Dentro das Celebrações deste Tempo do Advento, a Igreja nos oferece a oportunidade de celebrar uma Solenidade dedicada a Nossa Senhora: a Imaculada Conceição! E, algumas perguntas nos surge, tais como : "Qual o objetivo da Igreja com tal Celebração?" ou: "Por que celebrar tal Solenidade dentro do Tempo do Advento?" ou: "O que tal Celebração poderá nos auxiliar na vivência da Espiritualidade deste período de preparação para o Natal?" ou, simplesmente: "O que significa tal Solenidade?"
Bom, já falamos várias vezes que, na hierarquia de Celebrações da Igreja, a Solenidade ocupa o topo e, tal classificação das Celebrações (Memórias Facultativas, Memórias Obrigatórias, Festas e Solenidades) não é uma ação inconsequente da Igreja mas, deriva da importância dada pela mesma à Celebração em questão e, da mensagem que teremos com tal Celebração. Assim, na medida em que cresce a importância da mensagem, cresce a Celebração nesta "hierarquia". Daí, quando celebramos uma Solenidade, só isto, já deverá nos deixar em alerta pois, neste dia, a Igreja quer nos apresentar uma mensagem EXTREMAMENTE IMPORTANTE PARA NOSSA VIVÊNCIA DE FÉ! Eu chegaria mesmo a dizer que a não compreensão desta mensagem nos tornaria uma "espécie" de cristão (ã) meio manco, meia boca ou, qualquer coisa deste nível.
Assim, penso que é preciso começar tal reflexão, oferecendo aos leitores uma explicação racional, lógica para a Solenidade de hoje. Por que Imaculada Conceição de Maria? O que isso significa concretamente? É importante, num primeiro momento, entender que todas as "exaltações" que fazemos da figura de Maria na Igreja não se deve, pura e simplesmente, à Pessoa Própria de Maria e a seus próprios méritos. Tudo que festejamos em Maria deve ser compreendido por conta de sua estreita relação com o Mistério de nossa Salvação, isto é, com a Pessoa de Jesus. Não fosse Jesus, não haveria o menor sentido o nosso culto mariano. Deste modo, a história dos Dogmas Marianos só pode ser compreendida por meio da compreensão dos merecimentos de Jesus. Tudo, em nossa vida de Fé, está intimamente relacionado com o Senhor Jesus. Vejamos:
No Livro do Gênesis, de onde retiramos a Primeira Leitura da Celebração de hoje (Gn 3, 9-15-20) temos o início da cadeia lógica para a compreensão desta Solenidade. Analisando o texto um pouco antes (Gn 1-2), percebemos que nos relatos da Criação há uma demonstração clara de que TUDO que fora criado por Deus é BOM. O "caos" se organiza com a intervenção divina que, depois de ter organizado o caos, criou o ser humano (homem e mulher) à sua imagem e semelhança. Tendo colocado este ser humano no "Paraíso", o autor sagrado nos revela que Deus desejou o "melhor" para o mesmo. Tudo estava ao alcance do ser humano e, de tudo ele podia desfrutar porém, não deveria "tocar no fruto da árvore do conhecimento, da ciência do bem e do mal, da vida pois, caso isso ocorresse, morerria!" Num primeiro momento, percebemos que o ser humano se sente bem e, sequer apresenta curiosidade com relação ao que lhe fora proibido pois, até então, só tinha "ouvidos" para o Senhor Deus. Mas, a partir do capítulo 3 (de onde sai o texto de nossa Celebração), há um "elemento estranho" que entra no Paraíso e, perverte a ordem que existia até então. Com sua capacidade de "sedução", conduz o ser humano à curiosidade e, a partir desta, para a desobediência da ordem recebida. Aguçando os sentidos, conduz o ser humano ao pecado e, tal pecado trará consequências, aonde a maior delas será a "PERDA DO PARAÍSO"!
O texto da Primeira Leitura se insere neste contexto da "queda" ou do "pecado das origens". O ser humano é chamado por Deus a se apresentar em sua presença mas, o pecado o impede e, quando se apresenta acaba se entregando por aquilo que fala: "tive receio por estar nú e me escondi!" Aqui, começa o o "jogo de empurra", revelando que o pecado parece não ter dono, nem princípio pois um joga para o outro a responsabilidade sobre o mesmo. Este pecado das origens acabou marcando todas as gerações que vieram depois e, aqui uma pergunta crucial: "Estará o ser humano fadado à desgraça eterna a partir de então?" A leitura afirma que não, pois no versículo 15 Deus nos apresenta a saída: "haverá uma DESCENDÊNCIA DA MULHER QUE PORÁ FIM À AÇÂO DA SERPENTE!" Assim com Adão e Eva, com a desobediência, conduziram a vida humana ao fracasso, "UMA NOVA MULHER e UM NOVO HOMEM, pela OBEDIÊNCIA", farão o caminho de volta ao Paraíso.
A Igreja lê esta profecia do Gn realizada na Pessoa de Maria que com o seu SIM gera Jesus que, "obediente até a morte e morte de cruz", reconduz o pecador ao Paraíso. Maria é a escolhida pelo Pai para fazer parte da História da Salvação e, para que pudesse gerar e dar à luz ao próprio Deus, não poderia ter recebido a "pecha", a "marca" do pecado das origens. Para dar à luz Deus (que não tem pecado), Deus preservou Maria da mancha do Pecado das Origens (daí, o dogma da Imaculada Conceição de Maria = concebida sem pecado original). Tal verdade nos é apresentada, hoje, no Evangelho (Lc 1, 26-38) com a "Anunciação do Anjo à Maria"! Deus que tudo pode (nada Lhe é impossível) faz a "Virgem" conceber Aquele que esmagará a cabeça da Serpente (profecia da Primeira Leitura de hoje).
Encerrando a nossa reflexão, gostaria de fazer uma ligação com a Solenidade da Imaculada Conceição e o Tempo do Advento que estamos vivendo. Acredito que a figura de Nossa Senhora é paradigmática neste período pois, ela, mais do que outra personagem qualquer da História da Salvação, é modelo de como se faz para que o Senhor habite em nós. Precisamos compreender que, do mesmo jeito que ela, gerar o Senhor em nós só será possível se formos "IMACULADOS" pois o Senhor não habita o mesmo espaço que o pecado e o seu autor. Se queremos que o Natal seja, de fato, a Celebração do Nascimento de Deus em nossas vidas, precisamos buscar, com empenho, esta "VIDA SANTA, IMACULADA" que tem em Maria o seu mais auto modelo.
Que Nossa Senhor da Conceição, intercedendo por cada um (a) de nós, nos alcance a Graça da Fidelidade à Vontade do Pai até o fim! Assim seja!
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