terça-feira, 3 de julho de 2012

"XIV Domingo do Tempo Comum: A Missão Incômoda do Profeta!" - 08 de Julho de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Após termos vivido duas Solenidades nos últimos dois domingos (São João Batista e São Pedro e São Paulo), voltamos às celebrações do Tempo Comum e, retomando a nossa reflexão, quero recordar que o objetivo principal desse Tempo é nos proporcionar caminhos, a partir da Palavra de Deus, que nos conduzam à Santidade de Vida:  "sermos santos e santas como nosso Pai do Céu é Santo!"   Para tanto, importante é quebrar aquela visão de que a santidade é alguma coisa inalcançável pelos simples mortais como nós e própria para homens e mulheres dotados de dons extraordinários!   No Tempo Comum vamos aprendendo com o Senhor que ser santo e santa é possível quando conseguimos adequar a nossa vida à Sua Santa Vontade, quando conseguimos realizar as nossas atividades COMUNS, do dia a dia para a maior honra e glória de Deus.   Viver o Comum como Deus gostaria que cada um (a) de nós vivêssemos é o caminho seguro para a santidade de vida.

Nesse XIV Domingo do Tempo Comum, a Palavra nos revela que a vida do fiel neste mundo não é uma tarefa simples e fácil pois, o mundo no qual estamos inseridos não fez a sua opção pelo Senhor e, assim sendo, todo (a) aquele (a) que fizer tal opção por Ele acabará recebendo do mundo as contrariedades, perseguições, dificuldades ... uma vez que esta pessoa se colocará como uma pedra no sapato e, estas não são agradáveis e quem a percebe deseja, logo, retirá-la.

A Primeira Leitura (Ez 2, 2-5) já começa a nos revelar as dificuldades do Profeta.   Estamos no período inicial do Exílio na Babilônia e, este produz uma série de questionamentos por parte do povo sobre os motivos que o conduziu para esta situação trágica (talvez, a mais trágica da sua história).   O que teria acontecido?   De quem é a culpa pela catástrofe que se abatera sobre o povo?   Aonde estava Deus?   Por que Deus deixou que o mal se abatesse com tanta brutalidade sobre o Seu Povo?   Teria Deus se cansado do Povo?   Estaria Deus sem condições para agir em seu favor?   Essas e muitas outras questões dominam o cenário no início do Exílio e, pouco a pouco, Deus vai respondendo às indagações por meio dos seus profetas: Ezequiel é um desses escolhidos e enviados por Deus para falar ao seu povo.   No primeiro capítulo temos a narrativa da visão de Deus que Ezequiel teve junto ao rio Cobar (terra estrangeira).   Esta visão o deixou caído, prostrado ... sem saber o que fazer.   Nossa leitura, segue a esse episódio e nos revela o espírito de Deus entrando em Ezequiel e o colocando de pé.   A prostração não facilita a missão mas, ao contrário, a impede.   Ezequiel precisa ficar em pé pois o Senhor quer enviá-lo aos israelitas.   A Leitura segue deixando claro que o povo é uma nação de rebeldes, que se afastou de Deus.   Aqui, a dificuldade profética: falar, em nome de Deus, para um povo que Dele se afastara e, por isso, parece não querer escutá-Lo.   A causa principal do Exílio está nesse afastamento do povo (os pais e os filhos) dos caminhos propostos por Javé.   São uns filhos de cabeça dura e coração de pedra mas que necessitam saber que Deus, o Pai, não os abandonou e por isso lhes envia o profeta.   Aqui, o Profeta é a garantia de que Deus não abandona os seus mas, está sempre disposto a refazer com os mesmos a Aliança quebrada pelo pecado que endurece a cabeça e o coração.

Jesus é, por excelência o GRANDE PROFETA, o ENVIADO, O MESSIAS, DEUS PRESENTE NA HISTÓRIA DO MUNDO e, assim sendo, não terá uma vida fácil.   No Evangelho de hoje (Mc 6, 1-6) temos essa revelação.   As pessoas esperam um Deus que aja em seu favor com poder e que não seja IGUAL e, por conta disso, encontram enorme dificuldade para aceitar que Jesus é o FILHO DE DEUS!   A Encarnação do Senhor, que O igualou de certa forma a cada um (a) de nós é um obstáculo à nossa fé: Quem ele pensa que é?   De onde lhe veio toda essa sabedoria?  Ele não é o FILHO DE MARIA?  Seus irmãos e irmãs não moram entre nós?   Não é ele o carpinteiro? e, por aí vão as perguntas à respeito do Senhor.   Essa IGUALDADE do Senhor com a gente nos impede de ver Nele o Messias esperado.   Assim como no passado, muitas vezes, a nossa fé está enraizada na imensa ilusão de que Deus deve ser intocável, inacessível e esteja pronto para vir de algum lugar não identificado e, sobretudo, não se confunda conosco.   O fato de Jesus ter vindo pobre e ficado no meio dos mesmos, nos impede de vê-Lo como Deus.   Jesus se indigna com seu povo e não realiza ali milagre algum por conta da falta de fé do mesmo!   Precisamos compreender que Deus não é do jeito que queremos mas do jeito que é e, assim sendo, não é  Ele quem deve se adequar aos nossos critérios mas, ao contrário, somos nós quem devemos nos adequar ao que Ele quer e é.  PENSE NISSO!!!!

Por fim, a Segunda Leitura (2 Cor 12, 7-10) nos apresenta o Apóstolo Paulo nos apresentando um exemplo de humildade pois, sem essa característica, sem esse dom ninguém conseguirá cumprir a vontade de Deus e, portanto, não será santo (a).   São Paulo nos fala de espinho espetado em sua carne que parece ser um anjo de Satanás que o esbofeteia, a fim de que ele não se ensoberbeça.   É preciso compreender que na vida do Profeta, do Crente, do Fiel tudo é GRAÇA  e, não seríamos NADA sem a Força Divina a nos conduzir.   Só há uma coisa ou situação que nos é própria: a nossa fraqueza!   Reconhecer tal situação é o primeiro passo para nos colocarmos no caminho do Senhor e percebermos a sua força agindo em nós e por meio de nós no mundo!

Que a Celebração do XIV  Domingo do Tempo Comum nos auxilie na compreensão da nossa missão no mundo de hoje!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

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