quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"XXXIV Domingo do Tempo Comum: Jesus Cristo, Rei do Universo é Aquele que quer ser Amado e Servido nos Pobres!" -

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Com grande alegria chegamos ao último domingo do tempo comum e, por conseguinte, ao último domingo do Ano Litúrgico.   Após uma caminhada de um ano, a Liturgia nos apresenta a Pessoa de Jesus Cristo como Rei do Universo e, a grande questão que se nos apresenta é a seguinte: "Será que, após um ano escutando, meditando e buscando compreender a Sua Palavra, podemos afirmar, de fato, que Ele se tornou o Rei e Senhor de nossas Vidas?"

Durante todo este ano nos acompanhou o Evangelho de São Mateus e, este, por sua vez, quis nos apresentar o Senhor como o Mestre da Justiça e, uma questão nos acompanhou neste tempo: "O que significa JUSTIÇA para Ele?"    Assim, já em Mt 3, vemos Jesus pronunciando as primeiras palavras e, estas, estão ligadas à Justiça pois afirma para João Batista: "É preciso cumprir TODA A JUSTIÇA!"   Em Mt 5, vemos o Senhor, no Sermão da Montanha, declarando que a Justiça dos seus seguidores deve ser maior, deve superar a justiça vigente e patrocinada pelas autoridades (civis e religiosas) de sua época ao afirmar: "Se a vossa justiça não superar a dos fariseus e mestres da lei, vós não entrareis no Reino do Céu!" 

Neste ano, a Palavra foi nos apresentando o conceito de Justiça Divina e, distinguindo a mesma, da justiça humana e, penso que o que deve ter ficado em cada um é o fato de que enquanto "a justiça humana, quando muito boa e coerente, oferece a cada um o que cada um FEZ POR MERECER, a Justiça Divina oferece a cada um o que cada um PRECISA PARA VIVER e, diga-se de passagem, VIVER BEM, VIVER PLENAMENTE!

Hoje, ao encerrarmos o Ano Litúrgico de 2011, a Liturgia da Igreja nos oferece uma oportunidade de refletir, de forma conclusiva, sobre esta ideia desenvolvida durante todo o ano.  

Assim, temos a Primeira Leitura (Ez 34, 11-12.15-17) que nos apresenta Javé como o Pastor do Rebanho.   Estamos numa época de Exílio na Babilônia e, a comunidade se questiona sobre os motivos que a conduziu para aquela situação de dor, sofrimento, escravidão, cruz, morte que todos pensavam já terem sido eliminadas  intervenção de Deus.   Porém, quando tudo parecia bem, eis que sobreveio a desgraça do Exílio e, depois de conquistar TUDO, TUDO perdeu.   Por quê?   É neste momento que o Profeta Ezequiel aparece para falar em nome do Senhor e apresentar os motivos que conduziram o povo para o Exílio mas, em contrapartida, apresentar que nem tudo está perdido pois "a fidelidade e o amor de Deus farão maravailhas como as realizadas no passado".   Javé apresenta as obras que fará para salvaguardar a vida de seu povo e, comparando suas ações às do pastor, afirma: "cuidar, resgatar, apascentar, procurar, reconduzir, enfaixar, fortalecer, vigiar e julgar".   Todas estas ações o Senhor fará em favor do rebanho que foi explorado e dispersado num "dia de nuvens e escuridão" por conta da negligência das autoridades que foram postas à frente do rebanho para cuidar e não cuidaram.

Esta leitura nos faz pensar na forma como cada um de nós vem se comportando neste mundo.   Fomos colocados, de uma forma ou de outra, à frente da vida de muitos irmãos e irmãs para reproduzirmos as ações do Senhor mas, nem sempre conseguimos fazer as ações do jeito que agrade ao mesmo.   Em muitos momentos, acabamos por reproduzir as ações devastadoras das autoridades do período pré-exílico com explorações e dispersões da parte do rebanho que está sob o nosso cuidado.

Aqui, percebemos nitidamente, a relação entre o texto de Ezequiel e o Evangelho de hoje (Mt 25, 31-46), aonde, nos é apresentado o final do discurso escatológico de Jesus, com a última Parábola deste capítulo (teríamos no XXXII - não fosse a Solenidade de Todos os Santos - a primeira parábola, conhecida como a das "Dez Virgens" e no XXXIII, a dos "Talentos").   Hoje, o Senhor arremata todo o discurso do capítulo 25 revelando que o importante é "descobrí-Lo presente, sobretudo, naqueles (as) que mais necessitam".   Poderíamos afirmar que "encher as lâmpadas com óleo" e "multiplicar os talentos" são coisas que fazemos quando nos colocamos "à serviço, à disposição daqueles que necessitam de nós" pois, como afirmamos no início deste texto, "cumprir a Justiça significa oferecer a cada um o que cada um estiver precisando para viver e, viver bem!"   Assim percebemos a coerência textual deste Evangelho que estamos encerrando hoje, neste último domingo pois, do início ao fim, o objetivo maior foi nos conduzir para este desfecho apresentado hoje.   Para este Senhor que nos falou durante todo este ano, importante foi nos levar à conclusão que a nossa vida só tem sentido (dentro da visão Dele) se, totalmente dedicada aos outros.

Assim, utiliza uma imgem do "Juízo Final" como sendo uma espécie de prestação de contas de tudo que fizemos ou deixamos de fazer durante a nossa vida e, tais ações ou ausência delas, referidas ao próximo que precisou de nós.   Fazer ou não uma ação em favor dos pobres e necessitados significa fazer ou não ao próprio Senhor que, neste Evangelho, se identifica com esses irmãos: "Foi a mim que fizeram" ou "foi a mim que não fizeram"!   A condição para participar da Bênção ou Maldição é a capacidade de fazer ou não pelos outros o que os outros estão precisando: "Tive fome, sede, frio, estava preso, doente, sem teto e vocês me socorreram (Bênção) ou não me socorreram (Maldição).

Realizar tais ações em favor dos outros só é possível quando somos movidos pela fé na vida que não se acaba com a morte mas, ao contrário, se prolonga após a mesma.   Esta ideia, São Paulo, na Segunda Leitura de hoje (I Cor 15, 20-26.28), nos apresenta.   Afirmando que Cristo ressuscitou dos mortos, ele modifica a nossa vida uma vez que nos faz entender que tal ressurreição do Senhor é a garantia da nossa pois "Cristo foi primícia" e, nós iremos depois Dele.   A destruição de todas as estruturas de morte e, por fim, da própria morte, será o início do Reino Definitivo de Deus.    Poderíamos dizer, aqui, que esta missão de romper com as estruturas de morte é tarefa de todos nós que, unidos ao Senhor, dedicamos a nossa vida à realização de Sua vontade.

Que a conclusão de mais um ano litúrgico nos encha de gratidão para com Deus que nos permitiu esta graça e, que esta gratidão se transforme em ações concretas em favor de todos aqueles que nos cercam e que estejam precisando de nossa ajuda.    Que Deus nos ajude nesta missão, hoje e sempre, amém!

Um comentário:

  1. Vê-se a grande influência que exerce a caridade sobre a sentença final dos justos e dos condenados,no dia do juízo.Os duros de coração,vão para o fogo eterno,os justos para a vida eterna.
    É Jesus quem recebe,na pessoa dos pobres,a esmola ou a dureza do nosso coração.
    Em uma palavra,a caridade deve ser a coroa das nossas boas obras.

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