sábado, 4 de fevereiro de 2012

"V Domingo do Tempo Comum: O que fazer frente ao Sofrimento Humano? - 05 de Fevereiro de 2012

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Dando sequência às nossas reflexões sobre a Palavra de Deus neste reinício do Tempo Comum, continuaremos na busca de compreender o nosso Deus como sendo Aquele que CHAMA, que CONVOCA, que dá uma VOCAÇÃO para TODOS pois, ao contrário de nós, Ele é um Deus que não faz nada "POR ACASO".   Assim, no II Domingo Comum refletimos sobre o que é a VOCAÇÃO, bem como as condições para se OUVIR o CHAMADO e o papel dos MEDIADORES na descoberta vocacional; no III Domingo Comum entendemos o "PARA QUÊ" Deus nos chama e, percebemos que assumindo o CHAMADO nos tornamos PROFETAS para falar em nome de Deus e, tal situação gera incômodos em nossa vida - IV Domingo Comum - pois nos tornamos seus porta-vozes.   Hoje, V Domingo Comum, somos convidados a refletir sobre o drama humano do SOFRIMENTO e, na perspectiva de Deus encontrar a solução para o mesmo.   Vejamos:

Na Primeira Leitura (Jó 7, 1-4.6-7) percebemos todo o lamento desta Personagem (Jó) sobre a condição humana: "A VIDA É UMA LUTA INGLÓRIA!"  De fato, a personagem em questão é descrita, no início do texto, como sendo repleta de felicidade (rica, família numerosa, prestígio ...) mas, em determinado momento, percebe escorrendo por entre os dedos todas essas "alegrias", vistas como "BÊNÇÃOS" do Senhor em sua vida: perde os bens, os filhos, a saúde e, por fim, até a esposa e os amigos ficam contra ele e, tentam levá-lo ao reconhecimento de que a sua "DESVENTURA" é um "CASTIGO DIVINO" por algum mal que havia cometido (ideia, presente até os nossos dias, de que Deus RETRIBUI a cada um o que cada um fez e faz por MERECER - a teologia da Retribuição, dos Merecimentos).   Diante deste quadro terrível de perda de TUDO, Jó faz a sua reflexão à respeito da condição humana.   Entende que a Vida é uma Luta aonde temos que trabalhar sem ver o resultado de nosso trabalho.   Trabalhamos para que outros desfrutem de nosso labor.   Decepção e noites de sofrimento é o que lhe restaram.   "Sou, afirma, como um escravo que deseja a sombra ou o assalariado que espera o salário" e, completo eu, "que em muito smomentos nunca chegam de fato!   Os dias vão passando, um após o outro, e NADA de BOM acontece!   Me deito pensando quando me levantarei e, ao levantar-me, me encho de sofrimento até que a noite chegue novamente.   Os dias correm e, para o sofredor, a vida que vai chegando ao fim, parece não produzir muito ou nenhum sentido.   O que fazer diante de tão triste quadro?   Para Jó só há uma saída: "PEDIR QUE DEUS SE LEMBRE!"   Se lembre de quê?   Da Aliança estabelecida desde sempre; Aliança esta que teria o Ser Humano como CENTRO de TUDO.   Ele (DEUS) não pode ser este mero retribuidor de benesses e castigos na medida da percepção daquilo que os seres humanos fazem de bom ou mau.   Ele tem que ser MAIS QUE ISSO!

Ora, esta ideia levantada pelo Livro de Jó (Deus AMA o SER HUMANO acima de tudo) se revela na ação de Jesus no Evangelho de hoje (Mc 1, 29-39: sequência do Evangelho do Domingo passado).   Ao contrtário do que possa parecer, Deus faz não porque o homem e a mulher merecem mas porque os ama com AMOR INFINITO.   O Ser humano vale mais que TUDO diante de Deus e, assim sendo, Ele (Deus) não pode se conformar com NADA que tente degradar, diminuir, destruir a VIDA do mesmo.

Saindo da Sinagoga (aonde no Domingo passado havia expulsado um "espírito imundo" que mantinha aprisionado um ser humano), Jesus se dirige à Casa de Simão Pedro.   Encontramos, aqui, um primeiro contraponto neste Evangelho, a saber: SINAGOGA X CASA e, aos poucos iremos perceber que na primeira Jesus não sentirá bem, ao passo que na segunda, sim.   Da primeira (Sinagoga) se armarão os seus inimigos que tramarão a sua morte e, na segunda (Casa) Ele encontrará apoio e descanso.   Poré, hoje, na Casa há uma situação de não-vida, de abandono, de castigo mesmo como entendiam os religiosos do seu tempo: a sogra de Pedro está de cama, com FEBRE!   À época, o que deveria ser feito era se afastar para não ser "contaminado" pela maldição.   Jesus, ao contrário, nos ensinará que a destruição do mal não se dá com o afastamento mas, com o ENFRENTAMENTO, com a APROXIMAÇÃO, com o TOQUE sem medo!   Vejam as ações de Jesus: SE APROXIMA, SEGURA NA MÃO e AJUDA A LEVANTAR-SE!   Também nós, seguidores e seguidoras do Mestre Jesus deveríamos ter estas atitudes com relação àqueles que estão sofrendo.   Quando agimos assim, levamos as pessoas a reconhecerem Deus como de fato é: Deus AMOR!   Ao contrário do que falaram a mulher e os amigos de Jó, Deus não fica longe dos que sofrem mas PRÓXIMO!

Estas atitudes de Jesus (expulsão do demônio - semana passada e, cura da febre hoje) faz o Povo compreender que Ele revelava o próprio Deus (agia com AUTORIDADE - semana passada) e, por isso, acorrem a Ele, levando todos (as) que estavam sofrendo por qualquer motivo e, Jesus os cura a todos.

O final do Evangelho nos mostra Jesus se retirando para estar a sós com o Pai = Oração.  Temos, aqui, uma primeira atitude de ignorância por parte dos discípulos: procuram-no e querem que Ele volte para continuar sua atividade miraculosa e, assim, conquistar o prestígio e, quem sabe, o poder sobre estas pessoas.   Porém, a resposta de Jesus é enfática: "Precisamos ir a outros lugares e aldeias pois, foara dali há muitos irmãos e irmãs que também necessitam!"   

Aqui, percebemos Jesus fazendo aquilo que Paulo na Segunda  Leitura de hoje (I Cor 9, 16-19.22-23) nos apresenta como verdade em sua vida: é preciso pregar, gratuitamente, o Evangelho do Reino.   Fazer a experiência do Amor de Deus impulsiona o ser humano ao encontro do outro e, se fazendo TUDO PARA TODOS busca ganhar alguns para Cristo.

Peçamos a Deus que nos ajude em nossa caminhada de fé e, na medida em que formos fazendo a experiência com Ele, que consigamos vencer o mal, a dor, o sofrimento estando e se fazendo próximo dos que sofrem a exemplo Dele na Palavra de hoje!   Amém!

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