terça-feira, 22 de março de 2011

O Desafio da Convivência com o Diferente (Texto sobre "Educação e Diversidade")

A sociedade em que vivemos é, essencialmente, multicultural e diversa.   Basta olharmos em nosso entorno para percebermos as imensas diferenças existentes entre nós e os outros.   Há diversidade de pensamentos, de hábitos, de religião, de raça, de classe social, de opção sexual, de gênero, entre outros.   Assim sendo, algumas perguntas se fazem necessárias e urgentes: "Como conviver com tamanha diversidade?"  "Como aceitar o diferente e, mais ainda, perceber o diferente como algo necessário para o nosso próprio crescimento e para a própria afirmação de nossa identidade?"   "Por que o diferente, em muitos momentos, nos deixa armados?"   Essas questões incitam todos nós a refletir uma vez que não é possível viver isolado do mundo e,consequentemente, das pessoas.

Entre as várias Instituições Sociais que possuem a capacidade de formar opinião, acredito que a Escola (que tem a formação como sua principal função), não pode renunciar a essa discussão e, para responder a estas e tantas outras questões, não poderá fechar os olhos para as mesmas.   Perceber o Processo Educacional extremamente vinculado ao ambiente cultural em que se está inserido, entender a sociedade como uma espécie de "colcha de retalhos cultural", nos fará compreender que tal Processo Educacional não pode ocorrer de forma "neutra" mas, sofrerá as influências do seu meio social.

A Escola é desafiada, a cada dia, a se tornar um espaço privilegiado de produção cultural trazendo para dentro de si mesma a diversidade apresentada pelo mundo que a cerca.   O Multiculturalismo é uma realidade e não pode mais ficar abafado como se não existisse de fato.   Aceitar essa verdade trará consequências para o próprio ambiente educacional.   Se vivemos numa sociedade diversificada e, nas nossas diferenças, temos os mesmos direitos, como fazer para que a Educação seja uma garantia de todos (caráter universal)?   Se for oferecida a todos, como garantir a Qualidade da mesma?   Como trabalhar os Projetos Políticos Pedagógicos e os Currículos de modo que os mesmos contemplem essa Diversidade e o respeito à mesma?   Como fazer com que o respeito à Diversidade seja parte da vida interna da Escola?

A resposta a tais questões exigirá uma reelaboração do espaço escolar, fazendo com que seja uma espaço de Ensino-Aprendizagem, de Construção do Conhecimento e, sobretudo, de inserção no seu Contexto Sociopolítico e Cultural.   Educação e Cultura são como "lados de uma mesma moeda"!   O estabelecimento da real relação entre essa duas realidades é extremamente difícil e complexa.

Olhando o nosso mundo, percebemos que há duas formas comuns de lidar com a questão da diversidade.   Por um lado, há a assimilação do diferente aos padrões que estão aí estabelecidos.   Reconhece-se o diferente mas exige-se que o mesmo se curve à Cultura tida como hegemônica.   Por outro lado, percebemos o desejo de separar o diferente, segregando-o como algo que está "fora da normalidade".   A Escola deve funcionar como um espaço de respeito às diferenças pois nela (Escola) ocorre um cruzamento de culturas e, uma não pode ser considerada melhor que a outra e, o diferente não pode ser considerado algo "anormal".   A Escola deve saber lidar com as diferenças e ensinar os seus a lidarem com as mesmas.

Porém, o que percebemos é que a Escola está passando por uma espécie de "crise", não conseguindo lidar com os desafios que a sociedade está lhe colocando e, também, não conseguindo acompanhar as mudanças pelas quais a sociedade vem passando.

No Brasil ainda há uma enorme dificuldade de lidar com a diversidade que lhe é própria.   Neste ambiente extremamente diverso (Brasil), três situações ainda são gritantes: a questão da raça (sobretudo a negra), da opção sexual (sobretudo, o homossexualismo) e, da religiosidade (sobretudo, as Seitas e as Religiões de Matrizes Africanas como o Candomblé).   A nossa realidade brasileira é extremamente marcada pela ideia da eliminação do diferente, da escravização e negação da alteridade do outro, pelo massacre de culturas e pela subordinação e exclusão daqueles que são considerados inferiores.

Apesar dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) reconhecerem a pluralidade cultural existente no Brasil, esteriótipos e visões ultrapassadas referentes à Diversidade ainda perduram em nossos ambientes educacionais e, ainda, apresentamos enormes dificuldades para discutir o tema do preconceito racial e étnico.   É preciso encarar a Diversidade de forma positiva para que as Desigualdades Sociais deixem de existir ou, pelo menos, diminuam entre nós.

Esse é um desafio que se nos impõe.   Fechar-se a ele poderá ser o caminho mais fácil porém, não dará à Escola as condições para se tornar aquilo para o qual ela existe:  formação da Pessoa em todas as suas dimensões.

Que Deus nos ajude a aceitar o outro como  o outro se apresentar a nós!

P.S.:  Este é um texto produzido a partir das aulas de "Educação e Diversidade" e, feito especialmente, para os meus alunos, porém, todos podemos tirar dele algumas lições para a nossa vida cotidiana!
Aproveitem para refletir à respeito deste assunto tão amplo e tão instigante! 





  


   

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Quem nunca sofreu preconceito ,que atire a primeira pedra,ou que nunca sentiu preconceito de alguem ou alguma coisa pode atirar também.
    Todo tipo de preconceito,é grave e deve ser repudiado com veemencia.
    Devemos nos atentar principalmente aos jovens onde nas escolas ,muitos deles sofrem com o bulling, onde essas ações são covardes ,pois atacam geralmente um jovem contra um grupo.Eles sofrem todas as formas de preconceito ,chamadas então de "brincadeiras". Um jovem,ou criança,que na maioria das vzs não conseguem se proteger,com certeza será um adulto problematico em suas relações.
    Precisamos sim,é formar jovens mais humanos e saudaveis,onde o respeito deve ser de fato o primeiro sentimento a ser tratado.
    Sempre lembramos que DEUS nos ama e nos aceita do jeitinho que somos.
    Fiquem na PAZ.

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  3. obrigado padre pelos seus textos ricos que nos ajuda no dia a dia...

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