Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!
Depois de viver as 05 semanas da Quaresma, iniciamos, hoje, a Semana Central do nosso Calendário Litúrgico. Tão importante essa Semana que é chamada, com toda justiça, Semana Santa. Nessa Semana viveremos os grandes marcos de nossa Fé Cristã Católica e acompanharemos o Senhor Jesus em seus últimos momentos nesse mundo. É uma Semana marcada pelo desejo - pelo menos aparente - de ser do "jeito de Deus" e, isso é Santidade.
Durante o Tempo da Quaresma fomos nos preparando paulatinamente para essas Celebrações (Semana Santa e Páscoa) e, em cada Domingo a Palavra foi nos revelando pontos que eram preciso mudar para que chegássemos santos e santas a essa Semana Santa pois, afirmava eu, "a Semana Santa só será, de fato Santa, se nós tivermos nos tornado santos e santas pois, caso contrário, ela seria uma semana como qualquer outra. Talvez com uma participação de fieis na Igreja e com Celebrações melhor preparadas mas ... somente mais uma semana!"
Assim, iniciamos a Quaresma na Quarta-feira de Cinzas com a Palavra de Deus nos convidando a rasgar os corações e não as vestes pois diante de Deus não vale parecer ser mas tem que ser. O Profeta Joel nos alertava para esse fato de vivermos uma vida de aparências e nos dizia que aos olhos de Deus isso não vale. Para tanto, o Apóstolo Paulo nos dizia que estávamos vivendo um tempo de Graça e de Salvação e, assim sendo, Deus estava voltado para nós e desejava nos ajudar nessa luta contra a casca, contra a aparência. Escrevendo aos Coríntios afirmava que ele era Embaixador de Cristo e deveria ser como se escutássemos o próprio Cristo falando por ele. Por fim, o Evangelho nos falava do perigo de praticarmos a nossa justiça diante do homens somente para sermos vistos por eles e recebermos deles a recompensa (aplauso, elogio, reconhecimento). A nossa Vida de Fé deve ser vivida de modo que somente Deus veja e Ele que vê o que está escondido nos oferecerá a Recompensa. Esse cuidado deve ser com as práticas mais "sinceras" e "honestas" e "puras" e "religiosas" como: Oração, Esmola e Jejum. Cuidado para não usarmos tais práticas com intuitos não tão religiosos assim!!!
No Primeiro Domingo da Quaresma a Palavra nos apresentou a astúcia do diabo que aproveitando bem as oportunidades, os momentos difíceis se apresenta com soluções fáceis, agradáveis e, se não tivermos atenção, nos deixamos enredar por ele. Mas, em contrapartida, a Palavra nos revelou o caminho seguro para vencer as investidas do mesmo: o conhecimento da Palavra de Deus! Jesus vence o diabo utilizando a Palavra: Não só de pão vive o homem mas de toda Palavra da Boca de Deus; Não tentarás o Senhor Deus e Só existe um Deus e somente a Ele se deve prestar Culto!
No Segundo Domingo da Quaresma a Palavra nos apresentou o que está reservado para nós após a dor e sofrimento desse mundo: a Trasnfiguração de Jesus no Alto da Montanha nos aponta o Paraíso que nos está reservado. Ficar na Montanha é bom mas é preciso descer e cumprir a missão até o fim sabendo o que nos está reservado.
No Terceiro, Quarto e Quinto Domingos da Quaresma a Palavra nos apresentou três personagens que revelam a própria Igreja em seu caminho de busca da Vontade de Deus: a Samaritana, o Cego de Nascença e Lázaro! O Encontro dessas personagens com o Senhor e o Diálogo entre elas e Jesus nos apontam para a Verdade de nossas vidas como Igreja Peregrina nesse mundo e nos deixam lições sobre a nossa Missão nesse tempo que vivemos. Jesus a Água Viva, Jesus a Luz do Mundo e Jesus a Ressurreição e a Vida nos apontam para o que Ele espera de nós!
Todo esse Caminho Quaresmal nos trouxe até aqui, até essa Semana Santa e, nesse Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a Palavra e a Celebração como um todo nos revelam as contradições presentes em nosso Caminho de Fé: nós somos o Povo que, ao mesmo tempo que recebe o Senhor com grande alegria, aclamando-O Filho de Davi e com Hosanas nas Alturas, muito pouco tempo depois, percebendo que o Senhor não é do jeito que queremos e não faz o que achamos certo, pedimos a sua morte, a sua crucificação. Essa Celebração que abre a Semana Santa tem esse poder de nos mostrar tais contradições.
No primeiro momento, temos uma celebração alegre, festiva, com bênção e procissão dos ramos, com cantos vibrantes. O Evangelho (Mt 21, 1-11) nos mostra a Entrada do Senhor em Jerusalém e como o Povo que lá estava O acolheu. Esse Povo já havia escutado sobre Jesus, sobre os seus discursos e milagres e alimentava uma esperança de que sua sorte estava para mudar com a chegada do Senhor e, por isso, O recebe dessa forma.
No entanto, quando se começa a perceber que o Senhor não faria o que ele (Povo ) desejava, incitado pelas autoridades, esse mesmo Povo pede que Jesus seja crucificado e Barrabás seja solto.
Seguir esse Jesus não é fácil pois Ele exige que sejamos como Ele quer e não contrário. Ser do Seu Jeito significa assumir a nossa condição de Servo de Javé, isto é, Servo Sofredor e, isso é tudo que não queremos. O Servo, descrito na Primeira Leitura (Is 50, 4-7) faz o que o Seu Senhor pede: ele tem língua adestrada para falar o que o Senhor quer: palavras de conforto a quem está abatido; ele escuta mais do que fala para aprender o que o Senhor deseja dele e, assim descobre que isso não é fácil pois ele terá que oferecer o rosto a quem lhe arranca os fios da barba e não correr de quem lhe bate nas costas, além de não desviar o rosto de bofetões e cusparadas. Como é difícil ser Servo de Deus e viver de acordo com a Sua Vontade... A única certeza do Servo é ter o apoio do Senhor que não lhe deixa abandonar o caminho ou fraquejar em sua missão.
Toda essa história do Servo de Javé ou Servo Sofredor se revela na Paixão e Morte de Jesus (Mt 26, 14 - 27, 66). Diga-se de passagem que hoje é o único Domingo do Ano Litúrgico em que se proclama a Paixão e Morte de Jesus. Jesus, o nosso modelo, encarna todas as características do Servo de Javé: sofre todas as atrocidades que lhe são impostas até o fim por amor de nós para nos dar o exemplo a seguir. Ele é traído e negado pelos íntimos; é abandonado por todos; é interrogado, esbofeteado, cospem-lhe no rosto e o escarnecem; Ele se torna motivo de piadas e gracejos; carrega a Cruz, é pregado Nela e morre por nós! A pergunta que não quer calar é: E nós? Como estamos respondendo ao nosso Mestre e Senhor?
Por fim, o Apóstolo Paulo (Fl2, 6-11) nos apresenta o Rebaixamento do Senhor como modelo para nós: Jesus não se apega à sua condição divina mas se Esvaziando da mesma, assume a nossa condição e, pela obediência vai até a morte e essa de Cruz para nos Salvar. Somente depois dessa trajetória é que o Pai lhe dá um Nome superior a todos os demais e lhe glorificando, faz com que tal Nome Novo seja causa de joelhos dobrados na terra, no céu e abaixo da terra. Aqui, o Caminho de Vida de todo Cristão (ã)!
Que iniciando com a Igreja essa Semana Santa, o exemplo de nosso Senhor Jesus nos faça mais semelhantes ao que Deus espera de nós! Assim seja!
Boa Celebração para todos (as)!
Pe. Ezaques Tavares
Nenhum comentário:
Postar um comentário