quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Tempo de Natal: Céus e Terra se unem na Pessoa de um Menino!"

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Gostaria de conversar, neste texto, sobre algumas reflexões que venho fazendo neste Tempo de Natal: seu sentido e importância para todos nós, os crentes.   Por que este Tempo é fundamental para nossa Fé?   O que devemos entender para que nossa prática de fé seja mais convicente para Deus e para o outro?

Celebrando a Eucaristia deste quinto dia na Oitava de Natal e, refletindo a Primeira Leitura (I Jo 2, 3-11) tive uma compreensão que partilhei com os presentes e, tentarei agora, partilhar com vocês.

Nesta Leitura, São João nos alerta sobre a necessidade que temos de "para sabermos que conhecemos Jesus será preciso perceber se guardamos os seus mandamentos pois quem diz que conhece a Deus mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso e, a verdade não estará nele."   Que maravilha de texto para compreendermos o sentido e importância do Natal para nós, Cristãos Católicos.   Vejamos:   Para São João, os verbos GUARDAR e CONHECER estão para além do sentido que, em muitos momentos, damos aos mesmos.   Enquanto para nós, tais verbos parecem não nos comprometer, não exigindo de nós uma mudança em nossa prática de vida, para o autor sagrado, é o contrário ou, vai mais além.   Em São João o conhecimento é produto da EXPERIÊNCIA que se tem e, consequentemente, guardar o conhecido implica numa mudança do estilo de vida que tínhamos até então.   O verdaeiro conhecimento altera e modifica a vida que se tem.   Daí, conhecer Deus e guardar seus Mandamentos vem da experiência que se tem com Deus para, desta forma revelá-Lo com nossa vida.

Ora, fazendo a experiência com este Deus que se revela na Palavra nos leva à compreensão da seguinte questão com relação ao Natal:  a Encarnação e a Manifestação de Deus, na Pessoa do Menino Jesus é a grande manifestação do Seu Infinito Amor pela Humanidade.   Tal Amor Infinito fez com que Ele, abrindo mão - na linguagem paulina: "se esvazianodo de Sua condição Divina" - assumisse a nossa condição humana em tudo (exceto, o pecado).   E, nos perguntamos: Por que?   E, a resposta, penso eu, só será dada voltando nos primórdios da História da Salvação revelada na Palavra.

Nas primeiras páginas das Sagradas Escrituras (Gn 1-2) temos os relatos, as "historinhas" da Criação e, importa entender que no "princípio Deus criou o ser humano (homem e mulher), infundindo neles a Sua Vida e imprimindo em cada um a Sua Imagem e Semelhança".   Podemos afirmar que, até aqui, essa "TRÍADE" - Deus, o homem e a mulher - se viam, se percebiam um nos outros pois, a ausência do "pecado" não atrapalhava a comunicação entre eles que, até então, era direta e sem mediações.   Em Gn 3, há um problema pois, aqui, o mal entra na história da salvação (personificado na figura da serpente = o mais astuto dos animais que Javé-Deus havia feito).   Neste momento, quando o ser humano permite uma espécie de "ruído" na comunicação entre ele e Deus (a voz da serpente = diabo = satanás), a relação se quebrou.   A perda do paraíso veio como consequência da desobediência e, a partir daqui, a história da salvação se desenvolverá como uma eterna busca de Deus pela sua criatura que, pecando, vai se afastando cada vez mais de sua origem = Deus.

Penso que, neste ponto, podemos compreender o Natal em sua realidade plena: o nascimento de Jesus, Deus que se fez homem, foi a maneira pensada e executada pelo próprio Deus quando percebeu que o ser humano não conseguiria retornar, por ele mesmo, para o Paraíso que se perdera por conta do pecado.   O pecado original produziu uma quebra da corrente que ligava Deus ao ser humano e, este a Deus.    Aquilo que antes fora criado unido (Deus e o ser humano) sofreu um rompimento e, Deus percebendo que o ser humano sozinho não faria o caminho de volta, resolveu, em Seu Infinito Amor, se fazer Homem pois, para unir a corrente que se quebrara somente um Ser que trouxesse nele mesmo as características de um e de outro, isto é, que fosse ao mesmo tempo, Deus e Homem.   Este Jesus, Deus-Homem ou Homem-Deus, conseguiu unir as partes da mesma corrente que o pecado quebrou.   Jesus traz Deus para o meio dos homens e, em contrapartida, leva o homem para junto de Deus, numa comunicação plena, perfeita.   Para que isso pudesse acontecer, Deus teve que abrir mão de sua condição divina e, se humilhando, assumir a condição de servo. 

Aqui, a raiz para a compreensão do Natal: quem acredita nesta Solenidade deve trazer em si mesmo estas marcas do verdadeiro Natal.   Quem quer celebrar o Natal decentemente e vivê-Lo plenamente necessita assumir esta postura divina: abandonar tudo que o esteja impedindo de ir ao encontro do outro (a), assim como fez o próprio Deus.

Neste sentido, o texto de São João da Missa de hoje (29/12), mais uma vez é paradigmático pois nos afirma que o mandamento que não podemos esquecer é o "AMOR PARA COM O PRÓXIMO" pois, "quem afirma que está em Deus mas odeia o seu irmão é mentiroso e continua nas TREVAS"!

Daí, percebermos como que este Tempo de Natal, de fato, gera nos corações das pessoas bons sentimentos: paz, solidariedade, fraternidade, justiça, AMOR!    Bom seria se todos estes sentimentos nos pudessem acompanhar todos os dias de nossas vidas para que o Natal se fizesse VERDADE a cada instante e dia de nossa existência.

Não sei se ajudei ou atrapalhei você em suas reflexões sobre o significado do Natal.    Na verdade só quiz partilhar com vocês as minhas reflexões de hoje!

Bom Natal e um Ano Novo cheio da Graça de Deus!   Amém!

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