Celebramos, hoje, com a Igreja no mundo a Festa da Dedicação da Basílica de São João do Latrão e, dentro do contexto de Final de Ano Litúrgico, somos convidados a refletir sobre a imagem e semelhança de Deus que estão em nós que nos faz Templos Vivos de Deus, Santuários Divinos para o mundo que nos cerca! Isso não é pouca coisa e nos deve levar a pensar se estamos ou não preservando essa Santidade presente em cada um (a) de nós e, mais ainda, se estamos levando para todos (as) que cruzam o nosso caminho tal Santidade.
"O Palácio do Latrão, propriedade da Família Imperial, tornou-se no séc. IV, habitação particular do Papa. A Basílica adjacente, dedicada ao Divino Salvador, foi a primeira Catedral do Mundo: aí se celebravam especialmente os Batismos na Noite de Páscoa. Mais tarde, dedicada também aos dois Santos João, o Batista e o Evangelista, foi por muito tempo considerada a Igreja-Mãe de Roma, e nela se realizaram as sessões de cinco grandes Concílios Ecumênicos.
Unindo-se, hoje, à Igreja de Roma, as Igrejas de todo o mundo lhe reconhecem a "Presidência na Caridade", de que já falava Santo Inácio de Antioquia. Analogamente sucede na Festa da Consagração da Igreja Catedral de cada Diocese, à qual estão "ligadas" todas as Paróquias e Comunidades que dela dependem. Todo edifício-igreja é consagrado a Deus, e pretende exaltá-lo por um "mistério de salvação" ou pelas maravilhas operadas nos anjos, em Maria ou nos santos. A sigla O.D.M. (Deo Optimo Maximo = A Deus Boníssimo e Excelso) domina o frontão dos edifícios sagrados.
Esta é uma Festa do "Senhor". O Verbo fazendo-se carne, armou a sua tenda entre nós (cf. Jo 1,14). Cristo Ressuscitado está presente em sua Igreja: é dela Cabeça. As Igrejas de pedra ou tijolos são um sinal dessa presença de Cristo: é Ele que aí fala, dá-se em alimento, preside a Comunidade reunida em oração, "permanece" conosco para sempre (SC 7).
O Cenáculo, a Igreja Doméstica, as Basílicas Paleocristãs, as Catedrais Medievais, os Edifícios Sacros da Renascença ou do Barroco, as Arquiteturas Religiosas Modernas são sempre "qualificadas segundo a dimensão do homem": em todos os tempos a comunidade projetou na estrutura de seus edifícios a imagem que tem de si mesma. Às vezes a imagem de igreja resulta bastante velada. Contudo, JAMAIS FALTARAM AS PEDRAS VIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO ESPIRITUAL DO QUAL O RESSUSCITADO É A PEDRA ANGULAR! (cf. I Pd 2, 49)
(texto retirado do Missal Dominical, p. 1409)
É nesse contexto que meditamos os textos sagrados propostos para essa Festa. A Primeira Leitura (Ez 47, 1-2.8-9.12) nos apresenta uma das visões que o Profeta tem sobre o Templo: uma água que sai do lado direito do Templo, a sul do altar. Essa água vai avançando em direção do mar (morada do mal) e vai ficando cada vez mais caudalosa: tornozelos, joelhos, cintura até formar um rio que só podia ser atravessado à nado. A água vai promovendo a Vida por onde passa: animais, árvores frutíferas e que promovem a saúde dos seus usuários o ano todo.
Essa visão do Profeta nos faz pensar sobre a nossa Missão no mundo: participar da Comunidade, experimentar Deus em nossas Celebrações deveriam nos transformar em homens e mulheres capacitados para levar a "água" que recebemos de graça para todos com os quais nos encontrarmos; é nossa missão de crentes "transformar o mundo caótico, sem vida ... em um mundo Sinal da Presença e Força de Deus".
A Segunda Leitura (I Cor 3, 9c-11.16-17) nos mostra o Apóstolo Paulo falando sobre o que somos: lavoura e construção de Deus! Fomos construídos sobre um único e verdadeiro alicerce, isto é, Jesus Cristo! Não se pode colocar ou construir sobre outro que não seja Ele. Somos Santuários de Deus e não podemos destruí-Lo em nós mas, ao contrário, devemos cuidar de Sua Presença em nós para que todos O sintam em nossa vida!
Por fim, temos o Evangelho (Jo 2, 13-22) que nos apresenta a famosa expulsão dos vendilhões do Templo. Aqui, pensando no que nos disse o Apóstolo na Segunda Leitura, poderíamos nos perguntar: não estamos profanando o verdadeiro Templo de Deus que somos cada um (a) de nós com nossa vida dedicada ao pecado? Estaria o Senhor satisfeito com o que estamos fazendo de nossas vidas?
Que a Celebração da Festa da Dedicação da Basílica do Latrão nos leve a pensar na dedicação que devemos fazer, a cada dia, do Santuário que somos, Templos Vivos do Senhor Àquele que nos santifica e consagra! Assim seja!
Oremos:
Ó Deus que edificais o vosso Templo com Pedras Vivas e Escolhidas, difundi na vossa Igreja o Espírito que Lhe destes, para que o vosso Povo cresça sempre mais, construindo a Jerusalém Celeste! Por nosso Senhor, Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo! Amém!
Boa Celebração para todos (as)!
Pe. Ezaques Tavares
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