sábado, 19 de abril de 2014

"Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor: A Revelação das Contradições em nosso Caminho de Fé!" - 13 de Abril de 2014

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Depois de viver as 05 semanas da Quaresma, iniciamos, hoje, a Semana Central do nosso Calendário Litúrgico.   Tão importante essa Semana que é chamada, com toda justiça, Semana Santa.   Nessa Semana viveremos os grandes marcos de nossa Fé Cristã Católica e acompanharemos o Senhor Jesus em seus últimos momentos nesse mundo.   É uma Semana marcada pelo desejo - pelo menos aparente - de ser do "jeito de Deus" e, isso é Santidade.

Durante o Tempo da Quaresma fomos nos preparando paulatinamente para essas Celebrações (Semana Santa e Páscoa) e, em cada Domingo a Palavra foi nos revelando pontos que eram preciso mudar para que chegássemos santos e santas a essa Semana Santa pois, afirmava eu, "a Semana Santa só será, de fato Santa, se nós tivermos nos tornado santos e santas pois, caso contrário, ela seria uma semana como qualquer outra.   Talvez com uma participação de fieis na Igreja e com Celebrações melhor preparadas mas ... somente mais uma semana!"

Assim, iniciamos a Quaresma na Quarta-feira de Cinzas com a Palavra de Deus nos convidando a rasgar os corações e não as vestes pois diante de Deus não vale parecer ser mas tem que ser.   O Profeta Joel nos alertava para esse fato de vivermos uma vida de aparências e nos dizia que aos olhos de Deus isso não vale.   Para tanto, o Apóstolo Paulo nos dizia que estávamos vivendo um tempo de Graça e de Salvação e, assim sendo, Deus estava voltado para nós e desejava nos ajudar nessa luta contra a casca, contra a aparência.   Escrevendo aos Coríntios afirmava que ele era Embaixador de Cristo e deveria ser como se escutássemos o próprio Cristo falando por ele.   Por fim, o Evangelho nos falava do perigo de praticarmos a nossa justiça diante do homens somente para sermos vistos por eles e recebermos deles a recompensa (aplauso, elogio, reconhecimento).   A nossa Vida de Fé deve ser vivida de modo que somente Deus veja e Ele que vê o que está escondido nos oferecerá a Recompensa.   Esse cuidado deve ser com as práticas mais "sinceras" e "honestas" e "puras" e "religiosas" como: Oração, Esmola e Jejum.    Cuidado para não usarmos tais práticas com intuitos não tão religiosos assim!!!

No Primeiro Domingo da Quaresma a Palavra nos apresentou a astúcia do diabo que aproveitando bem as oportunidades, os momentos difíceis se apresenta com soluções fáceis, agradáveis e, se não tivermos atenção, nos deixamos enredar por ele.   Mas, em contrapartida, a Palavra nos revelou o caminho seguro para vencer as investidas do mesmo: o conhecimento da Palavra de Deus!   Jesus vence o diabo utilizando a Palavra: Não só de pão vive o homem mas de toda Palavra da Boca de Deus; Não tentarás o Senhor Deus e Só existe um Deus e somente a Ele se deve prestar Culto!

No Segundo Domingo da Quaresma a Palavra nos apresentou o que está reservado para nós após a dor e sofrimento desse mundo: a Trasnfiguração de Jesus no Alto da Montanha nos aponta o Paraíso que nos está reservado.   Ficar na Montanha é bom mas é preciso descer e cumprir a missão até o fim sabendo o que nos está reservado.

No Terceiro, Quarto e Quinto Domingos da Quaresma a Palavra nos apresentou três personagens que revelam a própria Igreja em seu caminho de busca da Vontade de Deus: a Samaritana, o Cego de Nascença e Lázaro!   O Encontro dessas personagens com o Senhor e o Diálogo entre elas e Jesus nos apontam para a Verdade de nossas vidas como Igreja Peregrina nesse mundo e nos deixam lições sobre a nossa Missão nesse tempo que vivemos.   Jesus a Água Viva, Jesus a Luz do Mundo e Jesus a Ressurreição e a Vida nos apontam para o que Ele espera de nós!

Todo esse Caminho Quaresmal nos trouxe até aqui, até essa Semana Santa e, nesse Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Palavra e a Celebração como um todo nos revelam as contradições presentes em nosso Caminho de Fé: nós somos o Povo que, ao mesmo tempo que recebe o Senhor com grande alegria, aclamando-O Filho de Davi e com Hosanas nas Alturas, muito pouco tempo depois, percebendo que o Senhor não é do jeito que queremos e não faz o que achamos certo, pedimos a sua morte, a sua crucificação.   Essa Celebração que abre a Semana Santa tem esse poder de nos mostrar tais contradições.

No primeiro momento, temos uma celebração alegre, festiva, com bênção e procissão dos ramos, com cantos vibrantes.   O Evangelho (Mt 21, 1-11) nos mostra a Entrada do Senhor em Jerusalém e como o Povo que lá estava O acolheu.   Esse Povo já havia escutado sobre Jesus, sobre os seus discursos e milagres e alimentava uma esperança de que sua sorte estava para mudar com a chegada do Senhor e, por isso, O recebe dessa forma.

No entanto, quando se começa a perceber que o Senhor não faria o que ele (Povo ) desejava, incitado pelas autoridades, esse mesmo Povo pede que Jesus seja crucificado e Barrabás seja solto.

Seguir esse Jesus não é fácil pois Ele exige que sejamos como Ele quer e não contrário.   Ser do Seu Jeito significa assumir a nossa condição de Servo de Javé, isto é, Servo Sofredor e, isso é tudo que não queremos.   O Servo, descrito na Primeira Leitura (Is 50, 4-7) faz o que o Seu Senhor pede: ele tem língua adestrada para falar o que o Senhor quer: palavras de conforto a quem está abatido; ele escuta mais do que fala para aprender o que o Senhor deseja dele e, assim descobre que isso não é fácil pois ele terá que oferecer o rosto a quem lhe arranca os fios da barba e não correr de quem lhe bate nas costas, além de não desviar o rosto de bofetões e cusparadas.   Como é difícil ser Servo de Deus e viver de acordo com a Sua Vontade...   A única certeza do Servo é ter o apoio do Senhor que não lhe deixa abandonar o caminho ou fraquejar em sua missão.

Toda essa história do Servo de Javé ou Servo Sofredor se revela na Paixão e Morte de Jesus (Mt 26, 14 - 27, 66).   Diga-se de passagem que hoje é o único Domingo do Ano Litúrgico em que se proclama a Paixão e Morte de Jesus.   Jesus, o nosso modelo, encarna todas as características do Servo de Javé: sofre todas as atrocidades que lhe são impostas até o fim por amor de nós para nos dar o exemplo a seguir.   Ele é traído e negado pelos íntimos; é abandonado por todos; é interrogado, esbofeteado, cospem-lhe no rosto e o escarnecem; Ele se torna motivo de piadas e gracejos; carrega a Cruz, é pregado Nela e morre por nós!   A pergunta que não quer calar é: E nós?   Como estamos respondendo ao nosso Mestre e Senhor?

Por fim, o Apóstolo Paulo (Fl2, 6-11) nos apresenta o Rebaixamento do Senhor como modelo para nós: Jesus não se apega à sua condição divina mas se Esvaziando da mesma, assume a nossa condição e, pela obediência vai até a morte e essa de Cruz para nos Salvar.   Somente depois dessa trajetória é que o Pai lhe dá um Nome superior a todos os demais e lhe glorificando, faz com que tal Nome Novo seja causa de joelhos dobrados na terra, no céu e abaixo da terra.   Aqui, o Caminho de Vida de todo Cristão (ã)!

Que iniciando com a Igreja essa Semana Santa, o exemplo de nosso Senhor Jesus nos faça mais semelhantes ao que Deus espera de nós!   Assim seja!

Boa Celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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