sexta-feira, 25 de março de 2011

Terceiro Domingo da Quaresma - 27 de Março de 2011

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Continuamos as nossas reflexões neste Tempo da Quaresma fazendo uma breve recordação da nossa caminhada até aqui.   Na quarta-feira de cinzas, abrindo este Novo Tempo Litúrgico, fomos convocados pelo Profeta Joel a viver este momento como momento para "rasgar os nossos corações e não as nossas vestes" e, já aqui, percebíamos que para Deus o que irá contar é o nosso "coração contrito e arrependido e, não, os nossos sacrifícios externos" como nos lembrava o Salmo 50 daquele dia.   Já o Apóstolo Paulo, na segunda leitura  escrevendo pela segunda vez aos Cristãos de Corinto nos convidava a entender este Novo Tempo como sendo um "Tempo de Graça e de Reconciliação" e, implorava, em nome de Deus: "Deixai-vos reconciliar com Deus!"   Já o Evangelho nos apontava práticas que podem, se bem vividas e dentro do Espírito Quaresmal nos aproximar de Deus (Oração) e dos Irmãos (Esmola e Jejum).   Além disso, a recepção das cinzas (sinal) nos chamava a atenção pra necessidade de não perdermos a verdade sobre nós ("somos pó e ao pó vamos voltar") e, tal gesto de receber as cinzas, nos impelia a transformar em cinzas, isto é, em pó ou, melhor ainda, a nada, tudo aquilo que, às vezes nos faz pensar que somos mais do que, de fato, somos: o nosso pecado - Quaresma é Tempo de Conversão!

Já no primeiro domingo da quaresma, fomos colocados frente à realidade das Tentações = obra do diabo.   Percebemos que o ser humano é tentado independetemente de sua vontade ou, até mesmo, de sua adesão à vontade de Deus.   Somos tentados e ponto final!   Daí, a questão: se somos tentados independemente de nossa vontade, o que devemos fazer pra vencer tais tentações?    De acordo com a Palavra daquele domingo, vencer as tentações só será possível quando aprendermos a ouvir a voz de Deus e assumí-la como Verdade em nós.   Se temos nos exemplos de Adão e Eva (primeira leitura) o modo como se cai na tentação (escuta da voz do diabo e fechamento à voz de Deus), encontramos no Evangelho de Mateus, a receita, oferecida por Jesus, para ssairmos vencedores: às investidas do diabo, Jesus responde: "ESTÁ ESCRITO..."   Usando a Palavra, Jesus vence o mal e nos deixa  o exemplo.

No segundo domingo, percebemos que, em muitos momentos as tentações são muito severas e fortes e, acabam nos balançando e, aqui, neste momento, a fidelidade à voz do Pai, se faz mais necessário.   A história de Abrão (primeira leitura) nos levou a tal reflexão quando este se tornou capaz de abandonar tudo e partir para uma terra estrangeira (sem nenhuma segurança de que a encontraria), confiado, única e exclusivamente, na Palavra de Deus e na sua proposta.    No Evangelho, Jesus é transfigurado e, este episódio serviu para reanimar os discípulos que haviam passado por uma experiência com a Palavra não muito agradável (o capítulo 16 de Mt revela o tipo de Messianismo que Jesus veio revelar e, os discípulos ficaram chocados: renúncia, cruz, morte!)    Subir à Montanha e comtemplar o Rosto Divino de Jesus dá aos discípulos um novo ânimo pois, estes reconhecem a Divindade presente na humanidade de Jesus e, por conseguinte entendem o que lhes estaria reservado, caso fossem fiéis até o fim!

Depois deste resuno geral de nossa caminhada até aqui, vamos à Palavra deste terceiro domingo.

Hoje, a Palavra nos apresenta o tema da Água (primeira leitura e Evangelho) e, ligada a este tema,nos faz pensar na questão da sede e, todos os problemas que a ausência da Água pode produzir, as tentações de blasfemar e de duvidar da Ação de Deus nestes momentos de falta d'água e, como Deus nos responde generosamente.   Vejamos:

Na primeira leitura (Êx 17, 3-7), a experiência do Deserto vai se tornando dura demais: o calor, o cansaço, o frio, o medo dos animais que habitam este espaço, a fome, as investidas do inimigos e, sobretudo, a SEDE = falta d'Água vão minando a confiança que a Comunidade - por conta dos prodígios da Libertação - havia depositado em Javé.   A não satisfação das necessidades é uma porta aberta para que o diabo se apresente e conduza o Grupo do Deserto para a descrença, para a falta de Fé na Palavra de Javé que tudo sustem.   Pensam que Javé - o Deus da Vida e da Libertação - tenha retirado cada um (a) deles (as) do Egito para "matá-los" a todos (as) naquele lugar de privações.   Aqui, encontramos um pecado gravíssimo: Javé, o Deus da Vida, é considerado o deus da Morte = um ídolo.    O Grupo murmura, reclama e, "quase apedreja o líder Moisés".   Porém, o Deus da Vida se revela com sua força de Vida e, por meio de Moisés faz jorrar Água da Rocha no meio daquele Deserto.   Aqui, percebemos a verddadeira face de Deus: Ele é Amor, Compaixão e, não nos pune em proporção às nossas faltas.    Entende as nossas fraquezas, nossas faltas de Fé e, para nos reanimar na caminhada nos apresenta o melhor, o necessário para a manutenção de nossas vidas.

No Evangelho (Jo 4, 5-42), o tema da Água volta, só que agora, Jesus vai um pouco mais além, nos revelando que somente Ele pode saciar a nossa sede verdadeira de modo a não passarmos mais pelos dissabores que a sede provoca em nós.   O episódio do Diálogo de Jesus com a Samaritana é cheio de pormenores que devemos ter atenção para conseguirmos entender o real sentido do texto.  

Primeiramente, vemos Jesus num poço e no calor do meio dia.   A iamgem do Poço é cheia de significados para o mundo bíblico: no poço se travam conversas, as caravanas param para saciar a sede dos seus e dos animais, no Poço há encontros amorosos.   Tudo isso a imagem do Poço evoca (cf.: Gn 24, 10-25; 26, 15-25; 29, 1-14; Êx 2, 15-21).   Ver Jesus próximo ao Poço deverá trazer à tona essas ideias ou, pelo menos, uma delas.   Depois, Jesus se mostra, mais uma vez, como Aquele que não está preso às "convenções" quando estas estão à serviço da discriminação e, por sonseguinte, ao afastamento entre as pessoas.   A surpresa da Mulher Samaritana ao se perceber dialogando com um homem e, pior ainda, com um homem Galileu/Judeu é explicado pela situação da época que impedia homens de dirigir a palavra às mulheres e, no caso em questão, a situação ficou pior por conta da questão das raças pois, Judeus e samaritanos não se davam e eram inimigos ferozes.    Jesus não dá atenção a tais questões, talvez por ter objetivos mais nobres, melhores que são o resgaste integral da vida de cada ser humano.

Numa conversa, aparentemente sem nenhuma grande pretensão (isso é típico de Jesus), Jesus vai aos poucos fazendo com aquela samaritana um caminho, propondo um intinerário de Fé: começa pedindo água pra beber; depois avança afirmando que Ele poderia oferecer uma Água diferente que, se bebida jamais se voltar a ter sede; a mulher não entende essa linguagem e se mostra aberta pra beber essa Água mas, somente para não ter que voltar lá pra buscar (trabalho penoso, penso eu, para as mulheres daquele tempo).   Jesus segue no seu diálogo e, se mostrando conhecedor da vida daquela mulher,a deixa espantada.   Percebemos que, na medida em que o Diálogo segue, os títulos que a mulher dá a Jesus também vão se aperfeiçoando: no início Jesus é somente um homem, depois um homem estrangeiro, depois um advinho, um profeta, o Senhor e, por fim o Messias.

A experiência com Jesus, leva aquela mulher à compreensão de que Jesus é o legítimo Messias esperado e, como tal, capaz de revelar os desejos do Pai para toda a sua Comunidade, para o Mundo.   Aprende que os adoradores que agradam a Deus são aqueles que não se deixam enredar pelos critérios humanos (é aqui ou ali que se deve adorar e dessa e/ou daquela forma) mas, é preciso adorar em Espírito e em Verdade , isto é, com a Vida.   Aquela mulher vai tomando consciência de sua real condição de pecadora e, se abrindo à graça acabará se tornando uma apóstola que levará uma cidade inteira (a sua, no caso) a fazer a experiência que ela acabara de fazer e, descobri o que acabara de descobrir: Jesus é o Senhor e o Messias Esperado por todos!

Às vezes, como aquela mulher samaritana perdemos o nosso precioso tempo buscando saciar a nossa sede nos poços colocados à beira da estrada de nossas vidas.   Porém, é preciso entender que tais "poços" oferecem uma água que sacia, momentaneamente, a nossa sede.   Por isso, temos que voltar várias vezes pois a sede volta e, às vezes, com maior intensidade e exige cada vez mais água.   Jesus é Aquele que pode oferecer a Água Viva que, quando experimentada, sacia a nossa sede de fato e, melhor ainda, nos torna fontes a jorrar pelo Mundo afora.   Por vezes, deixamos de lado a Fonte de Água Viva e, "cavamos cisternas rachadas que não retem água alguma" nos desertos de nossas vidas, como nos fala o Profeta Jeremias.

Por fim, aquela mulher samaritana é fugura de todo o Povo de Deus que ao longo de sua vida (vira e mexe) abandonou o seu verdadeiro Amor para correr atrás de amantes que só fez explorar e deixar caída à beira do caminho (lembre-se: aquela mulher teve cinco homens = amantes mas, nenhum deles era o seu marido de fato).   Jesus é a o Deus que se fez Homem para resgatar a sua Esposa = seu Povo (lembre-se Israel é um termo em hebraico usado no Feminino).    Não importa o que tenha feito, o Amor de Deus pela sua Esposa = seu Povo é eterno e sem limites (veja primeira leitura de hoje).    Cabe a cada um de nós, como nos fala o Apóstolo Paulo na segunda leitura (Rm 5, 1-2.5-8) acreditar que  Deus colocou em nossos corações o Seu Espírito e, que O mesmo gera em nós a Esperança e, que esta jamais nos decepcionará.   O Amor infinito de Deus foi provado ao oferecer o Seu Único Filho em resgaste por todos nós que não merecíamos.   Isso é Amor de fato que, quando somos capazes de experimentar, temos a nossa vida transformada como a vida daquela mulher samaritana que representa todos e cada um de nós que nos enveredamos por mil e um caminhos mas, mais cedo ou mais tarde, nos deparamos com Aquele que tem pra nós a Água que pode saciar a nossa sede mais profunda.    

Façamos a experiência e comprovemos a Verdade da Palavra de hoje!

OREMOS:

Ó Deus de Amor e Misericórdia, hoje queremos te louvar por nos levares à compreensão do quanto somos amados e queridos por Ti.   Só Tu tens a Água que pode saciar a nossa Sede.   Só Tu és a Fonte de onde poderemos tirar essa Água.   Concede-nos, Te pedimos, que nesta caminhada quaresmal as nossas vidas se voltem para Ti com maior intensidade e, que, nos desprendendo e nos desviando dos "poços" falsos, encontremos em Ti a razão de nossa existência.   Isto Te pedimos, ó Pai, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Teu Filho e nosso Irmão, que Contigo vive e reina, na Unidade do Espírito Santo!   Amém! 

   

9 comentários:

  1. Padre.
    Admiremos a bondade de Jesus,esperando apesar da grande fadiga,a nós pecadores,a fim de converte-nos e fazer de nós apostolos.
    Jesus tem sede das nossas almas,assim nós pecadores,passamos por Jesus,entramos nas igrejas,mas indiferente e descuidadosnão vemos sua alma.Jesus nos fala: Da-me o teu coração.
    Sob a imagem de uma agua viva,ele quer falar dos bens espirituais do seu eangelho,dos sacramentos.
    Há grande diferença entre a água de um poço e a água viva:
    A água de um poço tira-se com dificuldade,onde ela dorme.
    A água viva jorra por si mesma á flor da terra,tem movimento,tem vida.
    Que cequeira a do pecador que fecha o coração para as graças de Jesus.
    Abraços e boa noite

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  2. Padre, os textos deste final de semana são riquissímos de mensagens, mas a sua explicação sobre a aula de catequese que Jesus deu a samaritana, é especial. Que nós possamos estar abertos e entender o amor que vem de Deus,como aquela mulher,e matar a nossa sede no conhecimento dessa Palavra,que ao mesmo tempo,nos surpreende, nos alerta e nos conforta. Obrigada.

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  3. Padre, eu acho que se realmente rasgarmos o nosso coração para que ele seja lavado com a água viva de JESUS nunca mas teremos sede mesmo sabendo que caminhar ao lado DELE não é nada fácil, vem as labutas,aprovações, vem tb aqueles que se afastam de nós dizendo até que estamos ficando diferentes uns dizem para melhor;outros por que deixamos de lado as coisas do mundo essas que não ajudam em nada só a piorar a sua vida,falam que estamos ficando caretas, mas tenho certeza que eles quando tb tomarem dessa água vão compreender que pode ser tudo mais dificil; só que vão ver que como passar o dificil com ELE é bem mais fácil que sem ele...

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  4. Padre, agora vamos falar sobre o que não concordei contigo, sobre o encontro de casais tudo bem que cada um tem sua Paróquia no seu bairro, mais mesmo morando em ''JUQUITIBA'',
    aquele casal possa a vir a ser um casal evangelizadores ,não só na Pároquia que frequenta mas tb em todos os lugares que forem,isso se não tiver esse encontro maravilhoso que é o e.c.c., na comunidade deles e vivendo esse momento bom; eles possam ser levadores do E.C.C.,a sua comunidade, isso é só uma opinião... obrigada.

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  5. Eu já acho que Jesus falou para a mulher porque tinha certeza que ela iria ajudar a evangelizar.. graças a facilidade de se comunicar das mulheres. rsrs

    Gostaria de me aprofundar mais nas leituras de João. A mulher (sem nome) que representa o povo os 5 maridos que ela teve e o 6º que não é dela, que representam os deuses adorados na Samaria..

    Muito interessante.

    Abs

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  6. Quero agradecer os comentários e dizer que fico muito satisfeito pelo retorno de cada um de vocês. Obrigado Isa, Gene e Família de nosso Senhor.

    Quanto ao Eduardo, uma resposta à parte: Se em "Juquitiba não houver o ECC, o caminho mais correto a seguir é buscar uma Paróquia o mais próximo possível de lá e, com a autorização do Pároco, casais irem fazer o Encontro com o intuito de levar esse trabalho para lá. No caso, a Paróquia próxima ficará como uma "espécie" de madrinha de Juquitiba mas, nunca e em hipótese alguma levar os casais pura e simplesmente para fazerem essa experiência e pronto. Não é assim que o ECC funciona. Se quiser posderemos conversar pessoalmente e esclarecer melhor esse assunto caso ainda reste dúvidas.

    Querido Bruno, de fato o Evangelho de São João é um caso à parte pois a sua profundidade teológica, por vezes, pode nos escapar. Em São João nem sempre o que está escrito é o que parece pois ele (João) está, sempre, vendo um pouco à frente. Mas, se quiseres poderemos conversar sobre o assunto e, o que tiver ao meu alcance será um enorme prazer compartilhar com você. Mas, continue firme e buscando mais fundo nestes textos de São João! Abraços!

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  7. Querido Padre, a inteligência, a presteza, a atenção que Jesus dispensa às pessoas, pra mim é sempre um encanto... as pessoas se abrem à Ele porque é de verdade único e raro o jeito Dele, é tão autêntico!!! Chega no coração mesmo!!! Não é superficial!! Não é politicagem... é amor mesmo! Sabemos quando é amor! Mudamos por amor!
    Que nesse período de graça saibamos mudar por Ele e para Ele.

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  8. Dar agua,significa acolher,mesmo sabendo que os samaritanos negavam agua aos judeus.
    Quem tem sede é Jesus,mas quem precisa de acolhimento é a mulher,ou melhor todo o povo de DEUS.
    Jesus é a propria agua viva,onde se revela,e mostra-se presente na relação de fraternidade e gratuidade.
    A agua que Jesus nos dá,é o proprio espirito,a força que vem de dentro e jorra e nos renova para a vida eterna.
    Fiquem na PAZ.

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  9. Muito bom os comentários de vocês.Agradeço a atenção e continue mandando o que estão achando dos textos. Obrigado!

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