sexta-feira, 18 de abril de 2014

"IV Domingo da Quaresma: Em Cristo, Luz do Mundo, enxergamos para Além das Aparências!" - 30 de Março de 2014

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando continuidade à nossa Caminhada Quaresmal, vivemos, hoje, o IV Domingo e, nesse dia,somos convidados a confrontar a nossa forma de ver o mundo - com tudo o que nele há - com a forma de Deus e, nesse confronto, vamos descobrir que nem sempre enxergamos o que, de fato, interessa mas, ao contrário, contaminados pelo mundo, paramos nas aparências, na casca das coisas, isto é, na superficialidade.   Dessa forma, o nosso julgamento incorre em erros grosseiros e, a Palavra de Deus nos convida à Conversão.   Vejamos:

Na Primeira Leitura (I Sm 16, 1b.6-7.10-13a) temos um relato que nos chama a atenção para o foi dito anteriormente.   Estamos numa época de transição de poder em Israel pois Saul vinha se mostrando um rei desconfiado do Poder de Deus e, dessa forma, começa a meter os pés pelas mãos, fazendo coisas abomináveis aos olhos de Javé: a utilização do poder a ele confiado em benefício próprio, o medo dos filisteus (povos gigantes e dados à guerra que habitavam o deserto, a permissão de adivinhos e o não cuidado para com os mais pobres e pequenos do povo são alguns exemplos que levam Saul a desagradar ao Senhor Javé.   Diante de tantas atrocidades, Javé resolve substituir tal rei escolhendo um outro e, é aqui, que Javé surpreende a todos.

O Senhor Javé chama o Samuel e pede-lhe que encha o chifre com óleo e o envia à casa de Jessé de Belém pois dessa família sairia o novo rei.   Tudo surpreende pois Belém era uma cidade sem grande importância e, Jessé talvez fosse alguém sem grande importância também (isso aos olhos do mundo que julga pelas aparências).   Já em casa de Jessé, temos outro fato importante pois a Palavra revela que até mesmos os mais íntimos do Senhor podem se deixar levar pelo modo de ver e julgar do mundo: assim que Samuel chegou viu Eliab e disse consigo mesmo: "Com certeza é este!"   Por ser o primogênito e mais forte e vigoroso dos filhos, Samuel pensou que seria aquele pois, afinal de contas, um rei precisa possuir algumas qualidades para exercer bem a sua função.   Mas, uma surpresa: "Não é este!"  Diz Javé e continua: "Não olhes para sua aparência nem para sua grande estatura porque Eu o rejeitei. Não julgo segundo os critérios do homem: o homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração!"

Assim, Jessé fez vir os sete filhos e, para surpresa de todos, nenhum era o escolhido.   Por fim, Samuel pergunta se todos estavam, de fato ali e Jessé responde que não pois o caçula, o menor, o que em hipótese alguma poderia ser rei, estava no campo brincando com o rebanho.   Samuel dá uma ordem para buscá-lo pois não se sentariam à mesa até que este chegasse e, para surpresa de todos, quando entra Davi, ruivo e de bela aparência, Javé ordena que fosse ungido pois era aquele que foi escolhido e naquele momento o Espírito de Deus se apoderou de Davi e o fez o Rei mais poderoso de Israel pois as escolhas de Deus são assim mesmo: Ele escolhe o que para o mundo é sem valor, fraco para confundir o próprio mundo e, mais, para que tudo seja considerado obra Dele mesmo e não de homem.

Que bela leitura que nos prepara para o grande confronto do Evangelho de hoje (Jo 9, 1-41).   Esse trecho do Evangelho de João é cheio de revelação sobre o Ser de Deus e de Suas escolhas: Jesus, encarnação de Javé que falara na Primeira Leitura, desmascara uma religião que usava o nome de Deus para fazer exatamente o oposto de Sua Santa Vontade.   A Sua Palavra e as Suas Ações querem revelar quem, de fato, é Deus.   Elas são Sinais que nos apontam para a Verdade sobre Deus.

Passando com seus discípulos, avistaram um cego de nascença e a pergunta dos mesmos ao Senhor revela a concepção que se tinha sobre Deus á época: Quem pecou para que nascesse assim: ele mesmo ou seus pais?   A resposta de Jesus já quebra tal visão pois afirma: Ninguém pecou mas, ao contrário do que falam essa deficiência é para a glorificação de Deus!   E, se aproximando do cego de nascença, faz lama com saliva e barro, coloca-a nos seus olhos e pede que vá ao Templo para se lavar na piscina de Siloé.   Ele foi e ficou curado.   Aqui, começa os confrontos do que fora cego com uma sociedade construída sobre os alicerces da aparência e uma religião que, ao longo do tempo, foi se afastando do ideal pensado e querido por Deus que é o de estar mais próxima daqueles que, de fato, precisam.

A cura do Cego restitui-lhe a dignidade que há anos lhe fora roubada.   A sua condição o obrigava a viver da caridade alheia.   A sua cegueira o havia reduzido à condição de pedinte, de mendigo mas, agora, enxergando será capaz de enfrentar tudo e todos: primeiro, os amigos e conhecidos; depois, as autoridades religiosas que lhe impuseram a dura vida de mendigo e, o pior, em nome de Deus; seus pais e, novamente as autoridades que, não tendo argumentos sólidos para discutir com aquele que foi curado por Jesus, o expulsam da Templo.

Este Cego, que "nasceu todo em pecado" ao ser expulso do Templo tem o seu encontro fundamental com o Senhor que lhe pergunta se ele crê no Filho do Homem.   E, enxergando que era Aquele que lhe curara e que estava naquele momento falando com ele, afirma: Sim, Senhor, eu creio!

A Igreja se vê, hoje, refletida na figura desse cego e o caminho percorrido pelo mesmo é o nosso caminho: na medida em que vamos ao encontro do Senhor e nos permitimos ser por Ele curados, vamos descobrindo o que, de fato, conta e vamos além das aparências para enxergarmos Deus como aliado dos pequenos e dos pobres.   É este o julgamento que o Senhor veio fazer: Quem é cego passe a enxergar e o que enxerga se descubra cego!    Para ser curado pelo Senhor importa somente uma coisa, uma atitude: reconhecer-se cego e carente da graça de Deus pois para aquele que pensa enxergar, não há nada a fazer pois o pecado que cega verdadeiramente o ser humano, permanece.

Por fim, a Segunda Leitura (Ef 5, 8-14) nos apresenta o Apóstolo Paulo nos lembrando o éramos antes do nosso encontro com o Senhor: Éramos trevas mas agora somos Luz no Senhor e será preciso realizar as obras da Luz (Bondade, Justiça e Caridade) e deixarmos de praticar as obras que só temos coragem de fazê-las na escuridão e que às clara temos até vergonha de dizer, quando mais de fazer.

Que a Celebração desse IV Domingo da Quaresma nos cure a cegueira espiritual para podermos enxergar do jeito e à moda de Deus.   Assim seja!

Boa celebração para todos (as)!

Pe. Ezaques Tavares

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