sexta-feira, 1 de abril de 2011

IV Domingo da Quaresma - 03 de Abril de 2011

Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Tendo caminhado mais da metade deste Tempo Quaresmal, chegamos ao quarto domingo, conhecido como "Laetere" ou "Domingo da Alegria".   Isto acontece porque neste domingo podemos experimentar - pelo menos, um pouco - as alegrias que as Celebrações Pascais nos proporcionarão em plenitude.   Já na Antífona de Entrada da Celebração, temos: "ALEGRAT-TE JERUSALÉM!   REUNI-VOS, VÓS TODOS QUE A AMAIS; VÓS QUE ESTAIS TRISTES, EXULTAI DE ALEGRIA!   SACIAI-VOS COM A ABUNDÂNCIA DE SUAS CONSOLAÇÕES!" (cf. Is 66, 10-11)

Neste Domingo, somos convidados a entender Deus, a partir de Jesus, como Aquele que pode "iluminar" os nossos olhos (cf. Jo 9, 1-41) afim de podermos enxergar as pessoas com o Seu olhar puro e, não nos deixarmos enganar pelas "aparências" (cf. I Sm 16, 1b.6-7.10-13a).    Já, na segunda leitura, o Apóstolo Paulo (cf. Ef 5, 8-14) nos recorda que, antes do nosso Encontro com o Senhor, "nós éramos trevas mas, agora, somos Luz no Senhor e, portanto, devemos praticar as obras da Luz: bondade, justiça, verdade".

Na primeira leitura, nos deparamos com a história da escolha de Davi e sua unção.   Esta leitura nos apresenta algumas lições, extremamente importantes, para todos que buscam uma Conversão Sincera e de Coração nesta Quaresma.   Num primeiro momento, percebemos que o infinito Amor de Deus por Seu Povo é a garantia de Sua Bênção e, que, por piores que sejam as circunstâncias, Deus não abandona os Seus.   A escolha de um novo rei, de um novo líder é, neste momento, de grande importância uma vez que Saul (rei da época) não estava respondendo como se esperava.   O momento histórico é complicado pois Israel se vê envolvido pela possibilidade de ser invadido pelos Filisteus (homens guerreiros e gigantes - temidos ) mas, Saul não consegue reverter a situação complicada.   Diante desta situação trágica, Deus escolhe um novo líder e, diferentemente de Saul (filho único, de uma família de posses - escolhido pelo povo e "confirmado" por Deus), a escolha recai sobre Davi (último filho, de uma famílai pobre, porém escolhido e eleito por Deus).   Aqui, o ponto central da narrativa desta leitura:  a diferença crucial entre os critérios do homem (Samuel) e os critérios de Deus para escolher os seus instrumentos.    Samuel, diante da Missão (enfrentamento dos Filisteus) imagina que o escolhido deve ser o filho mais velho descrito como sendo um homem "de boa aparência e bela estatura física".   Porém, Deus o repreende: "não lhes para sua aparência... porque Eu o rejeitei... o home vê as aparência, Eu o Coração!"   Disse Javé!   E, assim, Jessé faz passar diante de Samuel todos os seus sete filhos mas, ao contrário do que era esperado, Javé não se agradara de nenhum.   Por fim, apergunta: "Não há mais nenhum?"   E a surpresa: existe um último, caçula (não conta), sem porte e/ou garbo físico para o enfrentamento dos Filisteus.   É Davi, menino ruivo, de bela aparência, mas, muito, muito jovem e, acostumado a cuidar das ovelhas do pai.   Não poderia ser este de forma alguma, pensam!    Mas, é este o eleito de Deus.    é escolhido não por conta de suas possíveis "credenciais" para o cargo mas, a escolha é feita exatamente por não possuir tais credenciais para que, no final, todos possam entender que a Vitória é obra de Deus e não do homem.   Diante dessa leitura, nos perguntamos: como fazemos as escolhas em nossas Comunidades?   Quem é considerado apto para as funções?   Os critérios utilizados são os de Deus ou os do mundo?   Será que não continuamos nos comportando e enxergando as pessoas e o mundo como Samuel?

Estas perguntas podem fazer a ligação desta leitura como Evangelho deste Domingo.    No texto evangélico de hoje, vemos Jesus (como no domingo passado) nos mostrando que para Ele o que conta é o Ser Humano pois foi para resgatar e salvar este Ser Humano das garras do diabo e do pecado, que Ele veio.   Como a Samaritana do terceiro domingo, o cego de nascença é outro ser humano excluído pela "Religião" dos Fariseus.   A cegueira, bem como muitos outros males físicos, era considerada uma consequência do pecado (da própria pessoa em questão ou de algum antepassado dela).   Assim, essas situações (doenças e pobreza) eram consideradas "castigos divinos" e, assim sendo, era o "sinal externo" de aquela pessoa não era amada por Deus e, se Deus não a amava, os "fiéis a Deus" não podiam amá-la também.    A lógica funcionava, mais ou menos, assim:   Deus era percebido como Aquele que não agia mas reagia às ações produzidas pelas pessoas.   A cada ação humana, teríamos uma reação divina.   Assim, se o ser humano foi capaz de ações boas, Deus também o será e, abençoará aquela pessoa mas, se a pessoa fez coisas más, Deus a castigará, amaldiçoando-a.    Mas, aqui surge uma questão:   como saber se Deus está abençoando ou amaldiçoando alguém?   MUITO SIMPLES:  basta olharmos para a vida que a pessoa tem:   se for uma vida boa (entenda-se boa como RICA E SAUDÁVEL sobretudo), esta é considerada abençoada e, portanto é uma pessoa que só faz obras agradáveis a Deus e, por isso, Ele a abençoou com a riqueza e a saúde.   Já, se a pessoa leva uma vida "desgraçada" (desgraçada, aqui, deve ser entendida como POBRE E DOENTE), estes são sinais de maldição, de castigo por conta daquela ser uma pessoa que não agiu de acordo com a vontade divina.  

Ora, podemos perceber que estes critérios eram extremamente bons para os que viviam muito bem e, extremamente cruéis, para os que já estavam numa situação lastimável de vida.    Reforçava os muros de separação entre as pessoas e, uns acabavam se "sentindo" melhores que outros e, pior ainda, uns se achavam no "direito" de se transformarem em verdadeiros "juízes" dos outros.

Para Jesus, esta é uma invenção humana pois as desventuras são uma consequência da própria vida e, servem, até, para a "manifestação da glória de Deus".    As pessoas não experimentam o fracasso, a dor, o sofrimento, única e exclusivamente, porque pecaram e, estão, sendo "castigadas" por Deus.    Deus não castiga os Seus filhos (as).   Por isso, Jesus se aproxima do cego à beira da estrada e, fazendo uma "massinha" de barro (criação do homem no Gênesis) com saliva (para os antigos, a saliva escondia o "hálito" da vida), toca nos olhos do cego.   Manda se lavar na piscina de Siloé = Enviado e, para surpresa geral, o cego passa a enxergar.    Este fato, que deveria provocar a alegria, deixa furiosos os "mantenedores" da ordem e dos bons costumes, os responsáveis pela "religião", os que se consideravam "depositários" das "verdades" e "vontades" divinas.   Ao descobrirem que o fato havia sido realizado num "sábado" (Lei Maior do Judaísmo) e, pior ainda, havia sido realizado por Jesus, interrogam, criticam, brigam, chamam os pais do "ex-cego", movendo mundos e fundos para não reconhecerem uma imagem de Deus trazida por Jesus que se chocava, frontalmente, com a deles.   A ação de Jesus revelava um Deus, diametralmente, oposto ao Deus das autoridades judaicas.   E, isso, era um perigo à manutenção de privilégios daquelas autoridades.

Por outro lado, percebemos que o intinerário seguido pelo cego vai num crescendo: primeiro reconhece Jesus como homem, depois profeta, enviado de Deus e, por fim, após a expulsão da Sinagoga, como Filho do Homem e Senhor.   Essa experiência com Jesus abriu os olhos da carne mas, também, da alma daquela pessoa.   A experiência com Jesus o encoraja e, se antes acietava a sua triste situação como "vontade de Deus", agora enfrenta todos que tentaram levá-lo a tal compreensão.   Tem argumentos sólidos e convincentes para revelar Jesus como enviado do Pai a, partir, até, das palavras dos próprios fariseus: "sabemos que Deus NÃO atende os pecadores e, Deus agiu por meio de Jesus. Daí, Jesus não pode ser o que os fariseus pensam!"

Este "ex-cego" é agora alguém que passou das trevas para a Luz e, está pronto para se tornar um "Enviado" que vive a verdade, a bondade e a justiça!

OREMOS:

Ó Deus, Pai de Amor e de Bondade!   Te agradeço porque neste quarto domingo da quaresma, Tu Te manifestas a nós como um Deus que não "castiga" mas que quer salvar e resgatar todos os Seres Humanos.   Te agradeço, também, porque com a Tua Palavra, Tu nos iluminas os olhos da carne e da alma e, nos fazes compreender que, para Ti o que conta, de fato, é este Ser Humano.   Para Ti, as aparências não valem pois, o Ser Humano vale por aquilo que é: Teu Filho.    Ajuda-nos a viver esta alegria de Te descobrir como um Deus que nos Ama com Amor Infinito e, feita esta experiência Contigo, levá-la a todos (as) que conosco estiverem!    Isto nós Te pedimos, pelos merecimentos de Jesus Cristo, que Convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo!   Amém!  

10 comentários:

  1. Lindos os textos desse 4ºdomingo e linda sua replexão.
    Me junto a você nesse pedido a Deus: Ajuda-nos a viver esta alegria de Te descobrir como um Deus que nos Ama...e, quer estar junto de nós.
    Amém!

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  2. Prezado Padre Ezaques ,
    Na história da escolha do Rei David chegamos naquele velho clichê, “DEUS NÃO ESCOLHE OS CAPACITADOS, MAS CAPACITA OS ESCOLHIDOS”. Coisa que vem se repetindo durante toda a história do povo de Deus, como aconteceu com Moises, Noé, e muitos outros personagens da história de nossa igreja. Quando “DEUS” escolhe não há quem consiga resistir ao chamado!
    Interessante como aconteceu à cura dessa pessoa que não enxergava, Jesus não foi lá e simplesmente realizou o milagre, foi necessário o reconhecimento de que Jesus era mesmo o filho de “DEUS” e único Senhor. Que “DEUS” também possa tirar de nossos olhos todas as traves que não nos deixa enxerga Jesus como o único e verdadeiro SENHOR.

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  3. obrigado pelos comentários que vocês escreveram. Espero que as reflexões estejam ajudando a viver o tempo da quaresma da melhor forma possível e, experimentando Deus tal qual Ele se nos apresenta!

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  4. Padre tenho certeza que como para mim, todos estão muito feliz por este espaço que temos contigo, pessoalmente é muito importante pois entendo mais ainda a vontade de Deus em minha vida, Louvo e agradeço a Deus por tua vida e a graça de te ter como Pastor e Amigo
    Abraços

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  5. Muito obrigado pela sua atenção e comentário. Que Deus te abençoe hj e sempre. Espero que os textos continuem te ajudando a crescer na fé e no conhecimento de nosso Deus!

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  7. Bom dia padre!
    Nem sempre os males e enfermidades da vida são castigos do Pecado.
    Muitas vezes são para nós o motivo de merecimento,e de maior glória para Deus.Penso eu!
    A piscina é um simbolo do sacramento da penitência,onde nós pecadores nos lavamos das nossas culpas,nas lagrimas do arrependimento.
    Fonte de luz e de Vida,Jesus o enviado,é a verdadeira fonte,contra a cequeira.
    Justo juizo de Deus,pelo qual os humildes e ignorantes recebem a luz da Fé,ao passo que os orgulhosos,os que julgam possuir a luz,inchados da sua ciência,caem na mais completa cequeira.
    O pecador arrependido é sempre ouvido,quando pede o Perdão das suas Culpas.
    Até a próxima!

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  8. Em Davi vemos Deus manifestar no Antigo testamento o que Paulo cita no Novo.

    "Mas o que é loucura do mundo, Deus escolheu para confundir os sábios; e o que é fraqueza do mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte".

    Aquele que nem pelo pai biológico era acreditado como potencial, aos olhos de Deus Pai se fez o grande rei do povo de Deus.

    Deus de fato capacita aqueles que ele escolhe.

    Abs

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  9. Depois que Jesus tocou o cego,deu-lhe então uma ordem: vá e lave-se.
    Jesus aponta o caminho. ,assim o cego cumpre o que deteminou Jesus.
    Tornando-se curado e livre.
    Fiquem na PAZ.

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  10. Obrigado pelos comentários e, espero que meus textos estejam colborando para o crescimento pessoal dos leitores (as). Que a experiência com o Deus da Vida, nos estimule a amar mais e melhor a vida de cada irmão! Que Deus nos abençoe sempre!

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