domingo, 3 de abril de 2011

"O Difícil Caminho da Conversão"

Queridos leitores (as), paz e bem em Cristo Jesus!

Durante as Celebrações dos dias de semana deste Tempo da Quaresma, venho percebendo como que aderir ao Caminho de Conversão é extremamente complicado.   Nas homilias que faço, tenho percebido, pela participação dos fiéis, essa enorme dificuldade que nós temos para aceitar aquilo que o Senhor nos fala e nos pede em Sua Palavra.

Diante desta minha percepção, resolvi escrever as reflexões que, após as Celebrações, acabam por me acompanhar durante o dia e/ou semana.   Quero partilhar com vocês algumas considerações que as Partilhas da Palavra (homilia) deste período estão me proporcionando a respeito deste tema.

Um primeiro ponto que venho refletindo é que nós não temos, muito claro, o real sentido do termo CONVERSÃO.   Confundimos a Conversão com uma "espécie de reforma" que fazemos, vez ou outra, em algum setor de nossas vidas.   Assim, eu me proponho a melhorar "meu mau gênio", ou "posso falar menos dos outros (as)", ou "irei com mais assiduidade às Celebrações", ou ... tantas e tantas outras coisas que precisamos "dar uma melhorada" e, assim, vamos caminhando.   Não há, de nossa parte, uma parada no ritmo de nossas vidas para fazermos uma reflexão séria dos porquês que a nossa vida está do jeito que está.   Não somos capazes de voltar ao começo, à origem dos nossos principais e reais problemas que afetam as nossas relações conosco mesmos, com o próximo e, sobretudo, com Deus.   Por medo, preguiça, comodismo ou qualquer outro motivo não gostamos de nos deparar com vida que levamos e, preferimos caminhar como a maioria das pessoas "empurrando os problemas com a barriga".

Essa dificuldade atrapalha a nossa Conversão Verdadeira pois a mesma exige de nós a compreensão do momento exato em que aquele pecado entrou em nossa vida, como ele entrou e porque entrou.   Isso só será possível se vencermos aqueles sentimentos citados anteriormente e, mergulhando dentro de nós mesmos, iniciarmos essa busca do ponto inicial desta situação de pecado.   Para muitos, me parece que este "retorno às origens" funciona como uma "perda de tempo" pois, afinal, a vida já avançou e, não faria o menor sentido "voltar atrás".   Porém, para os crentes esse exercício não pode ser considerado uma "perda de tempo" mas, ao contrário, deve ser entendido como seu contrário.   Na verdade, tal tarefa é um "ganhar tempo" pois nos possibilitará retomar o caminho, só que agora, do modo correto, sem atalhos produzidos por nós, mesmo porque, atalhos podem ser mais fáceis, cômodos, simples, porém, jamais, nos conduzirá ao real objetivo de nossas vidas: o Encontro Verdadeiro com Deus!

A Conversão é um trabalho minuncioso, vagoroso, complicado e difícil de Restauração.   Todos sabemos que a Restauração não uma tarefa fácil pois exige um conhecimento, o mais aprofundado possível, da "Obra" tal qual era na sua Origem, tal qual saída das mãos do seu "Criador".   Depois, é preciso que, com muita paciência, as camadas que se sobrepuseram à "Obra" sejam retiradas até o ponto em que o "Original" surja.   Por ser assim, acabamos optando por pequenas "reforminhas" que, podem não ser o ideal mas, por vezes, acabam satisfazendo também.

Outro ponto que percebo estar na origem das nossas dificuldades em experimentar uma Conversão Verdadeira é o Conceito que temos a respeito de Deus mas, que muitas vezes, não transparecemos o Conceito Verdadeiro com a Vida que levamos.    Pensamos Deus como Amor, Paciência, Perdão, Misericórdia mas, a nossa vida revela um "deus" que odeia, impaciente, e vingativo.   É preciso que Deus seja experimentado como Verdade, não somente em nossas mentes mas, sobretudo, em nossa Vida.   Quando mudarmos o nosso comportamento, estaremos demonstrando que esta Conversão teve seu início em nós.

Um outro fator que prejudica a nossa Conversão Sincera é o nosso desconhecimento da Palavra de Deus.   Sem tal conhecimento, ficamos sem um parâmetro que nos dê segurança no processo.   Quando a Palavra de Deus não é conhecida por nós, nós nos tornamos o critério de julgamento das nossas atitudes e, acabamos por pensar que não estamos errados.   Ao contrário, quando conhecemos a Palavra, esta vai iluminando os recantos de nossas vidas e nos faz enxergar pontos que estiveram durante anos escondidos e que continuam a influenciar negativamente as nossas vidas e, que, a partir de agora, com a Luz da Palavra, poderemos mudar.

Acredito que estes fatores - Voltar atrás, no ponto inicial; Apresentar, com a Vida um Conceito Verdadeiro de Deus e, Conhecer a Palavra - são fundamentais se quisermos aproveitar este Tempo de Quaresma como um Tempo Forte de Graça e de Reconciliação com Deus e com os Irmãos.   Apreveitemos, portanto, o tempo que nos é oferecido para fazermos este CAminho e, veremos que, as Celebrações Pascais serão mais Verdadeiras porque nos encontrarão, de fato, convertidos, nos encontrarão como homens e mulheres novos!

Que Deus, o Pai das Misericórdias nos auxilie nesta luta diária.   Amém!

3 comentários:

  1. Existe uma trilha (caminho pronto) mas se eu não seguir por ela não chegarei até a Páscoa, vida nova. A Igreja nos aponta de forma clara essa trilha, agora, depende de cada um. Os passos que eu tenho que dar NIUNGUÉM poderá dá-los por mim.
    Obrigada, padre, por fazer parte dessa Igreja que me aponta a VIDA NOVA.

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  2. Nas celebrações diárias, com a sua explicação, eu sinto que o nosso conhecimento sobre a Palavra de Deus, está se desenvolvendo, e nos faz pensar sim, sobre todas as coisas erradas que fizemos e de como devemos corrigi-las, com paciência, resignação e compreensão, mas também, nos dá mais condições de seguir o caminho, com a consciência do que é certo(da maneira certa de agir), baseados na certeza da companhia protetora e amorosa, de Deus. Para mim, é essa confiança que nos leva a conversão, a acreditar nesse Cristo que Ressuscitou por cada um de nós. O difícil, é viver isso num mundo, onde a pedra que fecha o túmulo de Jesus, ainda não foi rolada.
    Obrigada Padre, por abrir os nossos olhos diariamente.

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  3. Que bom que vcs gostaram do texto e postaram os seus comentários. Espero que minhas reflexões estejam colaborando, de alguma forma, para o crescimento espiritual de cada um (a). Que Deus nos abençoe sempre!

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