aparecia no céu.   Aqui, a importância da "Estrela-Guia" que conduz os Magos até o local aonde estava o "Menino-Deus" ou, ainda, o "Rei dos Judeus que acaba de nascer".   Vemos, a seguir que as opiniões e, consequentemente, as atitudes frente ao mesmo fato são díspares, contrárias, opostas: de um lado, os Magos que desejam "ADORAR" e, por outro, Herodes que, se sentindo ameaçado, quer "ELEIMINAR".   Atitudes contrárias produzidas por percepções contrárias à respeito de quem era Aquele que acabara de nascer.  E nós, qual a nossa postura?   Um ponto curioso para nossa reflexão está no fato do "desaparecimento" da Estrela no período em que os Magos estavam no Palácio de Herodes e, o seu reaparecimento, meio que de súbito, tão logo estes saem do Palácio (curioso, não???).   Os Magos, seguindo a Estrela, encontram o "Menino-Deus" e, prostrados, O adoram e Lhe oferecem os seus presentes: Ouro (reconehcimento da Realeza), Incenso (reconhecimento da Divindade) e, Mirra (reconhecimento da Humanidade e de sua Morte cruel) = riquezas do além-mar (se lembram da Primenra Leitura de hoje?).    Assim, percebemos em Jesus, o Menino Pobre de Belém, o começo do cumprimento da Profecia de Isaías de hoje.   Jesus, com sua chegada, transforma Jerusalém pois, uma "Luz começa a brilhar" e, ao clarão desta "Luz" TODOS OS POVOS CONSEGUEM REENCONTRAR O CAMINHO PARA A SALVAÇÃO (magos, do Oriente).

Por fim, a Segunda Leitura (Ef 3, 2-3a.5-6) nos apresenta o Apóstolo Paulo falando do "Mistério" que estava escondido aos "homens das gerações passadas mas, revelado agora, pelo Espírito, aos Apóstolos e Profetas: os pagãos, em Jesus, são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa, por meio do Evangelho!"   Que coisa extraordinária: em Jesus, Deus que se fez homem, as barreiras que separavam os homens uns dos outros foram quebradas; Jesus, com sua chegada, não admite mais que "aqueles que foram criados na UNIDADE, vivam separados.  Em outras palavras: a fé em Jesus, como sendo o Cristo de Deus, Aquele que veio SALVAR não admite separação entre as pessoas pois, Nele, TODOS SOMOS IGUAIS.  

Ser cristão e viver, intensamente, a Verdade revelada neste TEmpo de Natal implica numa mudança radical de comportamento (se lembram do início de nossa conversa).   Quem diz acreditar que, em Jesus, Deus visitou o seu povo mas continua alimentando disputas, rivalidades, exclusões, separações entre as pessoas não entendeu a verdadeira mensagem deste Tempo.

Que Deus, revelado em Jesus-Menino, nos ajude a viver plenamente a mensagem da Solenidade de hoje.   Assim seja!

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