Amados irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!
Chegamos, hoje, ao III Domingo do Tempo do Advento e, essa Celebração nos permite vislumbrar e compreender com maior clareza o que significa a Solenidade do Natal que se aproxima. A Palavra de Deus que nos é proposta nesse Domingo nos enche de alegre esperança e nos faz desejar, com mais ardor, a chegada, o nascimento de Jesus em nós e em nosso meio. Nesse Domingo somos convidados a entrar no mistério do Natal do Senhor e experimentarmos as alegrias que daí decorrem.
Na Primeira Leitura (Is 35, 1-6a. 10) vemos o Profeta exortando a Comunidade que está fazendo a experiência do Exílio na Babilônia a se alegrar e a exultar porque o Senhor e Salvador está chegando, está próximo. Retomando a História do Povo de Deus podemos compreender que o período do Exílio na Babilônia foi um dos períodos mais trágicos dessa História (e, porque não dizer, o mais trágico!). Digo isso pelo fato de compreender, em primeiro lugar, que a Babilônia é uma espécie de repetição dos acontecimentos do Egito (escravidão, dor, sofrimento, morte...). Porém, a Babilônia é mais trágica pelo fato de o Povo ter experimentado tal situação após ter conquistado uma vida plena, boa, farta, rica, poderosa. Sabemos que para aquele que nunca teve nada, continuar sem ter é um problema mas, pelo fato de não ter nada com que comparar, aquela quase que parece a única possibilidade existente: para quem nasceu, viveu e morreu comendo ovo frito sem nunca ter experimentado filé mignon, continuar com o ovo frito é a única possibilidade. Porém, quando nascemos comendo ovo frito mas, ao longo da vida, crescemos e conquistamos o filé, voltar a comer ovo frito, é péssimo. E, acredito que a Babilônia foi, mais ou menos, esse segunda experiência: o povo que não era NADA se tornou Forte e conquistou TUDO mas, na medida em que foi se afastando dos preceitos, das leis e mandamentos do Senhor foi, passo a passo, fazendo o caminho de volta para o fundo do poço de onde saíra.
No Exílio, durante 50 anos, o povo teve a oportunidade de refletir sobre os acontecimentos de sua História e, pouco a pouco, foi amadurecendo uma ideia: o culpado pela perda de TUDO era ele mesmo e não Deus que, como pensava no início, havia se afastado e o estava castigando!
Ora, acredito que quando percebemos a causa de nosso sofrimento, de nossa dor, a saída vem automaticamente. Na reflexão feita no Exílio o Povo percebe que ao longo de sua História o período em que foi fiel à Lei e aos Mandamentos do Senhor, houve progresso e, a derrocada foi consequência da Infidelidade, do pensar que poderia, agora que conquistara TUDO, seguir pelos caminhos da vida, sem precisar de Deus! Dessa forma, sem que se desse conta, o povo foi fazendo a descida, o caminho para trás, foi se encaminhando para o buraco sem fundo!
Ao chegar a tal conclusão - o culpado pela dor, sofrimento, desgraça ... é o próprio Povo que com sua Infidelidade se afastou de Deus e de seus Preceitos - é possível sair e fazer o caminho de subida. Se fechar-se a Deus promove o Exílio, abrir-se a Ele nos levará de volta para nossa Pátria e, é isso que o Profeta fala na Primeira Leitura: alegre-se a terra que era intransitável e deserta, exulte a solidão e floresça como o lírio ... pois os habitantes verão a glória do Senhor, a majestade de nosso Deus! Que belas palavras para um povo que experimentava a dor, o sofrimento provenientes do Exílio...
Se Deus está chegando em nosso meio é preciso que se fortaleçam os joelhos e mãos enfraquecidas e o deprimido crie ânimo e não tenha medo pois Deus está chegando e sua chegada transformará a má sorte que o pecado produziu na vida do povo: cegos enxergarão, surdos ouvirão, mudos falarão, coxos saltarão como cervos e os que o Senhor salvou voltarão para casa cantando os seus louvores.
Toda essa transformação é consequência da chegada de Deus em nossa História, chegada essa que se dá a partir do momento que reconhecemos os nossos erros e desejamos nos emendar e não voltar ao pecado que destrói. Ora, toda essa Leitura do Profeta Isaías nos prepara para compreender a força do texto evangélico de hoje (Mt 11, 2-11) pois nele, Jesus nos é apresentado como Aquele de quem falou o Profeta.
Ao ouvir falar das obras que Jesus estava realizando, João, que está preso, pede que alguns dos seus lhe perguntem se é ele o Messias Esperado ou se deve esperar outro. A resposta de Jesus é emblemática pois não diz que sim nem que não mas, pede que os enviados voltem a João e contem o que viram e ouviram. Mas, o que eles viram e ouviram? O próprio texto evangélico no diz: a chegada de Jesus está promovendo uma transformação na vida das pessoas que sofrem - cegos enxergam, surdos ouvem, mudos falam, coxos andam e os pobres são evangelizados! Ora, João que devia ser um profundo conhecedor das Profecias contidas nas Sagradas Escrituras percebe, logo, que Jesus é o Messias de quem falaram os antigos profetas pois a sua presença está causando, exatamente aquilo que os mesmo anunciaram que aconteceria quando Ele chegasse, quando Ele nos visitasse.
Natal é isso! É Deus visitando novamente o seu povo e promovendo as transformações que tanto almejamos, que tanto desejamos! Por isso, o Natal nos enche de Santa Alegria mas, ao mesmo tempo, nos convoca ao Compromisso para que sejamos, com nossa vida instrumentos de transformação de toda e qualquer situação de dor, sofrimento e morte que nos cerca. Não será possível celebrar o Natal do Senhor com coerência se convivemos, ainda, de forma harmoniosa, com tanto injustiça, opressão e morte de nossos irmãos e irmãs. O Natal nos convida à indignação com tais situações e arregaçarmos as mangas para entrarmos na luta por um mundo mais justo, mais humano, mais fraterno, mais SINAL DE DEUS!
Por fim, a Segunda Leitura (Tg 5, 7-10) nos convida à paciência pois as coisas de Deus não acontecem da noite para o dia. No entanto, é preciso se comportar como o agricultor: lançar a semente na terra e esperar pacientemente que as chuvas de outono e primavera promovam a transformação da semente em plantas, em árvores frondosas que produzam os frutos de salvação que desejamos!
Que a Celebração desse III Domingo nos encha de Alegria, de Esperança e de Força em Deus que se aproxima de nós e quer viver conosco! Assim seja!
Boa Celebração para todos (as)!
Pe. Ezaques Tavares
Pe. Ezaques Tavares
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