Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!
Celebramos, hoje, com toda a Igreja a memória de todos aqueles e aquelas que partiram desse mundo rumo à Casa do Pai. Trazemos em nossa memória tantos irmãos, amigos, parentes, conhecidos que nos ensinaram a ser o que somos e, no dia de hoje, esperam nossas orações para que cheguem à contemplação de Deus tal qual Ele é. Ainda ontem (01/11) celebrávamos Todos os Santos e, ali, naquela Solenidade nos uníamos à Igreja Triunfante; hoje, nos unimos à Igreja Padecente e pedimos ao Pai por cada um desses irmãos que aguardam, ansiosos para compor aquela multidão de veste branca e palma na mão que está no Céu, diante do Cordeiro!
Para a Liturgia de hoje, a Igreja nos oferece a possibilidade de 03 Celebrações com textos distintos porém com o mesmo objetivo: refletir sobre a realidade da morte não como fim último mas como transformação dessa vida que vivemos aqui, limitada e cheia de pecado, na Vida que Deus pensou para cada um de nós, seus filhos e filhas! Além dos textos das 03 Celebrações ainda temos a possibilidade de escolher outras leituras propostas no Lecionário para esse dia.
Aqui, em nossa Paróquia Santa Cruz - Jardim Umarizal - São Paulo, SP escolhemos os textos propostos da Terceira Celebração com o Evangelho de Mateus 25, 1-13 (a história das 10 jovens com suas lâmpadas) que é o texto evangélico do XXXII Domingo do Tempo Comum e que celebraríamos no próximo domingo (09/11/14) mas que será substituído pela Festa da Consagração da Basílica do Latrão! Dessa forma, aproveitaremos a oportunidade para refletir sobre esse texto evangélico tão rico e significativo para essa etapa final do Ano Litúrgico. Os outros textos são: Primeira Leitura (Sb 3, 1-9); Sl 41; Segunda Leitura (Ap 21, 1-5a.6b-7). Buscaremos meditar tais textos objetivando compreender, aos olhos da fé, o que significa, de fato, a morte para nós cristãos. Vejamos:
Se há uma experiência que mexe com as nossas estruturas humanas, essa experiência é a Morte. Ela põe em xeque uma série de questões, opiniões que temos; nos faz repensar valores e o modo como estamos conduzindo a nossa própria vida. Em muitos momentos nos vemos apegados a tantas coisas, brigando por situações que, diante da Morte, perdem totalmente o sentido; passamos tanto tempo de nossas vidas buscando conquistar mundos e fundos e, diante da Morte, percebemos que perdemos tempo correndo atrás do nada, de ilusão pois ela (morte) chega sorrateiramente, sem pedir licença e nos arrasta consigo e todas as nossas lutas e conquistas ficam pra traz e de tudo que fizemos muito pouco levamos e, portanto, muito pouco contou. Assim, nos perguntamos: O que, de fato, conta? O que, de fato, é importante? Como oferecer à Vida um sentido diante da certeza de que, mais cedo ou mais tarde, sairemos daqui sem levar ABSOLUTAMENTE NADA do que conquistamos? Essas e tantas outras questões poderão ser clareadas com a nossa Celebração de hoje.
Começamos a nossa reflexão com o texto evangélico escolhido por nós (Mt 25,1-13). Aqui, Jesus nos conta uma parábola (das 10 jovens ou virgens) para nos revelar o que é o Reino do Céu e como poderemos conquistá-Lo. A história, muito conhecida de todos nós, no fala de um Grupo de Jovens ou Virgens que pegam suas lâmpadas e vão ao Encontro do Noivo. Porém, o grupo apresenta uma divisão e, tal divisão revela os dois tipos de comportamentos que podemos ter enquanto estamos nesse mundo, aguardando a chegada do Noivo: há um grupo (05) prudente que não sabendo a que horas o Noivo chega, se previne e leva óleo de reserva e, outro grupo (05) imprudente que se ocupa somente o óleo que está dentro da lâmpada pois imaginam que será suficiente. O problema é que o Noivo não chega na hora que se imagina mas na hora que Ele quer. A noite chega e avança e as jovens acabam dormindo e, quando menos esperavam ouviu-se uma voz: O Noivo está chegando! Saiam ao seu Encontro! Imaginem a algazarra ... estamos no meio da noite ... as virgens cochilaram ... necessitam se aprontar rapidamente pois o Noivo não espera... um tempo já se passou e consumiu o óleo das lâmpadas ... é preciso preencher o vazio das mesmas ... Aqui, haverá a revelação de quem é quem: as prudentes, que levaram óleo a mais, repõem o mesmo nas suas lâmpadas e, imediatamente ficam preparadas mas, ao contrário, as imprudentes percebem o fogo se extinguindo e não possuem óleo para reposição. Essas últimas entram em pânico e buscam, no último momento, fazer algo que deveriam ter feito ao longo da vida e não fizeram: pedem um pouco de óleo às prudentes mas, estas por sua vez dizem que não pois poderiam ficar sem óleo para elas mesmas; há outra possibilidade: COMPRAR NO MERCADO! Partem para o Mercado mas o tempo chega ao fim pois o Noivo chega e quem está com a lâmpada acesa entra com Ele para a Festa e a Porta se fecha! Chegam, por fim, as que foram comprar de última hora e encontram a Porta Fechada e batendo pedem para abrir. O Noivo, porém, responde: Em verdade eu vos digo: Não vos conheço! Daí, a conclusão: Ficai VIGIANDO POIS NÃO SABEIS O DIA NEM A HORA!
Esse óleo que enche a lâmpada é conquistado quando vivemos a nossa vida de acordo com a Vontade do Pai do Céu; cada gesto, palavra, pensamento feitos em nome desse Pai, nos dá a possibilidade de adquirir um pouco mais de óleo além de tudo que deixamos de fazer por sabermos não está em consonância com Sua Vontade. A vida nos foi dada por Ele para vivermos como Ele quer mas, em muitos momentos, nos esquecemos disso e vivemos como achamos e queremos. No último momento poderemos não ter mais tempo para fazermos aquilo que ao longo de toda a vida deveríamos ter feito e não fizemos. A Comemoração dos Fiéis Falecidos nos deve alertar para isso: estamos enchendo a nossa lâmpada com o óleo conquistado pela fidelidade ao Projeto de Deus ou, ao contrário, a nossa lâmpada ainda está vazia ou com nível de óleo muito baixo? Se ouvíssemos a voz dizendo: O Noivo chegou! Saiam ao seu Encontro! O que faríamos?
Às vezes nos parece que viver a Vontade de Deus nos coloca em maus lençóis e somos tentados a pensar que não vale à pena. A Primeira Leitura (Sb 3, 1-9) nos ajuda a refletir sobre tal situação. Nos revela que quando vivemos a Justiça, a nossa vida se encontra nas mãos de Deus e, mesmo que morramos e muitos pensem que a nossa morte tenha sido um fracasso (pois não aproveitamos, como pensam os insensatos, a vida), estaremos em Paz, vivendo junto de Deus, perseverando na vivência do amor, ficaremos junto Dele pois a graça e a misericórdia são para os eleitos.
Por fim, a Segunda Leitura (Ap 21, 1-5a.6b-7) nos aponta para um Novo Céu e uma Nova Terra e a Jerusalém do Alto descendo para junto dos homens. Os fiéis serão o Povo de Deus e Deus será o Deus deles!
Que a Celebração dos Finados nos leve a compreender o verdadeiro sentido da vida que levamos aqui! Assim seja!
Oremos:
Ó Deus, fizestes o vosso Filho único vencer a morte e subir ao céu. Concedei aos vossos filhos e filhas superar a mortalidade desta vida e contemplar eternamente a Vós, Criador e Redentor de todos. Por nosso senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo! Amém!
Boa Celebração para todos (as)!
Pe. Ezaques Tavares
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