terça-feira, 20 de setembro de 2011

"A difícil Arte de Conviver!"

Queridos irmãos e irmãs, paz e bem em Cristo Jesus!

Gostaria de expor, aqui, algumas reflexões, ou melhor, levantar algumas questões sobre a complicada, porém necessária, ARTE DE CONVIVER!

Parto do princípio de que somos, naturalmente, seres sociais e, portanto, queiramos ou não, CONVIVER é uma exigência que se nos impõe.   Não conseguiríamos - mesmo se quiséssemos - viver sem o OUTRO.   Aquele que está conosco, ao nosso lado, é fundamental para nosso crescimento em todos os aspectos: afetivo, social, intelectual, religioso, psíquico ... pois na convivência, acabamos por nos descobrir como "gente mesmo" (o outro é importante para a concepção de nossa identidade).   Se é assim, por que, então, temos tantas dificuldades para CONVIVER?   Por que não aceitamos o OUTRO como DOM em nossas vidas? O que vemos no OUTRO que, no lugar de percebê-lo como GRAÇA DE DEUS para nós, taxamo-lo de "entrave", "empecilho", "obstáculo" para nosso pleno desenvolvimento como pessoa?   Por que é tão complicado a CONVIVÊNCIA?

Tentando buscar respostas (que, digo de antemão, ainda não as tenho por completo), gostaria de partilhar algumas considerações com cada um (a) de vocês.

Como crente que sou, sempre tento encontrar, na Palavra de Deus, as possíveis respostas para os meus questionamentos.   Tento, na medida do possível, estabelecer relações entre o que nos fala o Senhor, em Sua Palavra e, a Vida que levamos (digo TENTO porque, nem sempre, consigo estabelecer estas relações e, acredito ser po rconta de minha limitação em compreender, em toda a sua grandeza, a Palavra Dele). 

Abrindo a Palavra, logo nas primeiras páginas (Gn 1-3), encontramos as "historias da criação" e a "queda de nossos primeiros pais".   Nestas páginas, repletas de lições de grande profundidade, acredito estar as "origens", os "primórdios" de nossas dificuldades, a saber: O NOSSO PECADO!   Vejamos:  ao lermos estas páginas do Gênesis, percebemos que Deus (o Pai), sempre quis o melhor para nós: organizando o caos, criando tudo que existe, organizando os espaços e povoando-os (ar, terra e mar), criando o homem e colocando nele a Sua Imagem e Semelhança, transferindo para este homem o "comando de tudo criado", sentindo a solidão do homem e criando a sua companheira,a  saber, a mulher etc.   A vida comunitária (comunhão homem / mulher e destes com a natureza criada), era perfeita.   Porém, algo "estranho" (porque não pertencia a este espaço citado = Paraíso), entrou em cena: o adversário de Deus = satanás, aquele que coloca obstáculos ao Projeto do Pai = diabo.   Este, é claro, vem com o objetivo de perverter o Projeto Inicial, a Harmonia do Paraíso, a Fidelidade a Deus!   Ouvindo a voz deste último, o ser humano (homem / mulher) se afasta de Deus e, se afastando de Deus, perde a harmonia e, perdendo a harmonia, aquilo que fora criado como complemento (a mulher / o outro), se torna inimigo, adversário pois, aderindo ao diabo e recusando Deus, este ser humano passa a "refletir a imagem e semelhança daquele = diabo" e, automaticamente, a Vida se transforma, literalmente, num "INFERNO": perde-se o Paraíso, o pecado avança e, o pior, os seres humanos não se reconhecem mais como companheiros e necessários uns aos outros.   Ao contrário: o ser humano começa a pensar que a causa de sua desgraça é este OUTRO que, no princípio havia sido criado para ser COMPANHEIRO, para CONVIVER, para AUXILIAR.   Aqui, o OUTRO se transforma no nosso "INFERNO".   Ocorre uma INVERSÃO do Projeto Inicial (Divino).

A partir daqui, podemos perceber (grosso modo) que as Sagradas Escrituras se transformarão numa busca desenfreada por parte de Deus para trazer o ser humano de volta ao Projeto Inicial; Deus buscará, por meio de Seus "Mediadores" fazer chegar ao coração humano, corrompido pelo pecado, o Seu Grande Amor pois, reconhece que, somente assim, voltaremos a nos entender e, automaticamente, recriaremos, entre nós, o Paraíso que o nosso pecado fez perecer.

Com o "Pecado das Origens" nós passamos a conviver com o germe do pecado e, este, por sua vez nos faz imaginar que "podemos ser como Deus", sobretudo nas nossas relações com os outros.   Buscamos, a todo custo, transformar o OUTRO (que me completa porque diferente de mim) em alguém que me é inferior e, que portanto, eu posso manipular ao meu bel prazer.   Quando percebo que a manipulação do OUTRO nem sempre é possível, fico com raiva, ódio, causo intrigas, confusões, chingo, esperneio, em outras palavras "faço o diabo" e, acabo por transformar a CONVIVÊNCIA num verdadeiro "INFERNO".

A Encarnação do Filho de Deus (Único Mediador entre Deus e os Homens porque Ele é Deus que se fez Homem), acredito piamente, se deu com o objetivo de nos ensinar, novamente, a ser do "JEITO DE DEUS" e, por conseguinte, a transformar este "INFERNO", no qual o nosso mundo se transformou (diaga-se de passagem, por conta de nosso Pecado) em Paraíso.   Jesus é Aquele que veio para nosso meio para nos ensinar, novamente, a ser "SERES HUMANOS", criados à "Imagem e Semelhança de Deus, o Pai" e, por isso, toda a Sua Vida, todo o Seu Ensinamento (por Palavras e Atos) se deram com este único objetivo: nos recordar de que cepa nós saímos.   Somos divinos em nossa origem e, precisamos recuperar a nossa capacidade de nos enxergarmos como somos: filhos (as) de Deus!   É preciso recriar a harmonia do Paraíso e, percebermos que a CONVIVÊNCIA é possível porque foi o desejo de Deus desde o início.   Talvez, por isso, o Senhor Jesus nos peça, por exemplo, que "amemos os nossos inimigos e façamos o bem àquele que nos maltrata e persegue" (o que é super complicado quando vivemos sob a égide do pecado e, portanto, sob o domínio daquele que perverteu, desde o início, o Projeto de Deus).   Jesus nos pede isso, talvez por entender que, para nós que nos auto-afirmamos "filhos do mesmo Pai", a INIMIZADE devesse ser coisa inexistente.   Em Jesus, a grande prova de que amamos a Deus passará pela nossa capacidade de "amar o nosso IRMÃO" pois Deus se revela Neste.   Odiar, reclamar da CONVIVÊNCIA, pensar mal do OUTRO significam "odiar, reclamar e pensar mal do próprio Senhor e Deus.

A Vida Comunitária deveria ser percebida, por cada um de nós, como uma GRANDE GRAÇA pois, aqui na Comunidade, somos convidados a nos educar para recriarmos o Paraíso que se perdeu; na Comunidade, as diferenças (que fazem cada um ser uma Manifestação do Poder e da Sabedoria de Deus) não deveriam ser vistas como problemas mas, ao contrário, como solução dos mesmos; em Comunidade, as relações fraternais, pautadas no Amor, no Respeito, na Compreensão e na doação de uns pelos OUTROS deveriam ser a REGRA e, não, o seu contrário, isto é, a excessão!

O Céu, para onde cada um (a) de nós deseja estar depois daqui, começa aqui entre nós.   Reformular as nossas condutas, as nossas estratégias, as nossas escolhas, enfim, o nosso modo de ser, se faz, assim, URGENTE!

Que Deus, nosso Pai, que nos criou à Sua Imagem e Semelhança, nos ajude com Sua Graça na restauração de nossa Vida Comunitária, nos levando a nos aceitar uns aos outros como Cristo, Seu Filho e nosso Irmão nos ensinou!  Assim Seja!  

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